Só, e no mais: sem ti, jamais nunca — Minas, Minas Gerais...
João Guimarães Rosa
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Prédio datado do século XVIII da antiga Casa de Câmara e Cadeia (hoje Câmara Municipal de Vereadores) da cidade de Mariana, "primaz" de Minas Gerais. |
O desbravamento na região que hoje compreende o Estado de Minas Gerais se iniciou no século XVI, por meio do trabalho dos bandeirantes, em busca de ouro e pedras preciosas. Em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro e em 1717 o rei de Portugal, D. João V, nomeou Dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar, governador-geral da Capitania.
Assumar instalou-se em Mariana, então Vila de Ribeirão do Carmo, trazendo como principal missão organizar e disciplinar a cobrança do quinto do ouro, o imposto que Portugal cobrava da Colônia e que teria que ser pago por todos os que realizavam a extração do ouro. O conde encontrou forte resistência dos habitantes quanto à cobrança do imposto e em 1720, rebelaram-se os moradores de Ribeirão do Carmo (Mariana) e Vila Rica (Ouro Preto), que chegaram a ameaçá-lo. Refugiado em Vila Rica, o governador armou sua reação, enfrentando severa resistência. Foi um tempo de vários embates, que resultaram em acontecimentos como a morte do líder local Felipe dos Santos e o incêndio nas encostas da Serra de Ouro Preto, onde trabalhavam e residiam centenas de mineradores.
Os acontecimentos de 1720 levaram o rei de Portugal, dom João V, por solicitação e indicação do conde de Assumar, a criar a Capitania das Minas, separando-a da de São Paulo, o que ocorre por Alvará datado de 2 de dezembro de 1720, data oficial da nova capitania. Hoje é dia de festa: 2 de dezembro de 2020. Pelo alvará do rei D. João V de Portugal, há 300 anos nasceu a Capitania de Minas Gerais!
Viva Minas Gerais!
(Crédito: Texto publicado pelo CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia em 2 de dezembro de 2020, intitulado "300º Aniversário de Minas Gerais")
E, para homenagear Minas Gerais no seu 300º aniversário, que tal ouvir o que tem a dizer um baiano de Recife dos Cardosos-Ibititá (região de Irecê)/Chapada Diamantina? Estou falando de GUSTAVO DOURADO, que, no seu poema “Cordel Minas Gerais”, através de sua verve poética revigorada, exibe conhecimentos múltiplos sobre a Capitania, a Província e o Estado de Minas Gerais, na linha do tempo, além de listar valores mineiros que são caros a todos os nascidos nessa terra. Mineiros, ouçamo-lo com atenção!
CORDEL MINAS GERAIS
Por Gustavo Dourado
Em 1720
Houve o desmembramento
Início do Século XVIII
Foi rápido o povoamento
Minas centro econômico
Província em crescimento
Em 1750
O ouro cai de produção
A rigidez da Metrópole
Força a arrecadação
Inconfidentes em marcha
Pelo fim da exploração
1789
Tempo de Iluminismo
Tiradentes foi o líder
Mas era grande o abismo
Joaquim Silvério dos Reis
Delatou com o seu cinismo
Dos 34 acusados
Só um foi executado
O herói foi Tiradentes
Nos deixou o seu legado
A luta sempre transforma
Muda o que está errado
Inconfidência Mineira
Tiradentes foi guerreiro
Mártir da Independência
Deu seu grito altaneiro
Lutou pela liberdade
É grande herói brasileiro
A luta dos inconfidentes
Despertar dos ideais
O desejo de mudança
Verves intelectuais
Clérigos e militares
Proprietários rurais
Tomás Antônio Gonzaga
As musas da Inconfidência
Cláudio Manuel da Costa
O grito da Independência
Tiradentes foi o mártir
A voz da nossa consciência
Os impostos escorchantes
A colônia em turbulência
Minas busca soberania
O despertar da consciência
Desejos de liberdade
O sonho de independência
Início do século XIX
O café em evidência
Aumenta o povoamento
