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Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo
Um projeto de fomento a bandas . Francisco José dos Santos Braga
Descrição
O presente artigo tem por objetivo pinçar alguns trechos do referido projeto e torná-los públicos, uma vez que são passados dois anos, sem que fosse implementado e recebesse o apoio que merecia ter.
Em sua “Introdução”, tratei inicialmente da importância da Educação Musical, responsável por assegurar ao aprendiz uma melhor acuidade perceptiva e organização mental, tornando mais fácil a absorção de outros conhecimentos e, se associada à participação num conjunto instrumental, como é o caso das Bandas, os benefícios se ampliam também socialmente, além de haver a conservação de valores culturais nacionais.
No que se refere às áreas do conhecimento afetadas pela Educação Musical, identifiquei a motora (representada pelo domínio do instrumento, através de movimentos automáticos do corpo, e só adquirida mediante treino e exercícios técnicos diários), a cognitiva (simbolizada pela percepção, podendo ser obtida num piscar de olhos e ser útil no aprendizado de outras disciplinas do currículo escolar) e a da sensibilidade (em grego: aesthetikós; relacionada com a esfera do espírito e, portanto, fugindo ao campo da experiência sensível, podendo ser considerada de uma ótica passiva - em que a música é capaz de impressionar o musicista - ou uma ótica ativa - em que o musicista é capaz de suscitar a sensibilidade do público.
As Bandas, nas palavras de Vicente Salles, são verdadeiros “Conservatórios do Povo”, exercendo em suas sedes, apesar de todas as dificuldades, a função de centros de formação e integração sócio-musical, onde o aprendizado dos instrumentos é gratuito, e o importante papel de fomentadoras artísticas da comunidade. Devido a suas estratégias de aprendizado musical e de aproximação da teoria com a prática, as Bandas são verdadeiros pólos educacionais, com resultados muitas vezes superiores e mais significativos do que os das Escolas de Música e Conservatórios, sem, contudo, serem consideradas "escolas de verdade" em formação musical.
A Banda de Música representa uma instituição já inserida na realidade cultural brasileira desde os tempos do Brasil-colônia.
O referido projeto visava operacionalizar um sistema integrado de gestão de Bandas civis, sediadas
As atividades propostas pelo Projeto incluíam:
- implantação de projeto-piloto a ser desenvolvido com a Banda Theodoro de Faria (set/dez 2006)
- contratação de professores e assistentes para ministrarem os cursos e supervisionarem o trabalho desenvolvido pelas diferentes Bandas (set 2006)
- oficinas pedagógicas em que seria ministrado curso de reciclagem e aprimoramento musical aos regentes (out/dez 2006)
- oficinas técnicas instrumentais, em que seria ministrado curso de reciclagem e aprimoramento musical aos músicos de Banda (out/dez 2006)
- encontro regional de Bandas com produção de CD comemorativo (abr 2007)
- encontro estadual de Bandas com produção de CD comemorativo (nov 2007)
- apresentação das Bandas ao ar livre, em palanques, nos teatros e em procissões, cobrindo todo o ano de 2007
- ampliação das sedes das Bandas, exigindo reformas e benfeitorias precedida por levantamento de necessidades das Bandas (out/nov 2006 . nov 2006/dez 2007)
- informatização e digitalização das partituras das Bandas, para o intercâmbio dos respectivos arquivos (out 2006/fev 2007)
- aquisição, manutenção e/ou reparo dos instrumentos musicais, precedidos por levantamento de necessidades das Bandas (out/nov 2006)
- modernização e/ou aquisição de mobiliário, precedidas por levantamento de necessidades das Bandas (out/nov 2006)
- quantificação dos recursos materiais e financeiros para ampliação do atendimento a educandos. As Bandas dispunham, quando da apresentação do Projeto, de aproximadamente 1.500 musicistas e 500 educandos, pretendendo-se, ao final do Projeto, atingir o quantitativo de 2.500 musicistas e 3.500 educandos. Constatou-se igualmente um gargalo a ser superado: faltava espaço físico para ministrarem-se aulas e recursos financeiros para manter professores que pudessem aumentar o quadro de alunos. Tanto os professores dos cursos, quanto os assistentes de supervisão das Bandas deveriam buscar a melhor técnica gestual dos regentes e a superação das dificuldades técnicas dos instrumentistas.
Além das atividades mencionadas, previ a abertura (01/01/2007) e o encerramento (31/12/2007) comemorativos da Capital Brasileira da Cultura 2007 com a apresentação coletiva das Bandas que aderissem ao Projeto, em tablado a ser colocado sobre os cais e acima do córrego do Lenheiro com a extensão desde o Centro Cultural do 11º Batalhão de Infantaria até a Ponte da Cadeia. A regência seria conduzida pelo Maestro Helvécio Rodrigues, de cima de palanque a ser erigido sobre a referida ponte.
Entendia então, e hoje ainda acredito na relevância do Projeto pelas razões que seguem:
- relação custo-benefício. Com um dispêndio relativamente exíguo, teria sido possível obter excelência na execução das peças musicais, de 2007 em diante, atendimento a um enorme quantitativo de educandos e aumento de capilaridade das Bandas no seio da comunidade.
- a mobilização de um contingente gigantesco de público local e de turistas para a apresentação das Bandas
- incentivo ao intercâmbio das Bandas de São João del-Rei e entorno entre si, que hoje operam sem integração e isoladas umas das outras, e suas congêneres do Estado de Minas Gerais
- capacitação das Bandas a fim de se transformarem em pólos indutores de Educação Musical nas comunidades.
