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Um Pintor Pintor . Ferreira Gullar
Descrição
Galeria Virtual . Mestre Quaglia
Quaglia começou a pintar no final dos anos 40 e começo dos 50, precisamente quando a arte brasileira sofria o impacto de uma mudança radical, uma ruptura. É que, em 1951, surgia a Bienal de São Paulo marcando o reatamento do intercâmbio artístico com a Europa e o vínculo da nova geração de artistas brasileiros com a arte cocreta de Max Bill e do grupo de Ulm. A adoração de uma arte fundada em puras formas geométricas assinalava o rompimento drástico com a tradição surgida com o Modernismo, caracterizada por uma linguagem figurativa de temática nacional. Ao concretismo sucedeu o neoconcretismo e, em função da internacionalização dos movimentos artísticos e do mercado de arte, o surgimento de tendências cosmopolitas cada vez mais distantes das linguagens artísticas tradicionais. Mas o que aconteceu com aquela pintura figurativa que, até aquele momento, se apoiava em nomes como Portinari, Segall e Di Cavalcanti? Extinguiu-se?
Na verdade, não. A ruptura dos anos 50, de fato, abriu caminho para uma corrente anti-pictórica que, não por acaso, deu origem às instalações e performances, ou seja, a um outro tipo de expressão que nada tem a ver com a linguagem milenar da pintura. Esta continua viva nas telas de Siron Franco, de João Câmara, de Antônio Henrique Amaral, do mesmo modo que nos quadros de Quaglia.
João Garboggini Quaglia é herdeiro de uma concepção pictórica no domínio do metier e no aprofundamento dos valores específicos da pintura. Ele pode, neste ou naquele momento, versar real preocupação é com a composição do quadro, os planos, os volumes, o jogo de luz e sombra, a matéria, a cor. Enfim, o que ele quer é fazer pintura e nenhuma outra coisa. E o faz. E fazendo pintura, faz poesia: uma poesia nascida da materialidade da obra pintada; materialidade que, ali, na tela, alça vôo, espiritualiza-se.
Este livro nos permite seguir os passos do pintor, desde os primeiros momentos em que, nos anos 50, refletindo a tendência da hora, reduz as figuras a planos de cor e matéria ou quando, nos anos 60 e 70, reencontra-se cm a figuração, donde segue para a progressiva construção de uma linguagem em que o figurativo e o abstrato se fundem. De fato, o rigor construtivo de seus quadros, a impessoalidade dos rostos e das formas humanas, bem como as harmonias cromáticas, o uso da cor, retiram de sua pintura todo e qualquer caráter realista ou circunstancial. É que Quaglia, com sua arte, busca fundar o permanente, mesmo quando, em azuis e verdes estonteantes, nos fornece a beleza efêmera de folha e flores.
Fonte: Livro "Quaglia . 50 anos de arte"
Quaglia começou a pintar no final dos anos 40 e começo dos 50, precisamente quando a arte brasileira sofria o impacto de uma mudança radical, uma ruptura. É que, em 1951, surgia a Bienal de São Paulo marcando o reatamento do intercâmbio artístico com a Europa e o vínculo da nova geração de artistas brasileiros com a arte cocreta de Max Bill e do grupo de Ulm. A adoração de uma arte fundada em puras formas geométricas assinalava o rompimento drástico com a tradição surgida com o Modernismo, caracterizada por uma linguagem figurativa de temática nacional. Ao concretismo sucedeu o neoconcretismo e, em função da internacionalização dos movimentos artísticos e do mercado de arte, o surgimento de tendências cosmopolitas cada vez mais distantes das linguagens artísticas tradicionais. Mas o que aconteceu com aquela pintura figurativa que, até aquele momento, se apoiava em nomes como Portinari, Segall e Di Cavalcanti? Extinguiu-se?
Na verdade, não. A ruptura dos anos 50, de fato, abriu caminho para uma corrente anti-pictórica que, não por acaso, deu origem às instalações e performances, ou seja, a um outro tipo de expressão que nada tem a ver com a linguagem milenar da pintura. Esta continua viva nas telas de Siron Franco, de João Câmara, de Antônio Henrique Amaral, do mesmo modo que nos quadros de Quaglia.
João Garboggini Quaglia é herdeiro de uma concepção pictórica no domínio do metier e no aprofundamento dos valores específicos da pintura. Ele pode, neste ou naquele momento, versar real preocupação é com a composição do quadro, os planos, os volumes, o jogo de luz e sombra, a matéria, a cor. Enfim, o que ele quer é fazer pintura e nenhuma outra coisa. E o faz. E fazendo pintura, faz poesia: uma poesia nascida da materialidade da obra pintada; materialidade que, ali, na tela, alça vôo, espiritualiza-se.
Este livro nos permite seguir os passos do pintor, desde os primeiros momentos em que, nos anos 50, refletindo a tendência da hora, reduz as figuras a planos de cor e matéria ou quando, nos anos 60 e 70, reencontra-se cm a figuração, donde segue para a progressiva construção de uma linguagem em que o figurativo e o abstrato se fundem. De fato, o rigor construtivo de seus quadros, a impessoalidade dos rostos e das formas humanas, bem como as harmonias cromáticas, o uso da cor, retiram de sua pintura todo e qualquer caráter realista ou circunstancial. É que Quaglia, com sua arte, busca fundar o permanente, mesmo quando, em azuis e verdes estonteantes, nos fornece a beleza efêmera de folha e flores.
Fonte: Livro "Quaglia . 50 anos de arte"