As minas em decadência
O café abre os caminhos
Minas ganha influência
Economia mineradora
A base da exportação
Em suas grandes fazendas
Açúcar, gado, algodão
Cafeicultura em marcha
Impulsiona a produção
Produtos alimentícios
Têxtil e siderurgia
Algodão e cereais
O açúcar do dia a dia
Os recursos minerais
Pilares da economia
Minas, Anos 30
Amplia a siderurgia
Mais recursos minerais
O progresso se amplia
Idos dos Anos 50
Mais e mais se industria
Minas ganha projeção
Progresso industrial
Cresce a agropecuária
E a produção mineral
Desperta a literatura
Ganha enfoque cultural
Anos 70
Cresce o investimento
Diversifica a economia
Amplo desenvolvimento
Arte, Clube da Esquina
A cultura em movimento
Comércio, turismo, serviços
Indústria de transformação
Agropecuária, construção civil
Destaque à mineração
O caminho do progresso
Minas em evolução
853 cidades mineiras
Belo Horizonte, Diamantina
Sabará, Tupaciguara
Grão Mogol e Albertina
Lagamar e Guarda-Mor
Paracatu que ilumina
Itaguara, Itaúna, Riobaldo
Rosa e sua mensagem
Cordisburgo, lua cheia
O mistério na visagem
As almas do outro mundo
Diadorim na paisagem
Libertas Quae Sera Tamen
Minas em nosso coração
Mariana, a primeira vila
Brotou ouro no sertão
Congonhas do Aleijadinho
12 profetas na amplidão
Tiradentes, São João del-Rei
Bueno Brandão, Coromandel
Borda da Mata, Corinto
Minas de ouro a granel
Pedras de Maria da Cruz
Catas Altas, luz e mel
Tem o frio da Mantiqueira
Bom Repouso, Itajubá
Frio de Maria da Fé
Itamonte e Araxá
Em Conceição dos Ouros
Delfim Moreira e Ubá
Cidade de Pouso Alto
Terra que brota poesia
Lá Drummond e Bandeira
Entre o frio e a ventania
Júlio Ribeiro e Ribeiro Couto
Deram voz à fantasia
Lavras Novas em Ouro Preto
Cenário de literatura
De Bernardo Guimarães
Um conto de boa leitura
“A Garganta do Inferno”
Texto de boa estrutura
Frio em Paraisópolis
No Pico do Machadão
Represa do Brejo Grande
Tem um lago na amplidão
E a Pedra de São Domingos
É das mais altas do sertão
Tem Serro e Diamantina
Chica da Silva, Juscelino
Leopoldina, Augusto dos Anjos
Vate poeta nordestino
Um gênio da Paraíba
Tem Minas em seu destino
Rio das Velhas, Urucuia
Rio Doce, a exploração
Tantos rios, vários riachos
O cerrado em combustão
Fogo e desmatamento
Com morte e poluição
Carrancas, Baependi
Cascatas e cachoeiras
Em São Thomé das Letras
Pedras, luzes candeeiras
Sobradinho, Luminárias
Viçosa, Lavras inteiras
Cordilheiras, serras, rios
A Serra da Mantiqueira
A flor de Diamantina
Chica da Silva mineira
O berço do São Francisco
Serra da Canastra inteira
Belo Horizonte no céu
Sempre a fazer Contagem
Em Betim; Pedro Leopoldo
Seguir a boa viagem
Ouro Preto, Ouro Fino
Ouro Branco na imagem
Capetinga, Caldas, Canaã
Caeté, Caiana, Cajuri
Extrema, Aricanduva
Carangola, Araçuaí
Berilo, Barão de Cocais
Buritis, Carandaí
Do Grande Sertão: Veredas
Romance, Literatura
O voo do 14-Bis
Santos Dumont na altura
Carlos Drummond de Andrade
Sempre uma boa leitura
Edson Arantes do Nascimento
Homem de Três Corações
Fez magia com a bola
Com suas transmutações
Mais de mil gols ele fez
Rei Pelé das multidões
Médium Chico Xavier
Vários livros escreveu
Revelou o Nosso Lar
Nele o amor floresceu
Uniu bondade e ternura
A consciência amanheceu
Pedro Nava, Adélia Prado
Reler Fernando Sabino
Ler Paulo Mendes Campos
Autran Dourado cristalino
Otto Lara, Murilo Rubião
Li nos tempos de menino
Darcy Ribeiro, Montes Claros
Poesia e música pelos ares
Januária, Manga, Pirapora
Governador Valadares
Rumo a Teófilo Ottoni
Busca de altos patamares
Cientista Vital Brazil
Médico e pesquisador
Criou o soro antiofídico
Imunologista de valor
Filho de Minas, Campanha
Foi grande empreendedor
Itabira, Ipatinga, Alfenas
