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a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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Minha terra . Jota Dangelo

Descrição

Ah! Minha terra! Terra minha que te quero a ti, berço meu que ouviu meu primeiro choro, e tantos outros escutou, pela vida agora, derramados quando abrigaste nas entranhas amigos de jornada que se foram sem regresso, muitos deles sem completar sonhos e ideais.
Ah! Minha terra! Terra minha que te quero assim como te vi menino, entre as brumas do inverno, o sol tentando perfurar a neblina, dourando telhados antes do chão das ruas, velhos casarões, janelas de guilhotina, grades de ferro rendilhado, imponência de torres e planger de sinos, arautos do quotidiano, instrumentos musicais de bronze, companheiros da infância peralta e inocente.
Ah! Minha terra! Terra minha que te quero, amoroso, mesmo quando a ganância deturpou tua arquitetura e não respeitaram teus 301 anos de tradição, mesmo quando destruíram ruas inteiras para edificar o aparente progresso de edifícios opacos, mesmo quando dirigentes obtusos mancharam tua história com a incompetência, quando não com a fraude, com a subtração do dinheiro público, com a conduta aética, o suborno como norma e o descompromisso como regra.
Ah! Minha terra! Terra minha que te quero insano, em dimensão profunda, ainda que zombem de mim por esta dedicação incestuosa, ainda que recriminem meu bairrismo provinciano, ainda que me chamem tolo por esta afeição eterna. Não me importo. Vou contigo. Estou contigo. Morrerei contigo. E irás comigo para outros mundos ou céus, se é que existem.
Ah! Minha terra! Terra minha que te quero inteira, no vale e nas encostas, no riacho que te corta pelo meio, nas mais longínquas periferias, no recorte da serra do Lenheiro que te cerca, no Cristo que te abençoa, ainda mergulhado entre as torres de ferro que o aviltam, quero-te toda, como inteira cabes dentro de mim, por mais imensa que sejas, porque sou teu como tu és minha, carne e terra, misteriosa e inexplicável simbiose.
Ah! Minha terra! Terra minha que te quero tanto que estás presente mesmo quando me ausento, e longe de ti te arrasto comigo, me pertences, estas no meu sangue, corres nas minhas veias, estás onde estou. Não sou se ti.
No teu aniversário, te saúdo.

Fonte: Gazeta de São João del-Rei
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