a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

la ville dont on rêve c’est celle que nous pouvons construire

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Tipo: Artigos | Cartilhas | Livros | Teses e Monografias | Pesquisas | Lideranças e Mecenas | Diversos

Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo

 

São João del-Rei: 300 anos de história . Gazeta de São João del-Rei/série com diversos artigos

Descrição

Rua Getúlio Vargas. Ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto antiga) - Foto: Divulgação
Rua Getúlio Vargas. Ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto antiga)
Foto: Divulgação
 
Rua Getúlio Vargas. Ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto atual) - Foto: Gazeta
Rua Getúlio Vargas. Ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto atual)
Foto: Gazeta

Exercendo eu, há vários anos, a função de comentarista dos atos internos e externos da Semana Santa da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, sinto-me à vontade para discorrer sobre tão sagrada e tradicional celebração, já com respeitáveis trezentos anos de história, sob a responsabilidade da Irmandade do Santíssimo Sacramento, fundada em 1711.
Sendo a celebração aqui focalizada uma realização universal da Igreja Católica, os atos litúrgicos e paralitúrgicos são essencialmente os mesmos. Do Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa, revive-se a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, seguida de sua paixão e morte, no tríduo pascal, culminando com sua gloriosa ressurreição – Christus surrexit vere.
Não obstante essa uniformidade essencial, pode haver, em caráter secundário, pequenas diferenças de um lugar para outro, que em nada ferem os aspectos doutrinários e os ditames disciplinares da Igreja. Sobretudo em São João del-Rei, temos uma celebração que se mantém inalterada, a qual não sendo mais obrigatória, foi praticamente abandonada em todo o mundo. Trata-se dos impressionantes Ofícios de Trevas, que compõem o referido tríduo pascal. Esses ofícios se constituem das duas primeiras horas canônicas, que são as Matinas e Laudes. São eles realizados na noite de Quarta-feira de Trevas e nas manhãs de Sexta-feira e Sábado Santo, constando de salmos com suas antífonas, leituras (lamentações e lições) responsórios e orações próprias, sendo que as leituras e os responsórios integram apenas a parte das Matinas. Faz-se presente nesses ofícios o tenebrário, que é um grande candelabro triangular, com quinze velas, que são apagadas uma a uma após o canto de cada salmo, com exceção da vela do vértice, que não se apaga, pois representa Jesus Cristo, vencedor da morte.
Ao final das Laudes, o templo fica às escuras, simbolizando as trevas que envolveram a morte do Senhor; ouve-se então o ruído representativo do cataclisma ocorrido naquela ocasião.
Importante observar nos Ofícios de Trevas a presença do latim e do canto gregoriano, bem como, em nosso caso, nos responsórios, a expressão da sublime música do compositor são-joanense Padre José Maria Xavier (1819 -1887), que tanto encanta a todos que a ouvem.
Esse compositor oitocentista foi um dos mais notáveis são-joanenses, tendo atuado em campos diversos. Em menino, foi tiple (menino cantor) e clarinetista da Orquestra Lira Sanjoanense, fundada em 1776 por seu avô, José Joaquim de Miranda. Padre José Maria foi, além de vigário da vara, professor em nossos colégios, provedor da Santa Casa da Misericórdia, membro e benfeitor de nossas irmandades e incansável protetor dos pobres; e no meio de tanta atividade, produzia em abundância sua bela e inconfundível música, que, tendo encantado D. Pedro II, veio a projetar-se além de nossa cidade, de nosso Estado e de nosso País. Tal reconhecimento lhe valeu, em São João del-Rei, ter seu nome em uma de suas  ruas e no Conservatório Estadual, sendo ele também patrono da cadeira nº 12 da Academia Brasileira de Música, sediada no Rio de Janeiro.
Cumpre ressaltar a atuação, em nossa Semana Santa, da bicentenária Orquestra Ribeiro Bastos, do coro dos Coroinhas de D. Bosco da Catedral e das nossas primorosas bandas. Também vale destacar nos meios de comunicação, a ininterrupta presença desde sua fundação, em 1947, da Rádio São João del-Rei e, nos últimos anos, da TV Campos de Minas, além de outros veículos ocasionais.
Concluindo, podemos dizer que nossa Semana Santa tradicional é motivo de santo orgulho para todos nós, mercê de sua profundidade religiosa e de sua inefável beleza musical, o que a faz conhecida e admirada em todo o mundo.

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Avenida Leite de Castro na atualidade - Foto Gazeta
Avenida Leite de Castro na atualidade – Foto Gazeta

Quando falamos da cidade de São João del-Rei, estamos nos referindo à própria história de Minas Gerais e também do Brasil.
Raras são as localidades que podem ser comparadas a São João del-Rei. Sua memória nos conta um passado de incomparável história, de elevada cultura, de nobres tradições e de expressiva religiosidade.
No aspecto puramente histórico, brevemente considerando, denota-se que durante esses três séculos de existência, São João del-Rei, fundada que fora como Arraial Novo do Rio das Mortes (e transformada em Vila no ano de 1713, passando pela elevação à condição de cidade em 1838), sempre fez parte do cenário da história do Brasil. Sua história se confunde com a história de nosso Estado e de nosso País.
Nas terras são-joanenses aconteceram episódios importantes da Guerra dos Emboabas, realçando-se o chamado “capão da traição” que acrescentou lendas à verdade histórica e que até hoje não se sabe ao certo onde foi.
Proximamente a São João del-Rei, na Fazenda do Pombal, nasceu o maior herói deste país, Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes, e que foi um dos principais líderes da Inconfidência (ou Conjuração) Mineira.
Através da leitura dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, colhe-se, em várias ocasiões, referências expressas à cidade de São João del-Rei e sobre sua importância no contexto do referido movimento. Aqui moravam os Inconfidentes Inácio José de Alvarenga Peixoto e sua esposa Bárbara Eliodora, e o Sargento-Mor Luis Vaz de Toledo Piza (irmão do também Inconfidente Pe. Toledo).
Na vasta dimensão territorial da Comarca do Rio das Mortes (criada no ano de 1714), cuja cabeça-de-Comarca era São João del-Rei, moravam 15 dos 29 Inconfidentes implicados finalmente nos Autos da Devassa.
Nos projetos da Inconfidência Mineira, São João del-Rei seria a capital do Brasil.  E esse fato não seria ao acaso. São João del-Rei já era, naquela segunda parte do Século XVIII, importante centro comercial e agrícola do então Brasil-Colônia, não obstante ainda apresentasse atividades na extração de ouro, muito embora esta última já estivesse, desde algum tempo, em progressivo declínio como ocorreu com as demais regiões auríferas das Minas Gerais.
Ressalte-se que enquanto outras regiões de Minas não se preocuparam em se consolidar noutras atividades senão auríferas, o mesmo não aconteceu com São João del-Rei que, beneficiando-se da fertilidade de suas terras, de sua localização estratégia em relação à sede da capital do Vice-Reino, Rio de Janeiro, com Vila Rica, capital da capitania Mineira, e ainda posição favorável no caminho para São Paulo e até para a região dos chamados sertões, consolidou-se nessa primazia tornando-se importante entreposto comercial.
Foi de Tiradentes, segundo os referidos Autos da Devassa, a propositura de que São João del-Rei seria a capital daquele tão sonhado e merecido Brasil independente da metrópole lusitana.
Merece destacar também que no ano de 1755, quando um forte terremoto assolou Lisboa, capital do império português, o então Primeiro-Ministro do rei D. José I, o Marques de Pombal, que era um sábio administrador, cogitou de transferir a capital daquele reino para São João del-Rei, isto considerando obviamente a expressão desta localidade na mais importante colônia portuguesa de antanho que era o Brasil.
E já por ocasião da Independência do Brasil (1822), a história também nos conta que a cidade de São João del-Rei, dada sua importância econômica na ocasião, ainda teve papel expressivo naquele episódio. O próprio regente D. Pedro, mais tarde reconhecido como Pedro I, qual seja, primeiro Imperador do Brasil, esteve pessoalmente em São João del-Rei, objetivando o necessário apoio para a consolidação política da mencionada independência de Portugal.
A partir daí, acresce-se ainda que D. Pedro II, segundo imperador do Brasil, esteve em São João del-Rei em duas oportunidades, o que demonstra, uma vez mais, o prestígio político desta cidade naqueles tempos.
Com a Proclamação da República (no ano de 1889), São João del-Rei quase se tornou a capital de Minas, tendo concorrido nesse propósito com Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna e Curral del-Rei. Foi São João del-Rei forte candidata na medida em que o então relator , o engenheiro Aarão Reis, chegou a indicá-la como sendo a melhor opção e apontou a Várzea do Marçal que, segundo o naturalista francês Auguste Saint-Hilaire, era a “vista mais risonha”. Saliente-se que São João del-Rei perdeu essa oportunidade pela diferença de apenas dois votos dos parlamentares mineiros, resultando como vencedora as terras do Curral del-Rei, hoje Belo Horizonte.
Mas a própria história tem seus resgates ou revezes. Importa lembrar que no ano de 1834, durante uma rebelião havida na capital da Província Mineira, Vila Rica, que passou a ser conhecida pelo nome curioso de “Revolta da Fumaça”, São João del-Rei chegou a ser por alguns dias a capital de Minas. O “Chafariz da Legalidade”, hoje existente próximo à Igreja de São Gonçalo Garcia, lembra esse acontecimento.
E trazendo para a realidade mais contemporânea, tem-se que nesta cidade nasceu Tancredo Neves, líder e principal artífice da Nova República.
Tantos outros aspectos históricos poderiam ser ainda apresentados, mas estenderia em demasia o texto ora proposto.
Entretanto, por justiça se deve salientar que tantas outras pessoas – conhecidas publicamente ou anônimas – do passado e do presente, fizeram e ou ainda fazem que a cidade de São João del-Rei permaneça no merecido podium da história de Minas e do Brasil.
Parabéns, cidade de São João del-Rei por seus 300 anos de valorosa história! Parabéns também ao seu povo – de todos os tempos – por fazer essa história.
 
