a cidade com que sonhamos é a cidade que podemos construir

la ciudad que soñamos es la ciudad que podemos construir

the city we dream of is the one we can build ourselves

la cittá che sognamo é la cittá che possiamo costruire

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Escopo: São João del-Rei | Tiradentes | Ouro Preto | Minas Gerais | Brasil | Mundo

 

Telêmeco Victor Neves

Descrição



Mais informações:
Maria Stella Neves Vale
Orquestra Ribeiro Bastos
A Orquestra Ribeiro Bastos de São João del-Rei/MG: Prática e aprendizagem musical em uma tradição tricentenária . Fabíola Moreira Resende
Música em São João del-Rei
Memorial Cardeal Dom Lucas Moreira Neves
Centro de Referência Musicológica José Maria Neves - CEREM
1ª Semana Cultural Maestrina Stella Neves Valle . 17 a 22/06 . Memorial Dom Lucas Moreira Neves . Programação Completa

Expressão Cultural: Maestro Telêmaco Victor Neves

Telêmaco Victor Neves (12/04/1898) era filho de Antônio Bernadino das Neves e Eugênia Malaquias da Cunha. Apesar de ter ficado órfão de pai aos 13 anos, tornou-se um notabilíssimo autodidata.
Foi sapateiro da então famosa sapataria Dilascio de onde provinha o seu sustento e de sua mãe. Encontrava ainda tempo para adquirir conhecimentos cívicos e didáticos. Tinha conhecimentos de latim, inglês, francês e foi principalmente grande músico. Casou-se com Margarida Aloque Moreira Neves (1924) tendo nove filhos: Lucas Moreira Neves (Cardeal), Elza Rosa, Maria Stella (Maestrina), Cecília, Ruth, Judith, Margarida, Marlene e José Maria (maestro).
Devido seu alto valor no campo literário foi conduzido ao cargo de bibliotecário da Biblioteca Municipal Batista Caetano, cargo que exerceu até sua morte.
Pelo lado religioso não só como presidente da Conferência Vicentina, mas também como mesário em irmandades como: São Gonçalo Garcia, Passos, Boa Morte, Mercês, Almas, Rosário. Telêmaco esteve casado 26 anos, tendo falecido a 24 de junho de 1950, quinze dias antes da ordenação sacerdotal do filho Lucas em S. Maximin, na França.
Músico instrumentista, compositor, arranjador, copista, professor e regente. Pertenceu ao “grupo de músicos do cinema mudo” até hoje comentado. Eram instrumentistas de excelente qualidade que faziam música nas apresentações cinematográficas, acompanhavam os grupos de ópera, de teatro, balé, etx que frequentemente se apresentavam em São João del-Rei.
Precisavam ser ótimos instrumentistas, pos, as companhias não vinham com antecedência necessária para ensaios e exigiam deles improvisações, transporte de tons e outras técnicas quase sempre de “1ª vista”.
Telêmaco desde cedo demonstrou aptidão para a música. Seu pai foi músico na Orquestra Ribeiro Bastos.
Telêmaco tocava trombone. Seus colegas Milico Viegas e Carmélio de Assis diziam que o seu toque suave parecia o de um violoncelo. Foi muito dedicado à Orquestra Ribeiro Bastos, substituiu o maestro João Pequeno, não só na regência, mas também como arquivista e professor. Houve época em que grande parte do efetivo da Orquestra era de alunos seus. A escola era na sua própria casa. Na sua gestão foi construída a sede da Orquestra.
Ensinou música aos seus nove filhos. Alguns deles se destacaram: Dom Lucas era formado em regência de canto gregoriano; Stella é muito conhecida como regente da Orquestra Ribeiro Bastos; José Maria foi o primeiro doutor em música do Brasil. Fez seus estudos musicais na Universidade Sourbone na França, musicólogo de renome internacional é referência na pesquisa e divulgação da música sacra no Brasil. Cecília e Ruth pertenceram, por anos, ao quadro de instrumentistas da Orquestras Ribeiro Bastos, Marlene é organista em igreja no Rio de Janeiro.
Netos e bisnetos de Telêmaco também atuam na Orquestra. Como cantor; Leone e como violinista – Lidiane. Daniela estuda violino e pretende tocar na Orquestra.
Telêmaco foi também regente na Orquestra Sinfônica de São João del-Rei.
Stella e Elza Neves



Diário do Comércio

Diretor: Matheus Salomé de Oliveira
Ano XIII – São João del-Rey (Minas) Terça-feira, 27 de Junho de 1950 – Número 3.695

