São João del Rei Transparente

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Tipo: Artigos / Cartilhas / Livros / Teses e Monografias / Pesquisas / Personagens Urbanos / Diversos

Escopo: Local / Global

 

Homenagens ao são-joanense Capitão Benigno Parreira . Francisco José dos Santos Braga

Descrição

I.  INTRODUÇÃO 

Por volta de 1962, quando eu mal entrava no mundo maravilhoso da Música, lembro-me de ter sido convidado pelo amigo Gil Amaral Campos para assistir à apresentação de um quarteto vocal (soprano, contralto, tenor e baixo) entoando o "Venite Adoremus" do Pe. José Maria Xavier ¹, na residência de Aluízio José Viegas, na Rua Santo Antônio, ocasião em que foi feita também uma gravação. Lá estava ele, Benigno Parreira, que me impressionou vivamente por sua voz de baixo profundo. Devo confessar que a mesma admiração, idêntico encantamento perduram até hoje, agora não só pelo grande cantor, compositor, músico profissional, maestro consagrado, mas também pela pessoa lhana e afável que a todos ouve com a maior atenção e frequentemente fala com um sorriso todo peculiar, terno e comunicativo que envolve seus interlocutores.
 
A razão por que escrevo esta página dedicada ao Maestro Benigno Parreira, a meu ver, está estampada em um texto inesquecível escrito por seu irmão, o violinista José Lourenço Parreira, que nestes termos me confidenciou uma passagem de sua vida: 
"Certa vez, tinha cerca de dezoito anos, fui com um grupo de músicos de São João del-Rei dar um concerto na cidade de Aiuruoca. Os maestros foram os saudosos Pedro de Souza e Maria Stela Neves Vale. Nesse concerto participei como cantor, no coral, e violinista, na orquestra. Integravam a respeitável equipe artística nomes que são verdadeiros ícones da cultura em São João del-Rei: Benigno Parreira, Aluízio José Viegas, Abgar Antônio Campos Tirado, Geraldo Barbosa de Souza, dentre outros. Após a brilhante apresentação, houve agradável confraternização, num clube, a que se deu o nome de "Caju amigo". Um orador, ao louvar o solo que fizera o baixo Benigno Parreira, a maravilha de todo o concerto e atuação dos maestros, disse:
"...um dia, nem a nossa memória será lembrada! 
 Nunca esqueci essa expressão, dura e verdadeira, que me vem à memória neste momento."
 (grifo meu)
Ressoa ainda em meus ouvidos a verdade contida na expressão "um dia, nem a nossa memória será lembrada!" O tempo, se tem a virtude de amenizar o pesar pela perda de nossos entes queridos, por outro lado tem o dom de apagar também a memória dos grandes feitos e das realizações de alguém. Este texto se propõe a não deixar que os portentosos feitos de Benigno Parreira caiam no esquecimento e sejam conhecidos pelas novas gerações.
 
Neste trabalho dois autores prestam sua homenagem a Benigno Parreira: o Tenente Gentil Palhares, com uma crônica, intitulada "Subtenente Benigno Parreira", e eu, com um texto consistindo de notícias complementares esparsas, coligidas de fontes diversas.

II. Homenagem de Gentil Palhares a Benigno Parreira . Gentil Palhares

III.  HOMENAGEM QUE PRESTO A BENIGNO PARREIRA

Benigno Parreira nasceu em 1931, em São João del-Rei.

Nós são-joanenses costumamos vê-lo regendo o Coral e a Orquestra da Lira Sanjoanense, todo domingo do ano, na missa das 10 horas, na Igreja de Nossa Senhora das Mercês. Geralmente Parreira nos brinda com seu solo numa das partes da missa.

Igualmente Parreira rege o Coral e a Orquestra da Lira Sanjoanense na solenidade de Trânsito e Assunção de Nossa Senhora, comemorada pela Venerável Confraria de Nossa Senhora do Pilar, do dia 5 a 15 de agosto. Em 2013, além dele, a regência esteve também a cargo de Aluízio José Viegas, Willer Douglas da Silveira e Modesto Flávio Fonseca. 

