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Tipo: Artigos | Cartilhas | Livros | Teses e Monografias | Pesquisas | Lideranças e Mecenas | Diversos
Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo
Redes e Banco de Dados: compartilhamentos colaborativos Local Global . Alzira Agostini Haddad
Descrição
Participação no I Simpósio Virtual do
Precisamos reconhecer: no Brasil e no mundo, são muitos os esforços para se construir esta imensa teia, essa rede, Bancos de Dados - e tem-se feito isto com muita determinação, sistematizando a construção humana disponível, catalogando-se documentos de valor histórico, artístico-cultural e científicos. Enfrentando todos os limites e graus de dificuldades como também usufruindo de todos os benefícios que uma rede gera se autoalimentando. O desenvolvimento e manutenção de portais de instituições brasileiras vem criando com todas as dificuldades, excelentes conteúdos. Com um sistema integrado multidisciplinar, ter informações disponíveis on line facilita o acesso e a inclusão e significa não retrabalho ou retrocesso, não precisar construir o mesmo conteúdo indefinidamente, beneficiando a todos, sem precisar continuar reinventando a roda.
A TICs-Tecnologia da Informação e da Comunicação, nos permite sincronizar e somar todos os esforços na busca de mais transparência, eficiência e eficácia nos serviços, divulgação e fomento de pesquisas e registros, indicadores e critérios, regulações e ajustes. Facilitando diagnósticos, parâmetros de avaliação, incentivando consultas públicas, cursos e oficinas, participação e inclusão social das organizações multilaterais. Incluindo prestação de contas, economia colaborativa, integração entre os dados, sistemas e cadastros, plataformas de acompanhamento e monitoramento. É tão profundo, interligado e complexo o universo e o potencial da tecnologia em rede quanto a compreensão do conceito de Gaia, que concebe o planeta Terra como um organismo onde tudo é integrado. Ampliam-se todos os campos de raciocínio e percepção da vida e do mundo. A auto regulação se impõe na medida em que cada um é responsável pelo conteúdo que publica e é próprio de um sistema de rede, a descentralização, a multiliderança, o auto ajuste, as inter e as hiperconecções.
Acreditamos que a necessária estrutura de uma política de proteção do patrimônio precisa ser estendida para o investimento e a proteção de dados. Muitas vezes nos deparamos com a retirada sumária de dados importantíssimos por novos gestores menos sensíveis a estas causas ou não conhecedores dos árduos caminhos de construção deste tipo de registro – muitas vezes em nome da "modernização de sites". Premissas relacionadas a "progresso" já fizeram muitos estragos irreversíveis em nossas cidades. Com um click pode-se deletar décadas de estudos, pesquisas e registros. Se estes dados não estiverem disponíveis, muitas vezes ele morre junto de quem os produziu. Temos enfrentado também problemas relativos a custos que tiram muitos e importantes portais do ar.
Percebemos por experiência, que apenas o local consegue mapear colaborativamente a imensa gama dos inúmeros pontos de sua própria teia, rede, Bancos de Dados. Precisando sempre, com toda a autonomia, fortalecer e ser fortalecido pelas dimensões regionais, estaduais, federais e internacionais. Com tanto conteúdo, cada instituição precisa ter o seu próprio portal o mais completo possível. Por exemplo, em São João del-Rei temos acervos, arquivos e documentos importantíssimos que pertencem a outras instituições e cidades - no Arquivo Público Mineiro, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Ouro Preto, Mariana etc. Muitas vezes solicita-se a cessão de algum documento, uma página de jornal etc e é negado - um exemplo em nossa cidade: São-joanenses querem reaver livro de batismo de Tiradentes. Esses documentos digitalizados deveriam ser compartilhados colaborativamente, enriquecendo os acervos de seus locais de origem para todos os cidadãos, pesquisadores e estudantes. As conecções e os links resolvem as questões dos créditos, do desenvolvimento de uma base de dados de cada instituição e localidade em um crescente poder de co-construção, compartilhamento colaborativo e proteção destes registros.
O passado, presente e futuro se organizando em rede, registrando os novos tempos digital, incorporando e estendendo infraestrutura material com imaterial, possibilitando diálogos inter-instituições, contextualizando análises, debates e conclusões que possam tornar cada vez mais compreensíveis - fragmentos, legados e acervos, cadastros e documentos, pesquisas acadêmicas, gráficos e arquivos diversos até então indisponíveis ou desconhecidos. Isto inclui atividades presenciais e não presenciais, técnicas de conservação, fluxo e interações entre todas as instâncias sociais, culturais, educacionais e institucionais, envolvendo e dando voz a cada cidadão, a toda a comunidade.
