São João del Rei Transparente

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Tipo: Artigos / Cartilhas / Livros / Teses e Monografias / Pesquisas / Personagens Urbanos / Diversos

Escopo: Local / Global

 

Francisco José dos Santos Braga

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A Lusofonia sempre presente nos Blogs da histórica, artística e "muito nobre e leal "Vila de São João del-Rei ", CBC-Capital Brasileira da Cultura 2007 e "A cidade dos Sinos" | Francisco José dos Santos Braga

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Francisco José dos Santos Braga tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e tradutor de vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG.

Francisco José dos Santos Braga nasceu em São João del-Rei, em 1949. Freqüentou o curso primário no Grupo Escolar João dos Santos, fundado em 1908, e o curso secundário no Colégio Santo Antônio, no prédio que hoje sedia a UFSJ-Universidade Federal de São João del-Rei. Ao mesmo tempo, fez os cursos de Solfejo, Ditado, Teoria Musical e Piano no Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier. Graduou-se em Letras pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras (atual UFSJ).
Em São Paulo, deu continuidade a seus estudos acadêmicos e musicais. Obteve o grau de Mestre em Administração pela EAESP-Fundação Getúlio Vargas, com a dissertação "Aspectos Operacionais e Análise do Desempenho de Três Fundos Mútuos - Estudo de Caso". Simultaneamente, prosseguiu seus estudos musicais com o Maestro Souza Lima (piano) e Sérgio O. de Vasconcellos Corrêa (composição).
De 2002 a 2006, participou dos Cursos Internacionais de Verão promovidos pela EMB-Escola de Música de Brasília, tendo como professores os compositores Oscar Edelstein (Argentina), Christopher Bochmann (Portugal) e Jorge Antunes e Gilberto Mendes (Brasil), além do professor de piano Sergei Dukachev (Rússia).
Desde seus tempos de Conservatório até o presente, Francisco tem-se apresentado em recitais como solista e co-repetidor em várias cidades brasileiras, tais como Brasília, São Paulo, Goiânia, Anápolis, Belo-Horizonte, São João del-Rei, Juiz de Fora, Santos Dumont e Divinópolis, entre outras.
Em 2008, já liberado de suas atividades profissionais, finalmente obteve o seu Bacharelado em Composição pela UnB-Universidade de Brasília. Durante o curso, duas de suas obras tiveram especial projeção: Tema com Variações para piano (executada em 14 de outubro de 2007 pelo Prof. Daniel Tarqüínio, como parte das comemorações da CBC-Capital Brasileira da Cultura-2007, no Teatro Municipal de São João del-Rei) e uma peça eletroacústica chamada Lírica Espacial. Esta peça microtonal consta de 3 movimentos para piano e soprano virtuais, com duração de 4 min 43 seg. Foi composta em 2004: o programa utilizado na sua composição foi Logic Audio para MacIntosh; a gravação foi editada, mixada e masterizada em ProTools. A "Lírica Espacial" foi incluída na Coletânea de Música Eletroacústica Brasileira (no CD nº 3, Spatium), organizada e produzida pela SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica. A referida Coletânea foi lançada em 2008, sob o patrocínio da Petrobrás.
Entre suas principais atividades acadêmicas e profissionais, destacam-se as de ter sido professor da EAESP-Fundação Getúlio Vargas (1976-1980 e 1985-1986), Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo (1983-1988), Fiscal de Tributos Federais (atual AFTN) (1980-1983), Secretário Adjunto da Fazenda do Estado de Rondônia (1987) e Consultor Legislativo do Senado Federal (1988-1998).
Orgulha-se de ter cooperado com o Ministro Hélio Beltrão na Modernização da Receita Federal (1980-1983) e com o Presidente José Sarney na Modernização do Senado Federal (1994-1996). No contexto dessa última, teve o privilégio de ser o redator do Ato nº 11 da Comissão Diretora do Senado Federal, que criou o Coral do Senado Federal, do qual é o idealizador e fundador.
Traduziu muitos livros nas áreas de Finanças e Contabilidade, merecendo destaque "Princípios de Administração Financeira", de Lawrence J. Gitman, cuja tradução à primeira edição fez para a Harper & Row do Brasil (1977). Além disso, é autor, em parceria com o Prof. Jacob Ancelevicz, dos livros "Contabilidade Básica - Um Estudo Programado" (1979) e "Contabilidade Básica - Exercícios" (1981).
Na seara historiográfica, escreveu em 1992 - ano em que se comemorava o bicentenário da morte do Alferes Joaquim José da Silva Xavier - dois artigos para a Revista de Cultura Vozes (constantes deste Blog), o primeiro dos quais ("São João del-Rei: A Terra Natal de Tiradentes") deu origem a um discurso do Senador Alfredo Campos (PMDB-MG) em Plenário (11/03/1992) e a um opúsculo intitulado "Tiradentes, Cidadão Sanjoanense (uma contribuição ao restabelecimento da verdade histórica acerca do local de nascimento do Tiradentes)"; o segundo artigo, intitulado "Encontro em São João del-Rei discute cidadania desmemoriada e preservação do Patrimônio Histórico", trouxe em seu bojo a famosa "Carta de São João del-Rei" (1992), promulgada em sessão solene, no Salão Nobre da Prefeitura dessa cidade, na noite do dia 21 de abril.
Além disso, para o Jornal de Brasília e o Correio Braziliense escreveu artigos que abordam desde temas genealógicos e musicais, até propostas de modernização do Legislativo e do Estado brasileiro.
Convidado pela AVL-Academia Valenciana de Letras a participar com um artigo para o Livro Comemorativo dos 60 Anos de sua Criação, contribuiu com um ensaio denominado "Gênio Mozart, por Norbert Elias", que veio a lume em 2009, disponibilizado em dezembro de 2009 no Blog do Braga (vide abaixo).
Seus ensaios e artigos são hospedados por vários portais institucionais. Também é colaborador ativo de importantes sites dedicados a temas culturais, cabendo mencionar os seguintes:
- www.saojoaodelreitransparente.com.br
- www.csdp.salesianos.br
- www.concertino.com.br

Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do patrimônio histórico nacional.
Participa, como Membro, de várias instituições no País e no exterior, cabendo destacar as seguintes:
- Académie Internationale de Lutèce, Paris, França
- Familia Sancti Hieronymi, Clearwater, Flórida, USA
- SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro)
- Colégio Brasileiro de Genealogia, Rio de Janeiro
- Academia de Letras de São João del-Rei
- Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei
- Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG
- Academia Valenciana de Letras (Valença-RJ)
- Instituto Cultural Visconde do Rio Preto (Valença-RJ)
- Fundação Oscar Araripe (Tiradentes-MG)

Nomeado para o cargo de Secretário Especial de Relações Institucionais do IHG-São João del-Rei, por Ato de seu Presidente, em 4 de setembro de 2011.
Nomeado pelo Decreto Conjunto nº 001/2011, de 6 de setembro de 2011, dos Municípios de Ritápolis, São João del-Rei e Tiradentes para integrar o Conselho da Medalha "Comenda da Liberdade e Cidadania", na qualidade de Secretário.
Em 5 de fevereiro de 2012, empossado no cargo de Secretário da Diretoria do IHG-São João del-Rei, eleita para o biênio 2012-2014.
Comendador, tendo sido agraciado com as seguintes honrarias:
- Comenda da Liberdade e Cidadania em sua 1ª edição, nas ruínas da Fazenda do Pombal, em comemoração ao "Dia da Liberdade" (13/11/2011)
- Medalha de Mérito Cívico "Tomás Antônio Gonzaga", concedida pela OCIM-Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira, na Casa dos Contos, em Ouro Preto (15/11/2011)
- Medalha comemorativa dos 30 Anos da Academia de Letras de Brasília, na sede da LBV, em Brasília (20/03/2012).