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São João del-coração. 300 anos: Ser nobre é ter identidade
Alzira Agostini Haddad/coordenadora da Atitude Cultural, do www.saojoaodelreitransparente.com.br e presidente da Associação Amigos de São João del-Rei
Ponte da Cadeira antigamente - Foto: Divulgação
Ponte da Cadeira antigamente – Foto: Divulgação
 
Ponte da Cadeira na atualidade - Foto: Gazeta
Ponte da Cadeira na atualidade – Foto: Gazeta

Desde sempre recebemos do mundo, da vida e das pessoas inúmeras expressões de magnanimidade. Da cidade, que nos abriga em sua natureza, peculiaridades, ruas, jardins, largos e praças, a sorte de ser histórica, bem planejada e construída à perfeição, com requintes e detalhes arquitetônicos que não deixam dúvidas: muito bem esculpida, criada para ser ilustre e elegante.
É preciso contemplar: memória.
Equívocos universais inerentes à origem mineradora, explorações no processo da história – riquezas que induzem a falsas ou verdadeiras crenças, a hierarquias desumanas ou democracia sonhada, subvertendo ou aprimorando a evolução. Recordações, dívidas ou dádivas que povoam as nossas lembranças, nossas vidas. E reaparecem através de manifestações culturais aparentemente distraídas, costumes e festas, eruditas ou populares.
É preciso respeitar: tradição.
Como um presépio, a sincronia delicada e gentil, organizada para servir a quem acolhe e admira. Arte e artesanato, ofícios, mestres, artistas, poetas, povoam e usufruem a cidade. Mesmo quando necessário, na dureza da cantaria, pedra sobre pedra das protetoras pontes centenárias, que criam vínculos e elos, unindo e abraçando eternamente.
É preciso reconhecer: consistência.
Generosa na sua estrutura, saborosa na sua gastronomia, multiplicadora nos seus exemplos e modos de fazer, criar e viver. Sempre equivocados os que violam a própria identidade, os que degradam a sua beleza, os que desdenham os seus mistérios sagrados, os que insistem em ignorar a lógica simples que terra e a vida têm. Sempre sábios, os delicados no trato, dedicados nas profissões, nobres quando protegem a identidade singular de uma cidade histórica.
É preciso valorizar: patrimônio cultural.
Posturas ora dispersas, ora atentas, ora hostis, ora sensíveis, ora gentis, ora alienadas, ora conscientes – ora ora… Atitudes e decisões nem sempre coerentes, nem sempre compreensíveis.
E a percepção irrefutável: desenvolvimento sustentável é a água potável bem distribuída, o saneamento eficiente, o córrego despoluído, a saúde restabelecida, o transporte coletivo e o trânsito bem resolvido, a limpeza urbana com que todos colaboram, o planejamento, segurança, a preservação territorial e ambiental, a política ética, o cidadão exercendo a sua cidadania. Progresso não é focar no interesse individual em detrimento do interesse da comunidade, não é destruir a paisagem urbana autêntica, representações arquitetônicas que nos diferenciam e identificam – matéria prima, valores e bens que podem sustentar economicamente gerações futuras, que criam inúmeras oportunidades de negócios via turismo cultural. Tendência mundial, o respeito às diretrizes internacionais de preservação, a qualificação profissional e padrões de serviços. Cada cidade sabe o destino a que se impõe.
É preciso transmitir: educação.
A cidade que sonhamos é a cidade que podemos construir, responsabilidade a que não podemos furtar-nos. Tudo que acontece nela fica registrado no seu conjunto urbano, na memória de seus habitantes, na história que jamais se apaga.
Grande é o nosso legado, que todos usufruem e de que nem todos cuidam. Precisamos, como protagonistas, vivenciar o privilégio de comemorar os 300 anos de São João del-Rei, assumindo o rumo que queremos para a nossa cidade.
É preciso respeitar: compromisso.
Declarada “Patrimônio Histórico e Artístico Nacional” em 1938, eleita “Capital Brasileira da Cultura” em 2007, selecionada como “Destino Referência de Turismo de Estudos e Intercâmbio” em 2009, pelo Ministério do Turismo. Especial. Cada detalhe, entalhe, curva de uma voluta ou balaustrada, cada gesto entre um ponto e uma linha, definindo um gradil de ferro, finalizando uma escultura, retocando um tapete de rua, a fachada de uma casa, igreja, ferramenta ou utensílio, revelam singulares obras de arte. Importante polo regional, integra preciosos roteiros turísticos, inúmeras instituições de ensino com Universidade Federal em plena expansão. Cada tom pincelado seja onde for, cada manuscrito nas partituras, cada som que ecoa das orquestras, bandas de música, do apito da Maria Fumaça, dos sinos; mensagens irretocáveis que registram seculares práticas sociais.
Que precisamos preservar: cultura.

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Trânsito: uma questão de cidadania
Marcos Cardoso Atalla/delegado Regional da Polícia Civil
Igreja de Matosinhos antigamente - Foto: Divulgação
Igreja de Matosinhos antigamente – Foto: Divulgação
 
Igreja de Matosinhos atualmente - Foto: Gazeta
Igreja de Matosinhos atualmente – Foto: Gazeta

Um dos grandes desafios do Poder Público neste século XXI é garantir o direito fundamental do cidadão de ir e vir, ou seja, a possibilidade que as pessoas transitem nos espaços públicos com tranquilidade e segurança.
A mobilidade urbana é um dos problemas enfrentados pelos gestores públicos, já que a crescente facilidade do crédito, somada à melhoria de vida da população, permite que a cada dia mais, no mesmo espaço físico, desemboquem inúmeros veículos automotores. Vale ressaltar que essas vias não têm a mesma proporcionalidade de investimentos públicos.
Os números de morte no trânsito no Brasil são assustadores, chegando a índices de países em estado de guerra. Segundo reportagem da Revista Veja do mês de agosto deste ano: “A violência no trânsito é a maior causa de morte no país, à frente até de homicídios. Um efeito do desrespeito às leis e da má qualidade dos motoristas. As pessoas, de certa forma, não têm uma consciência na utilização do veículo, virando uma arma em potencial que poderá ser usada a qualquer momento”.
Em nossa cidade não é diferente. Enfrentamos o colapso no trânsito. As ruas históricas de São João del-Rei não aguentam tantos veículos circulando. Estacionar no centro é um dilema: não há vagas e o desrespeito às leis de trânsito é habitual, tendo o motorista sempre uma desculpa pronta para justificar a sua infração. Em geral, o brasileiro tem conflito com a lei.
Temos hoje cerca de 40 mil veículos circulando em nossa cidade, sendo o espaço físico o mesmo. O que significa dizer que mudanças urgentes são necessárias e os órgãos públicos competentes devem ter como função primordial a organização deste complexo viário.
Segundo nossa Constituição Federal, cabe ao município organizar o trânsito local, devendo o Poder Municipal gerir o trânsito dentro da cidade, logicamente com participação dos demais órgãos executivos estaduais de trânsito, como a Polícia Militar e a Polícia Civil.
Certo é que todos estes órgãos públicos têm uma importância fundamental para a gestão do trânsito e, juntos, devem trabalhar para melhoria da mobilidade urbana.
Dentre eles, destaco a importância da Polícia Civil na formação do futuro motorista, pois cabe à mesma, através do Detran, a fiscalização e o controle na formação dos novos condutores, fiscalizando as autoescolas, clínicas médicas e avaliando os futuros motoristas.
Inúmeras soluções têm surgido para a melhoria do trânsito, mas uma que pode ser considerada de extrema importância é a municipalização do trânsito, passando o Poder Executivo a ser responsável pelo seu gerenciamento e organização, seja no âmbito educativo, como também no fiscalizatório. Assim, caberia ao Departamento Municipal de trânsito organizar e modificar por completo toda a circulação do trânsito local, distribuindo melhor o fluxo de veículos nas nossas ruas.
Concomitantemente a isto, o transporte público deverá ser atrativo, ou seja, a prestação do serviço deverá ser de qualidade e eficiente para que o cidadão tome a iniciativa de deixar seu carro para usufruir desta alternativa, esvaziando assim as ruas.
Enfim, sugestões são inúmeras, mas se a consciência do cidadão não mudar, tudo isto se esvazia, tornando inócua qualquer solução. O trânsito é, antes de tudo, educação: não podemos só respeitar as normas porque existe um policial por perto, mas sim, pelo simples fato que a lei deve ser obedecida. Para que se dê a melhoria do trânsito é necessário, antes de tudo, mudanças em nossos comportamentos e em nossas consciências. Indiscutível que se agirmos assim estaremos dando um grande passo para civilizar o caótico trânsito em nossa cidade.

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Lembranças de meus filhos
Antônio Gaio Sobrinho/professor e integrante do Instituto Histórico e Geográfico (IHG) de São João del-Rei
Por Gazeta de São João del-Rei em 06/09/2013

Casarão do André Bello antigamente - Foto: Divulgação
Casarão do André Bello antigamente – Foto: Divulgação

Casarão do André Bello atualmente - Foto: Gazeta
Casarão do André Bello atualmente – Foto: Gazeta

Uma localidade – povoação, arraial, vila ou cidade – é sempre o resultado de uma ininterrupta interação entre ela e seus habitantes. Mais ou menos como uma relação recíproca entre mãe e filhos. Se a mãe é quem gera os filhos, são os filhos que embelezam a mãe. São João del-Rei, em seus “trezentos e mais anos” de existência, tem sido uma contínua construção dos filhos que ela protege. Por isso, nesta página, qual mãe carinhosa, a cidade lembra, com agradecida saudade, seus filhos e filhas, que já se foram desta vida, mas aqui deixaram os benfazejos sinais de sua passagem. Representando todos eles e elas, escolhi seis nomes que, a meu ver, muitas coisas boas e úteis fizeram por esta terra. São eles:

José Alvares de Oliveira
Foi ele quem, em 1750 ou 51, escreveu a primeira história de São João del-Rei, num primoroso relato, em grande estilo, intitulado História do Distrito do Rio das Mortes. Esse notável documento, de suma importância para o conhecimento dos primeiros 50 anos da vida de nossa terra, está para São João como a carta de Pero Vaz Caminha está para o Brasil. Álvares de Oliveira tomou parte ativa na Guerra dos Emboabas – ao lado destes – e, quando, em 8 de dezembro de 1713 o Arraial foi elevado à condição de Vila, integrou, como procurador, a oficialidade da primeira Câmara. Daquelas suas memórias históricas, destaco o trecho em que diz que a Vila é cortejada de um ribeiro; que pelo meio dela, por debaixo de duas pontes correndo, busca os pés de toda a sua vizinhança, querendo mostrar pelas correntes que arrasta o quanto afeta ser seu escravo, a quem liberal oferece nas areias que leva o ouro que consigo traz. Por todas essas circunstâncias se faz a Vila de São João del-Rei do agrado de todos e de todos mais apetecida para ser habitada pelo excelente clima de que goza a que não fazem inveja os celebrados de Cápua na Itália nem os de Tessália na Grécia.

Mãe Preta
Não foram Queops, Quefrem nem Miquerinos que, principalmente, construíram as pirâmides do Egito. Também não foram Lima Cerqueira, Irmandades ou padres, que, somente, edificaram as nossas estupendas igrejas. Tanto lá quanto cá, milhares de escravos é que lapidaram com suor e sangue aqueles e estes enormes blocos de granito que fazem hoje o maravilhamento dos turistas. Na lembrança, aqui, dessas negras pelejas, na ausência de um nome que a história não guardou, rememoro um símbolo de sofrimento e bondade que, com seu leite, roubado de suas mesmas crias, nutriu de vida aquela menina linda que se tornou hoje a cidade de São João del-Rei. Esse símbolo, que me fala de carinho, impregnou a sociedade são-joanense dessa beleza mulata, desse sorriso negro, cujos encantos nos fazem sonhar. Por tudo isso: obrigado, minha Mãe Preta!

José Maria Xavier
Se o Paraíso de fato existira, pouco ali me interessariam Mozart, Beethoven ou Verdi se lá teria para deleitar-me por toda a eternidade a maravilhosa música desse genial mulato da minha terra e raça. Em suas melodias, a emoção me invadiria a alma quando, novamente, escutasse coisas como: Vinea Mea, Velum Templi, Sepulto Domino ou Exaltata est Maria in Caelum. De que mais precisaria para experimentar, mesmo nesta terra, a bem-aventurança eterna? Só me resta, pois, tomar emprestadas as sábias palavras do latinista professor Antônio Rodrigues de Mello para, dignamente, louvar a sua memória: “Laudemus et plaudamus hunc virum sapientem, dignum justissimae reverentiae et imitationis, et vos, honestissimae puellae quae me audistis, juvenes qui hanc patriam diligitis, seniores populi, date mihi, manibus plenis, pulchras et olentes flores, ut spargam ad dignam statuam tanti viri, immaculati sacerdotis qui, peritissimus arte musicae, fulgens gloria terrae natalis, patriam honoravit et magnificavit”.

