São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes

a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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De festivais . Jota Dangelo

Descrição

O primeiro Festival de Inverno da UFMG ocorreu em 1966 na cidade de Ouro Preto. A mais importante universidade de Minas, e uma das mais importantes do país, criava naquele ano um dos eventos culturais mais significativos do Estado e que serviria de modelo para muitos outros festivais municipais ou universitários nos anos seguintes. Naquele longínquo 66, fazem hoje 45 anos. O Festival da UFMG em Ouro Preto só abrangia duas categorias: oficinas de artes plásticas e música, com pouquíssimos espetáculos, entre os quais aquele que Jonas Bloch e eu encenamos, O Escorial, de Michel de Ghelderode, nas escadarias da Igreja do Carmo diante de uma reduzida plateia acomodada em cadeiras avulsas colocadas no pequeno espaço que fica em frente ao teatro do século XVIII daquela cidade.
De 66 em diante, participei inúmeras vezes dos Festivais da UFMG, seja como coordenador de oficinas, professor de Artes Cênicas, com espetáculos que dirigi e até como coordenador geral do Festival em pelo menos duas ocasiões. Uma delas justamente quando o evento foi realizado em São João del-Rei. No decorrer do tempo, as oficinas foram multiplicadas; houve a iniciativa de fazer parte do Festival ser itinerante, isto é, abranger outras localidades, o que acabou estimulando municípios a realizarem seus próprios festivais, como ocorreu com ltabira onde, até hoje; impera o festival itabirano no mês de julho.
A sede do Festival da UFMG saiu de Ouro Preto: esteve em São João del-Rei, foi para Poços de Caldas, Belo Horizonte e, finalmente, aboletou-se em Diamantina, onde permanece. Na última década o Festival da UFMG foi, gradativamente, mudando o seu enfoque. Se nunca foi muito de programar espetáculos comerciais, com artistas que ocupam a mídia mais ou menos constantemente, hoje a UFMG está focada nas oficinas, sem preocupar-se com espetáculos de massa, como convém a uma instituição que deve primar pelo debate, pela audácia, pela inovação, pelo inusitado. Popularidade não deve ser, prioritariamente, o objetivo do Inverno Cultural. Também não parece justificável a realização de eventos de cunho comercial - se a UFSJ assim o deseja - na Avenida Presidente Tancredo Neves, quando a cidade dispõe de espaços mais adequados para esse tipo de evento, como o Parque de Exposições e mesmo o próprio Campo do Minas. A cidade Clamou por aquele espaço durante anos. Agora que existe, a UFSJ o dispensa sem maiores discussões com a duvidosa justificativa de que deseja "democratizar" o acesso aos espetáculos, o que pode soar um tanto demagógico ou, para usar um termo da moda, para ser "politicamente correto”. Muitos dos que compareceram aos shows ali realizados, não foram até lá interessados no espetáculo, mas sim na baderna, na agitação, na provocação e até mesmo no vandalismo. E o que normalmente acontece com apresentações em espaços abertos, com entrada gratuita. Não é a cobrança de um ingresso de R$2 que vai impedir a "democratização" do acesso...

Fonte: Gazeta de SJDR, 30 de Julho de 2011

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