***

Elegia (em prosa) proferida pelo escritor e historiador GENTIL PALHARES em homenagem a ROQUE DA FONSECA BRAGA
Por Francisco José dos Santos Braga

Homenagem a meu pai Roque da Fonseca Braga (1918-1984), in memoriam


I. INTRODUÇÃO

Sic transit gloria mundi... Em 26 de setembro de 1984, Roque da Fonseca Braga nos deixava desamparados de sua presença confortante.

No aniversário de vinte e nove anos de sua viagem à Eterna Morada, meu querido pai Roque será lembrado neste post. Naquele fatídico dia, deixava este mundo entregue à sua própria sorte, depois de quatro anos de intenso sofrimento devido ao uso do tabaco por cerca de cinquenta anos, tendo igualmente, em seu currículo, mais de cinquenta anos de serviços efetivos prestados a muitas instituições são-joanenses. À memória vêm-me os nomes de pelo menos as seguintes instituições, órgão público e irmandades: Banco de Crédito Real de Minas Gerais S.A., Minas Futebol Clube, Prefeitura Municipal de São João del-Rei, Companhia de Estanho São João del-Rei, Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) - Conferência do Tijuco e Arquiconfraria de Nossa Senhora das Mercês. Deixava também seus inúmeros familiares e amigos privados de sua agradável companhia.

Roque nasceu em 15 de abril de 1918 no distrito são-joanense de São Sebastião da Vitória, terceiro filho de José da Silva Braga, "Nhonhô, e Josefina da Fonseca Braga, "Zefina". Aprendeu o ofício de sapateiro com Bernardo, que tinha uma oficina de reforma de sapatos na Praça Severiano de Rezende ("Largo Tamandaré"). Fez seus estudos secundários no Ginásio Santo Antônio, como aluno externo, na época em que o curso ginasial compreendia cinco anos (correspondendo aos quatro anos de curso ginasial e três anos de curso científico), exigindo a frequência dos alunos pelas manhãs e à tarde. Roque formou-se em 1935, na mesma turma de Júlio Teixeira, Dr. Milton de Resende Viegas, Dr. Antônio Pimenta e Pedro Farnese. Teve o incentivo de Júlio Teixeira — funcionário do Banco Crédito Real de Minas Gerais e, mais tarde, seu cunhado — para tentar o concurso no mesmo banco, tendo conseguido sua aprovação. Casou-se em 15 de fevereiro de 1947 com Celina dos Santos Braga. Dessa união nasceram oito filhos, dos quais sou o segundo, cronologicamente.
Foi tesoureiro na competente administração do presidente João Hallak à frente do Minas Futebol Clube, tendo Roque servido o Clube de sua predileção pelo período de cerca de 10 anos. Exerceu seu cargo com honradez e grandeza, dedicando-lhe parte preciosa de sua existência, no único interesse de engrandecê-lo, o "Leão da Biquinha", que, nessa época, alcançou "os píncaros da glória".

Do Banco de Crédito Real, Roque se aposentou em 1º de setembro de 1969. Tendo exercido dentro do banco todos os cargos até o de tesoureiro, em que se aposentou, foi imediatamente aproveitado pela Administração Municipal do Prefeito Dr. Milton Viegas durante curto período, em virtude de sua longa experiência bancária. Logo depois, foi contratado para dirigir o escritório da Companhia de Estanho São João del-Rei, inicialmente na cidade de Nazareno por cerca de 7 anos e depois em São João del-Rei durante cerca de 3 anos.

Sobre outros dados biográficos do meu saudoso homenageado, o leitor poderá colher informações preciosas e fidedignas do elogio fúnebre feito por seu amigo e, como ele, torcedor fanático do Minas Futebol Clube, Tenente Gentil Palhares ¹, o amigo certo das horas incertas.

