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Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo
A recuperação de bens históricos e o destino de um povo . José Mauricio de Carvalho
Descrição
Quando a cidade de São João del-Rei ainda se lembra das festividades de comemoração do centenário de nascimento de Tancredo Neves não custa lembrar do que ele disse sobre os povos que não cuidam de seus valores mais importantes: morais, políticos, religiosos, de heroísmo, incluída sua tradição cultural material e imaterial. Assim se pronunciou o são-joanense ilustre: “Aqueles povos que não sabem guardar a fidelidade aos valores morais de seus quadros históricos, que repudiam os valores autênticos de sua tradição de nobreza e heroísmo são povos que perdem a sua consciência humana e social, para se transformarem em inexpressivos ajuntamentos humanos, sem história, sem beleza, sem dignidade e sem bravura, porque passam a ser animados tão somente pelos mesquinhos egoísmos de sua natureza interior” (Sua palavra na história. Rio de Janeiro: Atheneu, 1988. p. 3).
Neste sentido, merece destaque o trabalho de recuperação das pinturas de Eliseu Visconti (1866-1944) que enfeitam as paredes e o teto do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A obra do artista tem 640 m² e é considerado o mais importante trabalho de arte decorativa de nosso país. A obra é formada por seis grandes quadros impressionistas que reúne anjos e mulheres nuas e estavam colados nas paredes e no teto do Teatro. Esta singularidade tornou muito difícil o trabalho de recuperação tanto porque com o passar dos anos os vazamentos e problemas estruturais da edificação afetaram a obra como porque retirá-la do local onde estão fixadas há quase cem anos era tarefa que o conjunto de experimentados restauradores não fez sem receio de danificar a obra. E o trabalho foi dificílimo porque exigiu a fixação de uma fina película de papel sobre as telas que foram retiradas da parede com parte do reboco. Só depois e no chão é que foram removidos o papel e os pedaços do reboco. A técnica empregada foi desenvolvida depois da Segunda Guerra Mundial e foi usada para recuperar elementos decorativos de palácios, igrejas e monumentos que continham pinturas importantes e haviam sido danificados com os bombardeios. A recuperação dos quadros de Visconti é parte do trabalho de restauração do teatro que está em andamento há dois anos e já recuperou o telhado e boa parte dos seus elementos. Os restauradores consideraram a recuperação dos quadros de Visconti como a tarefa mais difícil de todo o processo de restauração. Este trabalho que trará de volta o brilho do Teatro do Rio de Janeiro é um dos mais importantes do país nos últimos anos.
Em São João del-Rei também tivemos recentemente trabalhos de recuperação de importantes monumentos, onde se destacam: a restauração da casa de Bárbara Heliodora onde funciona o Museu Municipal, do Museu de Arte Sacra, a recuperação do Memorial do Presidente Tancredo Neves e a recuperação da praça diante da Igreja de São Francisco. Não é pouco e todas estas iniciativas representam muito na preservação da cidade. No entanto, há sempre muito a ser feito e nem Empresas, nem os diferentes níveis de governo, nem as Igrejas, nem alguns esforçados individualmente poderão conseguir resultados verdadeiramente transformadores se cada cidadão não fizer a sua parte, mesmo que seja não destruindo e sujando. Quem sabe se nas festas que comemoram o centenário de um homem do diálogo, um articulador que conseguia a união das pessoas em torno de boas causas, nossa terra conseguirá fazer com que as diferentes forças vivas da sociedade não se unam para transformar o seu perfil. Somente sendo uma cidade diferente, limpa, arborizada, sem pichação, com seu patrimônio material e imaterial preservados nossa terra conseguirá ser não apenas um importante centro histórico, mas também um notável destino turístico, com oportunidade de vida para muitos e qualidade de vida para todos.
*Departamento de Filosofia da UFSJ
Neste sentido, merece destaque o trabalho de recuperação das pinturas de Eliseu Visconti (1866-1944) que enfeitam as paredes e o teto do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A obra do artista tem 640 m² e é considerado o mais importante trabalho de arte decorativa de nosso país. A obra é formada por seis grandes quadros impressionistas que reúne anjos e mulheres nuas e estavam colados nas paredes e no teto do Teatro. Esta singularidade tornou muito difícil o trabalho de recuperação tanto porque com o passar dos anos os vazamentos e problemas estruturais da edificação afetaram a obra como porque retirá-la do local onde estão fixadas há quase cem anos era tarefa que o conjunto de experimentados restauradores não fez sem receio de danificar a obra. E o trabalho foi dificílimo porque exigiu a fixação de uma fina película de papel sobre as telas que foram retiradas da parede com parte do reboco. Só depois e no chão é que foram removidos o papel e os pedaços do reboco. A técnica empregada foi desenvolvida depois da Segunda Guerra Mundial e foi usada para recuperar elementos decorativos de palácios, igrejas e monumentos que continham pinturas importantes e haviam sido danificados com os bombardeios. A recuperação dos quadros de Visconti é parte do trabalho de restauração do teatro que está em andamento há dois anos e já recuperou o telhado e boa parte dos seus elementos. Os restauradores consideraram a recuperação dos quadros de Visconti como a tarefa mais difícil de todo o processo de restauração. Este trabalho que trará de volta o brilho do Teatro do Rio de Janeiro é um dos mais importantes do país nos últimos anos.
Em São João del-Rei também tivemos recentemente trabalhos de recuperação de importantes monumentos, onde se destacam: a restauração da casa de Bárbara Heliodora onde funciona o Museu Municipal, do Museu de Arte Sacra, a recuperação do Memorial do Presidente Tancredo Neves e a recuperação da praça diante da Igreja de São Francisco. Não é pouco e todas estas iniciativas representam muito na preservação da cidade. No entanto, há sempre muito a ser feito e nem Empresas, nem os diferentes níveis de governo, nem as Igrejas, nem alguns esforçados individualmente poderão conseguir resultados verdadeiramente transformadores se cada cidadão não fizer a sua parte, mesmo que seja não destruindo e sujando. Quem sabe se nas festas que comemoram o centenário de um homem do diálogo, um articulador que conseguia a união das pessoas em torno de boas causas, nossa terra conseguirá fazer com que as diferentes forças vivas da sociedade não se unam para transformar o seu perfil. Somente sendo uma cidade diferente, limpa, arborizada, sem pichação, com seu patrimônio material e imaterial preservados nossa terra conseguirá ser não apenas um importante centro histórico, mas também um notável destino turístico, com oportunidade de vida para muitos e qualidade de vida para todos.
*Departamento de Filosofia da UFSJ