São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes

a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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“Decreto único: Fica proibido destruir aquilo que você não construiu” | Ronaldo Simões Coelho | Mangueiras do Marçal

Descrição

Há mais de cem anos após viagem de muito sofrimento
por mar e terra chegaram a São João del-Rei os imigrantes italianos
e se estabeleceram na Colônia do Marçal

Famílias inteiras em pouco tempo modificaram a paisagem
trouxeram novos hábitos se adaptaram ao clima
aos costumes e se irmanaram com a população local
Trabalhadores rurais se transformaram em fornecedores de frutas,
verdura e legumes e de músicas alegres

Nos fins de semana os são-joanenses se dirigiam à colônia
para grandes piqueniques em que cestas e balaios
facas e copos se sucediam cheios de laranjas, goiabas pêssegos, ameixas
mexericas, jabuticabas e todos os tipos de suco e de alegria se misturavam
Num italiano aportuguesado o povo trabalhador
se comunicou com outros imigrantes e com a população local

Esterina uma menina de cinco anos apenas
plantou um dia sua primeira árvore e durante os oitenta anos seguintes
continuou plantando mais e mais árvores
e seu exemplo foi seguido pelos vizinhos mais tarde pelo marido
pelos filhos e noras e genros e netos e bisnetos
fazendo da Colônia do Marçal o lugar mais bonito da região
povoado de passarinhos e macacos e caxinguelês
e de crianças, muitas crianças

Hoje aquele povo se espalhou são todos brasileiros
são todos mineiros são todos daqui e da colônia que lhes deu origem
resta a história restam as testemunhas
sobraram as árvores de dona Esterina
de que as mangueiras são o exemplo mais vivo

de amor à terra que os recebeu e os acolheu
Cada mangueira representa uma alma
representa a bandeira de um povo exemplar
Destruir a mangueira seja ela uma só
é como matar a esperança de um mundo melhor
é como dizer que nenhum valor se deve conservar
é como fazer de um crime um progresso
e é como dizer que a vida é morte e a morte é vida.

Belo Horizonte, 18 de agosto de 2006 | Ronaldo Simões Coelho 1926-1986
Dedicado ao sobrinho Adenor Luiz Simões Coelho, em admiração pela sua luta pela conservação de nossos bens


Colaboração: Adenor Luiz Simões Coelho

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