a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

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Tipo: Artigos | Cartilhas | Livros | Teses e Monografias | Pesquisas | Lideranças e Mecenas | Diversos

Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo

 

Nem tudo que reluz é ouro . Everaldo Batista da Costa

Descrição

A grande cidade aparece, nas abordagens geográficas, como uma síntese excepcional da sociedade global, onde tudo que se refere ao mundo contemporâneo “decanta-se” nela. Porém, hoje, temos espalhadas pelo interior do País cidades que, apesar de médias ou pequenas, pulsam e apresentam problemas sócio-espaciais como as metrópoles, sobretudo as cidades turísticas; cidades que vivem a lógica atual, que mescla cultura e lazer através da mercantilização do espaço urbano, caso das cidades históricas mineiras, que passam por um evidente processo de fragmentação a partir da intensa cenarização e banalização do patrimônio que renega os residentes e mercantiliza a cultura; ou seja, os benefícios prometidos pelo desenvolvimento turístico de um lugar tornam-se mera retórica interesseira se o estabelecimento desta atividade não for acompanhado de um sério planejamento urbano estratégico voltado para as necessidades sociais locais e de uma maioria.
Parece paradoxal, mas as cidades antigas também sintetizam nossa sociedade atual, mundializada e fragmentada. Nestas cidades borbulham, brotam e crescem problemas que antes se diziam apenas dos grandes centros. O shopping center, a horda de turistas, os aeroportos, os horários de fluxos mais intensos de veículos, a ocupação desordenada do espaço urbano, a oposição centro-periferia, a violência urbana, a mortalidade infantil, a corrupção, o desemprego, o tráfico de drogas e uma gama de outras problemáticas não são “privilégios” apenas das metrópoles. São João del-Rei já não vive esta lógica?
Assim, afirmamos que é na cidade, numa concepção mais ampla, que a urbanização, o mercado, o dinheiro, o direito, a política, o sagrado, o profano, o bem e o mal se somam à arte e à cultura na representação do mundo e na reprodução da mais valia. Ao identificar esta realidade, não podemos mais considerar a lógica do lugar como resposta a nossas inquietações sobre a sociedade, e sim, a lógica da tensão entre localidade e totalidade, na medida em que se avança o processo de globalização dos lugares, sobretudo, via urbanização turística.
Este confrontamento entre localidade e totalidade bem representa a atual tendência da globalização, que cria a ilusão de que tudo tende a se assemelhar e a se tornar homogêneo, ledo engano. A globalização, que combina com integração e homogeneização, rima com o binômio diferenciação e fragmentação, apresenta-se enquanto uma “fábrica de perversidades” (concepção de Milton Santos) que se estabelece no espaço urbano.
Identifica-se a metamorfose das cidades produzidas enquanto lugares da vida, para cidades reproduzidas sob os objetivos da realização do processo de valorização – momento em que o uso vira troca –, intensifica-se a produção da segregação. São recriadas cidades que passam a oferecer acessos extremamente desiguais, onde os habitantes do lugar vivem precariamente.
Estabelece-se uma valorização do espaço, ligada aos interesses do capital, capaz de tornar o homem estranho ao seu lugar, ao seu trabalho, à sua terra transformada em mercadoria. O espaço urbano é reproduzido enquanto um novo produto onde os objetos que o compõe são utilizados da melhor forma pelos atores hegemônicos, respondendo a necessidades do mercado; caso de algumas cidades históricas mineiras. Neste processo, a arquitetura adapta-se ao novo mundo dos negócios, à concentração e à estandardização do espaço produzido.
Grande, média ou pequena, não nos importa a escala, a cidade precisa se constituir em lugar da vida, da morada e da complexidade dos usos. A vertiginosa urbanização turística consome velhas paisagens e cria outras, traz à cena novos sujeitos sociais (agentes de mercado), elimina ou marginaliza outros (habitantes locais) e redesenha as formas de apropriação do espaço urbano, substituindo antigos usos e elegendo novas paisagens a serem valorizadas pelo lazer; a criação destrutiva da urbanização turística desafia, a todo instante, a permanência de antigas paisagens, a resistência do lugar, a sobrevivência do residente e o verdadeiro sentido da memória. Nem tudo que reluz é ouro...

Fonte: Folha das Vertentes . 07/08
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