II. ELOGIO FÚNEBRE DE GENTIL PALHARES EM HOMENAGEM A ROQUE DA FONSECA BRAGA

NOSSO QUERIDO ROQUE,

Aqui nos achamos, neste momento, para lhe darmos o nosso último abraço nesta sua despedida para o PLANO ESPIRITUAL. Em nome do nosso Minas Futebol Clube, do qual foi você um de seus membros diretores, e também em nome de todos seus demais amigos, expresso a minha palavra nesta hora tão triste para todos nós, pois que à beira do seu túmulo.

Você, prezado Roque, passou pela Vida deixando traços profundos e marcantes da sua compostura, da sua honestidade, do seu vigor todo inclinado para o trabalho, jamais se mostrando impassível diante de suas atividades e de seus compromissos que foram verdadeiramente extensos pelo seio da comunidade sanjoanense, que soube admirá-lo e estimá-lo de coração aberto. Jamais poderemos olvidar a grandeza dos seus gestos, do seu exemplar desempenho como destacado funcionário do Banco de Crédito Real, onde você era largamente estimado pelos seus Chefes, companheiros e subordinados. Toda a nossa São João del-Rei o admirava e prezava, sem distinção de classe, pois a todos você sabia prender e encantar pela sua bondade, sua ternura, seu gesto sempre bondoso, terno e verdadeiramente humano. Jamais conhecendo a inatividade, incapaz de ficar parado, sempre se movimentando e agindo, agora você, Roque, está sendo tragado pela garganta da Terra.

Ao deixar o Banco de Crédito Real, por força de sua aposentadoria, passou a desempenhar elevadas funções no seio da nossa Prefeitura Municipal, mais uma vez causando a admiração, carinho e respeito de todos os seus colegas de trabalho.

No Minas Futebol Clube, você, prezado Roque, empregando os seus elevados conhecimentos técnicos de escrita e de contabilidade, fôra um dos mais destacados tesoureiros do Alvi-Celeste, o qual, numa despedida das mais tristes, ornamentou o seu caixão mortuário com a Bandeira Azul e Branca, as cores vivas do Clube ao qual você, querido Roque, dera tanto da sua capacidade e ternura ².

Passando pela Vida sem conhecer a ociosidade, você, querido Roque, mais uma vez aceitara o honroso encargo de Chefe de Escritório da Companhia de Estanho São João del-Rei ³.

Mas, eis que uma grave enfermidade, de forma inesperada, começou a atingi-lo, e agora, aqui à beira deste túmulo, nos encontramos para a nossa despedida. As suas nobres virtudes e belas ações não só constituem um exemplo para a família sanjoanense aqui representada, mas engrandecem a própria família mineira. Sabemos que a casa do Pai tem várias moradas e que você partiu para uma delas.

Adeus, querido Roque!...

São João del-Rei, 27 de setembro de 1984

III. COMENTÁRIOS DE FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA

¹ "(...) Gentil Palhares era natural de Formiga-MG, onde nasceu em 9 de março de 1909, filho de Olivério de Fontes Palhares e de Maria Clara de Melo, respectivamente contador e partidor no Fórum local e professora. Transferiu-se para São João del-Rei aos cinco anos, onde residia seu avô materno, Antônio Rodrigues de Melo, homem de vasta cultura, professor e latinista.

Estudou no Grupo Escolar João dos Santos e, posteriormente, no Ginásio Santo Antônio e no Seminário do Caraça, para onde seguiu em 1923.

Voltou à sua terra natal, Formiga, para trabalhar na casa comercial de seu primo José Maria Palhares, naqueles tempos a maior casa de varejo do Oeste de Minas.

Em 1930 seguiu para Araxá, onde trabalhou na Singer como viajante comercial até 1932, quando retornou a São João del-Rei para ingressar no Exército como soldado. Fez carreira. Tomou parte na Segunda Guerra mundial como sargento, seguindo para os campos da Itália em 22 de setembro de 1944. No seio do Exército recebeu as seguintes condecorações: Medalha de Campanha, Medalha de Esforço de Guerra, Medalha do Pacificador, Medalha do 1º Congresso Nacional dos Veteranos de Guerra e Medalha dos 30 anos do Término da Guerra. Regressando da Itália, continuou no Exército, no 11º Regimento de Infantaria, até 1957, quando passou para a reserva como Primeiro Tenente.