Também tenho a crença de que é possível, a partir de sua vivência local, desenvolver e enriquecer a experiência musical das Bandas no seu próprio local de origem, mediante a oportunidade que lhes for oferecida de aprimoramento, vivência participativa de atividades conjuntas, envolvimento na obtenção de um único objetivo coletivo e motivação para o progresso.
Procurei distribuir cópias a pessoas ilustres que acreditava terem o poder de interceder a favor do Projeto, autorizando, ainda que ele fosse desenvolvido ao amparo da Lei Rouanet, o que acabou não acontecendo.
Além disso, acompanhado do musicista Sr. José Estevão do Carmo, dirigi-me a Ibituruna e constatei o péssimo estado de conservação do acervo da banda local, tendo recomendado à UFSJ-Universidade Federal de São João del-Rei a criação de um Museu Bandas de Música das Vertentes para acondicionamento, arquivo e digitalização das partituras para Bandas que se encontram nas respectivas sedes em processo de decomposição.
Na ocasião, alertei a todos para o perigo que corria nosso patrimônio cultural e musical: estrangeiros estariam visitando as Bandas do interior de Minas Gerais, microfilmando as partituras, levando para seus países de origem, certamente omitindo a autoria das peças musicais, conscientes de nossa desorganização e despreparo na custódia de nossos valores culturais.
A sociedade e suas lideranças precisam de ações concretas a fim de salvarem - enquanto é tempo - essas obras do nosso patrimônio cultural com sério risco de extinção.
NOTAS BIOGRÁFICAS DO AUTOR
Francisco José dos Santos Braga nasceu
e o curso secundário no Colégio Santo Antônio, no prédio que hoje sedia a UFSJ-Universidade Federal de São João del-Rei. Ao mesmo tempo, fez os cursos de Solfejo, Ditado,Teoria Musical e Piano no Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier. Graduou-se em Letras pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras (atual UFSJ).
De
Desde seus tempos de Conservatório até o presente, Francisco tem-se apresentado em recitais como solista e co-repetidor em várias cidades brasileiras,
tais como Brasília, São Paulo, Goiânia, Anápolis, Belo-Horizonte, São João del-Rei, Juiz de Fora, Santos Dumont e Divinópolis, entre outras.
Em 2008, já liberado de suas atividades profissionais, finalmente obteve o seu Bacharelado em Composição pela UnB-Universidade de Brasília. Durante o curso, duas de suas obras tiveram especial projeção: Tema com Variações para piano (executada em 14 de outubro de 2007 pelo Prof. Daniel Tarqüínio, como parte das comemorações da CBC-Capital Brasileira da Cultura-2007, no Teatro Municipal de São João del-Rei) e Lírica Espacial (peça eletroacústica divulgada em CD da Petrobrás em 2008).
Entre suas principais atividades acadêmicas e profissionais, destacam-se as de ter sido professor da EAESP-Fundação Getúlio Vargas (1976-1980 e 1985-1986), Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo (1983-1988), Fiscal de Tributos Federais (atual AFTN) (1980-1983), Secretário da Fazenda do Estado de Rondônia (1987) e Consultor do Senado Federal (1988-1998).
Orgulha-se de ter cooperado com o Ministro Hélio Beltrão na Modernização da Receita Federal (1980-1983) e com o Presidente José Sarney na Modernização do Senado Federal (1994-1996). No contexto dessa última, teve o privilégio de ser o redator do Ato nº 11 da Comissão Diretora do Senado Federal, que criou o Coral do Senado Federal, do qual é o fundador.
Traduziu muitos livros nas áreas de Finanças e Contabilidade, merecendo destaque "Princípios de Administração Financeira", de Lawrence J. Gitman, cuja tradução à primeira edição fez para a Harper & Row do Brasil (1977). Além disso,
é autor, em parceria com o Prof. Jacob Ancelevicz, dos livros "Contabilidade Básica - Um Estudo Programado" (1979) e "Contabilidade Básica - Exercícios" (1981).
Na seara literária, escreveu em 1992 - ano em que se comemorava o bicentenário da morte do Alferes Joaquim José da Silva Xavier - dois artigos para a Revista de Cultura Vozes, um dos quais ("São João del-Rei: A Terra Natal de Tiradentes") deu origem a um discurso do Senador Alfredo Campos (PMDB-MG) em Plenário (11/03/1992) e a um opúsculo intitulado "Tiradentes, Cidadão Sanjoanense (uma contribuição ao restabelecimento da verdade histórica acerca do local de nascimento do Tiradentes)".
Além disso, para o Jornal de Brasília e o Correio Braziliense escreveu artigos que abordam desde temas genealógicos e musicais, até propostas de modernização do Legislativo e do Estado brasileiro.
Recentemente escreveu para a Academia Valenciana de Letras um artigo denominado "Gênio Mozart, por Norbert Elias", a ser trazido a lume brevemente por revista comemorativa dos 60 anos daquela nobre Instituição.
Participa, quer como Membro quer como Sócio Correspondente, de várias instituições no País e no exterior, cabendo destacar as seguintes:
- Académie Internationale de Lutèce, Paris, França
- Familia Sancti Hieronymi, Clearwater, Flórida, USA
- SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro)
- Colégio Brasileiro de Genealogia, Rio de Janeiro
- Academia de Letras de São João del-Rei
- Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei
- Instituto Histórico e Geográfico de Campanha
- Instituto Cultural Visconde do Rio Preto (Valença-RJ)
Francisco José dos Santos Braga é membro da Associação Amigos de São João del-Rei