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Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco Sujo tem flores de cidadania e civilidade . Antônio Emílio da Costa
Descrição
Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco Sujo tem flores de cidadania e civilidade
Por mais belos e delicados que pudessem ser, antigamente, em São João del-Rei, becos não eram locais nobres. Eram como atalhos, vielas que não alcançaram a condição de rua, tamanhas sua estreiteza, pequena extensão e desprezada importância. Gente de bem não morava em beco.
Na velha São João del-Rei, também não costumavam ser caminhos por onde passava quem queria ou podia ser visto. Muito pelo contrário, estes trajetos traziam em sua reputação algo de clandestino, escuso, suspeito, condenável. No discurso popular "campear nos becos", não era coisa de gente direita, decente, bem-intencionada. Mas os becos sempre foram locais poéticos, singulares, autênticos caminhos que levavam sorrateiramente a seu destino quem, por pressa, vergonha, acanhamento ou atitude duvidosa, não desejava ser interrompido ou reconhecido.
À noite eram (e ainda hoje são) caminhos arriscados. Ninguém nunca sabe o quê nem quem pode encontrar em uma curva fechada e estreita, em um ângulo agudo, por sua sinuosidade às vezes mal iluminado. Por isso, neles podiam estar espreitando a má surpresa, o azar, a emboscada e o perigo. Cruz Credo! Creio em Deus Padre...
Mesmo com a urbanização, muitos becos sobreviveram ao progresso e mantiveram o traçado irregular e espontâneo dos tempos coloniais. Este da foto, por exemplo, é o Beco Sujo - tão antigo e central quanto sem nome mais pomposo. Faz uma ponte entre a Rua Padre Faustino e a Praça Dr. Antônio Viegas, no centro, passando pelo Morro Manuel José. Sua travessia era perigosa porque contornava o precipício de uma beta de ouro, fechada e não mais ativa.
Hoje não merece mais o nome que tem. A civilização e a urbanidade livraram-lhe do castigo de ser uma latrina a céu aberto. E a moradora Dinha - da Carmélia e do Machadinho - adotou-o como entrada de sua casa. E, alegre, cantarola ao varrê-lo toda manhã, quando também joga água em sua areia para não formar poeira. Até construiu uns degraus que lhe deram solenidade. Tão limpinho e bonito está que parece Dinha ter plantado neste jardim de sua casa flores de cidadania e civilidade. Um jardim imaginário que perfuma quem por ali passa...
Postado por: Antônio Emílio da Costa em 14/10/13
Fonte: diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br
Na velha São João del-Rei, também não costumavam ser caminhos por onde passava quem queria ou podia ser visto. Muito pelo contrário, estes trajetos traziam em sua reputação algo de clandestino, escuso, suspeito, condenável. No discurso popular "campear nos becos", não era coisa de gente direita, decente, bem-intencionada. Mas os becos sempre foram locais poéticos, singulares, autênticos caminhos que levavam sorrateiramente a seu destino quem, por pressa, vergonha, acanhamento ou atitude duvidosa, não desejava ser interrompido ou reconhecido.
À noite eram (e ainda hoje são) caminhos arriscados. Ninguém nunca sabe o quê nem quem pode encontrar em uma curva fechada e estreita, em um ângulo agudo, por sua sinuosidade às vezes mal iluminado. Por isso, neles podiam estar espreitando a má surpresa, o azar, a emboscada e o perigo. Cruz Credo! Creio em Deus Padre...
Mesmo com a urbanização, muitos becos sobreviveram ao progresso e mantiveram o traçado irregular e espontâneo dos tempos coloniais. Este da foto, por exemplo, é o Beco Sujo - tão antigo e central quanto sem nome mais pomposo. Faz uma ponte entre a Rua Padre Faustino e a Praça Dr. Antônio Viegas, no centro, passando pelo Morro Manuel José. Sua travessia era perigosa porque contornava o precipício de uma beta de ouro, fechada e não mais ativa.
Hoje não merece mais o nome que tem. A civilização e a urbanidade livraram-lhe do castigo de ser uma latrina a céu aberto. E a moradora Dinha - da Carmélia e do Machadinho - adotou-o como entrada de sua casa. E, alegre, cantarola ao varrê-lo toda manhã, quando também joga água em sua areia para não formar poeira. Até construiu uns degraus que lhe deram solenidade. Tão limpinho e bonito está que parece Dinha ter plantado neste jardim de sua casa flores de cidadania e civilidade. Um jardim imaginário que perfuma quem por ali passa...
Postado por: Antônio Emílio da Costa em 14/10/13
Fonte: diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br