Já na reserva, foi nomeado Chefe do Serviço de Recrutamento na cidade de Passos, onde permaneceu até 1959, quando regressou definitivamente a São João del-Rei, de quem recebeu, muito merecidamente, o título de cidadão honorário.

Em 1937, quando servia como cabo na Escola de Aviação Militar do Rio de Janeiro, casou-se com a carioca Elvira Coelho dos Santos, com quem teve oito filhos.

Foi Assessor de Imprensa da Prefeitura de São João del-Rei, de forma graciosa, na gestão do Prefeito Dr. Milton de Resende Viegas, colaborando também, ininterruptamente, com a imprensa local, levando seu saber aos leitores através dos mais variados artigos e crônicas. (...) Seus textos versavam sobre os mais variados temas.

Publicou também os seguintes títulos: De São João del-Rei ao Vale do Pó; A morte de Frei Orlando - crônicas; Roteiro Turístico de São João del-Rei; Histórico do Minas Futebol Clube; Frei Orlando, o Capelão que não voltou; São João del-Rei na Crônica; e De Tomé Portes a Tancredo Neves. Desses destacam-se dois que enaltecem Frei Orlando, Capelão do 11º R.I. na Itália e que lá tombou a serviço de Deus e da Pátria — o que demonstra mais uma faceta generosa da personalidade de Gentil Palhares, pelo fato de que, sendo espírita praticante, não deixava de respeitar e reconhecer os valores pessoais daqueles que seguiam os mais diferentes credos religiosos. O saudoso bispo Dom Delfim Ribeiro Guedes costumava referir-se a ele sempre como seu Grande Amigo Espírita. E o fato de sua esposa ser católica praticante nunca foi óbice para que tivessem vivido, por toda a vida, em perfeita harmonia e comunhão. (...)

Pessoa de espírito ativo, irrequieto, pertenceu às mais diversas instituições culturais, tais como: Academia Municipalista de Minas Gerais, Academia de Letras de São João del-Rei, Academia de Letras de Ipatinga, Academia de Letras de Barbacena, Instituto Brasileiro de Estudos Sociais de São Paulo, Instituto Histórico de Juiz de Fora e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei.

Foi presidente da Associação dos Ex-Combatentes por duas gestões. (...) Erigiu o busto de Frei Orlando, na Av. Andrade Reis, em São João del-Rei. Foi também presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos, membro do Conselho Fiscal do Minas Futebol Clube, secretário da Academia de Letras de São João del-Rei e presidente do Centro Espírita Amor e Caridade. (...)

Faleceu em 11 de junho de 1994, aos 85 anos. (...)" (Breves notas biográficas extraídas do Discurso de Defesa do Patrono, pronunciado pelo Confrade José Carlos Hernández Prieto em 1º de julho de 2012 na sede do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, conforme Ata nº 472 do dia 5 de agosto de 2012.)

Por sua vez, é atribuído aos historiadores Tenente Gentil Palhares e Dr. Paulo Christofaro o achado do primeiro Estatuto do Minas Futebol Clube (MFC), que não se achava registrado em um livro próprio e bastante corroído pela ação do tempo, junto a José Galo, outro torcedor do MFC.
(Cf http://mineirosdomfc.blogspot.com.br/2009/07/historico-do-minas-f-clube.html)

² Roque da Fonseca Braga é o 45º nome da relação de membros BENEMÉRITOS DO MINAS FUTEBOL CLUBE.

