a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir
la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir
the city we dream of is the one we can build ourselves
la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire
la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire
Publicações
Tipo: Artigos | Cartilhas | Livros | Teses e Monografias | Pesquisas | Lideranças e Mecenas | Diversos
Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo
Carlos Bracher | Pintor, escritor e escultor brasileiro
Descrição
Veja também:
- Carlos Bracher | Exposição Belo Horizonte 2024/2025 | Tour Virtual da Exposição
- Bracher Arte e Educação
- Vídeo produzido em 1995, com direção de Jean Armand e roteiro de Moacyr Laterza. A poesia e o processo de criação do artista plástico mineiro Carlos Bracher.
- No ateliê de Carlos Bracher . Jota Dangelo
- Flores para a vida Bracher
- Trabalhar com as mãos com obras de Carlos, Fani Bracher e Associação das Senhoras Bordadeiras - ASA | Ouro Preto
- São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes
Carlos Bracher (Juiz de Fora 19 de dezembro de 1940) é um premiado pintor, escritor e escultor brasileiro.[1] Casado com a pintora Fani Bracher tem duas filhas, a jornalista e cineasta Blima Bracher e a atriz Larissa Bracher.
Descendente de suíços germanófonos,[2][3][4] na década de 1990 Bracher iniciou uma sequência de “Séries Temáticas”, a primeira lhe deu projeção internacional. Em 1990, Bracher percorreu os caminhos do também pintor expressionista Van Gogh realizando a série “Homenagem à Van Gogh”, com 100 telas pintadas no centenário de morte do artista, dando vazão a uma paixão de adolescência. A partir da série, o artista foi convidado a expor em importantes museus da Europa, América e Ásia. Em 1992 lança seu olhar ao mundo industrial, pintando a série Do Ouro ao Aço, sobre a siderurgia em Minas Gerais.
Na “Série Brasília”, de 2007, faz homenagem a Juscelino Kubitschek, pintando 66 quadros nas ruas e esplanadas da capital expostos no Museu Nacional, projeto de Oscar Niemeyer. Em 2012, realiza a Série Petrobras, imprimindo visão artística ao mundo industrial do petróleo. Pinta, in loco, as principais refinarias da empresa com a produção de 60 obras, entre pinturas e aquarelas.
Em 2014, data dos 200 anos da morte de Aleijadinho, realizou a série “Bracher: Tributo a Aleijadinho” que faz uma releitura contemporânea sobre a obra do grande mestre do Barroco. Atualmente uma retrospectiva com 50 quadros, produzidos entre 1961 a 2006, percorre diversas cidades europeias já expostas no Museu de Arte Contemporânea de Moscou, Frankfurt, Praga, Estocolmo, Bruxelas, Bruges, Basileia, Dusseldorf, Luxemburgo e Gotemburgo.
Entre 2014 e 2015, Bracher ocupou as principais salas dos Centros Culturais Banco do Brasil nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de janeiro e Brasília, além do Centro Cultural Usiminas com a mostra "Bracher: Pintura & Permanência", sob a curadoria de Olívio Tavares de Araújo. A exposição ganhou o prêmio de Destaque Especial como a melhor do ano, pela Associação Brasileira de Críticos de Arte e foi vista por mais de 500 mil pessoas. Em 06 de maio de 2016, Carlos Bracher tomou posse na cadeira 32 da Academia Mineira de Letras.[5]
Fonte: Wikipedia | outubro de 2024
Colaborações: Carlos Bracher
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Belo Bracher Horizonte na Casa Fiat de Cultura
CASA FIAT DE CULTURA INAUGURA EXPOSIÇÃO INÉDITA DE CARLOS BRACHER EM HOMENAGEM A BELO HORIZONTE
A mostra revela a sensibilidade e a paixão de Bracher pela capital mineira, em obras que unem a pluralidade das técnicas do artista em registros de prédios históricos, personalidades, grupos culturais e futebol
Após quase 10 anos da última exposição de Carlos Bracher em Belo Horizonte, a cidade ganha um presente especial em celebração pelos seus 127 anos: uma exposição inédita deste renomado pintor mineiro. “Belo Bracher Horizonte na Casa Fiat de Cultura” reúne mais de 60 obras do artista, entre pinturas em óleo sobre tela, aquarelas e desenhos a carvão, capazes de transportar o olhar para a força de suas pinceladas e de suas perspectivas singulares, impregnadas de cores e ficções. Com curadoria de Fani Bracher, esposa do artista, a mostra apresenta desde o primeiro quadro feito em Belo Horizonte, retratando o Parque Municipal, até as mais de 30 obras, criadas exclusivamente para a exposição, proporcionando uma visão, que é, ao mesmo tempo, pessoal e coletiva, das faces de Bracher em seus 84 anos de vida. A exposição, que conta com o patrocínio da CSN, fica em cartaz de 12 de dezembro de 2024 a 9 de fevereiro de 2025, com entrada gratuita.