Alexina de Magalhães Pinto
Como devera ter sido belo ver pedalando, pioneira, nestas ruas são-joanenses, em sua bicicleta europeia, essa distinta e talentosa moça, de vasta cultura e superioridade de espírito, conquanto tão simples e modesta. Brilhante professora de caligrafia e desenho da nossa Escola Normal, em 1893, Alexina foi pioneira também como escritora folclorista. Esse seu elevado posto no magistério mineiro e são-joanense foi obtido por brilhante concurso e, nessa cadeira, fez de seus deveres um autêntico sacerdócio. Procurando colaborar com o ex-diretor Carlos Sânzio para o melhoramento do ensino e elevação daquela Escola, não lhe faltaram decepções e desgostos, que começaram a magoá-la profundamente e terminaram, talvez, por lhe ditar a lamentável resolução que tomou, ao pedir exoneração do emprego. Assim, depois de apenas três breves anos aqui residindo, partiu a feminista Alexina para o Rio de Janeiro, deixando grande lacuna nesta cidade que, porém, não lhe esqueceu a memória que perenizou numa de suas ruas. Para você Alexina, a nossa gratidão.

Luiz Zver
Querido mestre, que saudades de você, de seus ensaios de canto na regência do Anambé, de suas aulas de Filosofia e Latim, na nossa saudosa Faculdade Dom Bosco! Apesar de estrangeiro, você falava a língua portuguesa com tanta excelência de matéria e forma que poucos brasileiros conseguiriam competir. Mas, para São João del-Rei, além de ter sido o grande construtor da Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, você, com seu carisma e predestinação foi, principalmente, o benemérito fundador da APAE, que tanto bem tem feito às crianças mais necessitadas. Pressinto sua indignação, sua mágoa e seu desencanto se vivo ainda estivera nesta hora malvada em que a insensibilidade política pretende acabar com a sua herança. Que ternura você nos repassava nas missas dominicais na Capela de Nossa Senhora Aparecida, quando ao falar do Divino Mestre – “Deixai vir a Mim as criancinhas!” – seus olhos rasavam em lágrimas e a emoção lhe embargava a voz.

Idalina Horta Galvão
Primeira diretora do Grupo Maria Teresa, na velha casa que vira a Princesinha do Brasil passear suas louras madeixas, tu eras a boa mãe dos meninos e meninas que as famílias são-joanenses te entregavam confiantes, porque na tua aula eles e elas tinham castigo de menos e aprendizagem de mais. Tomo de Agostinho Azevedo esse testemunho que me encanta e que diz da grande mestre que tu foste: “Foi assim que Dona Idalina envelheceu, tomando conta dos calças-curtas vadios e barulhentos. Já agora ela ensinava aos filhos dos seus alunos. E os pais, que tinham experiência de como era boa Dona Idalina, corriam a pedir-lhe: “Por favor, Dona Idalina. A senhora aperta com ele. E quando for preciso algum caderno, a senhora mande um bilhete, porque senão o pirata começa a inventar necessidade de material para poder ir ao Pavilhão”. E Dona Idalina prometia. Mas na quinta-feira, véspera de fita de série, mandava um bilhete ao pai, recomendando seis cadernos de tostão para o guri. E o senhor André Bello teve sempre, nas sessões do Pavilhão, na primeira fila, os alunos de Dona Idalina Horta.

Outros nomes
Leitor e leitora, se vocês se decepcionaram comigo por não encontrar nesta crônica os nomes de Tiradentes, Tancredo e Nhá Chica, peço-lhes desculpas. Deixei de mencioná-los não porque não merecessem, mas porque eles já são uma unanimidade, uma espécie de lugar-comum. Eles estão escritos e falados aí por toda a parte, à vista e à audição de quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. Da mesma forma, além dos que preferi citados, muitos outros haveria, igualmente, dignos de terem sido objeto dessas lembranças: Felisberto Caldeira Brant, Joaquim José da Natividade, Aniceto de Sousa Lopes, Batista Caetano de Almeida, Policena Tertuliana de Oliveira Machado, Antônio José da Costa Machado, Maria Teresa Batista Machado, Paulo de Almeida Lustosa, Severiano Nunes Cardoso de Resende, Sebastião Rodrigues Sette Câmara, Euclides Garcia de Lima, Antônio de Andrade Reis, Maria do Carmo Assis, Celina Viegas, Fábio Nelson Guimarães, Mercês Bini Couto, Maria de Lourdes Lourenço de Oliveira, Valderez Dias Beltrão, e quem mais vocês aqui quisessem acrescentar como merecedor.
Como, porém, no espaço que me deram para este artigo não os caberiam todos, nem eu seria capaz de deles e delas todos e todas me lembrar, tive que fazer a minha escolha. Fiz-la de tal modo que nenhum dos três séculos da história são-joanense ficasse esquecido, sem representante. E que nenhum dos gêneros ou condição social se omitisse, despreocupado até de que não fossem aqui nascidos. Ficaria contente se minhas opções não magoassem ninguém e que, pelo contrário, que a todos pudessem agradar.

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Esquina!
Toninho Ávila/escritor
Por Gazeta de São João del-Rei em 14/09/2013

Largo do Rosário Antigamente - Foto: Divulgação

Largo do Rosário antigamente – Foto: Divulgação

Largo do Rosário atualmente - Foto: Gazeta

Largo do Rosário atualmente – Foto: Gazeta

Para mim, falar da Esquina do Kibon, Esquina do Pecado ou Esquina dos Aflitos é algo prazeroso e salutar, pois vivenciei neste importante ponto de referência da juventude são-joanense a sua fase mais fecunda e idolatrada.
Em sua primeira fase, a esquina era um ponto de encontro apenas daqueles que moravam mais próximos a ela. Já em sua segunda fase, ela se transformou em um ponto eclético, aonde várias turmas de locais e de bairros da cidade ali interagiam; o centro das paqueras era na antiga Avenida Rui Barbosa, atual Tancredo Neves.
Naquele local quase sagrado tinha e acontecia de “tudo”, era um local reverenciado e também muito questionado. Mas é impossível negar que naquela época pairava no ar algo que transcendia os pensamentos normais e fazia do local e de seus frequentadores astrais elevados. E de certa maneira isso atraía e criava entre os jovens mais curiosos e questionadores os verdadeiros formadores de opiniões.
A esquina era uma salada tropical e universal onde se reuniam poetas, pintores, músicos, desenhistas, grupos de teatro, além dos doidões e dos caretas que circulavam e viajavam na efervescência do momento e das boas vibrações da época.
O mundo estava envolto em uma aura de transformações e uma revolução cultural, social e musical varria o leste e o oeste, o sul e o norte do planeta Gaia. A juventude era o foco principal que, com suas posturas emancipadas, teve um papel crucial na transformação e na história da contracultura, movimento contestador, libertador, de fina ironia e bom humor.
Esse momento e suas manifestações foram materializados por uma parte da juventude são-joanense. E mesmo a maioria que não o compreendia era indiretamente afetada pelas vibrações, energias libertadoras e pela ação do bom astral.
Eu já tinha despertado para essa mentalidade com o The Beatles, isto já em 1962, e ali começava a revolução. Aqui em Del-Rey essa mentalidade ficou mais forte entre os anos de 1967/68 e mais ou menos até 1975. Essa época também foi o auge da Esquina, sua melhor fase, e quem a vivenciou sabe bem do que estou falando. O lugar ficou tão famoso que virou um ponto turístico, atraindo várias pessoas de vários estados do Brasil e até mesmo do exterior; foi uma realidade saudável e eu fui um dos que comprovaram isso.
Foi uma época ímpar, pois parece que tudo acontecia de uma só vez. O nosso Carnaval estava entre um dos melhores do interior do Brasil; a Semana Santa se mostrava e ainda se mostra como cerimônia religiosa das mais completas do Brasil e do mundo. Tudo isso somado à beleza barroca, colonial e eclética de nossa belíssima aldeia.
Com todo esse pacote de riqueza e tradições, no centro da esquina batia com força o coração da minha Del-Rey. Sim, a esquina era o grande coração e no entorno dela circulavam suas veias principais, que eram os locais mais próximos, os quais, se não me falhar a memória, citarei: Cantina do Ítalo, Pastelaria do Pedro, Clever’s Bar; em um mesmo ponto, em épocas diferentes: Bar do Passarelli, Bar do Afonso e Cosa Nostra; Claudionor, Círculo Militar e Associação dos Sargentos, Santa Inês, San Remo, Cantinho da Canja, Bar do Geraldinho e Chafariz; no mesmo prédio: União Sírio Libanesa e Lampião; porta do antigo Banco do Brasil, escadas do Fórum, Largo São Francisco, além dos dois principais clubes, o Athletic e o Minas, ambos situados no mesmo centro nervoso. Nesses bares, restaurantes e lugares citados se espalhavam as turmas e os frequentadores da esquina.
Além de seus frequentadores habituais, haviam aqueles que davam suas escapulidas e iam ali para observar o grande teatro da vida. Com respeito e carinho, cito como um dos principais observadores o meu saudoso amigo Sr. Antônio Campos, figura ilustre e carismática, sempre vestido com seu impecável terno marrom. Seu ponto era em frente ao também saudoso Taco de Ouro e era ali que ele se reunia com seus amigos. Em suas escapulidas, atravessava a Ponte da Cadeia e ia para seu observatório especial. Não me esqueço de seus comentários, sempre que eu passava com minhas namoradas ou com meus amigos, ele falava: “Lá vai o Antoninho, o desligado”.
Hoje, lembrando aqueles momentos saudáveis, aquela época tão rica e empolgante, tenho um olhar diferenciado e vejo o grande leque que abrigava as várias turmas e tribos, que tiveram seus momentos de dualidade naquela esquina tão mágica e rebelde. Mas, sem dúvida alguma, a minha tribo era em todos os sentidos o alvo das principais atenções e atrações, e quando cito “tribo” é porque era mesmo algo que mostrava um ritual que fortalece o tribal.
Naquelas duas décadas, 1960/70, a música era rica e criativa no Brasil e no mundo, com a MPB, os festivais, a Bossa Nova, o Tropicalismo, o Clube da Esquina. Mas a grande influência e revolução musical foram os Beatles com suas letras e arranjos diferenciados e com grande apelo universal, além de sua riqueza melódica incontestável. No rastro deles, as bandas inglesas e americanas também davam o recado. Infelizmente, a música atual aqui e no exterior está muito pobre em letras e arranjos, isso quando não são “cover” ou clichê, com protestos já repetidos, estilos copiados, chupados descaradamente. É lógico que existem alguns músicos e compositores que ainda mostram algo de qualidade, mas isso já é quase invisível, pois a música atual e dominante é de péssima qualidade.
Nessa verdade crua o mundo mudou, as novas gerações surgiram e a ESQUINA continua no MESMO LUGAR, as drogas são mais pesadas e letais e o astral de uma época revolucionária hoje faz parte da MEMÓRIA. Das turmas que ali passaram e curtiram, muitos desses amigos e conhecidos já não caminham mais em Gaia. Outros seguiram seus caminhos e destinos com suas famílias, com filhos e até mesmo netos para outras regiões. Alguns ainda permanecem aqui na mesma aldeia e eu sou um deles.
Termino aqui deixando o trecho de uma música dos Beatles que tem um apelo universal e eterno: “IN MY LIFE”, de 1965 (tradução não literal):

