São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes

a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo

 

Ouro Preto: 300 anos de história e arte . Luiz Cruz

Descrição

Achados auríferos, ocupações, disputas, entreveros. Motins e sedições. Incêndios. Ataques e defesas. A Guerra dos Emboabas. O início da ocupação dos Sertões dos Cataguases foi marcado pelo desordenamento e até mesmo violência acirrada. A Coroa portuguesa detinha um vasto território a ser explorado pelos continentes afora. Mas com as descobertas de ouro, havia necessidade de ordenamento e obter a parte que competia ao reino. Até que, em 1711, criou-se as três primeiras vilas do que veio a ser as Minas Gerais: Vila Rica (Ouro Preto), Mariana e Sabará. Ou seja, o amplo território praticamente desconhecido fora dividido entre as três vilas.
Ouro Preto está celebrando seus 300 anos de história e de arte. Vila Rica cresceu, se embelezou e se tornou o maior e mais significativo conjunto barroco das Américas. Para se tornar esta referência, muitos foram os mestres: pedreiros, carpinteiros, arquitetos, escultores, entalhadores, pintores, douradores e tantos outros oficiais que passaram anos de suas vidas trabalhando arduamente para a construção da cidade que se tornou a antiga capital do Estado de Minas. Se a ocupação de nossas vilas setecentistas não seguiu planejamento, foram urbanizadas seguindo o princípio do decoro urbano português. Seria impossível destacar todos os nomes que contribuíram para as edificações de Ouro Preto. Porém, não há como falar desta cidade sem traçar breves linhas sobre o Mestre Aleijadinho e o Mestre Ataíde.
Aleijadinho era mulato, filho do arquiteto português Manuel Francisco Lisboa com uma escrava. Desde menino acompanhava o pai pelos canteiros de obras. No Alto da Cruz, pode-se apreciar sua primeira obra, um busto de pedra do chafariz, datado de 1761. Ao longo dos anos, a obra do mestre cresceu e amadureceu, tornando-se um dos mais concorridos: entalhador, escultor, desenhista e projetista. Inovou a arquitetura não só com a introdução da pedra-sabão, mas com o avanço do frontispício, o afastamento das torres, a oclusão do óculo central da fachada, o deslocamento dos púlpitos em pedra sabão e outras criações aplicadas à Igreja de São Francisco de Assis. Nas esculturas, emplacou um estilo expressivo e inconfundível. A partir de Ouro Preto, Mestre Aleijadinho atuou em outras localidades como: Marina, Sabará, São João del Rei, Catas Altas do Mato Dentro, Caeté, Felixlândia, Rio Pomba, Santa Luzia, Raposos, Pedro Leopoldo, Itabirito e Tiradentes. Em Congonhas, Aleijadinho construiu os profetas em pedra sabão e com sua oficina criou as imagens dos Passos da Paixão. O conjunto de Congonhas é reconhecido como Patrimônio da Humanidade, pela Unesco.
Mestre Ataíde nasceu em Mariana e atuou como pintor e encarnador. Autor das pinturas da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto. Ataíde deu expressiva contribuição para que esse templo fosse reconhecido como um dos mais significativos do século XVIII. No teto da nave da igreja pintou a imagem de Nossa Senhora da Porciúncula subindo ao céu, rodeada de anjos músicos com violino, flauta, viola, violoncelo, triângulo, instrumentos de sopro, partituras e o Rei Davi tocando sua harpa. Muitas nuvens e uma profusão de rocalhas coloridas. Ataíde também atuou em diversas localidades, inclusive no conjunto primoroso de Congonhas. Em Ouro Branco e Santa Bárbara pintou forros que podem ser considerados obras primas do estilo rococó mineiro.
Ouro Preto é nossa principal referência em arte colonial. Mas está intrinsecamente ligada à arte moderna e à arte contemporânea.
São Paulo foi o palco do surgimento da arte moderna brasileira, com as iniciativas de Anita Malfatti na pintura e Gregori Warchavchik na arquitetura. Em 1922, foi realizada a Semana da Arte Moderna. Em 1924, realizou-se a expedição modernista a Minas, os modernistas saíram de São Paulo, incentivados pelo poeta vanguardista franco-suíço Blaise Cendrars. Os modernistas partem para uma redescoberta do Brasil. Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e seu filho Oswald de Andrade Filho (Nonê), Olívia Guedes Penteado, René Thiollier e Gofredo da Silva Telles. O roteiro foi o seguinte: embarque na Central do Brasil até Barbacena, parada em Barroso, e chegaram a São João del Rei, onde participaram da Semana Santa. Visitaram Tiradentes algumas vezes e Águas Santas. Depois seguiram para Ouro Preto, Mariana, Sabará, Divinóplis, Belo Horizonte e Congonhas. Visitaram Lagoa Santa também. Essa viagem tornou-se um marco cultural brasileiro. O que apreciaram em Minas influenciou sobremaneira, tanto na literatura quanto na pintura de Tarsila do Amaral. A cada cidade que passou, Tarsila realizou desenhos rápidos, mas que se tornaram subsídios para trabalhos futuros. Com certeza as pinturas de Manoel Vitor de Jesus, em Tiradentes, e as pinturas de Manoel da Costa Ataíde, em Ouro Preto, influenciaram a produção de Tarsila, a grande pintora moderna brasileira.
A expedição pode apreciar uma riqueza imensurável, mas totalmente abandonada, correndo o risco de se perder. Foi a partir da expedição modernista a Minas que se iniciou a preocupação com a preservação do patrimônio. Mario de Andrade ficou encarregado de redigir um documento para a criação do primeiro órgão, auxiliado pelo advogado Rodrigo de Mello Franco de Andrade, que veio a ser o SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937 e que iniciou com o tombamento dos primeiros núcleos urbanos a partir de 1938, figurando dentre eles: Ouro Preto, Mariana, São João del Rei, Tiradentes e Serro.
Ouro Preto tornar-se-ia um símbolo de inspiração dos poetas modernos. História, arte, sensibilidade, ambiência e percepção. Oswald de Andrade cria o “Roteiro de Minas”, passando por várias localidades, chega a:

