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Paris 1900 e Praga 1600 . José Maurício de Carvalho
Descrição
Entre tanta mensagem ruim que recebemos pela Internet algumas vezes nos chegam coisas interessantes. Estes dias chegaram duas mensagens que me fizeram pensar, depois que passou o encantamento inicial que produz o casario das cidades de Paris e Praga. O que as duas cidades têm em comum? Ambas começam com P, são capitais dos seus países, possuem importante vida cultural, preservam sua estrutura arquitetônica histórica, são limpas e lindas, embora possuidoras de belezas distintas. Praga é a capital da República Tcheca. Banhada pelo rio Vltava tem pouco mais de um milhão de habitantes. Embora seja a capital do país conserva o clima acolhedor das chamadas cidades médias do Brasil. Em extensão lembra Lisboa que também tem população em torno a um milhão de habitantes. Praga é uma cidade tranquila, histórica e centro intelectual do país. O castelo de Hradcany e a Ponte de Carlos, construída no século XIV, são monumentos que se destacam no extraordinário conjunto arquitetônico. O Arcebispado de Praga é de 973 e reúne um maravilhoso conjunto de Igrejas Góticas e Barrocas. A cidade tem em seus arredores um importante parque industrial em nome do qual ninguém ainda propôs destruir as pequenas ruas de estrutura medieval da cidade de Praga para fazer grandes avenidas. Convivem perfeitamente as exigências da vida contemporânea e um conjunto arquitetônico de centenas de anos. Paris é a capital da França. Localizada na planície do Rio Sena tem nas suas proximidades os restos do planalto de Menilmontant, Montmartre. A capital francesa além de sediar o governo da República é também sede de importante arcebispado, possui importantes universidades, um comércio florescente e um parque industrial importante. A indústria está localizada no entorno da cidade. Nos séculos XVII e XVIII foi a capital cultural da Europa, ocasião em a cidade ganhou a estrutura que possui ainda hoje. Os bairros mais antigos ficaram preservados, novos bairros surgiram e nos dão uma perfeita ideia do movimento arquitetônico daqueles séculos de projeção. A cidade não parou de crescer e possui bairros modernos, mas que não agridem os antigos. São planejados e crescem ordenadamente. Eles mantêm uma distância razoável das construções mais antigas e se encaixam bem na paisagem urbana. Muito bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial passou por um rigoroso trabalho de restauração. Foi assim que o casario antigo retomou o brilho de outros tempos. Um bom exemplo do que podemos fazer em São João. A que reflexão os vídeos nos levam? O povo tcheco e o francês conservam suas capitais e dezenas de outras cidades de importância histórica sem a necessidade de destruí-las para continuar crescendo e se desenvolver. Paris é hoje uma metrópole de quase dez milhões de habitantes e a cidade de 1900 continua lá praticamente intocada. Até o que foi planejado como provisório continua. A conhecida torre Eiffel foi erguida para ser desmanchada depois da passagem do século e ficou. Temos que aprender com estes povos a preservar os registros de nossa história sem que isto signifique que não possamos crescer e desenvolver. Quando esteve no Brasil como professor convidado da USP Claude Levy-Strauss dizia que as coisas aqui não ficavam antigas porque eram destruídas antes. Precisamos aprender a fazer diferente para que a observação do professor francês possa ser coisa do passado.
Fonte: Jornal Tribuna Sanjoanense . 23 a 29 de novembro de 2010
Fonte: Jornal Tribuna Sanjoanense . 23 a 29 de novembro de 2010