Em minha vida existem lugares
Que tiveram seus momentos
Com amantes e amigos de que eu me recordo
Mas de todos os lugares, amantes e amigos
Em minha vida
Eu vou sempre amar mais você…
Eu vou sempre amar mais você…

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Breve registro Histórico sobre a Música em São João del-Rei
Anthony Claret Moura Neri/diretor do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier
Por Gazeta de São João del-Rei em 21/09/2013

Travessa Lopes Bahia antigamente - Foto: Divulgação

Travessa Lopes Bahia antigamente – Foto: Divulgação

Travessa Lopes Bahia atualmente - Foto: Gazeta

Travessa Lopes Bahia atualmente – Foto: Gazeta

Elevado à vila o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, em 8 de de dezembro de 1713, já contava com paróquia, sendo vigário Padre Manoel de Almeida. Já estavam fundadas três irmandades: Nossa Senhora do Rosário (1708), Santíssimo Sacramento (1711) e Nossa Senhora do Pilar (1711). Como a liturgia da Igreja Católica não prescindia da música sacra, havia pessoas responsáveis em realizá-la.
Mas a primeira notícia musical documentada data de 1717: quando da visita do Conde da Assumar,  ele é recepcionado no Alto do Bonfim e logo se dirige à Matriz do Pilar, também situada naquelas imediações, onde é cantado o Te Deum Laudamus, a dois coros, sob a direção do Mestre de Música Antônio do Carmo. A partir daí, vários registros são encontrados: em 1728 o Mestre Antônio do Carmo é contratado para solenizar as festas em honra do padroeiro do Senado da Câmara São João Batista; em 1751, foram realizadas as Solenes Exéquias de Dom João V, com música a dois coros polifônicos. Infelizmente não constaram nome dos componentes e nem o repertório executado.
Mas a atividade profissional organizada surgiria, possivelmente pela primeira vez em São João del-Rei, em 1776.  Pelo compromisso assinado entre a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e o mestre José Joaquim de Miranda, um grupo de músicos quase todos mulatos, deveria encarregar-se da parte musical dos ofícios religiosos. Era então criada  a “Companhia de Música”, hoje, Orquestra Lira Sanjoanense cuja formação era a seguinte: tiple (menino soprano), contralto (homem, cantando em falsete); tenor, baixo, 1º Violino; 2º Violino, viola, violoncelo, contrabaixo, duas flautas ou oboés e duas trompas.
Em 1790, surge a Orquestra do “Mestre Chagas”, hoje conhecida como Orquestra Ribeiro Bastos, fundada por Francisco José das Chagas, para servir à Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis,  uma irmandade de brancos. Daí o apelido de “coalhada”.
É hoje indiscutível a importância da música religiosa que floresceu, ao lado de outras artes, na Minas Gerais do século XVIII. O ciclo do ouro favorecia uma atividade profissional estável e bem remunerada, na qual os mulatos tiveram um grande destaque. Com a proibição do estabelecimento de ordens religiosas na Capitania, proliferaram as irmandades e confrarias de leigos que garantiam serviços permanentes para um grande número de profissionais, cuja produção foi enorme. Igualmente, os Senados das Câmaras representavam uma extensão do mercado de trabalho, com a solicitação constante de composições e execuções.
Destacaram-se como músicos do século XVIII João José das Chagas e Antônio dos Santos Cunha.
Por volta de 1850, já existia, em nossa cidade, uma Sociedade Musical intitulada “Sociedade Philarmonica S. Joanense”, para a qual contribuiu com orquestrações o Padre Jose Joaquim de Santana, que propiciou como exemplo a execução por essa sociedade da abertura de O Retorno de Tobias, de Joseph Haydn. Também colaborou com a Sociedade Filarmônica o ilustre e imortal compositor Padre José Maria Xavier.
Há diversas notícias de concertos no salão da Sociedade Philarmonica S. Joanense: a 2 de abril de 1887, atuou como pianista o eminente musicista Alberto Nepumuceno, ao lado de outros renomes; concerto realizado a 18 de outubro de 1889 em homenagem ao grande compositor João da Mata, do qual participaram o violinista Tibúrcio Pegada e a Orquestra Ribeiro Bastos.
Temos notícia da inauguração a 31 de janeiro de 1897 do Clube “Philarmonica S. Joanense”, em sede provisória. Cremos tratar-se da mesma “Philarmonica”, já existente meio século antes, talvez no período de reestruturação.
É certo, porém, que a Sociedade Philarmonica S. Joanense teve sua sede própria no prédio, mais tarde ocupado pelo Minas Futebol Clube, hoje Edifício São João.
Destacaram-se como músicos do século XIX Hermenegildo José de Souza Trindade e Padre José Maria Xavier.
A 26 de janeiro de 1930, o maestro Ten. João Cavalcante, juntamente com as figuras mais representativas da música em nossa terra, cria a Sociedade de Concertos Sinfônicos, sendo ele seu regente titular e tendo como primeiro presidente o Cel. José do Nascimento Teixeira.
Seu repertório é vastíssimo, tendo apresentado grandes sinfonias como a 5ª de Beethoven, concertos com diversos solistas convidados, operetas variadas e a ópera completa La Traviata de Verdi em 1964. Como nota de valor histórico, registramos o Concerto da Sinfônica a 16 de setembro de 1937, quando se executou a Dança Chinesa, de Fernand Jouteux, emérito compositor francês, aqui residente, discípulo de Massenet e autor da ópera Os Sertões.
Em dezembro de 1951, foi criado nesta cidade o Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier, tendo sua aula inaugural em 1953.
Outras entidades tivemos que, fulgurantes embora, tiveram vida efêmera. Uma delas foi o Madrigal Villa-Lobos, fundado em 1961 pelo competente musicista Emanuel Coelho Maciel, cujas apresentações a “capela” atingiram o nível dos melhores conjuntos do País, mas que por circunstâncias diversas, desapareceu em pouco tempo.
Também a Corporação Artística Sanjoanense, fundada a 02 de agosto de 1959 pelo maestro Luiz Antônio Boari Bini e constituída de 60 elementos, entre cantores e instrumentistas, paralisou suas brilhantes atividades antes de completar um lustro de existência.
São João del-Rei sempre possuiu e possui excelentes bandas de música, destacando-se a extinta Corporação Musical Oeste de Minas, a Teodoro de Faria, fundada em 1902,  Banda Municipal Santa Cecília e a Banda do 11º Batalhão de Infantaria. Recentemente foram criadas a Banda Sinfônica do Conservatório, a Banda Salesiana Meninos de Dom Bosco e a Banda do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos
Importante ressaltar também em nossa cidade um Coro de Canto Gregoriano, criado em 1972 na Paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar e que atualmente participa de várias funções religiosas da cidade e região, destacando-se principalmente durante a Semana Santa, nos Ofício de Trevas.

(Baseados em textos de Aluízio José Viegas e Abgar Campos Tirado)

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A vila de 1713
José Mauricio de Carvalho/vice-presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural
Por Gazeta de São João del-Rei em 28/09/2013

Campus Santo Antônio antigamente - Foto: Divulgação

Campus Santo Antônio antigamente – Foto: Divulgação

Campus Santo Antônio atualmente - Foto: Gazeta

Campus Santo Antônio atualmente – Foto: Gazeta

Comemoramos neste ano os 300 anos da elevação do arraial velho à condição de vila. O fato se deu em 1713, quando reinava, em Portugal, D. João V. Na organização política da antiga metrópole, a vila era um estágio superior a dos aglomerados humanos espontâneos, primitivos e pouco complexos denominados arraiais ou aldeias, embora vila fosse organização administrativa inferior à cidade. De todo modo, ser reconhecido como vila no sertão das gerais, em 1713, não era pouca coisa. Significava que o povoamento que se formara espontaneamente pela busca do ouro já tinha organização urbana consolidada: igrejas, praças, ruas, atividade econômica de relativa importância. E tanto tempo de existência num país de quinhentos e poucos anos dá à cidade de hoje tradição – melhor dizendo ‘lastro cultural’.
O fato evoca a inevitável questão: essa antiguidade significa algo? O que é ser são-joanense? Dito de outro modo: há alguma coisa que diferencie o são-joanense dos outros brasileiros ou dos homens em geral? Como são-joanense considere-se não só os que nasceram aqui, mas os que adquiriram identidade com o lugar e o escolheram para viver. Não é fácil uma resposta razoável para tais indagações e o que se diz abaixo é uma perspectiva, uma forma de olhar.
O ponto de partida para responder às questões acima é o reconhecimento de que ser são-joanense é uma forma de ser homem. De fato, os são-joanenses participam do destino da comunidade humana. São também brasileiros e mineiros. Muito bem, os são-joanenses são homens nascidos ou cuja história se liga a esse lugar precioso. Alguém poderia dizer e é verdade que essas respostas não nos levaram muito longe e continuamos diante da necessidade de responder se somos diversos dos outros brasileiros e mineiros? Muito bem, não se é são-joanense porque se nasceu aqui. Se assim fosse ninguém  poderia se identificar e se considerar são-joanense. Esse é o ponto central. Não se é são-joanense por destino, por um acaso que nada tem a ver com nossas escolhas. Se fosse o caso não seria preciso fazer nada para ser são-joanense, mas ser são-joanense é tornar-se são-joanense, é incorporar um modo de viver.
E, nesse ponto, amplia-se a complicação, pois as ciências, as religiões, as artes ou as filosofias não podem dar uma resposta razoável para as questões acima. Eis aí a conclusão inicial: tornar-se são-joanense é se tornar um tipo especial de homem, de cidadão, de brasileiro e de mineiro. E isso é possível? Há algo que diferencie o são-joanense dos outros brasileiros e mineiros? Eis o centro da questão: ser são-joanense não é exterior ao ato de tornar-se são-joanense. E o que isso significa: o que é mesmo tornar-se são-joanense?
Ainda que seja uma resposta incompleta, ser são-joanense é aprender, com as gerações passadas, a amar o país. Um aprendizado contínuo de entrega e sacrifício no trabalho diário e nos grandes desafios. O Brasil nasceu do sangue de Tiradentes e dos sonhos de liberdade de seus amigos. Sobre eles Tancredo Neves se pronunciou certa vez: “A nação nasceu aqui na rebeldia criadora dos Inconfidentes” (Sua palavra na história, p. 239). Essa mesma nação foi defendida pelo Regimento Tiradentes na Segunda Guerra Mundial. Naqueles dias de ameaça à liberdade, muitos são-joanenses, como Tiradentes, também deram a vida pela pátria. Tancredo Neves mostrou, há menos tempo, com carreira política impecável e sacrifício pessoal, o que significa servir a ela. É esse passado de patriotismo dos são-joanenses de ontem que inspira e serve de modelo aos de hoje.
Tornar-se são-joanense é também cultivar a latinidade pelos olhos dos portugueses fundadores do lugar. Eles nos legaram uma forma jurídica de pensar a cidade e a crença no Cristianismo, ambas herdadas de Roma e, mais que tudo, a noção de que pátria é união de esforços além de identidade de sangue. É o que nos faz viver em clima fraterno com italianos que para cá vieram no século XIX; a comunidade árabe que nos enriqueceu com sua cozinha e trabalho; e os africanos que, trazidos à força por circunstâncias históricas, hoje integram a sociedade com a alegria e o entusiasmo que lhes é próprio. Ser são-joanense é viver a singular unidade nascida desses grupos que aqui convivem, sem ódios, sem exclusivismos, sem disputas étnicas.
Tornar-se são-joanense é descobrir na tradição de fé ardorosa dos fundadores a crença em Deus, no homem e no futuro, pois uma fé que não se vive no respeito a outras crenças e não nos faça melhores do que somos não é digna de cultivo. E a fé maravilhosa que recebemos de nossos pais fundadores se expressa em manifestações como a Semana Santa e as festas dos santos e santas de Deus. Essas manifestações são a porta de entrada para a transcendência. Uma fé que, sem ser invalidada pela razão, ajuda a dar sentido à vida e hoje pode chamar Deus de muitos nomes e Lhe dedicar muitos cultos. Essa fé tão linda é que aproxima o Reino de Deus desse mundo.
Tornar-se são-joanense é aprender a ir ao futuro. Mais que possuir planos, ideais e esperanças, é respeitar o passado. Assim, o propósito de fazer a cidade linda de nossos sonhos passa pelo compromisso de preservar a arquitetura tradicional, de cuidar da paisagem urbana, de ampliar as áreas verdes, de construir com qualidade e respeito às normas e leis que regem a ocupação do espaço público.
Tornar-se são-joanense é cultivar o belo em todas as formas de arte: na música barroca das orquestras centenárias, na representação dos grupos de teatro, nos sons das bandas históricas, nos livros dos escritores, nos santos e peças barrocas que saem renovados das oficinas de restauro, nos quadros de nossos pintores, no maravilhoso artesanato da cidade, nas peças de estanho hoje comercializadas em todo o mundo. Enfim, descobrir o belo em tudo o que encanta na explosão de criatividade que se supera em cada nova obra criada.
Tornar-se são-joanense é descobrir a linguagem dos sinos, encantar-se com a beleza das torres que os sustentam enquanto giram no ar, é andar leve pelas ruas estreitas da cidade, admirar as luzes e os sons do presépio da Muxinga, contemplar o desenho maravilhoso dos jardins centenários. É aprender a amar esse arruamento de 300 anos com que a mão do homem enfeitou a natureza do Vale do Lenheiro.