Barbacena, Buritizeiro
Cambuí e Cataguases
Flores do sertão mineiro
Camanducaia, Bambuí
Caminhos do tabuleiro
Jequitinhonha e o Velho Chico
Tambores mineiros, congadas
Aquarela do Brasil, Ary Barroso
Dias, noites, madrugadas
De Ubá para o universo
Em canções iluminadas
A Arte do Aleijadinho
Poesia dos inconfidentes
Música Barroca de Minas
Saraus, igrejas, sementes
Ritmos rurais da Bahia
Em Minas sempre presentes
Vila Rica – Ouro Preto
A boa música brotou
Poesia e escultura
A arte ali germinou
Tempo dos precursores
Que o musical semeou
Uakti, Skank, Jota Quest
Eterno Clube da Esquina
Tambores e percussão
Música que brota da mina
Samba de Ataulfo Alves
O amor que nos ilumina
A riqueza do folclore
Da cultura popular
Congado e cavalhada
Pastorinhas ao luar
Reisado e Festa do Divino
São Gonçalo é bom dançar
Quadrilhas e fogueiras
Em noites de São João
São Pedro e Santo Antônio
É grande a devoção
O povo dança bonito
No cerrado e no sertão
Curupira, protetor das matas
No imaginário popular
Iara e caboclo d’água
Saci-pererê a pular
Noivas, mulas sem cabeça
Lobisomem a assombrar
Mineiro-pau, caxambu
Boi de Reis, animação
Tem jongo e batucada
Tem amor, samba canção
Mitos, crença e folguedos
Que iluminam o coração
Estrada Real, a história
Para o Rio e Paraty
Cultura e natureza
O Pico do Itacolomy
O ouro era transportado
Tanta beleza por ali
Santana do Riacho, Serra do Cipó
Turismo de boa aventura
Lagoas, grutas, cavernas
Ecoturismo e cultura
A natureza nos encanta
Dá luz à literatura
Belo Museu de Inhotim
De arte contemporânea
Três Marias, Sete Lagoas
Ponho em minha coletânea
Conceição do Mato Dentro
De natureza espontânea
Famoso Circuito das Águas
Estâncias hidrominerais
São Lourenço, Caxambu
Cambuquira e outras mais
Lambari, Carmo, Conceição
Soledade, Minas Gerais
Carmo de Minas, Heliodora
Sem esquecer Soledade
Baependi e Campanha
Minas da vitalidade
Conceição do Rio Verde
Minas nos deixa saudade
Ponte Nova, Nova Lima
Alagoa, Alto Jequitibá
Além Paraíba, Nova Era
Bom Despacho, Arapuá
Brasília de Minas, Bugre
Coromandel, Goianá
São Sebastião do Paraíso
Formiga e Itajubá
Abadia dos Dourados
Sacramento, Ibiá
Resplendor e Areado
Matias Cardoso, Ubá
Umburatiba, Aiuruoca
Ubaí, Ubaporanga
Passos, Poços de Caldas
Alpercata, Araponga
Dores do Indaiá e Arcos
Douradoquara e Manga
Minas do bom futebol
Do Atlético e do Cruzeiro
De Reinaldo e de Tostão
E do América Mineiro
Do grandioso Pelé
Famoso no mundo inteiro
Minas de tantas belezas
O touro, a vaca, o bezerro
O vaqueiro toca o gado
De Uberaba ao Serro
Luzia em Lagoa Santa
Em Maquiné sem desterro
Uberlândia, Juiz de Fora
Patos de Minas, Unaí
Divinópolis e Extrema
Mariana, Itacarambi
Lá no Triângulo Mineiro
Não esqueço Araguari
Falar da arte de Minas
Lembrar Juarez Moreira
De uma família musical
A bossa nova mineira
De Guanhães a BH
A sinfonia brasileira
Música de qualidade
Desde o Clube da Esquina
Milton e Toninho Horta
Uma turma gente fina
Lô Borges, Tavinho Moura
A poética diamantina
Ary Barroso, Wagner Tiso
A alta musicalidade
Brant, Márcio, Venturini
Sirlan multilicidade
Choro, samba e baião
Com boa tonalidade
Tantos amigos de Minas
Tantas cidades eu vi
Lugarejos, arrabaldes
Pássaro preto e coqui
Onde canta a siriema
E brota o verde buriti
Juscelino Kubitschek
Presidente da Alvorada
Luz do Planalto Central
Pôs Brasília na jornada
Trouxe de Minas Gerais
Essências da madrugada
Minas Gerais Multiverso
Um encanto, um tesouro
Poesia das Alterosas
Belo Horizonte de ouro
As águas do São Francisco
Dão vida e luz ao besouro
Minas Gerais reluz o ouro
Germina a prosperidade
O sonho dos Inconfidentes
Pulsa amor, fraternidade
Minas é luz e tesouro
Cidadania e liberdade