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Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo
Resistindo ao Passar do Tempo. Tradições da Semana Santa não são mais entendidas . Aluízio Viegas
Descrição
Muitas tradições são-joanenses da Semana Santa não são mais entendidas, podendo ocorrer deturpação na interpretação de seus significados
” Quem passar por um pé de rosmaninho,
E não apanhar nem um galhinho
Da morte de Jesus Cristo,
Não lembrou nem um bocadinho.”
Festa dos Passos
Por que a solenidade comemorativa do encontro de Cristo com sua Mãe é celebrada em São João del-Rei no quarto Domingo da Quaresma, e não dentro da própria Semana Santa? A explicação, baseada em documentos, é que a música que se utilizava nesta Festa desde meados do século 18 em nossa região pedia um grupo musical maior que os usuais para outras obras. Era necessário um duplo coro (8 vozes) e instrumentos. Como o “coro” dos grupos musicais era formado de apenas 4 pessoas, havia o intercâmbio com a música da Vila de São José del-Rei (Tiradentes) e Prados, vindo dessas localidades o “reforço” para a execução dos Motetos a 2 coros e instrumentos, obra do capitão Manoel Dias de Oliveira, um dos grandes compositores do chamado “Barroco Mineiro”.
Encomendação de Almas
Baseia-se no culto de rezar pelos mortos, a altas horas da noite, na quaresma, nas portas dos cemitérios. São João del-Rei é a única cidade com essa tradição, mantida pelos músicos locais. A Encomendação de Almas veio de Portugal. Os fiéis rezam nas portas dos cemitérios, nos cruzeiros e encruzilhadas, enquanto a Orquestra Lira Sanjoanense executa músicas próprias para a ocasião.
Plantas Aromáticas
As Igrejas e as casas da cidade exalam o cheiro do rosmaninho espalhado pelo chão, do manjericão que ornamenta andores e da arnica que enfeita altares, o que contribui para o efeito dramático desses dias. Os fiéis levam para casa ramos dessas plantas aromáticas, utilizando-as como remédio, especialmente a arnica, que, colocada em infusão com o álcool, produz uma tintura usada para contusões, reumatismo e outros males. Já os ramos da procissão do Domingo de Ramos são guardados para serem queimados, e suas cinzas usadas para a imposição na Quarta-feira de Cinzas, além de servirem para benzeção pelos fiéis contra tempestades e pestes.
Anjos e Virgens
Nas procissões são-joanenses, que são muitas durante o ano litúrgico, há sempre a participação de meninas vestidas de anjos e virgens, embelezando o cortejo religioso. Documentos locais dão conta de que a representação dos anjos durante os séculos 18 e 19 era feita por meninos, às custas das Irmandades e Ordens Terceiras. A representação de virgens só começou no século 20 pelas meninas que vão vestidas com a roupa branca da primeira comunhão.
Visitação dos Passos
Esta é uma das tradições mantidas pelas Irmandades, Confrarias, Ordens Terceiras e Arquiconfraria, em suas igrejas, durante a Semana Santa, especificamente na Quarta, Quinta e Sexta-feiras. São montagens feitas utilizando-se a capela-mor como palco, com cenários, plantas ornamentais, efeitos de iluminação, imagens e figuras em tamanho natural representando cenas do Novo Testamento. Há, também, a exposição das imagens de Nossa Senhora nas sacristias das Igrejas, ricamente ornamentadas, e imagens de grande beleza e valor artístico, como a do Cristo Inacabado (Igreja do Carmo) e a do Senhor Morto (na de São Francisco). Durante a visitação, meninos vestidos de opas das Irmandades coletam esmolas nas portas das Igrejas. Percutindo “matracas”, entoam o refrão “Para a Cera do Santo Sepulcro”, que significa a finalidade das esmolas ali coletadas.
A Linguagem dos Sinos
Conhecida como a “Terra da Música e Cidade onde os Sinos Falam”, em nenhuma parte do Brasil, encontramos uma riqueza de modalidades e significados nos toques dos sinos como em São João del-Rei. As Igrejas da cidade possuem sinos pequenos, médios e grandes, com variados e melodiosos sons. Por ocasião de sua bênção, o sino recebe um nome: o sino das Almas, por exemplo, foi chamado Daniel. Em cada ato litúrgico que se realiza nas Igrejas, ou em outros atos indiretamente ligados à vida da Igreja, os sinos se manifestam com sinais característicos. Após o “Glória” da missa da Ceia do Senhor (na Quinta-feira Santa), todos os sinos da cidade emudecem, até o dos relógios das Igrejas, e somente ao “Glória” da Vigília Pascal é que voltam a ser tocados. O sinal litúrgico das campainhas é substituído pelas matracas, o que acontece também durante todo o trajeto da Procissão do Enterro após o canto da Verônica.
Amêndoas
Pela participação nas solenidades, os anjos, as virgens, o clero, os carregadores de andor, as autoridades e os membros “com cargos” nas ordens religiosas recebem “Cartuchos de Amêndoas”. Essa tradição vem do século 18. Os cartuchos são confeitos de açúcar com recheio de amendoim e coco. É um produto do artesanato são-joanense e a técnica de fabricação requer bastante treino. Os cartuchos têm forma cônica afunilada, são feitos de papel branco e decorados com desenhos de ramagens e flores nas cores vermelha e verde.