Maestro Telêmaco Neves
Foi há três dias surpreendida a cidade com a notícia de doença súbita acometida ao Maestro Telêmaco Victor Neves, vindo ele no dia seguinte, sábado, a falecer em sua residência. Depois de esgotados todos os recursos médicos solicitados por toda sua carinhosa família.
Esse passamento representa um rude golpe desferido contra a arte musical sãojoanense, de que era o extinto elemento de indiscutível projeção. Homem reto, bondoso e exuberantemente trabalhador, deixou o Maestro Telêmaco com sua morte precoce uma lacuna dificilmente renovada, porque, dada também a sua notável disposição para diversas modalidades de atividades, servia ao progresso municipal com grande perseverança. Inicialmente sua vida deve ser focalizada como o verdadeiro maestro, regente de orquestra, onde tinha sob sua autorizada batuta a tradicional “Orquestra Ribeiro Bastos”, como autêntico sucessor de João Pequeno, de cuja memória era incansável e respeitoso cultor. Durante os festejos da Semana Santa sua figura humilde e macia se impunha na cidade, apesar de procurar sempre desviar as atenções de todos que o felicitavam para outros componentes da grande Orquestra. Sua paixão artística foi sempre a música e seu culto musical foi sempre essa centenária orquestra. Para ela não conhecia fadiga corporal nem acúmulo de trabalhos. Manteve permanente o seu brilhantismo e cada semana mais a aperfeiçoava e burilava.
Assim é que, para conservar sua homogeneidade e conjunto orquestral e vocal, lecionava música em curso regular, sendo os seus muitos alunos aproveitados na própria orquestra em funções secundárias, desenvolvendo-se sempre e rigorosamente controlados, chegando alguns dos mais exponenciais a integrar mesmo a própria Orquestra sinfônica de que tanto orgulha o povo sãojoanense. Mantinha esse curso o Maestro saudoso sem preocupações de ordem financeira, tendo, entretanto, a Prefeitura, num reconhecimento espontâneo de sua atualidade, destacado uma pequeníssima verba mensal, o que jamais passou pelo espírito artístico do saudoso Regente da Ribeiro Bastos.
Formou nessa escola dezenas de músicos, todos continuadores da grande obra dos maestros e músicos do passado, por cuja obra passa a merecer lugar de destaque na galeria dos grandes musicistas sãojoanenses. Homens e artistas como o Maestro Telêmaco Neves não deveriam desaparecer para que a humanidade pudesse sempre encontrar verdadeiros mestres e dedicados cultores da arte sublime, formando sempre novas gerações e executando com suas orquestras os grandes hinos de glória e de respeito aos grandes mestres e em louvor ao Senhor.
Também o Maestro Telêmaco Neves deixou outros exemplos de dignidade e de amor ao trabalho: Como funcionário público, nas funções de bibliotecário municipal cargo que vinha há muito exercendo com integral contento, soube ser perfeito e intransigente no cumprimento do seu dever. Sempre solícito em atender as partes, sempre atencioso e educado em desempenhar suas funções, recebia a todos e a todos mostrava as preciosidades da biblioteca pública com aquela sua delicadeza imutável e com aquela voz macia e reverenciosa.
Assíduo na inteira acepção da palavra, encontrou a Prefeitura Municipal de S. João del Rei nos serviços de Telêmaco Neves o mais vivo exemplo de perfeição e dedicação e na sua pessoa o mais exemplar servidor.
Também no seu honrado lar soube ser sempre modelar chefe de família, cercando a todos os seus do maior carinho e conforto possível. Ali hoje todos choram a perda irreparável do marido e pai amoroso, real motivo das maiores doridas lágrimas e da mais sentida saudade.
Formado o seu lar pelas normas puras de um catolicismo verdadeiro, dedicou filhos ao serviço do senhor, especial benção com que Deus premeia os lares puros e felizes. È justa, assim, toda saudade!
José Luiz Pinto Coelho Filho
Juiz de Direito do Município

Telêmaco Neves fazia tudo pela Orquestra
Orquestra Ribeiro Bastos é uma Orquestra Centenária. Com suas músicas lindas. Um coral maravilhoso, e as festas das Igrejas São Francisco e Senhora do Carmo, e alinda Semana Santa, que é um orgulho de São João del-Rei. E para nós componentes da Ribeiro Bastos orgulhosos. Agradecemos tudo isto, o nosso Regente Sr. Telêmaco Neves.
Senhor Telêmaco Neves fazia tudo pela Orquestra. Trabalhava muito por ela, com todo amor. Tivemos muitos regentes bons.
Sou componente da Ribeiro Bastos, pois o professor ensinava a gente com todo carinho. Era uma pessoa boníssima. A Orquestra não tinha sede ainda, nós estudávamos na casa dele, ou na Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Ele interessava muito pelos alunos, pois os ensaios terminavam um pouco tarde, mas com a bondade dele e nos levava todos em casa.
Orquestra Ribeiro Bastos é uma família para nós. Senhor Telêmaco aonde o senhor estiver, olha a Orquestra, por que ela é nosso “Orgulho”.
Eu disse de coração porque sou antiga componente da Orquestra Ribeiro Bastos e aluna de Telêmaco Neves.
Nilza Georgina Andrade

Fonte: Jornal Pérolas . Março 2010
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