[CINTRA, 1982] noticia que em 19/11/1966 ocorria o começo de um movimento cultural, focado na Música cujo centro catalisador era o dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, comemorado no dia 22 de novembro. 
Pela sua importância, vou transcrever todo o texto referente ao grande movimento musical, iniciado em São João del-Rei, no ano de 1966, tal como Cintra  o descreve:
"Inicia-se o 1º Festival de Música de São João del-Rei, organizado pelo Serviço de Recreação e Turismo da Prefeitura Municipal, dirigido por Djalma Tarcísio de Assis.
Resumo das festividades:
1º dia: Missa de Requiem, na Igreja do Rosário, com a participação da Orq. Lira S. Joanense; homenagem póstuma aos músicos sanjoanenses e ao Pe. José Maria Xavier, com a cooperação da Banda Teodoro de Faria; no Municipal: coral da Escola Preparatória de Cadetes de Barbacena.
Dia 20: exibição dos alunos do Conservatório Estadual de Música; desfile de bandas, missa festiva na Catedral, com o concurso da Orq. Ribeiro Bastos; exibição da Banda Lira Ceciliana de Prados.
Dia 21: números artísticos pelos alunos do Conservatório de Música.
Dia 22: Missa nas Mercês, com a atuação da Orq. Lira S. Joanense; na Basílica do Pilar, missa com a Orq. Ribeiro Bastos; no Municipal, Concerto da Sinfônica local, sob a regência de Pedro de Souza, tendo como solistas Domingos Cirilo Assunção e Benigno Parreira.
Dia 23: retreta pela Banda Teodoro de Faria; Concerto Musical pela Banda do Batalhão de Guardas da ex-Guanabara.
Dia 24: Coral de Clérigos Salesianos e dos Pequenos Cantores do Colégio S. João.
Dia 25: Concerto pela Orquestra Sinfônica da Polícia Mineira de Belo Horizonte.
Dia 26-11-1966: no Municipal, a opereta Princesa das Czardas, pelo elenco teatral da Sociedade de Concertos Sinfônicos de S. João del-Rei." (grifo meu)

Em 1967, CINTRA ainda anotou no mês de novembro:
"No dia 18: Inicia-se o 2º Festival de Música de S. João del-Rei. Presta-se a homenagem aos músicos sanjoanenses — Culto da Saudade, com a cooperação das Bandas Teodoro de Faria e do Batalhão Tiradentes; à noite, no Teatro Municipal, apresenta-se o Coral da Universidade Federal de Juiz de Fora.
No dia 19 foram celebradas missas solenes nas Igrejas de S. Francisco e das Mercês, abrilhantadas, respectivamente, pelas Orquestras Ribeiro Bastos e Lira Sanjoanense. O tempo chuvoso prejudicou a vinda de várias bandas de música de cidades vizinhas. Foi muito ovacionada pelo povo sanjoanense a Sociedade Musical "Carlos Gomes", de Santos Dumont; no Teatro Municipal, obteve aplausos o Ballet Musical, do Teatro Francisco Nunes de Belo Horizonte, sob a direção do Prof. Carlos Leite.
No dia 20, no Municipal exibição da Lira Ceciliana (Banda e Coral), de Prados, sob a regência do Prof. Adhemar Campos Filho.
No dia 21: no palco do Conservatório Estadual de Música, programa dos alunos do Conservatório, sob a direção do maestro Prof. Sílvio de Araújo Padilha.
No dia 22: concerto sinfônico-coral da Banda do 1º Batalhão de Guardas do 1º Exército, da cidade do Rio de Janeiro, tendo como Regente o Ten. Benoni Rodrigues Nascimento. Na 2ª parte do programa, contou-se com a cooperação artística da pianista sanjoanense Mercês Bini Couto e do Coral da Sinfônica de S. João del-Rei.
No dia 23: realiza-se no Teatro Municipal, em continuação do 2º Festival de Música, concerto pela Orquestra Sinfônica da Polícia Mineira de Belo Horizonte.
No dia 24: concerto pela Associação de Canto Coral, do Rio de Janeiro, sob a direção da Maestrina Cléofe Person de Matos.
No dia 25: espetáculo folclórico do Colégio Clemente de Faria (Grupo Aruanda), de Belo Horizonte, com apresentação de Folcore de Minas, do Rio Grande do Sul, do Líbano e da Hungria. O festival encerrou-se no dia 26-11-1967 com um concerto de gala da Sociedade de Concertos Sinfônicos de S. João del-Rei, regido pelo Maestro Dr. Pedro de Souza. Organizou o Festival o Diretor da Secretaria de Turismo e Recreação da Prefeitura — Djalma Tarcísio de Assis, sob a orientação do Prefeito Dr. Milton Viegas.