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Tradições religiosas em São João del-Rei
Rogério Medeiros Garcia de Lima/são-joanense. Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Gazeta de São João del-Rei em 05/10/2013


Artigo dedicado ao Papa Francisco e a Dom Célio de Oliveira Goulart, ambos na trilha redentora de São Francisco de Assis.

Pavilhão Matosinhos antigamente - Foto: Divulgação

Pavilhão Matosinhos antigamente – Foto: Divulgação

O local do pavilhão atualmente - Foto: Gazeta

O local do pavilhão atualmente – Foto: Gazeta

No final do século XVII, ao se iniciar o declínio do ciclo da cana-de-açúcar, foram descobertos os primeiros veios de ouro em Minas Gerais.
O centro econômico da antiga Colônia portuguesa foi deslocado do Nordeste para estas terras mineiras e no lugar dos antigos engenhos, com suas “casas-grandes e senzalas”, surgiram e se desenvolveram os centros urbanos. Um dos mais prósperos, desde então, é a nossa amada São João del-Rei.
No início do século XVIII, o bandeirante Tomé Portes del-Rei, paulista de Taubaté, acampou às margens do Rio das Mortes. O local era conhecido como “Porto Real da Passagem”. Dali se atravessava o rio em pequenas embarcações. O diminuto núcleo nascente prosperou subitamente, quando foram descobertas jazidas de ouro na região do Córrego do Lenheiro.
A cobiça pelo precioso metal provocou a Guerra dos Emboabas, conflito sangrento entre paulistas e portugueses. “Emboaba” – ou “perna cabeluda” – era a designação pejorativa aposta aos portugueses e forasteiros, que vieram disputar as minas de ouro.
Em meio aos encarniçados combates, ocorreu o legendário episódio do “Capão da Traição”. Os paulistas, diante da ardilosa promessa de trégua dos “emboabas”, depuseram armas às margens do Rio das Mortes. Os portugueses e aliados, escondidos em um matagal (ou capão), abriram fogo contra os paulistas. Inúmeros deles quedaram mortos.
Em 08 de julho de 1713, o arraial foi elevado a vila pelo governador de Minas e São Paulo, D. Braz Baltazar da Silveira.
Além disso, desde a Inconfidência Mineira, com Tiradentes e Bárbara Heliodora, no século XVIII, até a memorável eleição do são-joanense Tancredo de Almeida Neves à presidência da República, marco da transição democrática de 1985, São João del-Rei protagoniza fatos históricos no país.
Nesses 300 anos de gloriosa existência, a cidade muito progrediu. Agricultura, comércio, indústria, universidade federal, medicina de vanguarda, turismo e serviços movimentam a vida urbana. Não obstante, escrevia Augusto Viegas (Notícia de São João del-Rei, 1969), a mudança de hábitos trazida pela modernidade não ofuscou as nossas tradições religiosas.
A prosperidade econômica do Ciclo do Ouro fez com que Minas Gerais se tornasse a capitania mais culta do Brasil (José Veríssimo, História da Literatura Brasileira, 1954, p. 107). Propiciou, além disso, o surgimento da Arte Barroca. Nas cidades históricas mineiras foram erguidos suntuosos templos católicos, adornados com ouro e valiosas peças de pintura e escultura religiosas. Era um modo de impressionar os fiéis e os atrair para a fé católica.
A nossa terra é um vivo exemplo da pujança artística e religiosa do barroco colonial, ainda mais encantadora pela peculiar “linguagem” dos sinos, conforme destacava o escritor são-joanense Otto Lara Resende: “São João del-Rei é a capital dos sinos. Lá os sinos falam” (A árvore do menino, jornal O Globo, 17 de março de 1985).
Há mais de dois séculos, antigas irmandades promovem pomposas festas na cidade, conforme o calendário religioso anual, com quermesses, novenas e procissões comovedoras pela fé, beleza e dramaticidade. Assim, a Semana Santa atrai enorme contingente de peregrinos e turistas.
Dona Risoleta Tolentino Neves, viúva do presidente Tancredo Neves, contou-me, certa feita, sobre uma viagem do casal a Madri, Espanha, para um congresso internacional de parlamentares. Ela insistiu com o marido para que fossem a Santiago de Compostela onde haveria, naqueles dias, famosa procissão. Dr. Tancredo não queria ir, mas cedeu à insistência da esposa. Terminada a longa procissão, ele desdenhou:
- Viemos de muito longe para assistir a essa procissão. Mas a Festa dos Passos, em São João del-Rei, é muito mais bonita…
Essa singela narrativa ilustra o vigor da tradição religiosa local. No entanto, nossas belas procissões ainda são desconhecidas em grande parte do país e mundo afora. Precisamos divulgar mais amplamente esses inesgotáveis espetáculos de arte e fé, que se repetem ano a ano. Está tudo pronto, há mais de duas centúrias. É criação nossa, com muito orgulho, amigas e amigos são-joanenses!

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“Vistos assim, do alto, mais parecem o céu no chão …”
Antonio Emilio da Costa/fervoroso são-joanense, poeta, jornalista, Especialista em Gestão da Comunicação Organizacional e Ensino do Turismo
 

Av. Hermílio Alves antigamente - Foto: Grupo A Antiga São João del-Rei / Divulgação

Av. Hermílio Alves antigamente
Foto: Grupo A Antiga São João del-Rei / Divulgação

Av. Hermílio Alves atualmente - Foto: Gazeta

Av. Hermílio Alves atualmente – Foto: Gazeta

Confeccionados com areia, serragem, sementes e pétalas, os tapetes de rua retratam a paisagem celeste nos paralelepípedos de São João del-Rei.
A ideia de recriação nasceu numa Quinta-Feira Santa, em 1983 .
Já faz alguns anos que as ruas locais, durante a Semana Santa, apresentam um novo atrativo que encanta são-joanenses e turistas: os delicados tapetes decorativos. Especialmente aos são-joanenses, essa expressão cultural atrai duplamente, pois além de admirá-la, eles podem participar de sua produção e, assim, ser protagonistas de uma ação criativa que demora oito, dez horas para ser realizada, mas é muito efêmera. Em 15, 20 minutos, o céu no chão se desfaz sob o caminhar de anjos, virgens, virtudes, reis, profetas, heróis, apóstolos, guarda romana, personagens do Velho Testamento que, voltando ao tempo, vêm à frente do Senhor Morto na procissão de Enterro na Sexta-Feira da Paixão.
Enfeitar ruas para procissões é tradição em diversos países católicos e forrar as ruas com folhas e flores também é comum em países da Península Ibérica e da América Central. Nas velhas cidades brasileiras, essa manifestação evoluiu para a confeccção de tapetes de areia, flores e serragem, ilustrados com a iconografia de símbolos religiosos. Em São João del-Rei, os tapetes são tão criativos, minuciosos e delicados que é impossível não considerá-los sofisticadas obras de arte. Extremamente breves, passageiros, mas obras de arte.
Os tapetes do Largo de São Francisco são os mais elaborados – tanto na concepção quanto na execução – e também os mais extensos. Inseridos na programação do projeto Atitude Cultural, antes nas programações do Núcleo de Assessoria Cultural (NAC), eles na verdade são arte-manifesto porque, além de encantarem pela beleza, procuram chamar a atenção para os valores culturais são-joanenses e para a necessidade de preservá-los. Em 2008, esses tapetes se estenderam pela Rua da Prata, possivelmente somando 300 metros de extensão. Também se estenderam pela Rua Balbino da Cunha e, a continuar se alastrando com tamanho entusiasmo, não se sabe até onde deverão chegar. Demonstrando o espírito comunitário da atividade, mais de 200 pessoas, espontaneamente, participam da criação e confecção. Algumas apenas por alguns instantes, outras desde os riscos iniciais até o fim da execução.
A ideia é tão contagiante e vitoriosa que, em 2008, o Largo do Rosário também ganhou um belo e extenso tapete, resultado de um trabalho de inserção social de crianças das comunidades mais afastadas do Centro Histórico, realizado pela Oficina Artes da Terra.
Já o tapete do largo frontal da Igreja do Carmo, tradicional e austero, lembra que em tempos passados, à meia-noite, a Procissão do Enterro saía daquele lugar que ostenta sempre, em cores e traços econômicos, a imagem da face de Cristo impressa no Santo Sudário, realizada pelo Grupo Arte de Rua.
Desta forma, a paisagem dos principais largos por onde passa a Procissão do Senhor Morto é, na Sexta-Feira da Paixão, suporte para essa expressão artística, à exceção o Largo das Mercês, até então não adotado por nenhum grupo disposto a lhe reverenciar com a atividade comunitária e manifestação cultural. Quem sabe se, nos próximos anos, alguns são-joanenses se dispõem a tomar essa iniciativa e outros se propõem a “estender” tapetes em mais trechos do percurso da Procissão do Enterro, tão especial para o povo de nossa terra.