Carlos Bracher é mineiro, natural de Juiz de Fora, e um dos artistas plásticos mais prestigiados e premiados do Brasil. Ele escolheu Ouro Preto como local para viver, mas nutre profunda admiração por Belo Horizonte. A exposição é, então, a forma por meio da qual Bracher expressa seu amor pela capital mineira. Com suas obras, o artista convida o público a explorar a cidade sob uma nova perspectiva: cada pincelada, traduzida em cores, luzes e sombras, traz fragmentos da essência de BH, revelados por meio dos trajetos percorridos pelos olhos e pelo coração do pintor.
“Belo Horizonte é minha quase cidade natal. Sou de uma terra muito querida por mim, Juiz de Fora, mas em BH estão minhas raízes eletivas, sensoriais e sensitivas. Eu sempre vim a BH para ter mais vida, mais fontes, mais sabedoria. Eu queria muito fazer essa homenagem, demonstrar minha gratidão à cidade e às pessoas”, afirma Bracher.
As lembranças e a paixão pela capital se transformam em arte. Os registros destacam as paisagens, a arquitetura – por meio de símbolos icônicos da cidade –, e as personalidades que ajudaram a construir a identidade cultural de BH. Na exposição, o pintor estabelece um arco de tempo e vivências entre o seu primeiro quadro de Belo Horizonte, pintado em 1963, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, e os dois últimos, a Praça da Liberdade e o Museu Abílio Barreto, marcos do surgimento da cidade, que foram pintados ao ar livre.
“Ao som da Nona Sinfonia (de Beethoven), Bachianas Brasileiras nº5 (de Villa-Lobos) e da Paixão Segundo São Matheus (de Bach) surge a cidade de Bracher. São quadros tecidos na linha do tempo e no bordado colorido de suas memórias e afetos”, revela Fani Bracher, curadora da exposição.
Com sobreposições de tintas, pinceladas densas e contrastes fortes, o artista – autodidata – apresenta ao público, 60 telas, sendo a maioria delas produzidas em 2024 para integrar a exposição. Entre as 37 obras inéditas estão a Praça da Liberdade e os prédios históricos ao seu entorno; estandartes que retratam, por exemplo, a banda mineira Pato Fu, o Grupo Galpão e o Grupo Corpo – representando sua conexão com a música, o teatro e a dança; e os símbolos da cidade, como o Viaduto Santa Tereza, a Praça da Estação e a Avenida Afonso Pena.
Nomes importantes como Juscelino Kubitschek e Milton Nascimento, que sempre foram inspiração para o artista, estão representados nas telas das edificações do Complexo da Pampulha e no núcleo “Rostos da inspiração: retratos de arte e alma”. Outro destaque é a obra “Paixão segundo São João”, que foi pintada ao vivo durante a execução da obra de Bach por uma orquestra mineira, no dia 7 de abril de 2024. Esta tela poderá ser apreciada também em seu verso, por trazer recados afetuosos e dedicatórias – uma curiosidade à parte apresentada na exposição. Em um vídeo disponível na galeria da Casa Fiat de Cultura, o público ainda poderá conhecer mais detalhes sobre o artista e seu processo criativo.
“Assim como Bracher, a Casa Fiat de Cultura também é movida pela arte. Mais do que uma homenagem a Belo Horizonte, esta é uma celebração, um tributo a este grande artista que, com seu entusiasmo e energia criativa, amplia seu legado indelével, que transforma e inspira a todos nós”, celebra o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo.
