a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

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Tipo: Artigos | Cartilhas | Livros | Teses e Monografias | Pesquisas | Lideranças e Mecenas | Diversos

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Inverno . Jota Dangelo

Descrição

Prefiro o sol. Muito sol e calor. Não sou de suar muito. Verão não me incomoda. Bem, é preciso dizer que no verão, ou em qualquer estação, não fico batendo pernas pela cidade: desloco-me sempre de carro, com o ar condicionado ligado. São as vantagens de estar na classe C há bastante tempo, tempo bastante para ter certos confortos. Sinceramente não sei até onde vai a classe C, em termos de salário, mas tenho certeza que falta muito para eu chegar à classe B. De resto, ainda que eu quisesse, não tenho tempo para chegar lá, pois dependo do governo querer dar aumentos salariais para aposentados e, pelo visto, está me parecendo que a Dilma quer cortar gastos e quando um governo quer cortar gastos a primeira coisa que faz é congelar os salários, pelo menos dos funcionários que não são do Legislativo nem do Judiciário. Ainda mais agora, com a Copa do Mundo batendo às nossas portas, e o governo tendo que gastar horrores para fazer estádios exigidos pela FIFA. O de Manaus, por exemplo, vai consumir uma nota preta, porque a FIFA exige estádios com capacidade de pelo menos 45 mil torcedores. Até hoje, segundo fui informado, nenhum jogo de futebol em Manaus levou mais de 5 mil expectadores ao campo. Depois da Copa do Mundo, de que servirá o estádio de Manaus? Já pensou? Só um lembrete: não existe nem um time do Amazonas no Brasileirão... Desconfio que sempre vai aparecer alguém defendendo a ida do Boi de Parintins para o estádio de Manaus, depois da Copa ... A outra maneira de se chegar à classe B é ser contemplado pela sorte e ganhar na Mega Sena. Mas vamos e venhamos: se é muito pouco provável ganhar na Mega Sena para quem joga, é impossível para quem não joga, como eu.
Mas já fui eu escorregando por outros assuntos quando o que eu queria mesmo dizer é que está um frio dos diabos. Perdão pela impropriedade: o diabo deve gostar é de muito calor, já que o seu habitat é o inferno. Não, o frio não é dos diabos. O Belzebú, o Coisa-Ruim, não tem nada a ver com isso. O frio é da Sibéria, isso sim. Claro, debaixo de bons cobertores a gente se aquece, cobre as orelhas, encolhemos o corpo em posição fetal, os joelhos quase no queixo e pronto. Não sei como fazem os que perambulam pelas baladas, madrugada afora. Por dentro é fácil dominar o frio: uma boa dose de conhaque, ou de Jacuba, ajudam. Eu disse uma dose? Modéstia.
Essas manhãs de inverno de São João são inigualáveis. A cidade amanhece entre nuvens, uma outra paisagem, enquanto o sol, enfraquecido, fura a neblina aqui e ali, louco para cumprir o seu dever: o de iluminar ruas, avenidas, praças, prédios, casas e igrejas. A batalha arrasta-se por horas, um dia mais, outro menos. Mas pelas 11h, geralmente, o sol é vencedor, a neblina se esvai e dali para frente já é possível dispensar o agasalho mais pesado: um pulôver, uma blusa de lã são suficientes. Lá pelas 14h, até mesmo blusa e pulôver podem ser incômodos. Pelo menos até 17h30. Melhor não se arriscar sem eles depois disso. Sabem? Comecei a 'gostar do inverno, do frio. Principalmente depois que me lembrei de que carne congelada não estraga...

Fonte: Gazeta de SJDR, 9 de Julho de 2011

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