Para exemplificar a intensa atividade do regente e solista Parreira, apenas na Sociedade de Concertos Sinfônicos (ou apenas "Sinfônica", como a tratamos carinhosamente), fundada em 26 de janeiro de 1930, vejamos o que escreveu [BISPO, 1971]. Nesse texto, ele salienta que o ano de 1969 foi marcado pelas comemorações do 150º aniversário do compositor são-joanense Padre José Maria Xavier. Relembra que as homenagens foram especialmente preparadas pela Sinfônica e pelas orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos. Na mesma ocasião, Benigno Parreira não só pertencia ao Conselho Artístico da Sinfônica, como também era o regente do coral e solista. Ressalta que, naquele mesmo ano, houve inúmeros Concertos da Sinfônica, destacando os principais, a saber:
1) 200º Concerto teve lugar no Teatro Municipal de São João del-Rei, em 21 de junho
2) Em 6 de jullho, teve lugar um concerto de gala no Centro Recreativo Rio Verde, em homenagem à cidade de Conceição do Rio Verde pela comemoração da Semana Eucarística
3) 204º concerto, comemorativo, realizou-se no Conservatório Estadual de Música Pe. José Maria Xavier, no dia 23 de agosto
4) 205º Concerto de gala em homenagem ao dia da Independência realizou-se no Teatro Municipal são-joanense, no dia 7 de setembro
5) 206º Concerto teve lugar no Conservatório Estadual de Música no dia 13 de setembro e homenageou a APAE-Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais  
6) 207º Concerto, em 10 de outubro, homenageou entidade semelhante, a Associação Barbacenense de Assistência aos Excepcionais, entidade filantrópica fundada em 1962 por um grupo de pais e considerada órgão do governo em 1963, e teve lugar no Teatro do Colégio Estadual de Barbacena
7) 209º Concerto comemorativo, em homenagem a Santa Cecília, padroeira dos músicos, e teve lugar no Conservatório Estadual de Música são-joanense no dia 22 de novembro.

No ano de 1970, [BISPO, 1982] destaca três concertos da Sinfônica: o de nº 216 em comemoração ao 151º aniversário do Pe. José Maria Xavier e teve lugar no adro da Igreja de São Francisco de Assis, no dia 22 de agosto.
No dia 10 de outubro, realizou-se um concerto de gala promovido pela Universidade Federal de Viçosa. Do programa constou obras orfeônicas, música ligeira e de ópera para orquestra e de partes coro-orquestrais com solos vocais.
Por fim, registrou que os esforços da Sinfônica, nos últimos meses do ano, se concentraram na apresentação da opereta "A Viúva Alegre", de Franz Lehar, no Teatro Municipal são-joanense. Essa encenação, que reuniu grande parte dos músicos e amantes da cidade, foi também uma homenagem pela reforma do Teatro Municipal local.

Pela enorme expressão que representou o 402º Concerto de Gala da Sinfônica, em 11 de abril de 2003, cabe aqui salientar o que [SACRAMENTO, 2013] fez a cobertura  do programa em comemoração ao Dia das Mães e em homenagem às mães são-joanenses, da seguinte forma :
"A impecável regência ficou sob a responsabilidade da batuta do musicólogo e maestro Aluízio José Viegas.
As músicas apresentadas durante a primeira parte foram:
1) abertura da ópera "Tancredi", de G. A. Rossini;
2) "O Morcego", valsa "Dis-moi tu, dis-moi toi", de J. Strauss;
3) Drittes Concertstück (para flauta e orquestra, op. 216), com solo de flauta por Daniel Della-Sávia;
4) abertura de concerto "Ivone", de João Cavalcante, dedicada à sua filha Ivone Cavalcante Lage.
A segunda parte do concerto conteve as seguintes peças:
1) "Hino à Sinfônica", de Maria do Carmo Hilário e João Américo da costa;
2) "Mon coeur s' ouvre à ta voix", da ópera Sansão e Dalila, de C. Saint-Saëns, com arranjo de João Cavalcante e, tendo como solista, Maria Aparecida Fonseca;
3) "Il Brindisi - Libiamo ne'liete calici", da ópera La Traviata, de G. Verdi, e teve como solistas Márcia Silva e Diemes Evandro dos Santos;
4) Invocação "O Dio Degli Aymoré" do 3º Ato, da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, com arranjo de Ademar Campos Filho e tendo como solista Benigno Parreira." (grifo meu)

