São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes

a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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Turismo e religião . Rogério Medeiros Garcia de Lima

Descrição

Rogério Medeiros Garcia de Lima/Sobre o autor e outros artigos de sua autoria***

Este ano, com o arrefecimento da pandemia da Covid-19, voltei a participar da tocante Procissão do Encontro, na Sexta-Feira da Paixão, pelas ruas históricas de São João del-Rei. Um belo espetáculo de religiosidade, cultura e tradição.

Ao ver a multidão que acompanhava o cortejo, muitos turistas inclusive, revolvi antiga cogitação: por que não incrementar o turismo religioso em nossa cidade?

A prosperidade econômica do ciclo do ouro, no século 18, fez com que Minas Gerais se tornasse a capitania mais culta do Brasil (José Veríssimo, História da Literatura Brasileira, 1954, p. 107).

Propiciou, além disso, o surgimento da Arte Barroca. Nas cidades históricas mineiras foram erguidos suntuosos templos católicos, adornados com ouro e valiosas peças de pintura e escultura religiosas. Era um modo de impressionar os fiéis e os atrair para a fé católica.

A nossa terra é um vivo exemplo da pujança artística e religiosa do barroco colonial. Ainda mais encantadora pela peculiar “linguagem” dos sinos, destacava o escritor são-joanense Otto Lara Resende: “São João del-Rei é a capital dos sinos. Lá os sinos falam” (A árvore do menino, jornal O Globo, 17.03.1985).

Há mais de dois séculos, antigas irmandades promovem pomposas festas na cidade, conforme o calendário religioso anual. Há quermesses, novenas e procissões, comovedoras pela fé, beleza e dramaticidade. A Semana Santa atrai enorme contingente de peregrinos e turistas.

Dona Risoleta Tolentino Neves, viúva do presidente Tancredo Neves, contou-me, certa feita, sobre uma viagem do casal a Madri, Espanha, para um congresso internacional de parlamentares. Ela insistiu com o marido para que fossem a Santiago de Compostela, onde haveria, naqueles dias, famosa procissão. Dr. Tancredo não queria ir, mas cedeu à insistência da esposa. Terminada a longa procissão, ele desdenhou:

- Viemos de muito longe para assistir a essa procissão, mas a Festa dos Passos, em São João del-Rei, é muito mais bonita...

Essa singela narrativa ilustra o vigor da tradição religiosa local. No entanto, nossas belas procissões ainda são desconhecidas em grande parte do país e mundo afora. Precisamos divulgar mais amplamente esses inesgotáveis espetáculos de arte e fé, que se repetem ano a ano. Está tudo pronto, há mais de duas centúrias. É criação nossa, com muito orgulho, amigas e amigos são-joanenses!

*** São-joanense. Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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