ouro preto

Vamos visitar São Francisco de Assis
Igreja feita pela gente de Minas
O sacristão que é vizinho da Maria Cana-Verde
Abre e mostra o abandono
Os púlpitos do Aleijadinho
O teto do Ataíde
Mas a dramatização finalizou
Ladeiras do passado
Esquartejamentos e conjurações
Sob o Itacolomi
Nos poços mecânicos policiados
Da Passagem
E em alguns maus alexandrinos
Só o Morro da Queimada
Fala do Conde de Assumar
Mario de Andrade em “Noturno de Belo Horizonte”:
“…Um grande Ah!… aberto e pesado de espanto
Varre Minas Gerais por toda parte …
Um silêncio repleto de silêncio
Nas invernadas, nos araxás,
No marasmo das cidades paradas …
Passado a fuxicar as almas,
Fantasmas de altares, de naves douradas
E dos palácios de Mariana e Vila Rica …
Isto é: Ouro Preto.”

Manuel Bandeira criou o poema:

Ouro Preto
Ouro Branco! Ouro preto! Ouro Podre! De cada
Ribeirão trepidante e de cada recosto
De montanha o metal rolou na cascalhada
Para o fausto d’El-Rei, para a glória do imposto.
Que resta do esplendor de outrora? Quase nada:
Pedras… templos que são fantasmas ao sol-posto.
Esta agência postal era a Casa de Entrada …
Esse escombro foi um solar… Cinza de desgosto!
O bandeirante decaiu – é funcionário.
Último sabedor da crônica estupenda,
Chico Diogo escarnece o último visionário.
E avulta apenas, quando a noite de mansinho
Vem, na pedra-sabão lavrada como renda,
- Sombra descomunal, a mão do Aleijadinho!

