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Os custos e os benefícios do carnaval são-joanense . Aluizio Barros
Descrição
“Nós já temos o turismo, e somente nos cabe fortalecê-lo, o que demanda menos investimentos do que criar algo que não existe”
A prefeitura municipal de São João del-Rei vem gastando algo em torno de R$500 mil na organização do Carnaval na cidade. Os gastos referem-se ao apoio financeiro às escolas e blocos, aluguel de equipamentos de som, banheiros químicos e arquibancadas.
O secretário municipal de Cultura e Turismo estima uma entrada de R$2 milhões na economia local durante o Carnaval, com a presença de 25 a 30 mil turistas, segundo noticiou o jornal O Tempo, de Belo Horizonte.
Não se sabe como o secretário chegou a essa cifra de R$2 milhões. Uma estimativa mais fundamentada depende da realização de uma pesquisa especial, que até o momento não foi realizada nem pela universidade, nem pela prefeitura.
Meu palpite é que o gasto dos turistas e visitantes durante o carnaval supere a despesa da prefeitura com o evento. Embora não tenhamos boas estimativas, sabemos que um contingente significativo de são-joanenses têm, no Carnaval, uma oportunidade de melhorar sua renda pessoal e familiar. Os bares, restaurantes e hotéis contratam mais pessoas; os estabelecimentos comerciais aumentam suas vendas; as costureiras têm mais serviços; muitos desempregados conseguem ganhar um dinheirinho e os empregados podem obter uma grana extra para reforçar o orçamento doméstico.
Duas outras considerações me parecem importantes para justificar o investimento no Carnaval. A primeira é a visibilidade que a festa traz para uma cidade que tem o turismo como uma de suas principais fontes de rendimento e emprego. Como afirmou o secretário municipal, Ralph Justino, “para nós, o Carnaval é muito forte, é a data turística mais importante do ano. Dá projeção na mídia e traz muito turista. Nossa intenção é passar boa imagem da cidade para o turista voltar durante o ano todo” (O Tempo, 1/2/2010, p.9). Quantas cidades nós conhecemos que buscam investir no Carnaval para criar um fluxo turístico regular? Nós já temos o turismo, e somente nos cabe fortalecê-lo, o que demanda menos investimentos do que criar algo que não existe.
Por último, o investimento do poder público no Carnaval justifica-se pela necessidade de apoiar um evento cultural tradicional. No Carnaval, muitos talentos se exercem e se revelam no artesanato dos adereços, carros alegóricos e fantasias, bem como na vivência lúdica e artística que faz expandir o potencial criativo do ser humano. Isto nos faz mais felizes, mesmo quando a grana é pouca ou inexistente. Afinal de contas, dinheiro não é tudo na vida.
*economista e professor universitário
Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 06/02/2010