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História da Iluminação pública . Silvério Parada

Descrição

À luz de lampiões

 Aos 68 anos, 53 dos quais dedicados à energia elétrica, o sanjoanense e historiador Silvério Parada, membro do IHG Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei e para-acadêmico da Academia Municipal de Letras traz para Libertas um pouco da história da iluminação pública na cidade.

Libertas: De onde vem seu conhecimento sobre a iluminação pública da região?

Parada: Por ter começado a trabalhar na época da Distribuidora Municipal de Energia fui me interessando e, com base na experiência, relatos e pesquisas em livros como: Notícias de São João del-Rei, de Augusto Viegas e Efemérides do professor Sebastião Cintra, fui adquirindo um bom conhecimento da matéria.

Libertas: De quando você tem conhecimento de registro da iluminação pública?

Parada: Até 1866 a iluminação era feita em candeeiros abastecidos com óleo de baleia. Naquele ano, precisamente em 1º de novembro, Custódio de Castro Moreira acendeu em São João del-Rei que, por contrato tinha de ser nos moldes da cidade de Niterói, a iluminação à querosene. Em 1900, Antônio Gonçalves Coelho, usando barragem construída no Rio Carandaí inaugurou a energia elétrica com potencial de 1.030KW, como registra, propiciando grande desenvolvimento na cidade e região.

Libertas: Qual o procedimento para a instalação de lampiões?

Parada: Eram por autorização legislativa, ou seja, da Câmara Municipal.

Libertas: Existe algum fato interessante no contrato firmado com Antônio Gonçalves Coelho e o Município?

Parada: Consta que o contrato era para exploração dos serviços por mais ou menos vinte anos e no mesmo ano de 1900, a Câmara Municipal encapou os serviços levando o empresário quase à bancarrota.

Libertas: Que relação existe entre a usina Rio Carandaí e a primeira da América Latina, construída em Juiz de Fora?

Parada: É certo que a primeira usina foi em Juiz de Fora, mas ela só atendia a indústria do empresário Halfeld. São João teve serviço de iluminação elétrica pública primeiro que a cidade de Juiz de Fora.

Libertas: Algum personagem curioso da época da usina de Carandaí?

Parada: Naquela época a usina produzia energia com dois geradores capacidade total. Para que não ocorresse apagão ou choques elétricos, o segundo gerador tinha que entrar em operação sincronizada como primeiro e, Geraldo Luciano, um funcionário antigo, fazia isso usando apenas seus ouvidos, dispensando os medidores, pois de acordo com anotação do gerador ligava a chave.

Libertas: Por que ocorriam piques ou faltas seguidas de energia elétrica?

Parada: Provavelmente por não se fazer a sincronização da rotação dos geradores no momento de acionar, pois se estivessem em rotação diferente provocavam piques ocasionando a queima de fusíveis, o que era muito comum na época.

Libertas: Como era o relacionamento consumidor/fornecedor anterior à chegada da CEMIG?

Parada: Naquela época já existia a famosa isenção, geralmente quem pagava mesmo era o pobre, pois o rico era isento ou pagava menos do que realmente consumia. Os funcionários atendiam de acordo com a “patente”, ou seja, se era da política aliada, se era doutor e assim por diante. Com a chegada da CEMIG, a principio não foi diferente.

Libertas: Existia diferença na ligação elétrica pública, comparada à atual, entre a residência e o poste?

Parada: A maioria das residências não possuíam proteção na rede que era feita por fusível de chumbo no poste. Normalmente os funcionários carregavam junto às ferramentas, peças de reposição. O interessante é que muitos faziam mudanças de fusíveis sem conhecimento da chefia, ou seja, o consumo era maior do que o registrado na empresa.

Libertas: O que pode dizer da diferença tecnológica na distribuição da energia elétrica hoje, se comparado aos tempos que o senhor efetivamente trabalhou?

Parada: A tecnologia é de iluminação pública era em série de 2200 volts e hoje 220 volts em paralelo. O material usado era de cobre puro e hoje de alumínio, que derrete com muita facilidade.

Libertas: Que aconteceu após a construção da usina de Itutinga?

Parada: Chegou também a CEMIG, na qual me orgulho de ter trabalhado desde o início. Na época a área de abrangência da CEMIG Regional de São João del-Rei, que foi uma das primeiras a ser criada, era de Cachoeira do Campo até Caxambu.

Libertas: Como é a colocação de lampiões no centro histórico?

Parada: Jóia! Tem que se registrar que a primeira etapa deste empreendimento começou em 1986.

Libertas: E da qualidade da iluminação propiciada pelos lampiões?

Parada: A iluminação é excelente, mas foge um pouco das características, os lampiões antigos tinham o foco de luz para baixo e a luz era amarelada.

Libertas: Alguma consideração final?

Parada: É muito pouco espaço e tempo para traçar um quadro mais completo da história da iluminação pública de São João del-Rei, mas como tudo tem um princípio, já é um bom começo para discussão. 

Entrevista . Revista Libertas . Dezembro 2004 . São João del-Rei . MG

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