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Pobres professores, pobres alunos . Abgar Campos Tirado
Descrição
Já pela quarta vez, abordo neste jornal a situação do professor neste país, restringindo-me ao ensino fundamental e médio, da rede pública.
É do conhecimento de todos e incessantemente apregoado que a educação é fator básico e primordial para o desenvolvimento e bem-estar de uma nação. Já que não há como negar essa verdade, surpreende o fato de, em nosso país, os que assumem a responsabilidade por tão elevado mister, isto é, os professores, sejam tão desvalorizados e tão desconsiderados profissionalmente.
Se historicamente o mestre sempre foi mal remunerado, pelo menos lhe era reservado um lugar destacado na sociedade, merecendo respeito e consideração. Entretanto, em nossos dias, a figura do professor está totalmente desprestigiada em todos os sentidos.
Considere-se que para o exercício do magistério exige-se o curso superior. Levemos em conta agora o trabalho que desenvolverá aquele que leva sua profissão realmente a sério: podemos dizer que cada hora/aula que lhe é atribuída corresponde a1 hora de atividade extraclasse, tendo-se em vista a devida preparação de aulas, exercícios, avaliações, a correção dos mesmos e outras coisas mais. É lícito então afirmar que, por exemplo, para o conjunto de vinte aulas semanais o professor trabalhará quarenta horas. . E para aquele que ministra quarenta aulas semanais, qual será o número de horas de trabalho que enfrentará por semana? E quando o professor, para atender a suas necessidades materiais, notadamente em relação ao sustento da família, tem de trabalhar em mais de uma escola, acumulando cada vez mais as obrigações decorrentes?
E quanto ao controle da disciplina na sala de aula? Classes com grande número de alunos, muitos deles rebeldes, muitas vezes ligados a drogas, com problemas familiares, sem que a escola possa contar com o apoio dos pais como acontecia antigamente, inclusive ocorrendo o contrário, isto é, com pais indo contra a escola, endossando a transgressão do filho! O professor, ao repreender o aluno que merece repreensão, é frequentemente ameaçado, sendo que, principalmente nos grandes centros, o magistério tornou-se a uma profissão de risco. Como, quero crer, a maioria dos alunos não se enquadra na triste situação descrita, que ambiente têm estes na escola, com professores esgotados e colegas mais do que indisciplinados? Onde fica então a ideal escola “risonha e franca"? Pobres alunos! Pobres professores! Não é surpresa o que vemos sempre na mídia, legiões de professores afastados para tratamento médico, após serem agredidos na escola!
Antigamente, na época da Lei Orgânica, eram 150 dias letivos; depois, novas legislações instituíram 180,200 dias letivos e há notícias de que o governo federal pretende aumentar ainda mais esse número. Ora, na época dos 150 dias, as férias eram longas para alunos e professores, podendo os últimos, além de descansar, frequentar cursos de reciclagem, sendo o rendimento escolar muito melhor que o de hoje. Ressalte-se que o aumento da se carga horária anual nunca foi computado para o reajuste salarial do professor. Por falar em salário, considerando tudo o que então foi dito sobre a tarefa do professor, o piso conjunto salarial nacional pretendido pelo governo federal é muito baixo, principalmente em comparação a outros quadros do serviço público. Lembre-se também que diferentemente de outras categorias, como complemento salarial o professor nada necessidades recebe, a não ser o "vale nada".
Fosse o professor remunerado com o mínimo que merece, não precisaria esfalfar-se com tantas aulas para honrar seus compromissos. A vocação, por maior que seja, não supre as necessidades materiais. E se chegar um dia em que ninguém queira mais dedicar-se ao com magistério? Quem ou o que colocará o governo para preencher essa terrível lacuna? E como ficarão os alunos, que são a verdadeira razão de ser da escola? Pobres professores! Pobres alunos!
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Abgar Campos Tirado
Abgar Campos Tirado foi homenageado na Semana Santa Cultural 2011 . São João del-Rei
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