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Yoani Sánchez . Blog Geração Y . Havana, Cuba
Descrição
" Ali encontrei muitas pessoas que durante anos têm apoiado meu empenho de viajar para fora das fronteiras nacionais. Houve flores, presentes e até um grupo de gente me insultando que muito gostei – confesso – porque me permitiu dizer que eu sonhava com que “algum dia em meu país as pessoas pudessem expressar publicamente dessa forma contra algo, sem represálias”. Um verdadeiro presente de pluralidade para mim que chego de uma Ilha que tentaram pintar com a monocromática cor da unanimidade."
Visita de Yoani Sánchez ao Brasil . fevereiro de 2013 . Blog Geração Y
***
Blogueira cubana Yoani Sánchez pede ajuda a Dilma Rousseff para poder viajar ao Brasil
A jornalista, blogueira e ativista cubana Yoani Sánchez, uma das vozes críticas ao governo de Cuba mais atuante nos últimos anos, gravou um vídeo de apelo à presidente brasileira Dilma Rousseff.
Na gravação, obtida com exclusividade pelo R7, Yoani pede à Dilma que a ajude a visitar o Brasil, algo que a cubana vem tentando, sem sucesso, desde meados de 2010. Veja o video à sua direita, nesta página.
Blogueira cubana pede ajuda a Dilma para vir ao Brasil
Yoani Sánchez ficou internacionalmente conhecida por seu trabalho como colunista e editora do blog Generación Y, onde posta análises, denúncias e crônicas sobre o governo iniciado por Fidel Castro em 1959. A ilha hoje é governada pelo irmão de Fidel, Raúl.
Em entrevista por telefone ao R7, Yoani diz que fez o vídeo como último recurso para tentar viajar ao Brasil. Esta é sua quinta tentativa.
Ela foi convidada pelo documentarista e ativista baiano Dado Galvão para participar, no dia 10 de fevereiro, do lançamento do filme Conexão Cuba Honduras, do qual Yoani é uma das protagonistas.
- [Fiz o vídeo para Dilma porque,] como cidadã, esgotei todos os caminhos dentro do meu país para pedir que me deixem viajar.
O vídeo de apelo a Dilma foi gravado na costa oeste de Cuba, local onde, segundo Yoani, “foi palco de saídas massivas de balseiros” em 1994, que fugiam do país.
- Selecionei este lugar, de maneira simbólica, para dizer: “Não quero que me empurrem até uma balsa”.
Leia abaixo a entrevista com a ativista cubana:
R7 - Quantas vezes você já tentou vir ao Brasil?
Yoani Sánchez - Ao menos em quatro oportunidades tentei ir ao Brasil. Mas desde 2008, eu entrei com pedido junto às autoridades do meu país para viajar ao exterior em 18 ocasiões. Por 18 vezes, Yoani Sánchez cumpriu todos os trâmites, recebeu a carta-convite, fui ao escritório da Dirección de Inmigración y Extranjería de Cuba, lugar onde te dão a permissão de saída. E em todas essas ocasiões recebi uma resposta negativa. Desses 18 pedidos, quatro eram para Brasil, em viagens combinadas com outros países, porque tenho muitos convites para viajar.
E em que estágio está o atual pedido de viagem para o Brasil?
Ainda estou esperando a carta-convite de Dado Galvão (documentarista brasileiro, que gravou um filme com Yoani), para o lançamento do documentário em fevereiro próximo. Estou justamente no meio desses trâmites. Mas é preciso ter em mente que, para uma pessoa crítica e inconformada como eu, a burocracia é sempre mais lenta, mais lenta do que já é.
O que você precisa fazer para viajar ao Brasil ou a qualquer outro país?
Vou te contar isso, mas é um pouco difícil de explicar, porque é um absurdo migratório. Um cubano não pode viajar para um país simplesmente porque ele deseja viajar. Ele precisa que uma pessoa deste país [para onde quer viajar] vá a um consulado cubano e deixe que um convite. Então eu não posso viajar para a Austrália e ver os cangurus, por exemplo, se não tenho um amigo lá que me faça um convite. (...) Com essa carta-convite em mãos, eu vou até a Dirección de Inmigración y Extranjería de Cuba para solicitar a permissão, onde há listas negras. Este é o ponto em que estou agora, esperando a carta pelo caminho oficial cubano [que vem da Embaixada de Cuba em Brasília].
