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Comandante Zezinho Fidel . Mariana Fernandes
Descrição
Comandante Zezinho imita Fidel Castro até no hábito de fumar charutos
Em 1959 o Movimento 26 de Julho, liderado pelo comunista Fidel Castro, derrubou o ditador Fulgencio Batista, do Governo Cubano. Inicialmente armada, a Revolução Cubana ganhou, posteriormente, a atenção da mídia internacional e a simpatia de adeptos pela ideologia anticapitalista e antiamericana. Hoje, após mais de 50 anos, ainda encontramos parte dessa história em diferentes locais e situações. Seja em propagandas utilizadas pela própria indústria capitalista, que estampa, em marcas e roupas, as figuras dos líderes comunistas, ou na defesa de um sonho idealista, que pessoas de todo o mundo representam sua admiração por esses ícones revolucionários. E foi na pequena cidade mineira, Resende Costa, que encontrei um desses militantes, Zezinho, um sósia do Fidel Castro.
Uniforme e quepe militar verdes, charuto aceso e barba a La Fidel, foi assim que encontrei José Ramos, o Zezinho, para a entrevista de um documentário que realizei na pacata cidade de artesãos. O comandante me convidou para uma conversa em sua casa e, como dois bons mineiros a nossa prosa terminou na cozinha. Fiquei surpresa quando me deparei com vasilhames espalhados por todos os lados da cozinha e, em um deles, um criadouro de minhocas. Vendo o meu espanto, logo Zezinho tratou de me apresentar aquele projeto.
Zezinho explicou, com as mãos cheias de terra, que é minhocultor e que vende o húmus da minhoca como fertilizante. Explanou que tem muita preocupação com a contaminação dos solos e da água pelo uso excessivo de agrotóxicos. “A minha preocupação é com a alimentação e a água do planeta, por isso o projeto do húmus. O futuro do planeta é a água e, Fidel também já pensou sobre isso. Perguntaram se ele queria ser presidente do Brasil e ele disse que não, só do Ceará, porque ele sabe do lençol freático que tem lá. E outra coisa, em Cuba se a pessoa estudou ela vai exercer aquela profissão, mas na hora de folga ela não vai ficar dormindo em casa não, vai pra roça plantar milho mesmo”, diz o comandante dando uma bela gargalhada.
Estava envolvida com aquela idéia de minhocultura e admirando o mecanismo manual que Zezinho inventou para lacrar o saco plástico, evitando assim de comprar uma máquina elétrica que custa cerca de 300 reais, quando o comandante me leva a outro cômodo. Ao lado de sua casa, uma garagem enorme, cheia de plástico e papelão. “Acordo de madrugada para recolher, com minha carrocinha, o lixo de Resende Costa. Já me chamaram de catador de lixo, mas eu não ligo. Se cada um fizer sua parte o problema vai solucionar”, diz ele, com os olhos lacrimejando. Zezinho conta que já retirou mais de uma tonelada de lixo da cidade e que vende para uma usina de reciclagem em Juiz de Fora.
Zezinho Fidel: preocupação com o meio ambiente
Publicado no Observatório da Cultura . 28 de abril de 2011