Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), realizado no ano passado, em 24.253 escolas de todo o país, mostram que os melhores educandários de São João del Rei apresentaram-se bem na comparação com outros municípios. Esta boa avaliação vale tanto para as escolas públicas quanto para as escolas particulares. O exame avalia os alunos que concluíram ou estavam para concluir o Ensino Médio, os quais tiveram de responder a 63 questões de múltipla escolha e elaborar uma redação. A nota de cada escola é a média das notas dos alunos que voluntariamente participaram do exame nacional. Esta média varia de zero a cem pontos.
A centenária Escola Estadual João dos Santos destacou-se entre as escolas públicas ao obter uma nota superior a todas as escolas estaduais da capital paulista (56,56 pontos). Isto é notável, considerando que São Paulo é a capital do estado mais rico do Brasil. Na comparação com as escolas estaduais civis de Belo Horizonte (excluindo duas escolas da Polícia Militar), o nosso João dos Santos é vice-líder, próximo da primeira colocada – a Escola Estadual Prof. Leopoldo de Miranda, no bairro Santo Antônio, que obteve 57,9 pontos. Quem conhece a Escola Estadual João dos Santos (quando lá estudei chamava-se Grupo Escolar João dos Santos), não se surpreendeu com o resultado do ENEM. Fundada em 1908, esta escola tem uma diretoria e um professorado que sabem dar o devido valor à sua nobre missão de educar nossos jovens.
Considerando tanto as escolas públicas quanto as escolas particulares, o Centro Educacional Frei Seráfico continua na liderança no município com 68,10 pontos, seguido de perto por duas novas instituições o Centro de Atividades do Trabalhador D. Bosco (SESI) com 67,87 e o Colégio Revisão com 67,84. As notas destes três educandários superaram os resultados de todas as escolas particulares da vizinha Barbacena – uma cidade que também se destaca na história da educação em Minas Gerais.
Por restrição de espaço, deixamos de comentar o bom desempenho de outras escolas da cidade que tiveram uma pontuação menor. Convém ressaltar que, como qualquer outra avaliação, o ENEM tem, pelo menos, duas limitações. Primeiramente, o desempenho escolar nem sempre se correlaciona com o desempenho do profissional e do cidadão. Não é raro encontrarmos pessoas que fracassaram na escola, mas que estão profissionalmente bem colocadas.
Outra limitação do exame é que as notas obtidas pelos alunos não podem ser atribuídas apenas à qualidade da escola, à sua gestão e aos seus professores. Outros fatores que podem explicar o desempenho no exame são o histórico escolar do aluno, o grau de escolaridade dos pais e a comunidade com a qual o aluno convive.
O Ministério da Educação está propondo que o ENEM seja ampliado de modo a substituir o vestibular para o ensino universitário. O ENEM foi concebido no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso para avaliar habilidades de raciocínio e de expressão do aluno que conclui o Ensino Médio. O vestibular das universidades tem o objetivo de avaliar o conhecimento de conteúdos mais amplos e profundos para selecionar os melhores candidatos. O vestibular provoca uma distorção no processo educativo porque dá ênfase à memorização de informações, enquanto que o ENEM se concentra na capacidade de análise e no domínio da linguagem.
Em suma, o ENEM é um instrumento valioso para auxiliar os pais a avaliar a escola de seus filhos. Mas não foi criado para indicar as escolas que preparam melhor o aluno para o vestibular. Os pais que precisam desta última informação têm que fazer sua própria pesquisa.

*sanjoanense, economista e professor universitário

Fonte: Gazeta de São João del-Rei