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Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco do Capitão do Mato do sagrado ao pecado, perdição . Antônio Emílio da Costa
Descrição
Líricos e poéticos becos de São João del-Rei: Beco do Capitão do Mato do sagrado ao pecado, perdição
Entre os velhos becos da colonial São João del-Rei, um era o mais desgraçado. Caminho da maldade e do pecado, era o Beco do Capitão do Mato.
Numa ponta, imaculada, a pureza e a bondade. Torre branca, muitas portas, tudo para a capela do Santíssimo Sacramento, em eterna adoração, na igreja do Carmo. Na outra, pura obscuridade: mulheres de vida livre, serenatas, rufiões, risadas, bandidos, gemidos, pervertidos, miseráveis, jogatinas, cachaçadas. No caminho de pedra e poucos passos, entre virtude e desgraça, morava a crueldade do solitário capataz que a alma ao diabo, em troca de ouro, entregara.
O tempo passou. Adeus Margarida Tomba-homem. Adeus Helena dos Cachos. Adeus Índia Paraguaia. Adeus escravidão. Adeus capitão do mato...
Estreito e simpático, entre a igreja do Carmo e a Rua da Cachaça, o Beco do Capitão do Mato é hoje uma rota inocente, de pedra calçada. Tanto que, na voz do povo, tem nome infantil: Beco da escadinha, Beco do Carmo. Visto da parte mais alta, parece um minúsculo teatro de arena, abrindo para um cenário barroco de casinhas singelas, com portais coloridos, onduladas beiras-seveiras, pingentes lambrequins, sanefas rendilhadas.
Suas casas têm cruz de papel repicado na porta. Sente-se, nele, coloridos vasos floridos que não há. Ouve-se, nele, música suave que ninguém toca ou canta. Do pecado, nem mais sinal nem lembrança. Hoje, quando ninguém está vendo, é atalho de anjos dourados que, apressados, cortam as ruas rumo aos altares do Carmo.
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Fonte: GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. Fundação de Apoio à Pesquisa, Educação e Cultura - FAPEC São João del-Rei / Fundação Mariana Resende Costa. Contagem, 1994.
Postado por: Antônio Emílio da Costa em 15/10/13
Fonte: diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br
Entre os velhos becos da colonial São João del-Rei, um era o mais desgraçado. Caminho da maldade e do pecado, era o Beco do Capitão do Mato.
Numa ponta, imaculada, a pureza e a bondade. Torre branca, muitas portas, tudo para a capela do Santíssimo Sacramento, em eterna adoração, na igreja do Carmo. Na outra, pura obscuridade: mulheres de vida livre, serenatas, rufiões, risadas, bandidos, gemidos, pervertidos, miseráveis, jogatinas, cachaçadas. No caminho de pedra e poucos passos, entre virtude e desgraça, morava a crueldade do solitário capataz que a alma ao diabo, em troca de ouro, entregara.
O tempo passou. Adeus Margarida Tomba-homem. Adeus Helena dos Cachos. Adeus Índia Paraguaia. Adeus escravidão. Adeus capitão do mato...
Estreito e simpático, entre a igreja do Carmo e a Rua da Cachaça, o Beco do Capitão do Mato é hoje uma rota inocente, de pedra calçada. Tanto que, na voz do povo, tem nome infantil: Beco da escadinha, Beco do Carmo. Visto da parte mais alta, parece um minúsculo teatro de arena, abrindo para um cenário barroco de casinhas singelas, com portais coloridos, onduladas beiras-seveiras, pingentes lambrequins, sanefas rendilhadas.
Suas casas têm cruz de papel repicado na porta. Sente-se, nele, coloridos vasos floridos que não há. Ouve-se, nele, música suave que ninguém toca ou canta. Do pecado, nem mais sinal nem lembrança. Hoje, quando ninguém está vendo, é atalho de anjos dourados que, apressados, cortam as ruas rumo aos altares do Carmo.
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Fonte: GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. Fundação de Apoio à Pesquisa, Educação e Cultura - FAPEC São João del-Rei / Fundação Mariana Resende Costa. Contagem, 1994.
Postado por: Antônio Emílio da Costa em 15/10/13
Fonte: diretodesaojoaodelrei.blogspot.com.br