Onde tudo deve ter começado…
Revirando documentos históricos, vemos que não é de hoje que o povo de São João del-Rei tem gosto especial por produzir expressões artísticas passageiras, criadas especialmente para fatos importantes. As Exéquias de Dom João V, por exemplo, realizadas em dezembro de 1750, não tiveram, no Brasil, celebração tão expressiva quanto as celebradas na Matriz do Pilar, registradas em publicação do século XVIII que noticiou a Portugal as homenagens prestadas ao monarca defunto na Vila de São João. Entre essas homenagens, um mausoléu temporário no centro da nave da igreja.
Daquela época à metade do século XX, os tapetes de rua repetiam iconografias simples, utilizando flores, folhas, areia branca e serragem nas procissões festivas como Ressurreição, Corpus Christi e homenagens a Nossa Senhora – principalmente flores vermelhas, amarelas e de outras cores fortes, como Bico de Papagaio, Alegria Bunganvília, Fogo de Mulher Velha e Monsenhor. As janelas das casas térreas e dos sobrados emolduravam o quadro bucólico, com toalhas rendadas e vasos de flores. Na rasoura de Nossa Senhora das Dores, em derredor da Igreja do Carmo, Manjericão, Crista de Galo e folhas de Coqueirinho roxo apelavam para a memória olfativa e visual, pelo aroma e pela cor.
Os sinais de modernidade dos anos 50 e 60 marcaram São João del-Rei com arroubos de verticalização urbana, linhas retas e pilotis e pelo abandono a algumas tradições culturais. Sobretudo aquelas voluntárias e espontâneas, como os tapetes de procissão e outras manifestações que nos anos 70 do século XX já estavam inexpressivas.
Uma das ações visando despertar para essa perda foi a realização de várias edições da Exposição de Arte e Artesanato Edmundo Dantés Palhares. Visionariamente à frente desse projeto, Ângela Cordeiro, Maurício Popó, Jaime Vieira, Francisco Vieira, Miguel Bezamat e várias outras pessoas se dispunham tanto a identificar o que havia de mais significativo em termos de arte e artesanato na região quanto a viabilizar formas para que essa produção fosse exposta e comercializada na Semana Santa para são-joanenses e para turistas, já que é a época em que a cidade recebe o maior contingente de visitantes.

Santa Ceia no Cantinho da Canja
Tal qual nos tapetes do Largo de São Francisco, as exposições eram ponto de encontro onde os são-joanenses – residentes e exilados – reconheciam a riqueza cultural de São João del-Rei e discutiam fatos recentes que valorizavam ou degradavam o patrimônio e a memória da cidade. Em 1983 não foi diferente. Na Quinta-Feira Santa, 31 de março, após o Lava-Pés, conversávamos Ângela, Popó, Jaime, Rita Hilário, Mauro Marques e eu na casa mais antiga, onde estava montada a exposição de arte e artesanato, sobre o assunto acima, quando me veio a ideia de recriar a tradição dos tapetes de rua, transformando-a em arte-manifesto. Minha proposta era começarmos naquele ano mesmo, reproduzindo em um grande tapete de areia e serragem, no Sábado de Aleluia, na Rua Santa Teresa, em frente à exposição, a Capela do Bonfim. A proposta era ousada, pois não se tinha preparado qualquer material nem equipe, mas aos poucos outras pessoas foram se juntando na conversa e a proposta contagiou.
De lá fomos para o Cantinho da Canja, onde planejamos detalhadamente a operação, que deveria começar pedindo aos moradores da Rua Santa Teresa e arredores que, na Sexta-feira da Paixão, juntassem borra de café para tal produção. Quase clareava o dia quando “os trabalhos foram encerrados”.
Manhã de Sábado Santo, 2 abril de 1983: na Rua Santa Teresa, um grupo grande de crianças e jovens movimenta-se na ação criadora do primeiro tapete de rua da nova era. Os moradores participam ativamente, trazendo materiais que possam ser úteis na produção; ajudam no tingimento de areia e serragem e no preenchimento das cores. Eles entusiasmam os criadores e se encantam com a paisagem que vai se revelando sobre o chão de pedra. O Jornal Hoje noticiou o falecimento de Clara Nunes, às 16h. No balcão de madeira da casa mais antiga, pessoas se revezam para ver, do alto: o céu no chão!
Nos anos seguintes, o tapete itinerou: na Rua Getúlio Vargas, a Igrejinha de Santo Antônio; no Largo do Rosário, o Cordeiro de Deus sobre o Livro dos Sete Selos (bela criação de Carlos Magno inspirado no medalhão do frontispício da Matriz do Pilar); em frente à Prefeitura, o Descendimento da Cruz; em frente ao Solar da Baronesa, o Anjo São Miguel.
Assim foi o início da história da nova era dos tapetes de rua de São João del-Rei. O resultado de uma ideia solitária, que foi encampada por todos e se materializou na nova forma de expressão artística são-joanense, que hoje, inclusive, é motivo de orgulho e já faz parte do calendário turístico e cultural da cidade.
Vale registrar que a comunidade do Senhor dos Montes também confecciona tapetes singelos – mas não menos belos ou importantes -, tornando ainda mais bucólicos os caminhos íngremes e crepusculares por onde passam, no primeiro domingo de todo setembro, os andores de seus santos padroeiros.

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A história do 11º BI Mth
Tenente-coronel Gustavo de Almeida Magalhães Oliveira/subcomandante do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha – Regimento Tiradentes


Café Rio de Janeiro antigamente - Foto: Divulgação

Café Rio de Janeiro antigamente – Foto: Divulgação

Edifício Sabe atualmente - Foto: Divulgação

Edifício Sabe atualmente – Foto: Divulgação

O 11º Batalhão de Infantaria de Montanha (11º BI Mth) tem em sua raiz histórica o 11º Regimento de Infantaria, que era composto por dois batalhões: o 51º e o 54º Batalhão de Caçadores.
O 51º teve sua origem no Batalhão de Caçadores Provisório de Pernambuco, criado em 1839. Em 1842 recebeu a denominação de 4º Batalhão de Fuzileiros. Em 1870 passa a ser 4º Batalhão de Infantaria Pesada e se torna o 4º Batalhão de Infantaria em 1888, já na cidade de São Gabriel (RS).
Em 1º de dezembro de 1888, a ala esquerda do 4º BI deu origem ao 28º Batalhão de Infantaria, em Rio Pardo (RS). Em 20 dezembro 1897 ele chega a São João del-Rei, após retornar de sua participação em Canudos, sendo posteriormente designado como 51º BC, em 1909.

O 54º Batalhão de Caçadores é originário do 1º Batalhão Provisório de Infantaria, que foi criado em 1º de fevereiro de 1894, na cidade de São Paulo (SP). Em março do mesmo ano, recebeu a denominação de 37º Batalhão de Infantaria, já na cidade de Florianópolis (SC) e, em 1909, a de 54º Batalhão de Caçadores.
O 11º RI foi criado em 11 de dezembro de 1919 inicialmente composto pelo 51º Batalhão de Caçadores. Em 1920, com a chegada do 54º Batalhão de Caçadores a São João del-Rei, o 11º Regimento de Infantaria passou a constar com dois batalhões.
Na cidade de São João del-Rei, o 51º Batalhão de Caçadores ocupou a Escola Municipal Maria Tereza. Nas atuais instalações do CeSC, ficou o II Batalhão que, em 21 de janeiro de 1920, ocupou as instalações da antiga Telemar.
O atual aquartelamento teve as construções iniciadas em 22 de março de 1922.
Em 1973 houve a transformação em 11º Batalhão de Infantaria e em 1992 passou a ter a atual designação: 11º BI Mth, a primeira Unidade de Montanha do Exército Brasileiro.
O 11º BI Mth tem tradição histórica de participação em operações, mesmo antes da sua criação, pois as Organizações Militares que originaram o Batalhão estiveram presentes em vários conflitos.
Como 1º Batalhão de Caçadores Provisório participou da Sabinada, em 1839. Já o 4º Batalhão de Fuzileiros esteve presente na Revolução Liberal de São Paulo / Minas Gerais, em 1842; Revolução Farroupilha, de 1835 a 1845; Campanha contra Oribe Rosas, de 1851 a 1852; Guerra do Uruguai em 1864 e; Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870.
Os militares do 28º BI participaram da Revolução Federalista, de 1892 a 1894; e da Campanha de Canudos. A Expedição ao Ceará, na Revolta do Juazeiro, em 1912, contou com a presença do 51º BC. Já o 54º BC esteve na Intervenção ao Mato Grosso, de 1916 a 1918. O mesmo batalhão ainda participou da Campanha do Contestado, de 1914 a 1915, ao lado do 51º BC.
Após a criação do 11º Regimento de Infantaria, os militares marcaram presença na Revolução de 1924, em São Paulo; Oposição à Coluna Miguel Costa Prestes, de 1924 a 1926; Revolução de 1930; Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932. O regimento também lutou na II Guerra Mundial, de 1944 a 1945, tendo como destaque a Conquista de Montese, em 14 Abril 1945, o mais sangrento combate vivido pela FEB. Durante a II Guerra, destacaram-se entre os demais integrantes do 11º RI o Frei Orlando e o Sargento Max Wolf Filho.
A Revolução de 1964; a Missão de Paz em Angola, em 1996; a Missão de Paz no Haiti entre 2008 e 2012; e a Missão de Pacificação no Rio de Janeiro, em 2011 e 2012, também contaram com a participação do 11º RI.
Não só em batalhas os representantes do regimento estão presentes. Recentemente eles estiveram em grandes eventos como os Jogos Mundiais Militares, o Rio + 20 e a Copa das Confederações 2013.
Atualmente, os planejamentos de emprego na Copa do Mundo, em 2014, e nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em 2016, contemplam a participação do nosso batalhão. Dessa forma, o 11º BIMth pode se orgulhar de ter participado, desde sua criação, de todas as Campanhas Militares em que o Exército Brasileiro se empenhou.
A atuação em revoluções obteve resultados tão positivos que, em 1977, o Batalhão recebeu a missão do Estado-Maior do Exército (EME), pela experiência adquirida na II Guerra Mundial, junto a elementos da 10ª Divisão de Montanha dos EUA, de desenvolver técnicas e operações de Montanhismo Militar.
Em 1979, foi realizado o 1º Estágio de Montanhismo, quando foram formados os primeiros Escaladores Militares. Em 1981, foi criada a Seção de Montanha e realizado o 1º Estágio de Guia de Cordada. Já em 1984, foram formados os primeiros Guias de Montanha. Em 1988, os Estágios de Guia de Cordada e Guia de Montanha transformaram-se em cursos. E finalmente, em setembro de 2011, a então Seção de Montanha foi transformada em Centro de Instrução de Operações em Montanha (CIOpMth).
A sede do regimento disponibiliza estágios e cursos na área de montanhismo como os estágios de escalador militar e o de auxiliar de guia de cordada, além de cursos básico e avançado de montanhismo.
Atualmente, com a transformação da 4ª Bda Inf Mtz em Brigada Leve de Montanha, o batalhão tem tido um papel bastante relevante, contribuindo para os diversos estudos doutrinários, apoiando as demais Organizações Militares orgânicas e se reestruturando, a fim de permitir a validação da Doutrina Militar de Montanhismo do Exército Brasileiro.

