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Quem são nossos vereadores? . Vicente Leão

Descrição

A recente mobilização da sociedade contra o aumento do número de vereadores para a próxima legislatura nos convida a uma reflexão. Quem são os nossos vereadores? Para responder a essa pergunta é importante compreender como eles foram eleitos. Vejamos, portanto, quais são os critérios que, comumente, norteiam a escolha pelos eleitores:

Critério 1. Vota-se no parente. para muitos, não importa se o parente é um criminoso`: “Se é parente eu voto”. Tal prática demonstra o desprezo que o eleitor tem pela eleição de vereador, que é, sem dúvida, a mais despolitizada. Não existe debate e, portanto, não se vota em ideias. Para vários candidatos, ser vereador é a única forma de ascensão social e a obrigação de votar no parente incentiva muitos despreparados a se candidatarem.

Critério 2. Vota-se no vizinho, prevalecendo as relações de proximidade. Assim, é comum a eleição de profissionais como padeiros, leiteiros, açougueiros, quitandeiros etc. Não se quer afirmar que esses profissionais sejam despreparados e sem legitimidade para serem eleitos, mas, geralmente, eles não são julgados pelo eleitor pela sua competência e comprometimento político; o que prevalece é a relação de amizade e contiguidade. Então, vota-se no colega de “pelada” do final de semana.

Critério 3. Vota-se no candidato do bairro, pois ele conhece todos os buracos da “minha rua”. Ao eleger um “prefeito de bairro” no lugar de um vereador, o eleitor impede que a Câmara pense a cidade como um todo. Os vereadores bairristas deixam de exercer suas funções em troca de alguns metros de asfalto para os seus “currais eleitorais” e se transformam em despachantes de luxo, subordinando-se às vontades do prefeito de plantão. A Câmara de Vereadores deixa, assim, de ser um poder autônomo.

Critério 4. Vota-se em quem pagar mais. O voto é uma mercadoria para ser trocada por um saco de cimento, um caminhão de cascalho ou uma cesta básica. O eleitor corrupto, ao vender o seu voto, vende também o direito de se indignar com a corrupção. Esse eleitor contribui para a perpetuação do clientelismo na política brasileira e o vereador eleito sabe que para se perpetuar na política basta manter o vínculo com seu cliente. O mais interessante é que esse eleitor desonesto quer, com seu voto, eleger um político honesto.

Critério 5. Vota-se na piada, esse eleitor pensa que eleição é brincadeira e vota na melhor chacota. Ele acredita que votando em uma piada está protestando. Contudo, essa é uma piada que não tem graça porque do seu voto nasce a prostituta, o menor de rua, o mendigo e todo forma de degradação humana.

Critério 6. Voto cidadão, o eleitor cidadão vota com consciência, por isso, participa ativamente das eleições e da vida política da cidade. O eleitor cidadão sabe que na Câmara dos Vereadores são tomadas decisões que afetam o cotidiano de todos nós. Entende que o papel do vereador é legislar e fiscalizar os atos do Executivo e, de posse dessa consciência, sabe também distinguir o bom do mau candidato. O eleitor cidadão vota em nome da cidade e não em favor de interesses pessoais. Seu voto é um instrumento para a construção de uma cidade mais justa. Portanto, o eleitor-cidadão é também um eleitor cristão. Isso me faz lembrar uma passagem, escrita por Frei Betto, que conta: “Certo monge retornava a seu mosteiro.

Cruzou no caminho com uma criança abatida pela fome e pelo frio. Na igreja vociferou contra Deus, que permitia sofrimentos tão injustos. “Por que o senhor nada faz por aquela criança?” De repente, um clarão. Deus mostrou sua face luminosa e disse a ele: “Eu já fiz: Você! ”.

Portanto, você eleitor é quem pode fazer a diferença em outubro. A Câmara dos Vereadores é o seu reflexo. Voltando à pergunta inicial, quem são os nossos vereadores? Eles são a sua cara. Mas, afinal de contas, quem é você, eleitor?

* Vicente Leão é professor do curso de Geografia da UFSJ

Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 07/07/2012

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