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São João del-Rei: uma breve abordagem histórica . Auro Aparecido Maia de Andrade

Descrição

juiz de direito da 2ª vara cível da Comarca de São João del-Rei
Por Gazeta de São João del-Rei em 17/08/2013
 
Avenida Leite de Castro antigamente - Foto: Divulgação
Avenida Leite de Castro antigamente - Foto: Divulgação
 
Avenida Leite de Castro na atualidade - Foto Gazeta
Avenida Leite de Castro na atualidade - Foto Gazeta

Quando falamos da cidade de São João del-Rei, estamos nos referindo à própria história de Minas Gerais e também do Brasil. Raras são as localidades que podem ser comparadas a São João  del-Rei. Sua memória nos conta um passado de incomparável história, de elevada cultura, de nobres tradições e de expressiva religiosidade.
No aspecto puramente histórico, brevemente considerando, denota-se que durante esses três séculos de existência, São João del-Rei, fundada que fora como Arraial Novo do Rio das Mortes (e transformada em Vila no ano de 1713, passando pela elevação à condição de cidade em 1838), sempre fez parte do cenário da história do Brasil. Sua história se confunde com a história de nosso Estado e de nosso País.
Nas terras são-joanenses aconteceram episódios importantes da Guerra dos Emboabas, realçando-se o chamado “capão da traição” que acrescentou lendas à verdade histórica e que até hoje não se sabe ao certo onde foi.
Proximamente a São João del-Rei, na Fazenda do Pombal, nasceu o maior herói deste país, Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes, e que foi um dos principais líderes da Inconfidência (ou Conjuração) Mineira.
Através da leitura dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, colhe-se, em várias ocasiões, referências expressas à cidade de São João del-Rei e sobre sua importância no contexto do referido movimento. Aqui moravam os Inconfidentes Inácio José de Alvarenga Peixoto e sua esposa Bárbara Eliodora, e o Sargento-Mor Luis Vaz de Toledo Piza (irmão do também Inconfidente Pe. Toledo).
Na vasta dimensão territorial da Comarca do Rio das Mortes (criada no ano de 1714), cuja cabeça-de-Comarca era São João del-Rei, moravam 15 dos 29 Inconfidentes implicados finalmente nos Autos da Devassa.

Nos projetos da Inconfidência Mineira, São João del-Rei seria a capital do Brasil.  E esse fato não seria ao acaso. São João del-Rei já era, naquela segunda parte do Século XVIII, importante centro comercial e agrícola do então Brasil-Colônia, não obstante ainda apresentasse atividades na extração de ouro, muito embora esta última já estivesse, desde algum tempo, em progressivo declínio como ocorreu com as demais regiões auríferas das Minas Gerais.
Ressalte-se que enquanto outras regiões de Minas não se preocuparam em se consolidar noutras atividades senão auríferas, o mesmo não aconteceu com São João del-Rei que, beneficiando-se da fertilidade de suas terras, de sua localização estratégia em relação à sede da capital do Vice-Reino, Rio de Janeiro, com Vila Rica, capital da capitania Mineira, e ainda posição favorável no caminho para São Paulo e até para a região dos chamados sertões, consolidou-se nessa primazia tornando-se importante entreposto comercial.
Foi de Tiradentes, segundo os referidos Autos da Devassa, a propositura de que São João del-Rei seria a capital daquele tão sonhado e merecido Brasil independente da metrópole lusitana.
Merece destacar também que no ano de 1755, quando um forte terremoto assolou Lisboa, capital do império português, o então Primeiro-Ministro do rei D. José I, o Marques de Pombal, que era um sábio administrador, cogitou de transferir a capital daquele reino para São João del-Rei, isto considerando obviamente a expressão desta localidade na mais importante colônia portuguesa de antanho que era o Brasil.
E já por ocasião da Independência do Brasil (1822), a história também nos conta que a cidade de São João del-Rei, dada sua importância econômica na ocasião, ainda teve papel expressivo naquele episódio. O próprio regente D. Pedro, mais tarde reconhecido como Pedro I, qual seja, primeiro Imperador do Brasil, esteve pessoalmente em São João del-Rei, objetivando o necessário apoio para a consolidação política da mencionada independência de Portugal.
A partir daí, acresce-se ainda que D. Pedro II, segundo imperador do Brasil, esteve em São João del-Rei em duas oportunidades, o que demonstra, uma vez mais, o prestígio político desta cidade naqueles tempos.
Com a Proclamação da República (no ano de 1889), São João del-Rei quase se tornou a capital de Minas, tendo concorrido nesse propósito com Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna e Curral del-Rei. Foi São João del-Rei forte candidata na medida em que o então relator , o engenheiro Aarão Reis, chegou a indicá-la como sendo a melhor opção e apontou a Várzea do Marçal que, segundo o naturalista francês Auguste Saint-Hilaire, era a “vista mais risonha”. Saliente-se que São João del-Rei perdeu essa oportunidade pela diferença de apenas dois votos dos parlamentares mineiros, resultando como vencedora as terras do Curral del-Rei, hoje Belo Horizonte.
Mas a própria história tem seus resgates ou revezes. Importa lembrar que no ano de 1834, durante uma rebelião havida na capital da Província Mineira, Vila Rica, que passou a ser conhecida pelo nome curioso de “Revolta da Fumaça”, São João del-Rei chegou a ser por alguns dias a capital de Minas. O “Chafariz da Legalidade”, hoje existente próximo à Igreja de São Gonçalo Garcia, lembra esse acontecimento.
E trazendo para a realidade mais contemporânea, tem-se que nesta cidade nasceu Tancredo Neves, líder e principal artífice da Nova República.
Tantos outros aspectos históricos poderiam ser ainda apresentados, mas estenderia em demasia o texto ora proposto.
Entretanto, por justiça se deve salientar que tantas outras pessoas - conhecidas publicamente ou anônimas - do passado e do presente, fizeram e ou ainda fazem que a cidade de São João del-Rei permaneça no merecido podium da história de Minas e do Brasil.
Parabéns, cidade de São João del-Rei por seus 300 anos de valorosa história! Parabéns também ao seu povo - de todos os tempos - por fazer essa história!

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