José Lourenço Parreira, irmão de Benigno Parreira, comentando sobre a conquista de Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945, fez o seguinte relato de outro 21 de fevereiro, desta vez, de 1976: 
"Em 1976, no dia 21 de fevereiro, em São João del-Rei, a solenidade alusiva ao dia foi celebrada no Monumento à Força Expedicionária Brasileira, próximo à Igreja de São Gonçalo e ao famoso Colégio de Nossa Senhora das Dores. O quartel do Regimento fica ali perto e, para chegar ao Monumento, tem-se de passar defronte ao Colégio e à Igreja. Nesse ano, o Mestre da Banda de Música, Tenente Benigno Parreira, teve bela e cívica ideia: passar defronte ao Colégio Nossa Senhora das Dores tocando o Hino do referido Colégio.
Ao longe, descendo a ladeira, lá vem a magistral Banda de Música, à frente do Regimento, as baionetas dos combatentes brilhando ao sol e o belo Hino do Colégio contagiando a todos!
Com incrível rapidez, a irmã Diretora determina que todos os professores, professoras e alunas corram para a frente do Colégio e saúdem com efusivas palmas o Regimento de São João que marcha em direção ao Monumento!
Após a cerimônia, o Comandante, Coronel Aldílio Sarmento Xavier, pergunta ao Tenente Parreira: "Parreira, por que aquela manifestação do Colégio?" Responde o grande Maestro:
"Coronel, tive a ideia de conduzir o Regimento ao som do Hino do Colégio e, pelo jeito, deu certo."
E o Coronel Xavier diz:
"Parreira, conduza, pois, o Regimento, na volta ao quartel, tocando o mesmo Hino! Parabéns pela iniciativa!"
Quando a Banda de Música iniciou a execução do Hino no retorno ao quartel, a tropa desfila com impecável marcialidade, os sinos da Igreja de São Gonçalo bimbalham festivamente e o corpo docente e discente do Colégio Nossa Senhora das Dores mais uma vez aplaude a tropa de heróis!
Muitas pessoas que tinham visto aquela tropa, um dia, partir para a guerra, derramam lágrimas de emoção!
No mesmo dia, o Tenente Benigno Parreira recebeu linda e delicada cartinha da irmã Diretoria. Transcrevo-a abaixo:
"São João del-Rei, 21/02/76
Meu querido Tenente Parreira, que Maria Santíssima o proteja e à sua família. Hoje, foi uma manhã de emoções para quem ama de verdade este Batalhão e este Colégio. Não há palavras para agradecer-lhe seu gesto super delicado em dirigir o desfile ao som do Hino do seu e nosso Colégio Nossa Senhora das Dores. Creia, Tenente Parreira, sua delicadeza nos cativa cada vez mais. Obrigada e Deus o proteja!
SENTI-ME FELIZ EM LEMBRAR-ME QUE ENFEITEI A FRENTE DO COLÉGIO QUANDO ELES VOLTARAM DA GUERRA, POIS SOU UMA ENTUSIASMADA PELO NOSSO EXÉRCITO. COM OS MELHORES VOTOS DE FELICIDADE AQUI FICO SEMPRE GRATA.