Muitas tradições são-joanenses da Semana Santa não são mais entendidas, podendo ocorrer deturpação na interpretação de seus significados
” Quem passar por um pé de rosmaninho,
E não apanhar nem um galhinho
Da morte de Jesus Cristo,
Não lembrou nem um bocadinho.”
Festa dos Passos
Por que a solenidade comemorativa do encontro de Cristo com sua Mãe é celebrada em São João del-Rei no quarto Domingo da Quaresma, e não dentro da própria Semana Santa? A explicação, baseada em documentos, é que a música que se utilizava nesta Festa desde meados do século 18 em nossa região pedia um grupo musical maior que os usuais para outras obras. Era necessário um duplo coro (8 vozes) e instrumentos. Como o “coro” dos grupos musicais era formado de apenas 4 pessoas, havia o intercâmbio com a música da Vila de São José del-Rei (Tiradentes) e Prados, vindo dessas localidades o “reforço” para a execução dos Motetos a 2 coros e instrumentos, obra do capitão Manoel Dias de Oliveira, um dos grandes compositores do chamado “Barroco Mineiro”.
Encomendação de Almas
Baseia-se no culto de rezar pelos mortos, a altas horas da noite, na quaresma, nas portas dos cemitérios. São João del-Rei é a única cidade com essa tradição, mantida pelos músicos locais. A Encomendação de Almas veio de Portugal. Os fiéis rezam nas portas dos cemitérios, nos cruzeiros e encruzilhadas, enquanto a Orquestra Lira Sanjoanense executa músicas próprias para a ocasião.
Plantas Aromáticas
As Igrejas e as casas da cidade exalam o cheiro do rosmaninho espalhado pelo chão, do manjericão que ornamenta andores e da arnica que enfeita altares, o que contribui para o efeito dramático desses dias. Os fiéis levam para casa ramos dessas plantas aromáticas, utilizando-as como remédio, especialmente a arnica, que, colocada em infusão com o álcool, produz uma tintura usada para contusões, reumatismo e outros males. Já os ramos da procissão do Domingo de Ramos são guardados para serem queimados, e suas cinzas usadas para a imposição na Quarta-feira de Cinzas, além de servirem para benzeção pelos fiéis contra tempestades e pestes.
Anjos e Virgens
Nas procissões são-joanenses, que são muitas durante o ano litúrgico, há sempre a participação de meninas vestidas de anjos e virgens, embelezando o cortejo religioso. Documentos locais dão conta de que a representação dos anjos durante os séculos 18 e 19 era feita por meninos, às custas das Irmandades e Ordens Terceiras. A representação de virgens só começou no século 20 pelas meninas que vão vestidas com a roupa branca da primeira comunhão.
Visitação dos Passos
Esta é uma das tradições mantidas pelas Irmandades, Confrarias, Ordens Terceiras e Arquiconfraria, em suas igrejas, durante a Semana Santa, especificamente na Quarta, Quinta e Sexta-feiras. São montagens feitas utilizando-se a capela-mor como palco, com cenários, plantas ornamentais, efeitos de iluminação, imagens e figuras em tamanho natural representando cenas do Novo Testamento. Há, também, a exposição das imagens de Nossa Senhora nas sacristias das Igrejas, ricamente ornamentadas, e imagens de grande beleza e valor artístico, como a do Cristo Inacabado (Igreja do Carmo) e a do Senhor Morto (na de São Francisco). Durante a visitação, meninos vestidos de opas das Irmandades coletam esmolas nas portas das Igrejas. Percutindo “matracas”, entoam o refrão “Para a Cera do Santo Sepulcro”, que significa a finalidade das esmolas ali coletadas.
A Linguagem dos Sinos
Conhecida como a “Terra da Música e Cidade onde os Sinos Falam”, em nenhuma parte do Brasil, encontramos uma riqueza de modalidades e significados nos toques dos sinos como em São João del-Rei. As Igrejas da cidade possuem sinos pequenos, médios e grandes, com variados e melodiosos sons. Por ocasião de sua bênção, o sino recebe um nome: o sino das Almas, por exemplo, foi chamado Daniel. Em cada ato litúrgico que se realiza nas Igrejas, ou em outros atos indiretamente ligados à vida da Igreja, os sinos se manifestam com sinais característicos. Após o “Glória” da missa da Ceia do Senhor (na Quinta-feira Santa), todos os sinos da cidade emudecem, até o dos relógios das Igrejas, e somente ao “Glória” da Vigília Pascal é que voltam a ser tocados. O sinal litúrgico das campainhas é substituído pelas matracas, o que acontece também durante todo o trajeto da Procissão do Enterro após o canto da Verônica.
Amêndoas
Pela participação nas solenidades, os anjos, as virgens, o clero, os carregadores de andor, as autoridades e os membros “com cargos” nas ordens religiosas recebem “Cartuchos de Amêndoas”. Essa tradição vem do século 18. Os cartuchos são confeitos de açúcar com recheio de amendoim e coco. É um produto do artesanato são-joanense e a técnica de fabricação requer bastante treino. Os cartuchos têm forma cônica afunilada, são feitos de papel branco e decorados com desenhos de ramagens e flores nas cores vermelha e verde.