(Cf http://mineirosdomfc.blogspot.com.br/2009/07/1-isnard-barreto-2-mozart-novaes-3.html)

³ Antes da transferência do Escritório para São João del-Rei, Roque da Fonseca Braga trabalhou durante muitos anos em Nazareno durante os dias úteis e retornando ao convívio da família nos finais de semana.

Essa "companhia de estanho", conforme ficou conhecida, era dirigida por romenos [presidente Dr. Roger Maurice Martin e diretor Pierre Cartianu (✞1989)] e seu funcionamento no distrito de Nazareno foi autorizado pelo Decreto 42169, de 28 de agosto de 1957, o qual "autorizava a Companhia de Estanho São João del-Rei a pesquisar cassiterita, tantalita e associados no Município de Nazareno, Estado de Minas Gerais".
Gostaria de registrar meu agradecimento sincero a meu irmão Carlos Fernando dos Santos Braga por haver preservado em seu acervo este elogio fúnebre, de autoria do Tenente Gentil Palhares, e que tenha decidido torná-lo público, para nossa alegria.

Fonte: São João del-Rei BLOG, em 01/10/2013
Contato: fjsbraga@gmail.com . Fonte: Blog do Braga

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HOMENAGEM À MINHA MÃE CELINA DOS SANTOS BRAGA (1928-2014)

Por Elizabeth dos Santos Braga

Nossa querida Mamãe,

tem sido muito difícil não vê-la mais entre nós. Cada objeto, cada canto da casa fazem com que pensemos na sua dona. Mas o que nos conforta é que a senhora foi em paz. E nos deixou a paz.

Suas palavras estarão sempre conosco. Muitas vezes citando pensadores ou velhos parentes, nos trazia ensinamentos preciosos, nos fazendo ver que:

“Não há nada como um dia atrás do outro.”

Ou que:

“Nesse mundo não há duas glórias.”

Conselhos:

“É sempre bom jogar uma carta de menos.”

“Perdoe o ignorante. Ele não teve a luz que iluminou o seu caminho.”

Gostava de mencionar frases históricas na língua em que foram pronunciadas que ela tanto apreciava:

“Tu quoque, fili mi Brute?” (“Até tu, meu filho Brutus?”)

Essa e outras citações costumavam expressar ou introduzir comentários espirituosos sobre o cotidiano:

“Diante do adeus tudo se embeleza.”

Nossa Mãe era uma sábia.

Gostava de citar os poetas. Entre seus versos prediletos, de Vicente de Carvalho:

”[...]

Essa felicidade que supomos,

Árvore milagrosa que sonhamos,

Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim; mas nós não a alcançamos,

Porque está sempre apenas onde nós a pomos,

E nunca a pomos onde nós estamos.”

Nossa mãe era uma pessoa apaixonada pela vida.

Gostava de música e ensinou a todos nós o amor por essa arte maravilhosa. Incentivou-nos no aprendizado de instrumentos, inclusive com seu exemplo, iniciando as aulas de piano já adulta e com oito filhos. Gostava de cantar, desde os tempos do canto orfeônico do Colégio Nossa Senhora das Dores, e foi sua voz afinada que moldou nossos bons ouvidos. O conservatório, o coral, a música clássica, o barroco mineiro... nossa Mãe amava a música e até seus últimos dias pediu aos filhos que tocassem para ela o velho piano.

Gostava de cozinhar. Quem não se lembra do famoso pão de queijo da Dona Celina? Dos bolos, biscoitos, rocamboles, empadões? Da carne muito bem temperada, da comida mineira feita com primor, muito apreciada pelo Sr. Roque? A herança de sua mãe cozinheira ela legou a muitos de nós. Nossa mãe sempre soube temperar a vida.

Uma pessoa simples, sem vaidades, mas dona de uma dignidade ímpar, mesmo que estivesse calçando chinelos.

Uma de suas pérolas era a imaginação. Autora de frases inusitadas que nos arrancavam da mesmice do pensamento estereotipado, estava sempre às voltas com “a louca da casa” – a imaginação. Deu-nos asas e nos permitiu sermos crianças e depois adultos que arriscaram e transgrediram o já posto. Como ela gostava de dizer quando interrogada sobre sua feição distraída: “O que é bom na vida é que ninguém sabe o que a gente está pensando.”