A expografia da mostra, desenvolvida pela arquiteta Erika Foureaux, foi inspirada no ateliê de Bracher, que fica em Ouro Preto, para criar um ambiente que conecta o público ao processo de criação e às inspirações do artista. Já as cores das paredes, em tons de marrom, verde, azul e roxo, foram escolhidas a partir das janelas da casa onde o pintor trabalha. Um cavalete, que faz parte da coleção pessoal de Bracher, também compõe o espaço e é uma verdadeira obra de arte pelo seu simbolismo e importância.
O projeto do qual a exposição faz parte inclui um minidocumentário, que tem direção de Fred Tonucci e pesquisa iconográfica de Blima Bracher, e um livro, que serão lançados no final do período expositivo, completando a trajetória de Bracher. Todo projeto tem idealização de Carlos Bracher e Blima Bracher, coordenação geral de Tatyana Rubim, da Rubim Produções, em colaboração com José Renato, da Portfólio. As fotografias são de Cristiano Quintino.
A exposição “Belo Bracher Horizonte na Casa Fiat de Cultura” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Companhia Siderúrgica Nacional, copatrocínio do Banco Safra, da Usiminas e da Sada. Tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas, do Programa Amigos da Casa, do eSuites e da Let’s Atlântica.
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No ateliê de Carlos Bracher . Jota Dangelo
Entrar no ateliê do artista plástico Bracher é como entrar num santuário. Um cheiro forte de tintas - as bisnagas estão espalhadas por toda parte - cria uma atmosfera de capela ou sacristia, como se estantes,
livros, discos, CDs, peças de artesanato, telas e arcas e teto de saia e camisa fossem mobiliário de um consistório, enquanto cavalete imponente e o furta-cor fossem uma charola barroca sendo preparada para
uma procissão. Das janelas de guilhotina vê-se um retalho de Vila Rica, o telhario em planos, cercado ao longe pelos morretes que encarceram a cidade.
O artista, solícito, nos recebe com a efusiva agitação de quem se paramenta para uma cerimônia. Arrasta cadeiras, ajeita almofadas, passa a mão nervosa pelos cabelos despenteados, pesquisa ângulos de melhor observação, verifica a incidência da luz, prepara tela e cavalete e corrige minha postura, já que vai pintar o meu retrato. Aí sinto-me constrangido, penso em meu próprio rosto: devo arquear as sobrancelhas? Repuxar os lábios em pretenso sorriso? Não estou dilatando demais as narinas? Para onde dirijo o olhar?
Bracher respira fundo. Pede desculpas porque vai introduzir na sala um novo elemento. Liga o som. Não pergunto o que é. Mas é uma música sacra, maravilhosa e suave como passar a mão em seda, que ele solfeja em grunhidos. "Não sei pintar sem ouvir música", é o que diz. E, então, são 20 minutos de estertores criativos. Ouvindo a música o pintor manipula pincéis como se fossem a batuta de um regente, espreme bisnagas, maneja espátulas, afasta-se do cavalete que estremece diante de suas pinceladas em fúria. Ao fim, distancia-se para uma última avaliação. A curiosidade está me saindo pelos poros.
Não ouso pedir para ver o resultado. Algo me diz que só ele, Bracher, pode me dizer quando. Ele desliga o som. O ritual termina. Tenho a impressão de que uma cerimônia religiosa chegou ao fim. Alguém traz uma bandeja com cerveja, boa pinga e tira-gostos variados. O Rapo rola descontraído, mas sempre sobre arte. Até que, uns 30 minutos depois, ele diz, informal e simples: ''vamos ver no que deu"? Exibe a tela. O
ato criador revela-se. E eu me vejo, não como num espelho, mas no que tenho de mais íntimo, como se tivesse posado para um psiquiatra e não para um pintor.
Despeço-me de Bracher como se tivesse comparecido a uma sessão de pajelança Caminho pelas ladeiras de Ouro Preto com a certeza de que Bracher pratica exorcismo enquanto pinta: liberta-se de seus demônios e revela os que se escondem nos retratados. Inesquecível. Faz muito frio. Na Praça Tiradentes paro embevecido admirando a imponência do antigo Palácio dos Governadores de Vila Rica. O sol começa a furar as nuvens densas e dourar os telhados do casario.