A Igreja Católica sempre primou pelo ritualismo, confiando na força sugestiva do ritual para despertar a fé e a submissão de seus fiéis seguidores. E não há quem possa negar a magia do ritual das comemorações litúrgicas que presenciamos nos templos católicos de nossa cidade. No domingo passado, 27, tivemos a oportunidade de assistir a mais uma daquelas comemorações, e esta, bastante rara entre nós: refiro-me à sagração e benção da nova Capela do Divino Espírito Santo, situada na Rua das Flores, ao lado do velho cemitério do Rosário. A capela, em si, é projeto do arquiteto André Guilherme Dornelles Dangelo, estruturada para se enquadrar esteticamente no ambiente urbano da Rua das Flores e abrigar altares e teto da capela mor pintados por Joaquim José da Natividade para a capela primitiva, do final do século XVIII, edificada numa fazenda do município de São Vicente de Minas. Altares laterais e da capela mor são uma verdadeira jóia do estilo rococó. Abandonada, a capela primitiva entrou em deterioração e passou a ser o alvo de ladrões que furtaram imagens e peças do entalhe dos altares. Padre Paiva conseguiu, de acordo com o pároco de São Vicente de Minas, a autorização do bispado são-joanense para que a paróquia do Pilar fosse o guardião daquelas preciosidades que foram recuperadas pela equipe sob o comando do restaurador Carlos Magno. Todo o processo, do desmonte da capela primitiva à inauguração da nova capela em São João del-Rei durou 25 anos, e custou o sacrifício e a dedicação de muitos, inclusive daqueles que conseguiram os recursos financeiros para que fosse possível a recuperação de um patrimônio cultural de inestimável significação para Minas. Vale a pena uma visita à nova capela do Divino Espírito Santo para apreciar o entalhe rococó, a pintura atribuída à Natividade e as imagens esculpidas pelo santeiro Osni Paiva.

Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 02/06/2012