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Ainda o professor . Abgar Campos Tirado

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Sinceramente, preferiria tratar de outros temas, mas volto, uma vez mais, a contemplar a situação penosa do professor. Realmente não dá para entender por que aquele em cujas mãos está o futuro do país, e muito do presente, é tão desvalorizado, tão desprezado e tão explorado pelos que detêm o poder. Sei que pouco ou nada adianta abordar esse assunto, mas vale o desabafo, especialmente em uma tribuna que é a página de um jornal conceituado. Não me refiro aqui a professores universitários.
Para começar, considere-se que se exige cada vez maior titulação do professor, o que só é conseguido através de grande sacrifício pessoal e financeiro. Hoje, para se atuar até mesmo no curso fundamental, de 1ª a 4ª série, requer-se o diploma em nível superior, quando antes bastava o antigo curso normal.
Quanto ao salário, este é ínfimo, a assistência à saúde em geral para o mestre e família quase inexiste, e outras vantagens, como vales-transporte, cestas básicas, nem pensar. Também todas as despesas com o material relacionado com a profissão têm de sair do magérrimo bolso do professor, aquele mesmo cidadão ou cidadã que, além da obrigação das horas de aula, despende muitas outras horas com o estudo, com a preparação das aulas, dos exercícios e provas e com a correção dos mesmos. Igualmente tem de enfrentar o problema disciplinar, a cada dia mais complexo, tendo freqüentemente de suportar a incompreensão e insolência de certos pais, que chegam mesmo à agressão física. Aliás, diga-se de passagem, o magistério é hoje profissão de risco, havendo alunos que ameaçam professores até mesmo com armas.
É curioso e triste observar que quanto mais aviltado o salário do professor, mais lhe é exigido. Na antiga Lei Orgânica, eram somente 150 dias letivos; com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 180; e na legislação atual, mais de 200. E, por incrível que pareça, não havendo como negar, quando o ano letivo era só de 150 dias e as férias bastante longas, o aproveitamento escolar era muito maior, creio porque alunos e professores, mais descansados, sentiam-se mais motivados, com o conseqüente maior rendimento escolar.
Dizem que os salários dos professores é baixo porque é muito grande o número de docentes. Ora, que culpa têm os mesmos desse fato? E é evidente, já que não se pode remunerá-los decentemente, não se poderia cobrar deles como são cobrados.
E um aspecto que tem de ser devidamente ressaltado é que quanto mais prejudicado o professor, tanto mais são prejudicados os alunos, estes a verdadeira razão de ser da escola, uma vez que o mestre, pressionado por dificuldades financeiras para seu sustento e principalmente para a assistência a sua família, não consegue produzir o que dele se espera, faltando-lhe tranqüilidade para tal.
Para se ter idéia do absurdo da situação, basta comparar a tabela de vencimentos do professor com a tabela de outras carreiras, que, embora em situação bem melhor, ainda não se encontram em situação ideal.
Urge que a voz do professor seja ouvida e atendida, por uma questão de justiça. Não sou favorável a greves, que só trazem desgastes. É certo que também se espera do professor o reto cumprimento de sues deveres, não pecando nem por falta nem por excesso. Não sei como, mas os detentores do poder têm de saber valorizar aquele que, em sua missão de educar, junto com as famílias, tem em suas mãos a esperança da grandeza de nosso país, missão de transcendental importância, sem dúvida alguma.

Fonte: Jornal da Associação dos Aposentados e Pensionistas de São João del-Rei . ASAP

Mais informações:
Abgar Campos Tirado
Abgar Campos Tirado foi homenageado na Semana Santa Cultural 2011 . São João del-Rei
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