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Padre Jaime
Por Gazeta de São João del-Rei . Cláudia Simões em 03/08/2013

Despedida

Que Pe. Jayme Teixeira Filho, o carismático vigário paroquial de Dom Bosco, era querido por todos, já se sabia. Mas na última quarta-feira, 30, a multidão que se reuniu no Santuário para se despedir do religioso, falecido na tarde do dia 29 de agosto, deu a dimensão da grande estima e do carinho dos paroquianos pelo salesiano: um homem do bem, que ao longo do caminho soube conquistar pela generosidade, pela humildade e pela alegria que nele transbordavam. Um homem de valores raros, que viveu intensamente o sacerdócio missionário, de braços abertos para quem dele precisasse. Na trajetória dedicada à educação, as qualidades do líder que inspira e que compartilha, formando em torno de si um ambiente de entusiasmo, liberdade, respeito e amizade. Na coerência de seu discurso e suas ações, a exemplo do Papa Francisco, uma vida em plenitude.

Trajetória
Filho de Jayme de Castro Teixeira e Hermínia Diláscio Teixeira, Pe. Jayme era o sétimo entre 11 irmãos. Nasceu em 12 de fevereiro de 1935 e já em 1950 seguiu para o noviciado em Pindamonhangaba (SP). Em 1960, recebeu a ordenação presbiteral no Santuário Sagrado Coração de Jesus, tendo comemorado seu jubileu áureo sacerdotal em 2010, com grande festa, como era de seu estilo. Como salesiano na Inspetoria São João Bosco, dedicou a vida à educação, dirigindo colégios nas cidades de Vitória (ES), Brasília (DF), Niterói (RJ), Barbacena e São João del-Rei (MG). Na terra natal, como pároco de Dom Bosco ou diretor da APAE, a sua dedicação fazia a diferença. Em 2009 foi homenageado com o Troféu TV Campos de Minas, reconhecimento ao trabalho de uma vida inteira.
Em plena atividade aos 78 anos, celebrava missa na cidade capixaba de Serra (ES) quando uma queda brusca que teve durante a homilia de uma das missas que celebrava no município capixaba. O acidente levou ao quadro de AVC. Internado na UTI do Hospital Jaime Santos Neves desde o dia 25 de agosto, faleceu na última segunda-feira, 29, em Vitória (ES).

Homenagens
Durante todo o  dia, familiares, religiosos e paroquianos passaram pelo Santuário de Dom Bosco para expressar carinho, amizade e gratidão.Com a igreja totalmente tomada pelos fiéis, a emocionante missa de corpo presente, concelebrada por cerca de 30 padres da Diocese e pelo bispo emérito, dom Waldemar Araújo, foi conduzida pelo bispo diocesano dom Célio Goulart. Entre tantos que gostariam de homenagear Pe. Jayme, falaram Pe. João Luiz Galvão, da Inspetoria de Dom Bosco; e o irmão Luiz Carlos, que destacou a vida de comunhão e partilha de Pe. Jayme e o quanto ele se tornou imprescindível. “Ele conquistava a todos, estendia a mão, estava sempre por perto. Tenho orgulho de tê-lo como irmão e certeza de estar interpretando o sentimento de todos”, completou. Também falaram Pe. José Maria, de Conselheiro Lafaiete (MG); o salesiano Pe. Marreco, pároco de Dom Bosco; e a grande amiga Zulei Bassi, que destacou o orquidófilo e criador de passarinhos, o flamenguista e amigo de todas as horas. No ofertório, jovens também lembraram o amigo da natureza, ofertando vasos de orquídeas.

Depoimentos
Para o amigo e salesiano Pe. Fernando Anuth, a atitude de Pe. Jayme se alinha com o testemunho de vida do Papa Francisco. “Com simplicidade ele cativava as pessoas e solucionava os problemas”, avaliou.

A ministra da Eucaristia Ana Lúcia de Resende lembrou do empenho e entusiasmo do padre em tudo que fazia, como na Missa dos Jovens e na Missa dos Idosos, realizada uma vez por mês. “Ele era especial, não fazia distinção. Seu desprendimento era visível”.

Os jovens Bernardo e Pedro Augusto, integrantes do Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC), reforçam o coro dos amigos de Pe. Jayme: “Todo mundo gostava dele, sempre tinha uma bala no bolso para se aproximar das crianças, dos jovens e dos idosos. Ensinava a rezar prestando atenção nas palavras e explicava o significado delas. Talvez seja preciso dois padres para ocupar o seu lugar”.

A psicóloga e coordenadora de Saúde da APAE, Alda Resende Stephani, disse: “Quando Pe. Jayme apontava no portão da associação era uma festa. Beijava e abraçava todo mundo numa atitude de entrega que era só dele. E conseguia trabalhar e ser sério quando precisava”, lembrou.

“A gente até esquecia que ele era padre, embora fosse chamado de Tio Padre. A vida inteira conviveu conosco e marcava presença nas festas e datas familiares importantes. Celebrou todos os casamentos da família, participava da vida dos sobrinhos e dos sobrinhos-netos, apoiando, aconselhando, sempre brincando com o humor refinado de grande contador de piadas. Foi um privilégio essa convivência”, frisou Jayme Bassi Teixeira, o primogênito entre os sobrinhos.

Funeral
Em meio aos aplausos dos fiéis que lotavam a Paróquia de São João Bosco, o corpo de Pe. Jayme foi levado pelos padres da Diocese até o carro aberto do Corpo de Bombeiros, em meio a dezenas de coroas de flores. Durante o cortejo até o Cemitério do Carmo, onde foi sepultado, o aplauso dos são-joanenses na despedida ao conterrâneo querido cuja missão foi cumprida com louvor.

Errata
Na edição 779, erramos e nos desculpamos. Na coluna Acontece nota “Despedida”, sobre o falecimento de Pe. Jayme Teixeira, o  texto correto é: Em plena atividade aos 78 anos, celebrava  missa na cidade capixaba de Serra (ES) quando sofreu um AVC, seguido de queda e traumatismo craniano, causa de sua morte. Internado na UTI do Hospital Jaime Santos Neves desde o dia 25 de julho, faleceu na segunda-feira, 29, em Vitória (ES).