Aí você vai entrar com o pedido número 19?
Quando chegar essa carta, será o pedido 19. Este é um triste recorde que eu não gostaria de ter. Por isso eu acredito que, se não houver uma intervenção de um nível mais alto, como a intervenção da presidenta do Brasil, provavelmente será a 19ª negativa.
Você já escreveu em 2010 uma carta para o ex-presidente Lula pedindo que interviesse por você, e agora você fez esse vídeo para Dilma. Quais são suas expectativas com relação ao apelo para Dilma Rousseff?
Minhas esperanças nascem do fato de que eu, como cidadã, esgotei todos os caminhos dentro do meu país para pedir que me deixem viajar. No meu blog (Generación Y), o absurdo migratório é um dos temas mais recorrentes. Lá eu já escrevi a diversas autoridades cubanas pedindo explicações sobre por que não me deixam viajar, mas não tive resposta. De maneira que, agora, apelo a Dilma Rousseff, a presidente do Brasil, que tem um diálogo mais direto com as autoridades de Havana do que os cidadãos. Em Cuba, nós, os cidadãos pequenos, temos muitas dificuldades para pedir, interpelar qualquer coisa ao governo. É muito difícil indagar de baixo para cima pois tudo está muito politizado. Além disso, apelo a Dilma porque sei que ela é respeitada pelas autoridades da ilha, e também porque sei que ela sofreu em carne própria e em vida própria a desproporção de um poder obsessivo e ideologicamente determinado. Minha esperança é que ela possa se lembrar dos momentos extremos de sua vida e queira ser solidária com essa diminuta pessoa.
No vídeo você aparece de costas para o mar. Que lugar é esse?
Eu escolhi este lugar, na costa oeste de Havana, que é muito importante para os cubanos. Foi neste cenário onde, em 1994, ocorreram saídas massivas de balseiros desde Cuba [para fugir do país]. Mas eu não quero que me obriguem a tomar uma balsa. Eu não quero escapar do meu país. Eu quero viajar e regressar. Eu creio que uma das explicação sobre por que não me deixam viajar é porque sabem que eu vou retornar. (..) Então selecionei este lugar, de maneira simbólica, para dizer “Não quero que me empurrem até uma balsa”. Quero sair e voltar seguindo os processos legais.
Quando foi feita a gravação?
O vídeo foi filmado na quarta-feira da semana passada, no dia 28 de dezembro. Nesse mesmo dia tentei enviar ao Dado Galvão, mas tive uns problemas técnicos com internet. Mas, por fim, consegui. É como lançar uma garrafa ao mar.
Se você vier ao Brasil, além de ir a Jequié, tem algum lugar especial que deseja conhecer?
O Brasil me parece Cuba quando for livre. Pelo menos é essa a impressão. O Brasil nos dá uma projeção do nosso futuro. Eu gostaria de conhecer o Rio de Janeiro, São Paulo, e algumas cidades de outros Estados. Quero visitar os lugares que passam nas novelas que chegam pra gente. Eu gostaria de contrastar essa visão da telenovela com a realidade. E também me interessa o mundo jornalístico do Brasil. Quero conhecer jornalistas jovens, os que estão trabalhando com as novas tecnologias, com redes sociais, com os blogs. Creio que vou aprender muito com eles.
Eu te sigo no Twitter, e vejo que você tem tuitado mais do que publicado no seu blog. Por que vem usando mais o Twitter?
Para me conectar ao meu blog, eu preciso entrar na internet em um computador. Mas para o Twitter eu não preciso disso, porque ele tem um serviço de mensagens muito rústico que me dá a possibilidade de publicar por SMS de um celular. Mas é uma publicação às cegas (...) Por causa dessa diferença, o blog serve mais para crônicas. Já o Twitter me permite a denúncia imediata.
Mas você nunca vê seus tuítes? Só quando entra na internet?
Quando entro na internet, uma vez por semana, ou a cada dez dias, eu vejo o Twitter e respondo as mensagens diretas que recebo. Mas sempre vou emitindo meu tuítes, do meu celular, às cegas, porque nunca vejo. É como lançar pedras ao vazio. Mas eu sei que chegam, sei que leem, porque algumas pessoas me respondem no celular. É um feedback muito bonito.
Em alguns tuítes desta semana e da semana passada você dizia que estava com problemas para tuitar. Como você se sente quando isso acontece?
