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São João del-Rei em festa: salve o Divino Espírito Santo! . Antônio Emílio da Costa

Descrição

São João del-Rei está sempre em festa. Graças a Deus! Foguetórios, alvoradas festivas, cortejos, toques de sino, procissões, orquestras, gente na rua, música, movimento...Se foi sempre assim, Tomé Portes Del-Rei, quando aqui chegou, em 1703, para fundar a cidade, deve ter sido saudado por uma banda de música e a primeira coisa que fez não pode ter sido outra coisa senão, de braço para o alto, soltar uma caixa de foguetes. Só depois disso, então, é que começou a catar ouro e a cobrar pedágio pela travessia de pessoas e cargas no caudaloso Rio das Mortes...
Agora falando sério, depois da amanhã, dia 2 de junho, São João del-Rei mais uma vez dá início a uma festa grandiosa: o Jubileu do Divino Espírito Santo.
As celebrações em honra à terceira pessoa da SantíssimaTrindade aqui são muito antigas. Começaram em 1774, no arraial de Matozinhos, da então Vila de São João del-Rei, e nove anos depois, em 1783, por sua importância para a Colônia - e talvez para todo o Reino Português -, foram elevadas pelo Papa Pio VI, à grandeza de Jubileu. Eram tão grandiosas quanto populares e, crescendo sempre, misturaram demais o sacro com o profano,  devoção com diversão. Assim, acabaram desagradando às elites e ao bispo de Mariana, que as inibiu em1924.Desativadas durante mais de 70 anos, quase desapareceram. Graças a Deus a Igreja e a sociedade evoluíram, possibilitando que, em 1998, a comunidade são-joanense, liderada por um grupo de folcloristas locais,  reconquistasse o direito resgatar esta tradição, recuperando inclusive sua "parte profana".
O que é, atualmente, a parte profana? Imagine: grupos de folia do Divino, ternos de congada, pastorinhas, manifestações de cultura afro-brasileira, cavalgada, cortejo imperial e coroação dos imperadores do Divino Espírito Santo, hasteamento / descida de mastros e shows populares. Nada que desaponte, macule, constranja, condene  ou envergonhe a Santa Madre Igreja.
Diferentemente das demais tradições religiosas bicentenárias de São João del-Rei, o Jubileu do Divino Espírito Santo não acontece no centro histórico, mas no bairro de Matosinhos, para muitos considerado o berço da cidade, por ser o local onde se fixou o fundador Tomé Portes del-Rei. Matosinhos fica nas proximidades do local onde, há mais de trezentos anos, aconteceu a sangrenta Guerra dos Emboabas.
Também é particularidade do Jubileu misturar o comando oficial da Igreja com a decisiva participação popular; a cultura clássico-barroca, representada pela Orquestra Lira São Joanense, com as manifestações telúricas das folias e dos ternos de congada. Nas várias atividades da festa, passado e contemporâneo se unem, culminando com uma procissão solene e luminosa, seguida de bênção do Santíssimo Sagramento e descida dos mastros, para dar lugar a um show popular, às vezes de violeiros e de música de raiz, às vezes de sertanejos urbanos. Milagres culturais do Espírito Santo...
Como em Sâo João del-Rei tudo é profundo, intenso e prolongado, para não fugir à regra, o Jubileu do Divino Espírito Santo dura dez dias. Este ano, terminará no dia 12 de junho.
Veja, no vídeo "Sino em São João del-Rei", os sineiros "catando o sino" e iniciando tencões, terentenas e floreados, na moderna igreja de Matozinhos, durante o Jubileu do Divino em 2010. A igreja antiga, construída no século XVIII, foi deliberadamente demolida, com consentimento de todos os responsáveis pelo bem e por sua preservação, há menos de quarenta anos. Dela, quase tudo foi vendido. O que não foi, publicamente desapareceu.
Restou no local apenas a fé do povo e a imagem do santo protetor, Senhor Bom Jesus de Matosinhos. A tomar pelo Jubileu, ele tem cumprido bem o papel que lhe deixaram, pois não desaponta os cidadãos são-joanenses, devotos ou não, nem desampara o Espírito Santo...

Fonte: Tencões e Terentenas
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