Manuel Bandeira dedicou à cidade o “Guia de Ouro Preto”, publicado em 1938. Um roteiro turístico poético para passear e poder apreciar os monumentos, as ladeiras e detalhes que contribuem para enriquecer o patrimônio. A Ediouro lançou em 2000 uma nova versão, com imagens de Luís Augusto Bartolomei e bom projeto editorial.
A escritora Lúcia Machado de Almeida também criou um roteiro: “Passeio a Ouro Preto”, com belíssimas fotografias de Hans Günter Flieg. O guia tem versão em inglês e francês e é um dos mais interessantes já editados.
O poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, criou “Estampas de Vila Rica”. I / Carmo, II / São Francisco de Assis, III / Mercês de Cima, IV Hotel Toffolo e V / Museu da Inconfidência.

Aqui vamos apresentar uma das “estampas”:
E vieram dizer-nos que não havia jantar.
Como se não houvesse outras fomes
e outros alimentos.
Como se a cidade não nos servisse o seu pão
de nuvens.
Não, hoteleiro nosso repasto é interior,
e só pretendemos a mesa.
Comeríamos a mesa, se no-lo ordenassem as Escrituras.
Tudo se come, tudo se comunica,
Tudo, no coração, é ceia.
Drummond dedicou um belo poema ao pintor de Vila Rica:
Ataíde
ALFERES de milícias Manuel da Costa Ataíde:
Eu, paisano,
Bato continência
Em vossa admiração. …

E para o Mestre Aleijadinho, Drummond redigiu:
O vôo sobre as igrejas
Vamos até a Matriz de Antônio Dias
onde repousa, pó sem esperança, pó sem
lembrança, o Aleijadinho.
(…)
Este mulato de gênio
lavou na pedra-sabão
todos os nosso pecados
as nossas luxúrias todas,
e esse tropel de desejos,
essa ânsia de ir para o céu
e de pecar mais na terra;
este mulato de gênio
subiu nas asas da fama,
teve dinheiro, mulher,
escravo, comida farta,
teve também escorbuto
e morreu sem consolação
(…)

Em 1955, Cecília Meirelles publicou o “Romanceiro da Inconfidência”, obra fundamental para compreender a Inconfidência Mineira e o meio ambiente o qual a poeta encontrou em Minas Gerais, quando pesquisou para redigir esta obra. Muitos poemas tratam de Ouro Preto, vamos apreciar um trecho do Romance XXI ou das Ideias:
“… A água a transbordar das fontes.
Altares cheios de velas.
Cavalhadas. Luminárias.
Sinos. Procissões. Promessas.
Anjos e santos nascendo
Em mãos de gangrena e lepra.
Finas músicas broslando
As alfaias das capelas.
Todos os sonhos barrocos
Deslizando pelas pedras.
Pátios de seixos. Escadas.
Boticas. Pontes. Conversas.
Gente que chega e que passa.
E as ideias …”

Ouro Preto sempre atraiu muitos artistas e um dia por lá chegou uma americana, Elizabeth Bishop, poeta que também se encantou com a cidade, comprou uma casa e passou anos restaurando-a com o apoio da amiga Lilli Correia de Araújo. Bishop foi uma poeta que produziu pouco, pois escrevia e reescria seus poemas interminavelmente, travava árdua luta com as palavras, até achar que o poema já estava devidamente lapidado. Vejamos um fragmento do poema “Sob a Janela: Ouro Preto”:

“ …
As sete idades do homem são falantes
e meio sujas, sedentas.
O óleo escorre
pelas margens de pedra do tanque de água
e brilha para o alto em fragmentos, como cacos
de espelhos – não, mais azuis são que espelhos:
são como frangalhos de uma mariposa Morpho.”