A palavra certa para descrever isso é asfixia. Eu me sinto asfixiada quando estou sem o Twitter. Porque esse não é só um cnal para fazer denúncias, mas também é um canal emotivo, onde coloco para fora meu pessimismo, meu otimismo, minhas alegrias e tristezas.
Cuba aprovou em 2011 algumas reformas, como a permissão para comprar e vender carros ou a possibilidade de alguns prestadores de serviços poderem trabalhar por conta própria. Qual sua opinião sobre isso? Como está o ânimo das pessoas diante das mudanças?
Eu penso que são medidas muito positivas. Esses passos de flexibilização foram bem recebidos pela população e dão alguma esperança. No entanto, apesar de essas reformas estarem na direção correta, falta a elas uma profundidade que nos alarma. Por exemplo, os cubanos já podemos comer em um restaurante privado, mas não podemos nos afiliar a um grupo ou partido político. Já podemos comprar um carro de segunda mão, mas uma posição ideológica distinta nos traz problemas. Esta grande contradição, entre um respiro, de um lado, e essa asfixia psicológica e política, de outro, é o que tratamos de criticar.
Além disso, vale destacar que Raúl Castro não teria tomado nenhuma dessas medidas se não estivesse ciente de uma pressão interna e externa que poderia fazê-lo perder o cargo. Assim, as mudanças não ocorreram tanto por vontade política, mas sim por uma questão de urgência da situação.
Como estão suas esperanças com relação ao futuro de Cuba?
Eu sou otimista a longo prazo e pessimista a curto prazo. Pela frente virão anos muito difíceis, de muita contradição, de muita violência. Raúl Castro, por exemplo, aumento o número efetivo da polícia política. Nessa direção, em que aumenta a repressão, será difícil. No entanto, sou otimista a longo prazo, porque esse país tem uma fórmula nacional ideal. Esta é uma ilha maravilhosa, com gente educada, que quer prosperar. Isso tem que dar como resultado um país que meus filhos e meus netos queiram ficar.
Yoani, você tem algo que queira destacar?
Gostaria de enfatizar o meu pedido a Dilma. Estou fazendo isso com a humildade de um cidadão. Não tenho nenhuma intenção de ser protagonista de sua agenda diária, que sei que é muito aperta. De todas maneiras, estou me dirigindo a ela, com o pouco poder que pode ter uma pessoa como eu a uma pessoa que chegou ao topo da política.
Fonte: Cuba Libre Digital
Visita de Yoani Sánchez ao Brasil . fevereiro de 2013 . Blog Geração Y
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Blogueira cubana Yoani Sánchez pede ajuda a Dilma Rousseff para poder viajar ao Brasil
A jornalista, blogueira e ativista cubana Yoani Sánchez, uma das vozes críticas ao governo de Cuba mais atuante nos últimos anos, gravou um vídeo de apelo à presidente brasileira Dilma Rousseff.
Na gravação, obtida com exclusividade pelo R7, Yoani pede à Dilma que a ajude a visitar o Brasil, algo que a cubana vem tentando, sem sucesso, desde meados de 2010. Veja o video à sua direita, nesta página.
Blogueira cubana pede ajuda a Dilma para vir ao Brasil
Yoani Sánchez ficou internacionalmente conhecida por seu trabalho como colunista e editora do blog Generación Y, onde posta análises, denúncias e crônicas sobre o governo iniciado por Fidel Castro em 1959. A ilha hoje é governada pelo irmão de Fidel, Raúl.
Em entrevista por telefone ao R7, Yoani diz que fez o vídeo como último recurso para tentar viajar ao Brasil. Esta é sua quinta tentativa.
Ela foi convidada pelo documentarista e ativista baiano Dado Galvão para participar, no dia 10 de fevereiro, do lançamento do filme Conexão Cuba Honduras, do qual Yoani é uma das protagonistas.
- [Fiz o vídeo para Dilma porque,] como cidadã, esgotei todos os caminhos dentro do meu país para pedir que me deixem viajar.
O vídeo de apelo a Dilma foi gravado na costa oeste de Cuba, local onde, segundo Yoani, “foi palco de saídas massivas de balseiros” em 1994, que fugiam do país.
- Selecionei este lugar, de maneira simbólica, para dizer: “Não quero que me empurrem até uma balsa”.