Irmã Apoline"
Caro Braga, meu irmão é um gigante cujas pegadas procuro seguir. A vida dele dá um belo livro! A marcha SAUDADES é, ao lado da Marcha da Paixão de Luiz Batista Lopes, a mais tocada no Estado de Minas Gerais, conforme concluiu um músico no seu trabalho de doutorado sobre Marchas Fúnebres. A maioria dos autores que escreveram marcha fúnebre, compuseram apenas uma, raro duas e Benigno Parreira está entre os que compuseram duas." 
De fato, o nome do compositor Benigno Parreira está sempre presente nas missas aniversárias, para as quais contribuiu com duas marchas fúnebres, sendo a mais executada a denominada "Saudades". 

Digno de registro é que a missa de corpo presente do Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, concelebrada na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar em 4 de março de 2014, às 10 horas, foi iniciada com a audição da marcha fúnebre "Saudades", de Benigno Parreira, sob a regência do próprio autor. Em seguida, as orquestras bicentenárias da Catedral, a Lira Sanjoanense e a Ribeiro Bastos, sob a regência de Aluízio José Viegas, unidas, tocaram os responsórios fúnebres de autoria do compositor são-joanense Pe. José Maria Xavier, por desejo expresso do sacerdote falecido.

Convém ainda lembrar que um ritual muito antigo, originário de Portual durante a Idade Média, é preservado na Cidade dos Sinos, sob o nome de Encomendação de Almas. Nas conoites de sexta-feira da Quaresma, por volta das 23 horas, músicos da orquestra Lira Sanjoanense e cantores acompanham os encomendadores. Observe-se que esse ritual é apenas frequentado e conduzido por leigos.
Benigno Parreira, um dos organizadores do grupo, em entrevista, comentou que "em São João del-Rei, o ritual ocorre apenas três vezes durante a Quaresma.  A Encomendação sai primeiro no centro da cidade, depois acontece no Tijuco e a última vez é no cemitério municipal, na Avenida Leite de Castro. Pela tradição musical de São João, as preces do grupo são endereçadas a todas as almas, mas especialmente a músicos que já morreram.¹⁰



NOTAS DO AUTOR



¹  Em São João del-Rei, ao meio-dia da Sexta-feira Santa, é pronunciado o "Sermão das 7 Palavras", ao qual se segue uma celebração litúrgica, às 15 horas, consistindo de 3 partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão. A peça coral "Venite Adoremus" é um convite para adorar-se o santo lenho e é cantada no início da Adoração da Cruz, logo após o Bispo cantar "Ecce lignum crucis, in quo salus mundi pependit", ou em sua tradução: "Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo". Como o cântico do Bispo é entoado outras duas vezes, cada vez um tom acima, após cada uma delas o coro responde com "Venite Adoremus", correspondente à nova tonalidade.
 
²  PALHARES, Gentil: São João del-Rei na Crônica, p. 157-158.

³ O capitão José Lourenço Parreira, irmão do meu homenageado, escreveu-me em e-mail o seguinte texto a respeito dessa crônica e das boas relações existentes entre Gentil Palhares e Benigno Parreira, a saber: 
"Caríssimo amigo Braga, paz! Quanta emoção ao ler os textos da lavra do grande Tenente Gentil Palhares! Maior emoção, vê-lo fardado, postura altiva, elegante, após um desfile! Lembro-me muito bem dele, já na Reserva, sentado junto à janela de sua residência, à rua Resende Costa, 224, hoje Rua Ten. Gentil Palhares, que, ao me ver, saudava-me, sorrindo: "Bom dia, está bonzinho?" Eu era adolescente e, sinceramente, não tinha ideia de estar passando diante de um gigante. Já em Campo Grande há 23 anos, quando escrevi sobre Frei Orlando, buscando dados nas obras de Gentil Palhares, é que meus olhos e coração se abriram para o insigne escritor. Prestei-lhe,  singela homenagem, no CONVERTEI-VOS. Enviei-lhe um exemplar, mas ele já estava muito alquebrado! Em 1964, ele, que lutara na Segunda Guerra mundial, na Itália, apresentou-se ao Comando do 11, desejoso de lutar contra os comunistas! Gentil Palhares é padrinho de Crisma de meu querido irmão, Benigno. Ele era muito amigo de meu pai e seu vizinho, José Venâncio Parreira. 
Quando Benigno Parreira, Capitão e maestro, foi promovido a Subtenente, Gentil Palhares, ao escrever uma de suas belas obras, "São João del-Rei na Crônica", dedicou uma de suas crônicas ao meu irmão com o título "Subtenente Benigno Parreira". 
Ó terra querida, como Deus a abençoa dando-lhe tão ilustres filhos ao longo dos séculos... Tiradentes, Nhá Chica, Abgar Antonio Campos Tirado (meu professor), Luís França (meu primeiro professor de violino), Aluízio José Viegas (meu irmão do coração), Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, Francisco José dos Santos Braga, Benigno Parreira, Maria Stella Neves Vale (minha saudosa professora) e tantos outros que, ainda que não citados,  formam um grande luzeiro a iluminar a História da Pátria". 

