São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes

a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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Estação César de Pina – Patrimônio Ferroviário Condenado Luiz Cruz

Descrição

A Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM foi inaugurada em 1881. Sua história teve início alguns anos antes, com a mobilização de muitas pessoas da região para consolidar a proposta de construção da ferrovia e a subscrição pública para levantar os recursos para tal.  Em 1878, a Companhia EFOM teve seus Estatutos aprovados. O objetivo da companhia era conectar a região do Rio das Mortes com o Rio de Janeiro e também com o Rio Grande, até o Porto Fluvial de Ribeirão Vermelho. As conecções visavam escoar a produção das Vertentes e o transporte de passageiros.

O marco zero da ferrovia foi instalado no antigo Sítio, atual município de Antônio Carlos, ligado à Barbacena, através da Ferrovia Pedro II. O primeiro trecho foi inaugurado em 30 de setembro de 1880 e ligou o Sítio a Barroso.

Em 1881, Dom Pedro II, a Imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias e enorme comitiva do Rio de Janeiro, cerca de oitocentos convidados, chegaram a São João del-Rei para a inauguração da EFOM, porém, a grande festa não aconteceu, pois um dos ministros da comitiva faleceu na madrugada e tudo foi cancelado.

A EFOM trouxe significativas transformações para a região do Rio das Mortes com a maior circulação de produtos de todos gêneros e passageiros, diminuindo as distâncias e promovendo o progresso. O partido arquitetônico típico das estações influenciou sobremaneira na renovação e na monumentalização de muitas edificações, principalmente em São João del-Rei e Barbacena.

Muitos produtos que eram transportados pelos antigos tropeiros, passaram a circular com mais rapidez e maior volume nos vagões das locomotivas, que faziam algumas viagens diárias entre São João del-Rei e Antônio Carlos.

A EFOM teve ramificações importantes, como o Trem do Sertão e o Trem das Águas Santas, que foram desativas e suas linhas férreas removidas.

O Ramal de Águas Santas

O trecho tinha dez quilômetros e cinquenta metros e foi inaugurado em 1910. No ramal, construíram duas estações, uma em Águas Santas e outra em César de Pina. O ponto de partida era a Estação Chagas Dória, edificada para este entroncamento, no bairro Matozinhos, em São João del-Rei.

A Estação de Águas Santas foi inaugurada em 21 de agosto de 1911. A edificação era toda em madeira pinho-de-riga e trilhos de ferro. Como era ponto final, construiu-se uma giratória, conforme a existente junto à Estação de Tiradentes.

O trem circulava transportando os moradores e principalmente os banhistas que frequentavam o Balneário de Águas Santas, mas também a produção agrícola, impulsionada pelo trabalho dos italianos instalados na Colônia do Marçal. A linha foi desativada e a Estação das Águas demolida, em 1966.

A Estação César de Pina

Esta estação tem arquitetura simples, mas solidamente construída, no estilo eclético, característico do final do século XIX e início do século XX.  Inaugurada em 1923, funcionou até 1966 e fechada quando a linha deixou de funcionar entre São João del-Rei e o Balneário de Àguas Santas.                                    

A planta da estação é em retângulo, na proporção de 1:2. Possui seis cômodos, sendo dois da direita reservados ao armazém e à agência; os quatro cômodos da esquerda eram destinados à habitação do agente ferroviário, sendo dois quartos, sala e cozinha. No quintal ainda subsistem um tanque para lavar roupas e trecho de calçamento em pé-de-moloque. As casas do entorno da estação, também em estilo típico das edificações destinadas aos ferroviários, compõem o conjunto César de Pina.

Depois de desativada, a estação foi habitada por duas famílias. Sem manutenção, a situação de conservação do prédio ficou cada vez mais comprometida. Fechada e abandonada, mesmo tendo tombamento municipal, o quadro se agravou diariamente. Em 2014, a estação sofreu diversos ataques de vandalismo, um deles foi a tentativa de incendiá-la. Depois disso, solicitamos a Prefeitura de Tiradentes providências para seu fechamento, o que foi feito, mas durou apenas uma semana. Logo em seguida, estava arrobada. Agora, sofre gravemente com as águas pluviais que escorrem por suas paredes.    

O Projeto de Educação Patrimonial, proposto pelo Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, com apoio financeiro do BNDES, realizou visitas guiadas à Estação César de Pina, para que diversos estudantes pudessem conhecê-la, compreender sua significação histórica ,a necessidade de proteção e a urgência da restauração, que o caso requer.   

As prefeituras de Tiradentes e São João del-Rei receberam uma verba de trezentos mil reais cada uma, em decorrência de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público e a Ferrovia Centro-Atlântico. Em Tiradentes, infelizmente, a verba não foi destinada à manutenção ou recuperação do Patrimônio Ferroviário.

A Estação César de Pina esteve sob a tutela do SPU/IPHAN. Desde 2010, está sob a responsabilidade da Prefeitura de Tiradentes.

O reconhecimento nacional

Em 1984, o trecho que ligava Tiradentes a Antônio Carlos foi desativado e imediatamente a linha retirada. Restou apenas o trecho entre Tiradentes e São João del-Rei, que foi transformado em  trem turístico, circulando sexta, sábado, domingo e feriados.

O Complexo Ferroviário de São João del-Rei e Estação Ferroviária de Tiradentes foi tombado pelo IPHAN, em 1989. O tombamento incluiu a Estação de São João del-Rei, seus anexos, o Museu Ferroviário, a Estação de Tiradentes e o trecho da linha férrea que conecta as duas estações. 

Luiz Cruz
Professor, graduado em Letras pela UFSJ/INCA e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG

 

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