Leia abaixo a entrevista com a ativista cubana:
R7 - Quantas vezes você já tentou vir ao Brasil?
Yoani Sánchez - Ao menos em quatro oportunidades tentei ir ao Brasil. Mas desde 2008, eu entrei com pedido junto às autoridades do meu país para viajar ao exterior em 18 ocasiões. Por 18 vezes, Yoani Sánchez cumpriu todos os trâmites, recebeu a carta-convite, fui ao escritório da Dirección de Inmigración y Extranjería de Cuba, lugar onde te dão a permissão de saída. E em todas essas ocasiões recebi uma resposta negativa. Desses 18 pedidos, quatro eram para Brasil, em viagens combinadas com outros países, porque tenho muitos convites para viajar.
E em que estágio está o atual pedido de viagem para o Brasil?
Ainda estou esperando a carta-convite de Dado Galvão (documentarista brasileiro, que gravou um filme com Yoani), para o lançamento do documentário em fevereiro próximo. Estou justamente no meio desses trâmites. Mas é preciso ter em mente que, para uma pessoa crítica e inconformada como eu, a burocracia é sempre mais lenta, mais lenta do que já é.
O que você precisa fazer para viajar ao Brasil ou a qualquer outro país?
Vou te contar isso, mas é um pouco difícil de explicar, porque é um absurdo migratório. Um cubano não pode viajar para um país simplesmente porque ele deseja viajar. Ele precisa que uma pessoa deste país [para onde quer viajar] vá a um consulado cubano e deixe que um convite. Então eu não posso viajar para a Austrália e ver os cangurus, por exemplo, se não tenho um amigo lá que me faça um convite. (...) Com essa carta-convite em mãos, eu vou até a Dirección de Inmigración y Extranjería de Cuba para solicitar a permissão, onde há listas negras. Este é o ponto em que estou agora, esperando a carta pelo caminho oficial cubano [que vem da Embaixada de Cuba em Brasília].
Aí você vai entrar com o pedido número 19?
Quando chegar essa carta, será o pedido 19. Este é um triste recorde que eu não gostaria de ter. Por isso eu acredito que, se não houver uma intervenção de um nível mais alto, como a intervenção da presidenta do Brasil, provavelmente será a 19ª negativa.
Você já escreveu em 2010 uma carta para o ex-presidente Lula pedindo que interviesse por você, e agora você fez esse vídeo para Dilma. Quais são suas expectativas com relação ao apelo para Dilma Rousseff?
Minhas esperanças nascem do fato de que eu, como cidadã, esgotei todos os caminhos dentro do meu país para pedir que me deixem viajar. No meu blog (Generación Y), o absurdo migratório é um dos temas mais recorrentes. Lá eu já escrevi a diversas autoridades cubanas pedindo explicações sobre por que não me deixam viajar, mas não tive resposta. De maneira que, agora, apelo a Dilma Rousseff, a presidente do Brasil, que tem um diálogo mais direto com as autoridades de Havana do que os cidadãos. Em Cuba, nós, os cidadãos pequenos, temos muitas dificuldades para pedir, interpelar qualquer coisa ao governo. É muito difícil indagar de baixo para cima pois tudo está muito politizado. Além disso, apelo a Dilma porque sei que ela é respeitada pelas autoridades da ilha, e também porque sei que ela sofreu em carne própria e em vida própria a desproporção de um poder obsessivo e ideologicamente determinado. Minha esperança é que ela possa se lembrar dos momentos extremos de sua vida e queira ser solidária com essa diminuta pessoa.
No vídeo você aparece de costas para o mar. Que lugar é esse?
Eu escolhi este lugar, na costa oeste de Havana, que é muito importante para os cubanos. Foi neste cenário onde, em 1994, ocorreram saídas massivas de balseiros desde Cuba [para fugir do país]. Mas eu não quero que me obriguem a tomar uma balsa. Eu não quero escapar do meu país. Eu quero viajar e regressar. Eu creio que uma das explicação sobre por que não me deixam viajar é porque sabem que eu vou retornar. (..) Então selecionei este lugar, de maneira simbólica, para dizer “Não quero que me empurrem até uma balsa”. Quero sair e voltar seguindo os processos legais.
Quando foi feita a gravação?
O vídeo foi filmado na quarta-feira da semana passada, no dia 28 de dezembro. Nesse mesmo dia tentei enviar ao Dado Galvão, mas tive uns problemas técnicos com internet. Mas, por fim, consegui. É como lançar uma garrafa ao mar.
