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Rede Gusa Minerações vai explorar reserva de 180 milhões de toneladas de minério de ferro na região de Jacarandira

Descrição

A Serra do Carretão, na divisa de Resende Costa com Desterro de Entre Rios, deve tornar-se um polo industrial extrativo-mineral nos próximos anos, com reflexos sobre o distrito de Jacarandira em termos de criação de empregos e dinamização do comércio local. A revelação é do gerente de mineração da Rede Gusa Minerações Ltda., Manoel AntônioMarques, o Galo, que pretende iniciar em janeiro ou fevereiro de 2012 a exploração do minério de ferro magnetita, cujas reservas da região são estimadas em 180 milhões de toneladas numa área de 101,7 mil hectares.

Galo recebeu a reportagem do JL no escritório improvisado da empresa (na casa de hóspedes) em terreno adquirido pela Rede Gusa na barra da Serra do Carretão (o novo escritório está em fase de construção). Ele contou que, há quatro anos, chegou à região à procura de minério, quando foi informado por um agricultor de idade avançada de que havia evidências da matéria-prima siderúrgica na Serra do Carretão. Então, a Rede Gusa entrou com pedido junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) de autorização para a realização de pesquisas. Foram feitos oito furos de sonda (de 50 metros cada) e 22 trincheiras (ou valas) mediante contratos de curta duração com sitiantes da região.

Após as sondagens, apurou-se a ocorrência de magnetita de boa qualidade (66 a 68% de teor de ferro), a mesma existente em Morro do Ferro (distrito de Oliveira), Passa Tempo e em outras duas áreas de Desterro de Entre Rios (Serra do Barro Branco). 60% das reservas da Serra do Carretão estão localizados em território resende-costense (o restante está no município de Desterro). A Rede Gusa espera obter,no máximo atédezembro, as licenças ambiental e mineral do FEAM, Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), para então começar a produção.

 
Investimentos e empregos
 
A Rede Gusa pretende investir R$ 8 milhões nas instalações para a exploração do minério, basicamente em peneira, britador, correia transportadora, geradores e escritório. A operação de equipamentos (escavadeiras, carregadeiras, caminhões etc.) será totalmente terceirizada. Galo espera produzir 100 mil toneladas de minério por mês nos próximos 20 a 30 anos. A produção será escoada por carretas inicialmente para abastecer o mercado interno, ou seja, siderúrgicas instaladas em Divinópolis (União Siderúrgica), Congonhas/Ouro Branco (Gerdau Açominas), Ipatinga (Usiminas) e Sete Lagoas (Sidermin). Mas a Rede Gusa tem plano de abrir um “porto seco” em Entre Rios de Minas (ferrovia) para a exportação. O projeto já foi aprovado pela MRS Logística para embarcar o minério extraído das minas de Jacarandira, Morro do Ferro e Desterro 2 e 3 (Serra do Branco Branco).

Galo estima que serão criados inicialmente 280 empregos diretos, entre operadores de equipamentos e paineis, apontadores, balanceiros, pessoal de escritório e serviços gerais. O salário mínimo (para auxiliar) da mineradora é de R$ 700,00 na carteira, mais cesta básica. Além disso, ele calcula em cerca de 20 a 50 os funcionários terceirizados, sem falar dos empregos indiretos em borracharia, hotéis, restaurantes, posto de gasolina, construção de moradias etc., cuja demanda será estimulada pela presença da indústria.

Galo conta que cerca de 20 pessoas procuram o escritório por dia em busca de trabalho. Os interessados são orientados a deixar o currículo e aguardar o chamado da empresa para a função desejada. Enquanto isso, moradores de Jacarandira e região, como Silvinho, que acompanhou a reportagem do JL, mantêm viva a esperança de novas oportunidades de trabalho com a chegada da indústria de mineração.

