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a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

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Carlos Bracher | Escritor e escultor brasileiro

Descrição

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Carlos Bracher (Juiz de Fora 19 de dezembro de 1940) é um premiado pintorescritor e escultor brasileiro.[1] Casado com a pintora Fani Bracher tem duas filhas, a jornalista e cineasta Blima Bracher e a atriz Larissa Bracher.

Descendente de suíços germanófonos,[2][3][4] na década de 1990 Bracher iniciou uma sequência de “Séries Temáticas”, a primeira lhe deu projeção internacional. Em 1990, Bracher percorreu os caminhos do também pintor expressionista Van Gogh realizando a série “Homenagem à Van Gogh”, com 100 telas pintadas no centenário de morte do artista, dando vazão a uma paixão de adolescência. A partir da série, o artista foi convidado a expor em importantes museus da Europa, América e Ásia. Em 1992 lança seu olhar ao mundo industrial, pintando a série Do Ouro ao Aço, sobre a siderurgia em Minas Gerais.

Na “Série Brasília”, de 2007, faz homenagem a Juscelino Kubitschek, pintando 66 quadros nas ruas e esplanadas da capital expostos no Museu Nacional, projeto de Oscar Niemeyer. Em 2012, realiza a Série Petrobras, imprimindo visão artística ao mundo industrial do petróleo. Pinta, in loco, as principais refinarias da empresa com a produção de 60 obras, entre pinturas e aquarelas.

Em 2014, data dos 200 anos da morte de Aleijadinho, realizou a série “Bracher: Tributo a Aleijadinho” que faz uma releitura contemporânea sobre a obra do grande mestre do Barroco. Atualmente uma retrospectiva com 50 quadros, produzidos entre 1961 a 2006, percorre diversas cidades europeias já expostas no Museu de Arte Contemporânea de Moscou, Frankfurt, Praga, Estocolmo, Bruxelas, Bruges, Basileia, Dusseldorf, Luxemburgo e Gotemburgo.

Entre 2014 e 2015, Bracher ocupou as principais salas dos Centros Culturais Banco do Brasil nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de janeiro e Brasília, além do Centro Cultural Usiminas com a mostra "Bracher: Pintura & Permanência", sob a curadoria de Olívio Tavares de Araújo. A exposição ganhou o prêmio de Destaque Especial como a melhor do ano, pela Associação Brasileira de Críticos de Arte e foi vista por mais de 500 mil pessoas. Em 06 de maio de 2016, Carlos Bracher tomou posse na cadeira 32 da Academia Mineira de Letras.[5]

Fonte: Wikipedia | outubro de 2024
Colaborações: Carlos Bracher

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No ateliê de Carlos Bracher . Jota Dangelo

Entrar no ateliê do artista plástico Bracher é como entrar num santuário. Um cheiro forte de tintas - as bisnagas estão espalhadas por toda parte - cria uma atmosfera de capela ou sacristia, como se estantes,
livros, discos, CDs, peças de artesanato, telas e arcas e teto de saia e camisa fossem mobiliário de um consistório, enquanto cavalete imponente e o furta-cor fossem uma charola barroca sendo preparada para
uma procissão. Das janelas de guilhotina vê-se um retalho de Vila Rica, o telhario em planos, cercado ao longe pelos morretes  que encarceram a cidade.
O artista, solícito, nos recebe com a efusiva agitação de quem se paramenta para uma cerimônia. Arrasta cadeiras, ajeita almofadas, passa a mão nervosa pelos cabelos despenteados, pesquisa ângulos de melhor observação, verifica a incidência da luz, prepara tela e cavalete e corrige minha postura, já que vai pintar o meu retrato. Aí sinto-me constrangido, penso em meu próprio rosto: devo arquear as sobrancelhas? Repuxar os lábios em pretenso sorriso? Não estou dilatando demais as narinas? Para onde dirijo o olhar?
Bracher respira fundo. Pede desculpas porque vai introduzir na sala um novo elemento. Liga o som. Não pergunto o que é. Mas é uma música sacra, maravilhosa e suave como passar a mão em seda, que ele solfeja em grunhidos. "Não sei pintar sem ouvir música", é o que diz. E, então, são 20 minutos de estertores criativos. Ouvindo a música o pintor manipula pincéis como se fossem a batuta de um regente, espreme bisnagas, maneja espátulas, afasta-se do cavalete que estremece diante de suas pinceladas em fúria. Ao fim, distancia-se para uma última avaliação. A curiosidade está me saindo pelos poros.
Não ouso pedir para ver o resultado. Algo me diz que só ele, Bracher, pode me dizer quando. Ele desliga o som. O ritual termina. Tenho a impressão de que uma cerimônia religiosa chegou ao fim. Alguém traz uma bandeja com cerveja, boa pinga e tira-gostos variados. O Rapo rola descontraído, mas sempre sobre arte. Até que, uns 30 minutos depois, ele diz, informal e simples: ''vamos ver no que deu"? Exibe a tela. O
ato criador revela-se. E eu me vejo, não como num espelho, mas no que tenho de mais íntimo, como se tivesse posado para um psiquiatra e não para um pintor.
Despeço-me de Bracher como se tivesse comparecido a uma sessão de pajelança Caminho pelas ladeiras de Ouro Preto com a certeza de que Bracher pratica exorcismo enquanto pinta: liberta-se de seus demônios e revela os que se escondem nos retratados. Inesquecível. Faz muito frio. Na Praça Tiradentes paro embevecido admirando a imponência do antigo Palácio dos Governadores de Vila Rica. O sol começa a furar as nuvens densas e dourar os telhados do casario.

Fonte: Gazeta de SJDR, 8 de Outubro de 2011
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