Compatibilizar os diversos interesses intrínsecos de uma cidade histórica carregada de riquezas culturais e naturais, com os problemas relacionados ao patrimônio e sua preservação: paisagem urbana, comércio, trabalho, normas, interesses privados confrontados com os interesses coletivos - é sempre um grande desafio. O
Várias são as demandas, como a de ofertas de novos acervos. Sabemos da geral escassez de espaço físico, ou disponibilidade específica de segurança, proteção, restauro, guarda ou seleção dos acervos nos museus. Seria possível para os museus, agora com a tecnologia, ampliarem o seu acervo, diaponibilizarem a sua reserva técnica, receber e trocar acervos diversos - podendo a ser integrados a coleção de forma digital? Contribuindo ad infinitum: museus com museus, com escolas, bairros, sociedade civil etc, assegurando uma identidade virtual e integração com cada comunidade. Patrimônios que correm tantos riscos, como aconteceu no incêndio do Museu Nacional em 2018., tantos são os perigos que cercam as nossas memórias, os nossos dados, documentos e bens patrimoniais e ambientais.
Em São João del-Rei, nós da Atitude Cultural, desenvolvemos voluntariamente desde o ano 2000, o Banco de Dados e Imagens www.saojoaodelreitransparente.com.br. Este portal tem inúmeros levantamentos: de Ogs e Ongs, publicações, pesquisas, legislação, Agenda Cultural, Melhores Práticas, Banco de Imagens. Dentro do possível, reunimos todas as informações possíveis sobre temas, como por exemplo, a presença italiana em São João del-Rei e Minas Gerais, links entre outros. São muitas as ações e os atores sócio-culturais da cidade que colocam o bem da comunidade a frente de tudo. Para os são-joanenses apaixonados, nativos ou os do coração - o que prevalece nos objetivos é o dar ouvidos, entender e se dedicar ao que mais importa: facilitar para que tudo funcione muito bem e possa seguir em frente.
Localmente temos muitos exemplos de ações presenciais e virtuais, sempre envolvendo instituições e entidades, escolas, mídia, universidades e comunidade, como por exemplo, o Projeto MAS-Museu de Arte Sacra: atividades culturais, parceria com o MAS-Museu de Arte Sacra de São Joao del-Rei. O trabalho da Era Virtual, que desenvolve Sistemas multimídias e visitas virtuais de museus, vídeos diversos como o sobre a História da arte do Estanho em São João del-Rei. Temos o Blog do Antônio Emílio, Tencões e Terentenas – raríssimas pessoas conhecem e registram a alma de São João del-Rei como ele. Em Tiradentes, a rede do Fórum do Amanhã, já em várias edições.
Em Minas Gerais, foi implantado o Sistema Estadual de Museus, uma ótima iniciativa. Também em Minas Gerais temos a pioneira Lei Robin Hood, citando especificamente o raríssimo e super completo inventário do patrimônio das cidades mineiras que o IEPHA realiza há 25 anos via ICMS Cultural. A FJP-Fundação João Pinheiro completa este ano 50 anos e leva muito a sério o seu propósito de ser "referência como instituição de pesquisa, ensino, avaliação e apoio ao processo de tomada de decisão na gestão de políticas públicas".
São infinitos os exemplos e esforços de boas práticas na rede.
Podemos citar importantíssimos projetos e ações: Exposições Documentais da Biblioteca Nacional Digital, BNDB-Biblioteca Nacional Digital do Brasil, Acervo Digital da BNDB, Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital-CARINIANA, WWF, Abong – Associação Brasileira de ONGs, ICOMOS Brasil, Museu da Pessoa, RETS-Revista Eletrônica do Terceiro Setor, Colab Startup de gestão colaborativa, REBEA-Rede Brasileira de Educação Ambiental, Programa Memória do Mundo da Unesco, Transparência Internacional Brasil, OIT-Organização Internacional do Trabalho, Fórum Social Mundial, Learning Passport - UNICEF, Microsoft e a Universidade de Cambridge contribuindo para o acesso a educação continuada e de qualidade, Nações Unidas: Lançando a década de ação para marcar o 75º aniversário das Nações Unidas e o 5º aniversário dos 17 Objetivos de Sustentabilidade: quais esforços intersetoriais precisam ser feitos a fim de cumprir a década de ação e fazer com que as Metas Globais sejam alcançadas até 2030? São portais e redes de referência - não é mais possível conceber o mundo sem a dimensão digital e todo o seu potencial.
Muitas iniciativas tem buscado se complementar e se fortalecer, orientando-se por diretrizes conjuntas, para justificar a própria existência e o grande desafio de romper com o que a história e as nações vem vivenciando com relação as violações dos princípios fundamentais da humanidade. Há muitos esforços intersetoriais por um mundo mais equânime que estão registrados em milhares de iniciativas passíveis de serem replicadas, nos grandes encontros que culminam em declarações, nas Cartas Patrimoniais.
"...é possível construir formas de organização social inovadoras, baseadas em princípios democráticos, inclusivos, emancipadores e que busquem a sustentabilidade. Desta forma, organizações, pessoas e grupos de todas as partes, do local ao global, podem somar seus talentos, vocações e recursos em torno de objetivos comuns e fortalecer a ação de todos."
Redes, uma introdução às dinâmicas da conectividade e da auto-organização 2003 . WWF
Veja também
São João del-Rei em 3m . vídeo
Sobre o nosso Banco de dados
Atitude Cultural . Alzira Agostini Haddad