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. São-joanenses querem reaver livro de batismo de Tiradentes

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Se antes havia dúvida com relação à naturalidade de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, agora ela não existe mais. O herói da Inconfidência Mineira é natural de São João del-Rei. A prova está num livro religioso onde constam dados sobre seu batismo. O documento, originalmente pertencente à Matriz de Nossa Senhora do Pilar, nesta cidade, encontra-se hoje sob posse da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Os são-joanenses querem trazê-lo de volta para seu local de direito. Assim, uma grande mobilização acontece em del-Rei para que o livro retorne para onde nunca deveria ter saído.

O movimento que vem tentando reaver o livro que registra os batizados realizados na Matriz do Pilar entre 1742 e 1749, incluindo o de Tiradentes, é liderado pelo advogado Wainer de Carvalho Ávila. De acordo com ele, que hoje é presidente do Instituto da Liberdade Joaquim José da Silva Xavier, o interesse pela questão surgiu a partir do amor pela cultura e história são-joanense. Há algum tempo, motivado pela construção de um futuro memorial em honra de Tiradentes, o advogado começou a procurar por aquele que seria o primeiro documento do mártir da Inconfidência. Por volta de 2008, chegou ao conhecimento de Wainer Ávila que o livro no qual constava o registro de batismo do heroi estava em posse da Biblioteca no Rio de Janeiro.

“De lá para cá, os esforços para trazer o livro de volta a Minas Gerais não foram poucos”, conta ele. E relata: “Desde então, entrei em contato com o responsável pela Biblioteca, mas eles se recusam a devolver o livro, alegando terem pago por ele, inclusive tendo um recibo do pagamento, tendo direito de posse sobre o documento. A direção da Biblioteca justificou que, no ano de 1938, o comendador Samuel Soares de Almeida teria vendido o livro para o Ministério da Educação, pelo valor de seis contos de réis, moeda corrente na época”. Segundo o advogado, muito material histórico das igrejas de São João del-Rei foi tirado daqui, vendido por padres ou até mesmo por outras pessoas, como o caso do livro de batismo. “Por quê o venderam, não se sabe, mas ele é parte da história são-joanense e pertence à cidade, à região e à sua população”, defende o presidente do Instituto da Liberdade.

O presidente da Academia de Letras de São João del-Rei, José Cláudio Henriques Leite, reafirma a vontade de Wainer Ávila, que já presidiu a mesma instituição: “Em nome da Academia, digo que damos todo o apoio necessário para reaver o livro. Queremos de volta a São João tudo o que foi tirado daqui, como até mesmo as portas da antiga Igreja de Matosinhos”.

O batismo

Conforme consta no livro de batismo, Tiradentes teria sido registrado na Capela de São Sebastião do Rio Abaixo, que pertencia à Matriz de Nossa Senhora do Pilar. A igreja, por sua vez, fazia parte da Vila de São João del Rey. O texto original, presente no Tomo IV do Livro de Assentamentos de Batizados, diz: "Joaquim - Aos doze dias do mez de Novembro de mil setecentos e quarenta e seis annos, na capella de São Sebastião do Rio Abaixo, o Reverendo Padre João Gonçalves Chaves, capellão da dita capella baptizou e poz os Sanctos oleos a Joaquim filho legítimo de Domingos da Silva Santos e de Antônia da Encarnação Xavier; Foram padrinhos Sebastiao Ferreira Leytão e não teve madrinha; do que fiz este assento. O coadjutor Jeronymo F. Alvez”

A mobilização

O movimento para reaver a peça histórica já vem tomando as ruas. Segundo Wainer Ávila, diversas entidades e organizações de São João del-Rei e região vem fazendo o que podem para ajudar. “Contamos com o apoio de três Prefeituras (São João del-Rei, Tiradentes e Ritápolis) e de muito mais gente, como o Fórum de São João del-Rei, Câmara Municipal, Escolas, Associação Comercial, Ordem dos Advogados de Minas Gerais etc”, contou o advogado.

Atualmente, espalhados em pontos da cidade como no próprio Fórum Carvalho Mourão, na Câmara Municipal, ACI del-Rei e até em algumas escolas de São João del-Rei, encontram-se formulários de abaixo-assinado para que a população colabore, assinando, e dando forças para a mobilização que reivindica o retorno do livro de batismo de Tiradentes ao seu lugar de origem. Caso isso aconteça, “ele será guardado no Museu Sacro”, adiantou Wainer Ávila.

Fonte: Folha das Vertentes . 1ª Quinzena de Junho de 2012

 

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