⁴  Cf. http://barrocosaojoaodelrei.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html
 
  Ressalte-se que o culto a Santa Cecília sempre foi muito intenso em São João del-Rei, tendo os seus principais compositores escrito obras para a santa, a saber, Pe. João de Deus de Castro Lobo (Matinas de Santa Cecília), Pe. José Maria Xavier (Matinas, Credo, Hino e Antífona) e outros.
Segundo (FARNESE, 2013), 
"novembro é marcado por homenagens especiais aos músicos e aos sacerdotes falecidos, levando as orquestras ao interior dos cemitérios, após a celebração das missas aniversárias (que se repetem todos os anos), executando missas de réquiem e responsórios fúnebres. No cemitério do Rosário, reverenciam a memória do Padre José Maria Xavier (1819-1887), com a sua própria música. No cemitério de S. Francisco, o maestro Ribeiro Bastos é lembrado e, no das Mercês, o sempre saudoso maestro Pedro de Souza é o homenageado. No de S. Gonçalo, o Monsenhor Gustavo Ernesto Coelho recebe as homenagens. O dia 22 de novembro, dedicado a Santa Cecília, padroeira dos músicos, ficará marcado como o dia em que o órgão da Matriz de Santo Antônio de Tiradentes, fabricado em Portugal em 1785, voltou a enriquecer ainda mais o repertório musical dos Campos das Vertentes.
  Cf. CINTRA, S.O.: Efemérides de São João del-Rei, volume II, p. 485-489.

  Em São João del-Rei, a associação e a Escola para Excepcionais, sob a direção de Pe. Luiz Zver, foram criadas em 1965 junto ao Instituto de Psicologia e Pedagogia da Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras. Na ocasião do concerto, Pe. Luiz Zver disse: "A ciência pedagógica moderna provou que também estas crianças são capazes de ser educadas, instruídas e integradas na sociedade. A questão é usar métodos adequados e dispor de recursos necessários. Para isso, criaram-se escolas especiais, com professores especializados, com os quais cooperam educadores e orientadores altamente qualificados, médicos, psicólogos e assistentes sociais."

 Cf. in http://www.patriamineira.com.br/imagens/img_noticias/153335230710_402a_APRESENTACAO_DA_SINFONICA.pdf

 Além de "Saudades", marchas fúnebres de outros compositores são normalmente executadas em São João del-Rei, como a de Emídio Machado, João Feliciano de Souza, Pedro de Souza, Geraldo Barbosa de Souza e Luiz Batista Lopes.
 
¹⁰ Cf. in http://www.credivertentes.com.br/?pagina=integra&cd_noticia=193



BIBLIOGRAFIA


BISPO, A.A.: São João del-Rei e sua Tradição Musical, 1971, na Internet in http://www.akademie-brasil-europa.org/Materiais-abe-33.html

CINTRA, S.O.: Efemérides de São João del-Rei, 2 volumes

FARNESE, S.: Anuário Musical, in http://saojoaodelreitransparente.com.br/events/view/1929

PALHARES, G.: São João del-Rei na Crônica, Juiz de Fora: Esdeva Empresa Gráfica S.A., 1974, p. 157-158.

SACRAMENTO, J.A.A.: 402ª Apresentação da Sinfônica, site Pátria Mineira, in http://www.patriamineira.com.br/imagens/img_noticias/153335230710_402a_APRESENTACAO_DA_SINFONICA.pdf

Por Francisco José dos Santos Braga
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