Elizabeth Bishop teve sua obra reconhecida em vida, ganhou vários prêmios internacionais com sua obra poética comedida. Se na poesia foi tão esmerada e contida, vamos encontrar Bishop em um pesado volume de cartas/crônicas completamente solta, com uma escrita atraente e nada de rigores em: “Uma Arte – As cartas de Elizabeth Bishop”.
Na poesia contemporânea de Júlio Castañon Guimarães, em seu livro “Matéria e Poesia”, vamos encontrar:
Ouro Preto
qual drama à pedra lavra?
se calvários sem ouro não haja,
ainda que invectivem púlpitos,
ergamos nessas ladeiras essas cruzes
e ajoelhemo-nos sombras
entre tramas e clamor
todas as luas alumiam
a memória a pedra

Alberto da Veiga Guignard foi um artista que, com sua modernidade, transformou a cidade de Ouro Preto em um dos ícones da pintura moderna brasileira. Apaixonado pelas montanhas, igrejas, casario e ladeiras, foi o artista que melhor captou o clima poético da cidade. Suas pinturas de óleo sobre tela ou madeira, somam diversas camadas de aguadas e traços firmes de quem expressava exatamente o que queria. Aos elementos geográficos e arquitetônicos, Guignard adicionava balões, nuvens, caminhos infinitos, coqueiros e araucárias plantadas no solo da imaginação. Além das paisagens, Guignard pintou muitas figuras da cidade. Exímio retratista, imprimia os traços marcantes do rosto e da alma de cada. Com suas pinceladas leves e soltas até decorou armários, portas, janelas, tetos e até uma camas e um violão..
Depois a cidade recebeu um pintor vindo de Viçosa, Nello Nuno. Sua poética invadia as telas e revelava uma Ouro Preto enérgica, com força e magia. O artista teve vida breve, mas produziu uma obra pictórica forte e que a cada dia merecer ser reconhecida e valorizada.
Carlos Bracher e Fani Bracher mudaram definitivamente para Ouro Preto. Uma paixão imensurável pela cidade. Bracher já viajou pelo Brasil e pelo mundo, mostrando suas obras que apresentam uma Ouro Preto reconstruída por pincelas fortes, densas e impregnada de paixão extremada.
Muitos artistas como Carlos Scliar, Ney Cokda, Ivan Marquetti, Carlos Wolney, Jorge do Anjos, Anamélia, Gelcio Fortes e Guilherme Mansur, dentre outros se inspiravam em Ouro Preto para produzirem seus trabalhos artísticos. Até Amílcar de Castro, artista gráfico e concreto, permanecia horas contemplando Ouro Preto. Aos artistas devemos somar muitos anônimos que a cada dia contribuem para a preservação e dedicam seu amor à cidade. E, neste momento não poderíamos esquecer das figuras populares ouropretanas: Sinhá Olímpia, o escultor Bené da Flauta, a sacoleira Maria Martha. Figuras que caminhavam pelas ladeiras e cada um a sua maneira, deixava moradores e visitantes perplexos com seus discursos e ações poéticas.
Mas se a poesia e a arte foram instrumentos para exaltar a beleza de Ouro Preto, foram também instrumentos para protestar contra a descaracterização da cidade. Manuel Bandeira bradava:

Minha gente salvemos Ouro Preto
“As chuvas de verão ameaçaram derruir Ouro Preto.
Ouro Preto, a avozinha, vacila.
Meus amigos, meus inimigos,
Salvemos Ouro Preto.

Ouro Preto são também os casebres de taipa de sopapo
Aguentando-se uns aos outros ladeira abaixo,
O casario do Vira-Saia,
Que está vira-não-vira enxurro,
E é isso que precisamos acudir urgente
….
Meus amigos, meus inimigos,
Salvemos Ouro Preto.
Homens ricos do Brasil
Que dais quinhentos contos por um puro-sangue de corridas,
Está certo,
Mas daí também dinheiro para Ouro Preto.
….
Minha gente,
Salvemos Ouro Preto.
Meus amigos, meus inimigos,
Salvemos Ouro Preto.”

