São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes

a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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Notas sobre o Bairro Senhor do Monte . Antônio Gaio Sobrinho

Descrição

Foi junto ao ribeirão de São Francisco Xavier que, em 1704, Lourenço da Costa, escrivão das datas de Antônio Garcia da Cunha, descobriu o primeiro ouro de São João del-Rei. O achado se multiplicou quando, logo em seguida, também Manoel João Barcelos fez novas descobertas nos morros de Senhor do Monte e das Mercês. Historicamente, o correto é dizer ou escrever Senhor do Monte e não Senhor dos Montes, como, às vezes se diz ou escreve.
Quando em 1868, o explorador inglês R. Burton esteve na cidade, avistou a capela do Senhor do Monte, da qual escreveu: à nossa esquerda, fica a horrorosa Capela de Nossa Sra (sic) do Monte, parecida com os templos das modernas colônias espanholas, com duas janelas (com persianas pintadas de vermelho) e uma só porta, dando a impressão de um rosto sem nariz.
Sobre ela, anotou Sebastião Cintra, em Efemérides de São João del-Rei, na data de 23 de fevereiro de 1801: Para constituição do patrimônio da Capela do Senhor Bom Jesus do Monte, Manoel de Sá Peixoto e sua mulher Bernarda de S. José adquirem do Pe. Antônio Gonçalves de Siqueira, zelador e provedor do citado templo “uma chácara sita ao sopé do Senhor do Monte desta Vila com os seus pertences, horta, quintal, pasto que ao presente se acha cercado de muros e valo, com obrigação de prestarmos todo o guisamento necessário de vinho e hóstias para as missas que se disserem na dita Capela do Senhor do Monte, bem como de azeite para a lâmpada, cujo trato nos obrigamos a cumprir por nós, nossos herdeiros e testamenteiros, bem como o dito vendedor se obriga a fazer bom o dito trato, convenção e por tudo depor e a salvo por  seus herdeiros e testamenteiros, e de nos haver empossados nas ditas casas e chácara na forma que hoje existe” (reg em 30-12-1802).
No domingo,14 de setembro de 1903, segundo notícia de O Combate, houve concorridos festejos, durante todo o dia, na capela do Senhor do Monte. Após os atos da igreja que constaram do tradicional Terço cantado pelos inúmeros devotos, que acompanharam os andores da Virgem e do Crucificado e do belíssimo sermão pregado pelo reverendíssimo vigário Gustavo Coelho e do Te-Deum, com que finalizou-se a festa, houve bonita e deslumbrante iluminação na frente da capela, e música, sendo queimado um belo fogo de artifício. 

Já o jornal O Dia, em maio de 1912, faz referência a reformas efetuadas na capela, à sua bênção programada para o dia 5, e às festas em honra ao Senhor do Monte, de Nossa Senhora da Saúde e de Belém, nos dias 5, 6 e 7 do mesmo mês e ano, e conclui, em sua edição do dia 9, informando: Apresenta-se esta capela uma nova modificação que traz ótimas vantagens para o acolhimento dos devotos, pois, além do acréscimo, sofreu grandes reparos e dentre estes se destaca o do altar-mor e trono, trabalhos artísticos do nosso conterrâneo entalhador Sr. Capitão Antônio de Assis Pereira (...). À tarde houve romaria para a capela, saindo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, precedendo a bênção da imagem do Senhor Bom Jesus, ricamente encarnada pelo bastante conhecido artista Sr. Joaquim E.Coelho. Mais de duas mil pessoas, em marcha acompanharam a imagem pelas fraldas das montanhas que cercam a sua capela, por entre caminhos tortuosos fazendo lembrar das vias dolorosas do Calvário.
A torre lateral é bem mais recente, pois que em maio de 1900, o Agente Executivo Joaquim Domingues Leite de Castro, autorizava concessão de um auxílio de quinhentos mil réis para sua conclusão. No cruzeiros que lhe fica defronte, se realizava todos os anos, em 3 de maio, a festa da invenção da Santa Cruz. Em 27 de maio de 1928, era criada no bairro, a Conferência Vicentina de Nº Senhor dos Montes.
A vida escolar do Bairro já é notícia, na Tribuna, desde 1923 quando a normalista Antonina de Oliveira Dias  iniciou ali uma escola mista municipal, que, em outubro de 1933, se instalou em sede própria,  já então regida pela inteligente professora Margarida Tomback. A Escola Estadual do Bairro, fundada em 1966, homenageia a ilustre mestra conterrânea Idalina Horta Galvão. Digno  de nota também é o papel  social da Creche Risoleta Neves.
Ponto turístico importante do Bairro é o monumento do Cristo Redentor, instalado no Alto da Boa Vista, no dia 8 de dezembro de 1942, quando da administração municipal de Antônio das Chagas Viegas. Seu projeto é de autoria de Heitor da Silva Costa que, para traçar-lhe o rosto e os cabelos, se inspirou no Cristo Inacabado da Igreja do Carmo. A fundição ocorrida na Itália, coube ao artista Nicola Arrighini, da Academia de Belas Artes Pietrassanta, de Milão. A estátua, medindo 4 metros e meio e pesando duas toneladas e meia, está sobre um pedestal de 13 metros de altura, levantado por Rosino Baccarini e Tarcilo Tolentino,  em linhas barrocas de pedra sabão, concebidas em conformidade com a arquitetura de nossas igrejas coloniais. No dia de sua inauguração, Belisário Leite de Andrade perorou, exclamando em alto e bom som: Doravante, quando levantarmos os olhos, fatigados ou angustiados, encontraremos a doce, amada e familiar imagem; e a imóvel estátua então nos acenará, e a muda estátua então nos falará, e reconheceremos, mais uma vez, que há consolo para todas as dores e solução para todos os problemas.
Infelizmente, o Alto da Boa Vista foi ultimamente conspurcado de torres e antenas, numa terrível poluição visual, e o Cristo, colocado novamente entre ladrões, já não é mais, de todos nós são-joanenses, o único Senhor do Monte.

Antônio Gaio Sobrinho
Fonte: Jornal da Asap
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