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Ah! Essas mulheres são-joanenses ou que adotaram São João del-Rei como sua terra e aqui transformaram vidas, mudaram rumos e fizeram história…

Artur Cláudio da Costa Moreira/presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei


Fábrica Sanjoanense antigamente - Foto: Divulgação

Fábrica Sanjoanense antigamente – Foto: Divulgação

Fábrica Sanjoanense atualmente - Foto: Divulgação

Fábrica Sanjoanense atualmente – Foto: Divulgação

Quando andamos por nossa cidade e descobrimos suas ruas, vamos nos deparando com nomes femininos – poucos, é verdade, já que os nomes masculinos dominam qualquer lista telefônica, lamentavelmente, neste mundo extremamente machista! – e nem sequer podemos imaginar quem foram, o que fizeram e porquê mereceram a honra de ter seu nome grafado em uma placa, como se gritassem: “Ei! Procure saber quem fui e o que fiz para ser homenageada aqui”. Algumas nunca saberemos o motivo. Outras, por terem sido brilhantes mães de alguém importante. Mas a galeria de personalidades notáveis do mundo chamado “Mulher” é e será, sempre, interessante.
Alexina de Magalhães Pinto. Educadora, desenhista. Foi a primeira mulher a usar calças compridas e a andar de bicicleta aqui, em nossa terra. Alba Lúcia Lombardi, a primeira mulher eleita vereadora par a nossa Câmara.
Antonina de Almeida Neves, Augusta Elisa da Costa Moreira, minha bisavó. Foi uma das primeiras educadoras de São João. Mantinha uma escola onde hoje, perto do campus Santo Antônio, se encontra uma pousada. Mulher de visão e cultura, enxergou tão além de seu tempo a grandeza da vinda dos franciscanos para cá que, por quantia irrisória – apenas para comprar dois “terrenos” no cemitério de São Francisco –, vendeu toda a propriedade que abriga a, hoje, UFSJ. Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira, considerada heroína da Conjuração Mineira, poetisa, mulher de brio, foi uma das pessoas a fornecer recursos para a construção do majestoso templo de São Francisco de Assis.  Beatriz Albergaria, grande educadora em nossa cidade.  Francisca de Paula de Jesus (Nhá Chica), somente o fato de ser beatificada, já diz o valor que teve essa mulher. Iracema Faleiro, educadora e uma das pessoas mais caridosas que conheci. Idalina Horta Galvão. Irmã Gema; suas obras de caridade falam por ela.  Maria Eugênia Celso – poetisa, cronista, declamadora, jornalista, escritora e conferencista. Maestrina Maria Stela Neves Vale, Maria Teresa Batista Machado, mecenas da Santa Casa e de tantas outras obras.  Policema Tertuliana de Oliveira Machado, educadora de renome segundo os jornais da época. Afonsina Alvarenga. Valderez Dias Beltrão, educadora de fama pelas terras de El Rei. Sei que deixei, sem o desejar, de citar algumas personagens que enobreceram São João. Na realidade, nossa história escrita é deficiente quanto a isso.
Para que não corra o risco de passar ao largo nas referências, aqui saúdo as injustiçadas mulheres do passado que faziam teatro e tocavam instrumentos musicais diversos do piano, mas eram adjetivadas de forma nada nobre. Aquelas que hoje, anônimas ainda, apenas conhecidas de seus pares, são “donas de casa”, atrizes, musicistas, bailarinas, cantoras, enfermeiras, médicas, advogadas, jornalistas, caminhoneiras, recicladoras, frentistas, atendentes de lojas, recepcionistas, auxiliares domésticas. As abnegadas irmãs da caridade do Mosteiro de São José, do Albergue Santo Antônio, do extinto orfanato, do Hospital das Mercês, da Santa Casa, do Colégio Nossa Senhora das Dores e Auxiliadora. As benzedeiras, as lavadeiras, das doceiras e bolinheiras (que fazem o bolinhos de feijão) e, sobre tudo, as professoras. Mulheres que ajudaram o arraial a tornar-se vila e que da vila e com suas vidas construíram esta bela cidade.
Os homens podem estar em maioria no que tange aos nomes de ruas e em cargos de importância. Todavia, invejem, colegas do sexo masculino, pois as mulheres dominam o único setor capaz de mudar os rumos de uma nação: a educação.
Que mais 300 anos venham carregados de mulheres que dignifiquem o nome da briosa cidade de São João del-Rei.

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A história de São João Del-Rei e os direitos dos animais
Leidiane Gouvêa/advogada e integrante da Sociedade Protetora dos Animais, em São João del-Rei

 

Teatro Municipal antigamente - Foto: Divulgação

Teatro Municipal antigamente – Foto: Divulgação

Teatro Municipal atualmente - Foto: Gazeta

Teatro Municipal atualmente – Foto: Gazeta

Ao festejarmos os 300 anos da Vila de São João del-Rei, é tempo oportuno para voltarmos os olhos para  a integração do homem com os animais.
Antes da chegada dos bandeirantes, em busca do desbravamento das minas, os índios que viviam em nossa região já eram naturalmente ambientados com a fauna, numa relação restrita de estimação e, principalmente, de subsistência.
A renomada historiadora brasileira, Mary Del Priore faz curiosas revelações a respeito da relação da colônia com os animais. As primeiras cabeças de bois, bezerros e vacas foram trazidas, ainda no século XVI, pela família de Martim Afonso de Souza, donatário da capitania de São Vicente e governador da América Portuguesa, de 1542 a 1545. Os índios brasileiros tiveram de adaptar-se aos cavalos, sendo que, no período colonial, Minas Gerais destacava-se como centro criador de equínos com a chegada da raça alter e, posteriormente, no século XIX, com o manga-larga marchador.
São João del-Rei é fruto da descoberta do ouro. O caldeirão populacional que instalou-se nessa região atribuiu um papel significativo aos animais, desde os domésticos, cuja criação serve para proporcionar alegria aos donos; até outros tanto para sustentar a dieta alimentar quanto para servirem como forma de expansão territorial, mobilização e intercâmbio mercantil.
No final de 1700, a história revela que São João del-Rei transformou-se num importante entreposto comercial, de víveres e outros produtos. Eis que vários animais, como galinhas, patos e carneiros, eram objetos de mercancia e enviados para diversas localidades, principalmente para o porto do Rio de Janeiro. E os produtos manufaturados e gêneros agrícolas vindos de Portugal eram transportados no lombo de animais e direcionados para abastecimento da população das Minas Gerais.
O tropeirismo consolidou-se numa atividade rentável, de venda de produtos, criação e comercialização de gado, no período colonial. No século XVIII, pela vantagem da força e facilidade em comer de tudo, a mula passou a ser o meio de transporte mais comum para os tropeiros que corriam as Minas Gerais. Com o declínio da mineração no interior, a pecuária afirmou-se como uma atividade econômica alternativa para o esgotamento dos veios auríferos.
A relação jurídica dos animais, na história de São João del-Rei, acompanha a própria evolução histórica do tema, no Brasil. Destaca-se que no ano de 1934 não havia no ordenamento civil brasileiro norma protetiva ou garantidora de direitos em relação aos animais, uma vez que considerados objetos sobre os quais incidia o direito de propriedade. Em 1934, o Decreto n.º 24.645, definiu medidas de proteção dos animais e ao dispor sobre maus-tratos, relevou-se como um grande avanço, na legislação brasileira.
A Lei de Contravenções Penais, datada de 1941, tipificou a conduta cruel contra os animais, reforçando o ideal protetivo desses seres vivos, sendo que aquelas abjuradas condutas passariam a ser tratadas como crimes a partir do Código de Caça e da Lei de Proteção à Fauna.
A Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, representou considerável avanço no que diz respeito à proteção do meio ambiente, estendendo a todos, inclusive ao Poder Público, o dever de preservar e proteger a fauna e a flora, vedando-se quaisquer práticas abusivas que provoquem a extinção de espécies, bem como a submissão dos animais a tratamentos cruéis.
A Lei dos Crimes Ambientais revela-se como um divisor de águas, em se tratando de direitos dos animais.
Também merecem destaque as Leis da Ação Civil Pública, da Ação Popular e do Mandado de Segurança Coletivo, todas elas instrumentos de proteção animal.
Atualmente encontra-se em discussão a nova reforma do Código Penal Brasileiro, que, decerto, repercutirá na proteção dos direitos dos animais.
É sabido que condutas como as de abandonar, espancar, golpear, mutilar e envenenar; manter preso permanentemente em correntes, manter em locais pequenos e anti-higiênicos, não abrigar do sol e do frio; deixar sem ventilação ou luz solar; não dar água e comida diariamente; deixar de dar assistência veterinária ao animal doente ou ferido; obrigar a trabalho excessivo ou superior a sua força, dentre outras condutas abjetas, são consideradas crimes de maus-tratos e puníveis com pena de detenção, de três meses a um ano e multa.
Sobre a relação da sociedade com os animais, na história do Brasil, o antropólogo Câmara Cascudo escreveu sobre a crença de que matar um gato dava sete anos de azar e acabar com a vida de um cão tornava o assassino devedor de São Lázaro. Havia também a crença de que bois, ovelhas, perus e patos tinham boa memória, que lhes davam condições de contar seus segredos a outros bichos da mesma espécie.
Em São João del-Rei observa-se, nos últimos tempos, uma proliferação de animais de rua, que é questão preocupante e deve ser pensada de forma especial, segundo os ditames da lei. A defesa dos direitos dos animais, protagonizada em nível internacional, tem ganhado cada vez mais força no Brasil, de modo que exterminar e maltratar animais, além de crime, passe a ser visto como uma atitude socialmente repugnante.
A Sociedade Protetora dos Animais tem desenvolvido um incansável trabalho para dar mais dignidade aos animais de São João del-Rei que necessitam de amparo, mas a entidade não consegue ser vitoriosa num empenho que demanda o apoio valioso do Poder Público e da sociedade, como um todo.
Em oportuno, é preciso reiterar que exterminar animais de rua é uma atitude absolutamente criminosa e que a castração é o meio mais eficaz de tentar equacionar a superpopulação de animais, para evitar a ocorrência de outros transtornos sócio-ambientais.
Que nos próximos 300 anos de história, nossa querida São João del-Rei, possa vivenciar, com plenitude, o amor pelos animais!

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São João del-Rei, cidade das artes
Carlos Magno de Araújo/historiador e restaurador
Por Gazeta de São João del-Rei em 08/11/2013


