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Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo
Notas sobre o Bairro do Tijuco . Antônio Gaio Sobrinho
Descrição
O bairro são-joanense recebeu esse nome devido ao fato de existir, antigamente, na região um terreno baldio e pantanoso, onde também ocorriam os nomes de Betume e Barro Preto. Local de areias escuras e oleosas, composta de hidrocarboneto. No local havia um cruzeiro, ao qual se refere Lincoln de Sousa em seu livro Contam que. Um documento de 1806 já citava a Chácara do Betume e do Morro do Cascalho, por onde transitava a antiga estrada e servidão pública.
A Igreja de São José teve sua pedra fundamental lançada no dia 16 de outubro de 1938, com bênção do Mons. Silvestre de Castro, e devia ser dedicada á Nossa Senhora da Conceição. Mas, em 1943, Dom Helvécio sugeriu que seu padroeiro fosse São José. A paróquia, dedicada a São José Operário, foi a terceira da cidade a ser instalada, no dia 1º de janeiro de 1952, tendo, como primeiro pároco, o padre Osvaldo da Fonseca Torga.
As duas principais ruas do Bairro são as de Santo Antônio e General Osório, acrescidas ultimamente da São João. A Rua de Santo Antônio, citada no registro de terras concedidas pelo Senado da Câmara a Jacinto Pereira de Sampaio em 9 de fevereiro de 1765, é segmento da antiga Estrada Real ou Caminho Velho, percorrido das bandeiras paulistas, desde final do século XVIII e certamente é uma das ruas mais antigas de São João del-Rei. Sua atual denominação, porém, é posterior a 1764, quando se iniciou a construção da capela de Santo Antônio, de que deriva. A rua General Osório, lembra, desde 1883, o marquês de Erval, que lutou na guerra do Paraguai, Manoel Luiz Osório. Chamava-se anteriormente Rua da Praia Formosa, ou simplesmente Rua Formosa, ou ainda Rua do Tijuco, como ainda se lê numa placa, bem escrita, logo no seu início, perto da Ponte do Rosário.
A vida escolar do Bairro lembra que, a 1º de fevereiro de 1907, estava aberta a matrícula da Escola Paroquial Mista, de instrução primária e catecismo, na casa do Sr. José Quintino dos Santos, mantida pelo Apostolado do Sagrado Coração de Jesus. José Quintino, vulgo Zé Chato, residia próximo à ponte das Águas Férreas, onde havia um cruzeiro: o Cruzeiro do Zé Chato. Foi músico e maestro de uma das bandas Ribeiro Bastos. Morreu em 1939. Um decreto estadual 8179 de 28 de janeiro de 1928 e outro 9473 de 25 de fevereiro de 1930 criaram duas escolas mistas no Tijuco, que, em 1943, funcionavam como Escolas Combinadas, com 4 cadeiras e 142 estudantes. Uma notícia, veiculada pelo jornal A Reforma no dia 22 de junho de 1916, informava também: A professora do Tijuco, bairro desta cidade, cumprindo prontamente o que lhe foi determinado, já transferiu sua escola para a rua de Santo Antônio, dentro do perímetro que a ela está marcado e instalada agora em bom sobrado que preenche os fins de seu novo destino e que, com segurança, é o melhor de todo o Bairro.
Vieram depois as Escolas Reunidas que, em 21 de abril de 1952, se tornaram o Grupo Escolar Iago Pimentel, em homenagem ao filho do ilustre professor latinista Aureliano Pimentel. Em 1968, vinculado à CNEG, depois CNEC – Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – foi criado, ao lado da Igreja de São José, o Ginásio Complementar que, posteriormente, se transformaria na Escola Municipal Dr. Kleber Vasques Filgueiras. Atualmente, há outras escolas instaladas no Bairro, com destaque para a Creche Celina Viegas, muito bem localizada, atrás da sede paroquial.
Pelo ano de 1943, os salesianos fundaram, na Chácara de São Caetano, doada pela benemérita familia Nascimento Teixeira, um Oratório Festivo, que por uns 40 anos, tantos frutos bons proporcionou à criançada do Bairro, e onde surgiu o Grêmio Esportivo São Caetano. É de lembrar-se também que no Tijuco surgiram os ranchos carnavalescos Custa mas vai, em 1922, e Boi Gordo, em 1925. Mais tarde, foi famosa a Escola de Samba do Ginego, a Depois eu Digo.
A capela de São Caetano é uma lembrança daquela outra, de referência muito antiga, construída nos primeiros anos do século XVIII, pelo guarda-mor Diogo Bueno da Fonseca, desmoronada em 1864, cuja peculiaridade era ter a capela-mor muito maior do que a nave, pois, segundo ele, tudo que é mor é maior. E mais... mandou que se gravasse nela a insolente inscrição: O Rei depende de nós, e não nós dele! e estamos conversados.
Antônio Gaio Sobrinho
Fonte: Jornal da Asap