Se você vier ao Brasil, além de ir a Jequié, tem algum lugar especial que deseja conhecer?
O Brasil me parece Cuba quando for livre. Pelo menos é essa a impressão. O Brasil nos dá uma projeção do nosso futuro. Eu gostaria de conhecer o Rio de Janeiro, São Paulo, e algumas cidades de outros Estados. Quero visitar os lugares que passam nas novelas que chegam pra gente. Eu gostaria de contrastar essa visão da telenovela com a realidade. E também me interessa o mundo jornalístico do Brasil. Quero conhecer jornalistas jovens, os que estão trabalhando com as novas tecnologias, com redes sociais, com os blogs. Creio que vou aprender muito com eles.
Eu te sigo no Twitter, e vejo que você tem tuitado mais do que publicado no seu blog. Por que vem usando mais o Twitter?
Para me conectar ao meu blog, eu preciso entrar na internet em um computador. Mas para o Twitter eu não preciso disso, porque ele tem um serviço de mensagens muito rústico que me dá a possibilidade de publicar por SMS de um celular. Mas é uma publicação às cegas (...) Por causa dessa diferença, o blog serve mais para crônicas. Já o Twitter me permite a denúncia imediata.
Mas você nunca vê seus tuítes? Só quando entra na internet?
Quando entro na internet, uma vez por semana, ou a cada dez dias, eu vejo o Twitter e respondo as mensagens diretas que recebo. Mas sempre vou emitindo meu tuítes, do meu celular, às cegas, porque nunca vejo. É como lançar pedras ao vazio. Mas eu sei que chegam, sei que leem, porque algumas pessoas me respondem no celular. É um feedback muito bonito.
Em alguns tuítes desta semana e da semana passada você dizia que estava com problemas para tuitar. Como você se sente quando isso acontece?
A palavra certa para descrever isso é asfixia. Eu me sinto asfixiada quando estou sem o Twitter. Porque esse não é só um cnal para fazer denúncias, mas também é um canal emotivo, onde coloco para fora meu pessimismo, meu otimismo, minhas alegrias e tristezas.
Cuba aprovou em 2011 algumas reformas, como a permissão para comprar e vender carros ou a possibilidade de alguns prestadores de serviços poderem trabalhar por conta própria. Qual sua opinião sobre isso? Como está o ânimo das pessoas diante das mudanças?
Eu penso que são medidas muito positivas. Esses passos de flexibilização foram bem recebidos pela população e dão alguma esperança. No entanto, apesar de essas reformas estarem na direção correta, falta a elas uma profundidade que nos alarma. Por exemplo, os cubanos já podemos comer em um restaurante privado, mas não podemos nos afiliar a um grupo ou partido político. Já podemos comprar um carro de segunda mão, mas uma posição ideológica distinta nos traz problemas. Esta grande contradição, entre um respiro, de um lado, e essa asfixia psicológica e política, de outro, é o que tratamos de criticar.
Além disso, vale destacar que Raúl Castro não teria tomado nenhuma dessas medidas se não estivesse ciente de uma pressão interna e externa que poderia fazê-lo perder o cargo. Assim, as mudanças não ocorreram tanto por vontade política, mas sim por uma questão de urgência da situação.
Como estão suas esperanças com relação ao futuro de Cuba?
Eu sou otimista a longo prazo e pessimista a curto prazo. Pela frente virão anos muito difíceis, de muita contradição, de muita violência. Raúl Castro, por exemplo, aumento o número efetivo da polícia política. Nessa direção, em que aumenta a repressão, será difícil. No entanto, sou otimista a longo prazo, porque esse país tem uma fórmula nacional ideal. Esta é uma ilha maravilhosa, com gente educada, que quer prosperar. Isso tem que dar como resultado um país que meus filhos e meus netos queiram ficar.
Yoani, você tem algo que queira destacar?
Gostaria de enfatizar o meu pedido a Dilma. Estou fazendo isso com a humildade de um cidadão. Não tenho nenhuma intenção de ser protagonista de sua agenda diária, que sei que é muito aperta. De todas maneiras, estou me dirigindo a ela, com o pouco poder que pode ter uma pessoa como eu a uma pessoa que chegou ao topo da política.
Fonte: Cuba Libre Digital