Imóveis da Av. Hermilio Alves antigamente - Foto: Divulgação

Imóveis da Av. Hermilio Alves antigamente – Foto: Divulgação

Imóveis da Av. Hermilio Alves atualmente - Foto: Divulgação

Imóveis da Av. Hermilio Alves atualmente – Foto: Divulgação

São João del-Rei, ao completar 300 anos da sua fundação no próximo mês de dezembro, reafirma em 2013 sua vocação para Cultura e Arte. Desde os primórdios da ocupação deste sítio, no alvorecer do século XVIII, transitaram e se fixaram aqui escultores, entalhadores, pintores, mestres canteiros, ourives, músicos… Enfim, homens responsáveis pelas construções civis, religiosas e pela vida cultural da nova e opulenta vila que se formava às margens do Córrego do Lenheiro.
Patrocinados nos primeiros anos pelo abundante ouro, de aluvião ou do interior das betas, e orientados pela fé cristã, esses artistas e artífices imprimiram no núcleo urbano e nos arredores da Vila de São João del-Rei muitas das mais belas expressões artísticas do período colonial brasileiro. Hoje, três séculos após sua fundação, novos artistas filhos dessa terra, buscando inspiração no legado de seus antepassados, continuam criando e produzindo arte de forma magistral, transformando nossa cidade em um dos principais pólos artísticos do país, principalmente da arte religiosa.
Durante os séculos XVIII e XIX, trabalhavam nas edificações e decorações internas das muitas igrejas e capelas que surgiam, invocando os santos das mais variadas devoções, mestres construtores como Francisco de Lima Cerqueira e escultores como Aleijadinho, Mestre do Cajurú, Valentim Correa Paes, Manoel João Pereira e Francisco de Assis Pereira, artistas que deixaram suas obras na suntuosa Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar e nas igrejas do Rosário, Carmo e São Francisco de Assis, além de muitas outras da cidade e dos arredores.
Os pintores Joaquim José da Natividade, Manoel Vitor de Jesus e Venâncio do Espírito Santo são alguns dos talentos que decoraram – com cenas religiosas, marmorizados, guirlandas de flores e folheamento a ouro – os forros, as paredes, os altares e santos dos templos e de residências de famílias opulentas do passado, maravilhando os olhares de tempos atrás e emocionando os que hoje os contemplam.
Ourives transformaram o ouro e a prata em verdadeiras rendas, cinzelando e repuxando os metais em volutas, flores e rocalhas para adornarem as cabeças das imagens e os objetos do culto religioso. Francisco de Assis Pereira foi um dos principais mestres dessa arte que no século XIX criou e confeccionou toda prataria da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte.
Também não podemos nos esquecer de citar os compositores e músicos que, com sua arte, mistificavam as solenidades religiosas e alegravam as festas de autrora; Padre José Maria Xavier e Martiniano Ribeiro Bastos são representantes musicais que aguçaram a sensibilidade auditiva dos são-joanenses de todas as gerações, e contribuíram enormemente para a historia da música regional e brasileira.
Nos dias atuais, os escultores Osni Paiva, Miguel Ávila, Carlos Calsavara, Fernando Pedersini e Ronaldo Nascimento são alguns dos mantenedores da produção local de imagens religiosas, reconhecidos e requisitados nacionalmente. Na arte da escultura em pedra, José Maria Mendonça é referência e motivo de orgulho para nossa terra. Milton Trindade da Silva e os Irmãos Silva (Oficina Nossa Senhora do Pilar) são expoentes da talha em madeira, recriando altares, tarjas e mobiliário religioso para capelas e igrejas recém-construídas. Na arte da policromia, Cristiano Felipe Ribeiro, Ronaldo Nascimento e Carlos Calsavara valorizam com exuberância a padronagem das vestes das novas imagens que hoje são entalhadas. Nos metais, João Bosco de Almeidas Chaves é certamente um dos maiores profissionais do Brasil.
Músicos e maestros do presente continuam a perpetuar a tradição musical da velha cidade. José Maria Neves, Stela Neves Valle, o jovem Maestro Marcelo Ramos e o profundo conhecedor musical Aluísio Viegas são alguns dos nomes que ficarão para a história da música colonial brasileira, pois trouxeram até os nossos dias os sons do passado e eternizarão a produção local.
Enfim, só nos resta parabenizar e agradecer São João del-Rei por seus 300 anos de contribuição para a Cultura e Arte nacional através de seus filhos, homens que continuam projetando no cenário nacional e internacional os ensinamentos adquiridos pelos seus antepassados e mantendo viva e renovada a imagem da alma humana através das suas manifestações artísticas.

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Envelhecer é viver
Maria José Cassiano de Oliveira/pedagoga e  gerontóloga
Por Gazeta de São João del-Rei em 16/11/2013


Imóveis da Rua Getúlio Vargas antigamente - Foto: Divulgação

Imóveis da Rua Getúlio Vargas antigamente – Foto: Divulgação

Imóveis da Rua Getúlio Vargas atualmente - Foto: Gazeta

Imóveis da Rua Getúlio Vargas atualmente – Foto: Gazeta

O envelhecimento humano é assunto de destaque nos dias atuais. O aumento rápido da população nos países em desenvolvimento, especialmente no Brasil, tem sido um desafio e ao mesmo tempo causado uma verdadeira revolução: a revolução da longevidade.
O foco da questão mudou a partir disso. O declínio dos seres humanos não é mais o único problema a ser enfrentado. O que consideramos hoje é o capital vital, a energia, a capacidade funcional e o envelhecimento ativo.
E o que é envelhecimento ativo?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), envelhecimento ativo é o processo de otimizar oportunidades de saúde, segurança, participação e educação continuada de modo a aumentar a qualidade de vida à medida em que envelhecemos.
E como isso ocorre?
Entendemos, a partir dos estudos da Gerontologia, que as mudanças de atitudes podem ocorrer pela via da educação e que os próprios idosos precisam se preparar para viver positivamente essa etapa da vida. Em outros tempos, a educação esteve ligada às crianças e aos mais jovens. Atualmente, com a revolução da longevidade, ficou constatado que o processo de envelhecimento exige preparação. Portanto, também demanda aprendizado e educação. O direito a ela, assim como outros, está previsto no Estatuto do Idoso – Lei Nº10.741, de 1º de outubro de 2003.
E essa lei é conhecida por todos? Ela garante de fato às pessoas de 60 anos ou mais os elementos essenciais à preservação de uma vida ativa e saudável?
Em São João del-Rei já contabilizamos 15% da população nessa faixa etária. Onde estão essas pessoas?
Em suas casas, nos clubes, nos centros de convivência, no Programa Universidade para a Terceira Idade, nos programas para idosos em alguns bairros, no Albergue e nos hospitais.
Esses indivíduos estão vivendo bem? São João del-Rei, aos 300 anos é uma cidade amiga dos idosos? Está preparada para implementar a cultura da longevidade?
Na celebração dos seus três séculos, podemos dizer que a nossa cidade se preparou especialmente para proteger os idosos frágeis?
Ao tratarmos da mobilidade, por exemplo, chamamos a atenção para o transporte público. Os meios de transporte devem ser adequados. Os motoristas e cobradores devem ter atitudes que possam melhorar a viagem ou a qualidade do transporte das pessoas idosas.
O direito de ir e vir precisa ser garantido e os membros da Terceira Idade devem fazer parte da paisagem urbana e não ficarem confinados em suas residências. As calçadas devem ser espaços privilegiados dos pedestres, onde eles possam realizar boa parte dos seus deslocamentos com segurança.
O Brasil, o Estado e principalmente o nosso Município devem executar políticas que promovam a inclusão social dos idosos, com investimentos em infraestrutura para ampliar a acessibilidade.
Essas oportunidades vão depender da participação das pessoas e do Poder Público. A qualidade de vida dos idosos depende do investimento em saúde, segurança, lazer e educação.
Os legisladores e os profissionais, de modo geral, precisam ser treinados e qualificados para acompanharem a revolução da longevidade. Todos os profissionais precisam dessa preparação, para humanizarem as suas atuações. Destacamos os atuantes em saúde, da área clínica, advogados, jornalistas, urbanistas, comerciantes e comerciários, professores, cuidadores, atendentes.
Precisamos celebrar com alegria a longevidade, o envelhecimento. ENVELHECER É VIVER. Precisamos promover a independência, a dignidade, a auto-realização e a participação do idoso na sociedade.
A sociedade deve ser para todos. Não podemos parar a vida como se ela terminasse aos 60 anos. Fizemos história. Vamos viver com dignidade as nossas conquistas.
Parabéns, São João del-Rei, pelos seus 300 anos!

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São João del-Rei: saneamento ontem, hoje e amanhã

Antônio Pedro da Silva Melo/1º promotor de Justiça da Comarca de São João del-Rei e curador do Meio Ambiente

 

Largo Tamandaré antigamente - Foto: Divulgação

Largo Tamandaré antigamente – Foto: Divulgação

Largo Tamandaré atualmente - Foto: Divulgação

Largo Tamandaré atualmente – Foto: Divulgação

Há nos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei a versão original de uma carta redigida pelo Dr. Domingos Fleury da Rocha – ele nasceu em Ouro Preto, em 23 de novembro de 1887 e diplomou-se como Engenheiro de Minas e Civil pela Escola de Minas, em 1909 – e enviada ao Major Antônio Gonçalves Coelho, então Presidente da Câmara Municipal de São João del-Rei, cargo que equivaleria hoje ao de Prefeito Municipal.
Trata-se de um documento com os fundamentos gerais de uma tarefa atribuída ao Dr. Fleury pelo Senhor Secretário da agricultura deste Estado, que se resumia em encomendar o Projeto do novo abastecimento de Água Potável e da construção de uma rede de esgotos para nossa del-Rei.
Os registros contidos na mensagem são importantes relatos de época (1912), com descrições geográficas e registros de vazão e da boa qualidade da água do Ribeirão da Água Limpa. Isso há mais de 100 anos. Na verdade, trata-se de resultados de estudos técnicos iniciáticos a respeito do saneamento básico em nossa cidade, quando por aqui ainda viviam apenas 18 mil almas.
Na mesma carta, diz o engenheiro que a rede de esgoto seria hoje toda para satisfazer de modo completo as exigências de um bom serviço, adotando-se o sistema denominado “Esgoto em Separado”, que só receberia as águas servidas dos prédios, o que dispensaria o uso de canalizações de grosso calibre, barateando o custo da obra e que o esgoto seria, finalmente enviado ao Rio das Mortes, “in natura”.
Assim, segundo o historiador José Antônio de Ávila Sacramento, esse é o primeiro relato de um projeto de construção de um Sistema de Água e Esgoto que se tem notícias na cidade de São João del-Rei.
A partir do final dos anos 50 e durante as décadas de 70 e 80, com um processo brutal de urbanização desordenada da cidade, a situação foi se tornando insuportável até atingir os dias críticos da atualidade. Afinal, a canalização do Lenheiro resolveu apenas o lado estético da questão.
Através da Lei nº 949 de 15 de setembro de 1967, o então Prefeito Municipal, Dr. Milton Viegas, homem sério e político de uma honestidade não encontrada facilmente no meio dos homens públicos de hoje, criou a Autarquia Municipal que recebeu o nome de Departamento Municipal de Águas e Esgoto (Damae), com o objetivo de tentar, se não resolver, pelo menos melhorar os graves problemas de água e esgoto de São João del-Rei, pois até então todo sistema era tocado diretamente pelo município.
Com o sobrinho do saudoso médico, Rômulo Antônio Viegas, hoje deputado estadual e naquela quadra prefeito da cidade, tivemos o único administrador municipal que olhou, respeitou e investiu no Damae, construindo estações de tratamento d’água, redes de distribuição novas e de esgoto.
Tão logo Rômulo terminou seu mandato, implantou-se na autarquia um sucateamento da entidade com isenções de tarifas, acúmulo de dívidas, inclusive uma dívida multimilionária com a Cemig.
Diante de quadro tão triste, chegamos ao presente com nossos rios invadidos pelo “esgoto in natura” lançado pela municipalidade, com esgoto correndo a céu aberto por muitos logradouros, com falta d’água sistemática em tantos e tantos casos. Ou seja: a atual administração do Damae o recebeu endividado, ineficiente e já teria fechado suas portas não fosse a abnegação de seus fiéis funcionários de carreira.
Para terminar nossa modesta explanação, diríamos que o Damae, sem significativa e robusta ajuda externa, não se sustenta e jamais se sustentará diante de sua gigantesca dívida, de seus equipamentos quase que centenários e de seus vícios anacrônicos.
Mas nem tudo é desolação. Sou um incorrigível otimista. Se creio até que “em política” boi é capaz de voar, creio que o departamento logrará dar a volta por cima e que o recurso da PAC de mais de R$40 milhões prometidos pela gerente da Nação haverá de colocar nossa querida autarquia nos eixos com a hidrometração de toda cidade, a troca de toda tubulação de água centenária, a construção da usina de tratamento de esgoto e tudo que nosso povo tem direito e merece em saneamento básico.
Por derradeiro dos derradeiros: perdoem-me a franqueza, mas acompanhando a história dessa autarquia desde 1989, só posso me expressar dessa maneira. Deus seja louvado!

 

 

Mais informações:

Série São João del-Rei: 300 anos de história/imagens
Gazeta de São João del Rei site
São João del-Rei antiga
São João del-Rei preservada

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