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la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

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la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

ser nobre é ter identidade
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Heróis . Rogério Medeiros Garcia de Lima

Descrição

Rogério Medeiros Garcia de Lima/Sobre o autor e outros artigos de sua autoria

No último dia 19 de abril, tive mais uma vez o privilégio de participar da solenidade militar comemorativa da Tomada de Montese pelos valorosos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a 2a Guerra Mundial. A batalha heróica se desenrolou no Vale do Pó, Itália, em 1945.

Grave crise econômica mundial, após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York (1929), antecedeu o maior conflito do século XX. O flagelo arruinou a economia da Alemanha. Na sua esteira, Adolf Hitler tornou-se chanceler e assumiu o papel de Führer - guia do povo. Instalou regime ditatorial conduzido pelo Partido Nazista. A doutrina daquela agremiação partidária era fundada no nacionalismo, racismo e superioridade da raça ariana. Renegava a democracia liberal e os regimes socialistas. Apregoava o expansionismo alemão.

A 2a Guerra Mundial teve início quando o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha, após a invasão nazista da Polônia. Em 1940, foi formalizado pacto entre Alemanha, Japão e Itália. Foi denominado Eixo.

Na Itália, depois de marchar sobre Roma, Benito Mussolini tornara-se primeiro-ministro em 1922. Implantara desde então o fascismo, regime político totalitário, nacionalista e corporativo.

Em 1941, os japoneses bombardearam Pearl Harbor, base norte-americana no Havaí. Os Estados Unidos entraram na Guerra. Para lutar contra o Eixo, uniram-se, portanto, França, Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética.

De início, a Alemanha e seus aliados pareciam imbatíveis. Expandiram-se territorialmente na Europa e na África. A França e sua bela capital Paris caíram sob domínio nazista. Londres sofreu terríveis bombardeios aéreos.

Em 1940, diante da hesitante reação do gabinete Chamberlain às investidas nazistas, Sir Winston Churchill assumiu o cargo de primeiro-ministro da Inglaterra. Na ocasião, conclamou os homens públicos à luta: "Os estadistas não são convocados apenas para resolver questões simples. Estas, muitas vezes, resolvem-se por si. E’ quando a balança oscila e o equilíbrio está envolto em brumas que se apresenta a oportunidade para as decisões capazes de salvar o mundo". E proclamou aos cidadãos britânicos: "Nada tenho a oferecer, senão sangue, trabalho, suor e lágrimas" (Winston Churchill, Memórias da 2a Guerra Mundial, Nova Fronteira, 1995, pp. 174 e 277).

Foi o marco inicial da reviravolta no conflito e da vitória da democracia, aquela que, ainda conforme Churchill, "é a pior de todas as formas imagináveis de governo, com exceção de todas as demais que já se experimentaram" (Paulo Bonavides, Ciência Política, Forense, 1983, p. 320).

No Brasil, o ditador Getúlio Vargas assumiu atitude inicialmente dúbia. No entanto, cinco navios mercantes brasileiros foram torpedeados no litoral do país, com 652 mortes. Além disso, os Estados Unidos financiaram a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (cf. Jorge Caldeira e outros, História do Brasil, Companhia das Letras, 1997, p. 284). Isso levou à ruptura do Brasil com o Eixo e à autorização do uso, pelos militares norte-americanos, de bases em Belém, Natal, Salvador e Recife.

Foi também criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), em 1943. Mandamos 25 mil homens à Europa. Ao longo do conflito, morreram 430 pracinhas, 13 oficiais do Exército e oito oficiais da Aeronáutica.

São João del Rei – cidade sempre marcante na História do Brasil - enviou numeroso e combativo contingente de militares. Não foram a passeio. Livro do meu saudoso amigo Capitão Albino Moreira relata combates duros e arriscados nas montanhas italianas. Registre-se ainda a trágica morte de Frei Orlando, tão bem biografado pelo saudoso Tenente Gentil Palhares. O religioso está a caminho da beatificação.

O comandante do 11o Batalhão de Infantaria – Regimento Tiradentes, quando integrou a FEB, foi o paraibano Coronel Delmiro Pereira de Andrade, primo de minha avó materna Neusa Cantalice de Medeiros, também da Paraíba. Já idoso, ele se hospedava em nossa casa quando vinha a São João del Rei para os festejos alusivos a Montese. Menino, eu admirava o parente guerreiro.

Não esqueçamos, no contexto da 2a Guerra Mundial, os terrores do Holocausto, quando seis milhões de judeus foram exterminados em campos de concentração. Antes do derradeiro martírio, aqueles seres fragilizados eram submetidos a sádicas experiências científicas.

Felizmente, os regimes nazista e facista, com seus aliados, foram fragorosamente derrotados. Governos totalitários são de partido único, monopolizam todos os poderes no seio da sociedade, buscam sustentação de massa e recorrem às modernas técnicas de propaganda. Configuram combinação habilidosa de propaganda e de terror contra inimigos do regime e setores da população arbitrariamente escolhidos (Norberto Bobbio e outros, Dicionário de Política, Editora UnB, 2005, pp. 1248/9).

Para o triunfo da democracia, morreram 50 milhões de pessoas durante a terrível guerra.

No Brasil, também resgatamos a liberdade política, como lembra o historiador Thomas Skidmore (Brasil: de Getúlio a Castelo, Paz e Terra, 1979, p. 72): "À medida que a maré da guerra mudava a favor dos aliados, em 1943, Vargas foi se preparando para a nova atmosfera política que seria criada por uma vitória aliada. Em 1944, ele recebeu relatórios de críticas ao Estado Novo, correntes entre os oficiais brasileiros que lutavam lado a lado com o 5o Exército Americano, na Itália. Os brasileiros tinham se dado conta da anomalia de lutar pela democracia no exterior, enquanto persistia uma ditadura em seu próprio país".

Hoje se destacam no Brasil vários anti-heróis do crime organizado, do crime de colarinho branco e da corrupção política.

Nossos antigos pracinhas são o contraponto. Quando cruzarmos com eles, reverenciemos e aplaudamos nossos heróis. Eles resgatam a crença de que os filhos do Brasil não fugirão à guerra pela construção de uma Pátria justa e decente.

*sanjoanense, desembargador do Tribunal de Justiça/MG

Fonte: Gazeta de São João del-Rei 02/05/09
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