a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

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Dona Josefina do Nascimento Fonseca | Cozinheira, doceira e quitandeira/Homenagem de Luiz Cruz

Descrição




Fonte e Fotos: Luiz Cruz Abril de 2024

Dona Josefina do Nascimento Fonseca, que completa 90 primaveras/Homenagem de Luiz Cruz

Ela é a tiradentina mais idosa a viver no centro antigo da cidade. Cozinheira, doceira, quitandeira – Dona Josefina nasceu com mãos prendadas para fazer tudo ficar mais saboroso. Foi com a mãe, a nossa saudosa Tia Olinda Costa do Nascimento, que aprendeu a cozinhar e ao longo dos anos aperfeiçoou suas habilidades da culinária. Na Rua Padre Toledo, onde vivia Tia Olinda, foi uma das ruas mais perfumadas da cidade, principalmente na temporada dos doces de figo. Agora, ao rememorar aqueles tempos dos tachos gigantescos de cobre e os figos a borbulhar na calda brilhante, o cheiro delicioso percorre as galerias da memória. Dona Josefina fazia broas e bolos, cortava os pedaços, passava manteiga, salpicava açúcar e canela por cima. Colocava tudo numa bandeja, cobria com guardanapo alvíssimo e um menino saia para vender. Não havia quem não resistisse. Era muito saboroso e refinado. Naquele tempo, criar família era preciso enfrentar jornadas distintas, ela com suas habilidades, trabalhou muito.

Sempre gostou de decoração e de plantas. Seu jardim já esteve dentre os mais bonitos da cidade. Teve vasos de samambaia a metro. As orquídeas, as hortênsias, as roseiras recebiam cuidados e retribuíam com floradas esplêndidas.

Quando seu marido foi prefeito, Dona Josefina indicou um jardineiro que veio de Barroso só para cuidar das praças de Tiradentes. As roseiras ficaram exuberantes e os canteiros explodiam em cores, formas e aromas. Os tiradentinos tinham orgulho e passeavam pelas praças, encontravam-se para apreciar, conversar, namorar... Foi o período em que as plantas bem cuidadas incentivavam os passeios.

Na década de 1970, Dona Josefina abriu o Restaurante e Taberna Padre Toledo. O turismo estava apenas a abrir os olhos, mas logo seu estabelecimento se tornara referência. Frango com quiabo, Frango ao molho pardo, Frango com ora-pro-nóbis, Tutu à mineira, Feijão tropeiro – muito torresmo crocante, linguiça tostada e aquela couve verdinha e perfumada no alho, com os nacos de angu mole. Tudo vinha nas panelas de pedra, a borbulhar e a conduzir seus clientes ao pecado da gula. Depois, as compotas de doces – todos imperdíveis – doce de mão verde, de cidra, de limão capeta, de abóbora com coco, de abacaxi, de goiaba, de banana, de leite e uma fatia generosa de queijo branco. Tudo para comer à vontade, com os olhos e com a alma. No Padre Toledo, passaram dois colaboradores extraordinários, a cozinheira Dona Ilda Matias, uma das mais prendadas da cidade e o cozinheiro Pelé – que depois, lá atuou como garçom e se tornou numa lenda da Rua Direita. O Restaurante Padre Toledo é o mais antigo da cidade e funciona até o presente para atender sua clientela tradicional.

Devota fervorosa da Santíssima Trindade, sempre que pode, assisti as missas dominicais no Santuário. Também, devota de Nosso Senhor dos Passos e prepara a Rua Jogo de Bola para a passagem das procissões, principalmente a de Corpus Christi – quando ainda confecciona os tapetes coloridos e coloca os vasos de plantas para enfeitar a fachada de sua casa. Durante décadas consecutivas foi a promotora do Setenário das Dores de Marias, que se realiza na Capela de São João Evangelista.

Torcedora do Aymorés Futebol Clube, fundado em 1919, mas o trabalho não lhe permitiu acompanhar as atividades do seu time do coração. Ao longo da vida, apoiou incondicionalmente o marido na vida política.

Sempre animadíssima, gosta de organizar e reorganização a decoração da casa. Como exímia cozinheira, formou uma das mais curiosas coleções de objetos culinários, com a predominância dos feitos em cobre.

Parabéns à Dona Josefina ao completar 90 primaveras com saúde, inspiração, força e fé. É uma personagem que torna nosso Patrimônio Humano mais rico. Luiz Cruz, Professor.

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