Além dos impostos pagos à União e ao Estado, as prefeituras de Resende Costa e Desterro vão receber “royalties” de 2% sobre o faturamento mensal da Rede Gusa. Espera-se que parte dessa receita beneficie diretamente a região de Jacarandira. Além disso, a Rede Gusa está aberta a parceria com a prefeitura para promover melhorias na infraestrutura local (estradas vicinais, mata-burros etc.)

 
Preocupação ambiental
 
“Nós nos preocupamos muito com a parte ambiental, queremos trabalhar sério nesta área”, enfatiza Galo ao falar dos projetos da Rede Gusa de instalações, barragem e lavra aprovados pelas instituições oficiais. Entre as compensações, ele cita a conservação das estradas vicinais (por exemplo, instalação de cacimbas para segurar areia e material que provocam erosões nos pastos), preservação das nascentes e matas e recuperação de áreas com erosões. Na exploração das minas, na medida em que terminar um banco (camada de pedra), a empresa pretende plantar árvores e vegetação nativa.

 
Complexo mineral-ferrífero
 
A Serra do Carretão faz parte de um complexo mineral-ferrífero que abrange Morro do Ferro, em Oliveira (Rede Gusa), Ouro Fino, em Oliveira (Mtransminas), Passa Tempo e Desterro de Entre Rios.

A Rede Gusa, com sede em Belo Horizonte, possui seis fornos de ferro gusa em Sete Lagoas e minas de produção em Santa Maria de Itabira, Itabirito e Morro do Ferro. A empresa, com 1200 funcionários, tem projeto de 70 pesquisas de prospecção em Desterro, Oliveira, Congonhas e Resende Costa, entre outros.

Galo revelou, no final da entrevista, que Jacarandira tem potencial para produção industrial de outro tipo de matéria-prima, como a cassiterita. Tanto que a Rede Gusa já tem projeto de pesquisa para fazer essas sondagens.
 


 

Chegada da mineradora traz esperança a donos de terras

 
O primeiro agricultor a assinar contrato de pesquisa com a Rede Gusa foi Antonio Carlos de Andrade, o Tau, no final de 2007. Em seguida, seu pai, José Bernardino de Andrade, aceitou firmar o acordo com a mineradora para a sondagem em suas terras. Hoje, Tau está convencido de que a melhor proposta é fazer contrato de exploração com a Rede Gusa, que deve durar enquanto existir a mina, recebendo por isso o que é estipulado em lei.

Outra alternativa é vender a propriedade para a mineradora. É o caso de Newton Rodrigues de Oliveira, que avalia as possibilidades de arrendar ou vender seus sítios para a Rede Gusa. “Tudo depende da proposta”, afirma o agricultor. Por sua vez, Galo revelou que a empresa tem interesse em adquirir as propriedades de Nilton.

Newton mora no Sítio Carretão, que faz fronteira com a propriedade da Rede Gusa. Já no Sítio Cachoeirinha, mais conhecido por Café, o agricultor cultiva milho, feijão, hortaliças e capim.

No final de 2009, a Vale procurou Newton para realizar pesquisas de prospecção no Sítio do Café do Newton. O trabalho (de 2 a 9 de dezembro) foi conduzido pela empresa Boart Longyear, de acordo com placa no local, que traz ainda a informação “furo FDR 0020, com profundidade de 93 metros”.

A Vale também fez sondagens nas terras dos irmãos José Marciano de Andrade (Sítio Capoeira, na Serra da Galga) e Adão Marciano de Andrade (Sítio Ouro Fino), bem como na propriedade de Neris José Resende, na Serra do Carretão. A assessoria de imprensa da Vale informou ao JLpor telefone que a empresa não tem intenção de explorar minério na região.

Com a desistência da Vale, Galo aguarda apenas o vencimento do alvará de pesquisas da multinacional, que é de três anos, prorrogável para mais três. No entanto, a Rede Gusa pretende fazer mais furos na área onde tem autorização do DNPM, que coincide com as propriedades de Newton, para elaborar o plano de lavras.

Fonte: Jornal das Lajes . Setembro de 2011
Texto: André Eustáquio e José Venâncio de Resende
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