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Onde fica essa rua? . Aluízio Antônio de Barros
Descrição
A importância do nome das ruas na história de um povo não pode ser ignorada. A advogada e escritora Deirdre Mask acha que se você quer ter uma compreensão melhor de um lugar - sua cultura e atitudes de sua gente - você deve olhar as denominações que foram escolhidas para suas ruas, becos e avenidas. Partindo de Brasília, o casal amigo Maurício e Edna veio me visitar em São João del-Rei de carro, apreciando as paisagens mineiras e goianas pelo caminho. Antes da viagem, escrevi uma curta e simples indicação do endereço na chegada da cidade, próximo ao aeroporto. Confiante no aplicativo do celular, Maurício não deu bolas para minha mensagem no Whatsapp.
Resultado: teve que me telefonar porque o aplicativo o tinha levado para um extremo da rua, dizendo "Você chegou ao seu destino". Olhando ao redor, ele não via números e nome na rua. Estava, portanto, perdido, apesar do poderoso aplicativo que nos ajuda a locomover nas grandes cidades. Sabemos que o descaso das autoridades locais com as placas de identificação dos logradouros públicos é tão disseminado no país quanto o mosquito da dengue.
As ruas e praças do centro da cidade são visivelmente nomeadas, mas o mesmo não acontece nos bairros. Com a chegada dos mapas nos celulares, fico triste em pensar que veremos cada vez menos placas de rua. Assim estaremos sem história para contar sobre uma parte da vida da cidade. A rua mais conhecida de São João del-Rei é a rua Direita, que curiosamente é tortuosa.
Tenho um palpite sobre a origem da engraçada contradição. Em Portugal, quando se quer dizer para alguém que não vire nem à esquerda e nem à direita, se diz: "tudo direito". A origem da expressão é a mesma da França onde se diz "tout droit", ou seja, vá "sempre em frente". A segunda rua mais conhecida é a rua da Cachaça - antiga zona boêmia e hoje espaço cultural (e boêmio, numa acepção mais ampla do vocábulo). O amigo José Antônio A Sacramento é estudioso de nossa história, e presta um valioso trabalho educativo sobre nossa região de MG. Ele tem muitas histórias para contar de nossas ruas, e possivelmente algumas discordâncias relevantes das minhas palavras.
A narrativa mais antiga que conheço é aquela que o amigo Titoca se encarregava de divulgar. Dizia ele que, em São João, há paradoxos na identificação dos logradouros públicos. A rua direita é torta. A rua do barro tem calçamento. A rua das Flores é um deserto. O Morro da Forca, onde se executavam os condenados, é o bairro do Bonfim.
Fonte: Aluizio Antonio de Barros