Era divertida. Embora rígida e muitas vezes brava, tinha sempre uma pitada de bom humor. Outras vezes isso lhe vinha em forma de trechos de músicas antigas, marchinhas de carnaval, que caíam perfeitamente bem numa dada situação.

Outra pérola foi a sua memória. Por ela, sabíamos detalhes de outros tempos, fatos históricos, casos de família. Mesmo não tendo conhecido nosso avô que faleceu cedo, era como se o conhecêssemos, pela riqueza de seus relatos. Essa memória a acompanhou também até os últimos dias, na minúcia da descrição das tarefas cotidianas, na lembrança de nomes e histórias.

Há ainda uma coisa importantíssima: o amor. Mamãe tinha um coração de ouro. Era caridosa e acolhedora. Nossa casa foi sempre referência na Rua das Flores, referência de solidariedade aos necessitados. Amava as pessoas e amava a Deus, lembrando sempre que Ele estava em primeiro lugar.

Agora a senhora está mais perto d’Ele, Mamãe. Passou por aqui vivendo intensamente. E ficará em nossos corações, nos quais plantou força e alegria.

Obrigada, Mamãe. Somos gratos pela sua vida, pelas nossas vidas. Nós a amamos.

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Elizabeth dos Santos Braga

Nascida a 11 de junho de 1967, em São João del-Rei, Minas Gerais, Elizabeth dos Santos Braga é a oitava filha de Roque da Fonseca Braga e Celina dos Santos Braga. Em sua cidade natal, estudou no Grupo Escolar João dos Santos, Colégio Nossa Senhora das Dores, Escola Estadual Cônego Osvaldo Lustosa e Universidade Federal de São João del-Rei (na antiga Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras), onde se graduou em Pedagogia, em 1988. Possui mestrado e doutorado em Psicologia da Educação, cursados na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e realizou pós-doutorado no Departamento de Educação na Universidade de Oxford, Inglaterra.

Nas décadas de 80 e 90, lecionou em escolas estaduais em São João del-Rei (E.E. Cônego Osvaldo Lustosa e E.E. Padre Sacramento), na Cultura Inglesa (antigo Curso Yes) e foi orientadora educacional do Centro Pedagógico Catavento. Em Campinas, foi professora no curso de Magistério na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Carlos Gomes. Começou a atuar no ensino superior em 1996, integrando o Departamento de Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná. Foi professora do Mestrado em Educação da Universidade São Francisco (Itatiba, SP) de 2003 a 2008, lecionando também em cursos de licenciatura. Atualmente é professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), atuando na graduação, como membro do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação, e na pós-graduação, na área de Psicologia e Educação.

Além de professora, realizou pesquisas ao longo de sua vida profissional nas instituições em que trabalhou. Tendo iniciado como auxiliar de pesquisa em 1992, hoje é Pesquisadora Colaboradora junto ao Grupo de Pesquisa Pensamento e Linguagem da UNICAMP. Na USP, realiza atividades de pesquisa e extensão junto a escolas públicas do Município de São Paulo, envolvendo questões de memória, narrativa, histórias de vida e identidade local.

Um de seus interesses teóricos é a obra do russo Lev S. Vigotski, iniciador da perspectiva histórico-cultural, em especial suas contribuições à compreensão da constituição do sujeito e a questões educacionais.

É casada com Bernardo Leôncio Moura Coelho, Procurador do Trabalho, e mãe de Beatriz Braga Coelho, nascida no dia 4 de fevereiro de 2003.

Aprecia as artes em geral, em especial a literatura, a pintura e a música.
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Mais informações
Semana Santa Cultural e Tapetes de Rua/Flores . São João del-Rei . Minas Gerais/Estrada Real/Brasil
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