Em 1977, fomos convidados a visitar o atelier de Carlos Scliar, deparamos pela primeira vez com um quadro do artista que apresentava o Morro do Cachorro e trecho do poema de Manuel Bandeira: “Salvemos Ouro Preto. / Meus amigos, meus inimigos, / salvemos Ouro Preto”. Foi um momento da maior relevância. A partir daí pudemos apreciar a cidade com outros olhos. Artes visuais e poesias, juntas em defesa de um patrimônio maior: Ouro Preto.
Aqui, não podemos esquecer de um dos maiores defensores do patrimônio ouropretano: Padre José Feliciano da Costa Simões, o vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, de 1963 a 2009. Homem culto e guardião atento dos tesouros da cidade. Pelos menos uma vez por mês utilizava o espaço das missas para apresentar uma peça do acervo, ou um detalhe do interior da matriz. Dava verdadeiras aulas de Educação Patrimonial. Padre Simões denunciava os atentados contra os bens culturais e especialmente os saques aos templos mineiros. Homem que soube utilizar sua influência e condição de pastor de ovelhas em beneficio de um dos mais relevantes traços da cultural mineira, o seu patrimônio cultural.
De uns tempos para cá muita coisa mudou, a cidade foi vítima de gestões populistas e que fingiram de: cego, surdo e mudo, com relação aos problemas pertinentes a sua proteção. Devemos acrescentar a afonia e inércia do Governo de Minas Gerais. A falta de interesse cultural do governo brasileiro. Verbas minguadas destinadas ao Ministério da Cultura. Além disso, o órgão de preservação federal passou longos anos sem contratação de técnicos, com esta situação contribuindo ainda mais para o descaso. A cidade que é reconhecida como Patrimônio da Humanidade, pela Unesco, passa por momentos críticos de sua preservação. Centenas de ocupações irregulares comprometem seu conjunto arquitetônico e paisagístico, que é tombado desde 1938, bem como seu entorno direto. A preservação de Ouro Preto é um grande desafio às instâncias municipais, estaduais e nacionais. Instrumentos e legislação não faltam para assegurar a sua conservação! Então, só resta vontade política para colocar os meios técnicos e profissionais em ação. Tudo associado aos recursos judiciais pertinentes. Todo cidadão deve ter o direito e o dever a compreender a importância de um Patrimônio da Humanidade. Cada um deve ser orientado para “o que pode” e “o que não pode fazer” com relação ao uso e ocupação de Ouro Preto.
As obras de Aleijadinho e de Ataíde estão correndo risco, em plena Ouro Preto. A Igreja de Bom Jesus, São Miguel e Almas, no bairro Alto das Cabeças, sofre com sérios problemas estruturais. Acompanhamos e registramos o desenvolvimento das rachaduras nos últimos anos. A portada do Mestre Aleijadinho corre grave risco de desabamento. Esta igreja abriga duas obras relevantes de Ataíde: A última ceia e uma Crucifixão.
Mas temos que reconhecer que a cidade ainda resiste, com seus belos templos, casario, museus fantásticos, chafarizes, pontes, horto botânico, emocionante Semana Santa, cachoeiras, parques ecológicos e muitas outras atrações. Turistas do Brasil e do mundo circulam pela cidade ao longo do ano inteiro. Ouro Preto com sua história e com sua arte nos encanta e nos enche de contentamento.
A Prefeitura e as entidades locais se mobilizaram e estão promovendo ampla programação para celebrar seus trezentos anos. Dentre tantos e de ótima qualidade, merece destaque o evento Encontro Nacional de Educação Patrimonial, com ampla participação de representantes de várias partes do Brasil. A Educação Patrimonial pode ser um instrumento elementar para conscientizar sobre a necessidade de proteger o patrimônio cultural brasileiro.

***
Luiz Cruz é professor, estudou no Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto, na Fundação de Artes de Ouro Preto, na Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro e na UFSJ

Referência Bibliográfica:
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CURTI, Ana Helena – Coordenação Geral. Aleijadinho e seu tempo: fé, engenho e arte. Rio de Janeiro: Centro Cultura do Banco do Brasil, 2006.a
FROTA, Lélia Coelho Frota. Vida e Obra de Manuel da costa Ataíde. Rio de Janeiro: Editora nova Fronteira, 1982.
GUIMARÃES, Júlio César. Matéria e Paisagem. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.
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ZÍLIO, Carlos. A modernidade em Guignard. Belo Horizonte, 1985.
WARCHAVCHIK, Gregori. Arquitetura do século XX e outros escritos. Organização e introdução Carlos A. Ferreira Martins. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

Fonte: Alma Carioca

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