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Revitalização do Museu Regional de São João del-Rei estima a arquitetura colonial mineira

Descrição



Desde a sua abertura, em 1963, o Museu Regional de São João del-Rei/ Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) é conhecido pelo importante acervo de objetos que retratam o cotidiano e o comportamento dos mineiros nos séculos XVIII e XIX. Contudo, o que muitos visitantes não sabem é a importância que se deve ao próprio prédio do museu como um patrimônio cultural arquitetônico.
Construído no Largo do Tamandaré, para abrigar a família e os negócios do Comendador João Antônio da Silva Mourão, o prédio de três pavimentos, que data de 1859, é símbolo da arquitetura colonial mineira e, está em processo de revitalização. A obra, orçada pelo Governo Federal em R$284.965,00, visa à restauração das fachadas e a readequação dos espaços internos do museu e, deverá ser concluída até o final deste ano.  
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), antigo DPHAN, em 1946, o prédio que hoje passa por reformas e restaurações, já foi alvo de ações contrárias à sua preservação. A história do museu começa após o falecimento do Comendador João Mourão, mais precisamente quando seus herdeiros vendem o prédio, em 1926, para interessados em construir um hotel no local. Na década de 40, com o aval da prefeitura do município, o prédio começa, então, a ser demolido parcialmente, contestando as orientações do IPHAN.
A favor de uma ideia tradicional de progresso, periódicos da época, como O Correio e Diário do Comércio, também, publicaram matérias em apoio à demolição do prédio velho e, assim, o caso foi parar na Presidência da República. Entre os sócios da empresa compradora do imóvel, estava Tancredo Neves, que juntamente à prefeitura, levou o caso para o Presidente Dutra. Entretanto, este deu ganho de causa ao IPHAN e, desapropriou o prédio por utilidade pública.
Após a desapropriação do prédio, o IPHAN iniciou as obras de reforma e restauração, visando à criação do Museu Regional. Deste modo, o intuito inicial do Patrimônio era a preservação dos monumentos e prédios, o acervo foi inserido posteriormente, funcionando como salvaguarda do conjunto arquitetônico. Esta primeira reforma, idealizada pelos modernistas, especialmente por Lúcio Costa, cuidou de harmonizar o estilo colonial do casarão com as novas propostas e necessidade do museu. “O prédio, por fora, se manteve no estilo do casario colonial, muito embora sua construção date do período imperial, e traz, por isso mesmo, outros elementos que vão além da construção simples, branca, limpa e reta.



Como o Comendador era um homem rico, colocou na sua casa elementos estéticos do barroco tardio, do rococó e do neoclassicismo. A fachada do prédio tem, por exemplo, ornamentações e florões acima das janelas. E por dentro, o casarão ficou moderno, prezando por espaço, sem as antigas divisões de paredes”, explica o museólogo, Ryanddre Sampaio. Apesar do ecletismo, o modo predominante é o colonial e, essa nova reforma que se iniciou em abril deste ano, tem o objetivo de revitalizar esse estilo da casa.
O diretor do Museu Regional, João Luiz Domingues Barbosa, comenta que a restauração da fachada do prédio, hoje, faz-se necessária para a sua conservação: “O casarão é o principal acervo do museu. Por isso a obra está revisando a alvenaria e esquadrias de portas e janelas, recuperando os estuques decorativos e a pintura original do prédio”. A alvenaria estrutural da casa é mista de adobe, pedra e barro batido (técnica milenar de fazer tijolos, trazida pelos colonizadores portugueses). O beiral das janelas, que já havia caído, está sendo reconstruído com estuque, outro revestimento antigo, composto de cal, areia fina, pó de mármore e gesso.
 
Além da restauração da fachada, a obra visa readequar os espaços internos do museu. Novas salas administrativas e a inserção de um novo ambiente na exposição do andar térreo estão no projeto dessa reforma. “A missão do museu é retratar a vida e o cotidiano das famílias mineiras do período. E a divisão da exposição obedece à divisão lógica da antiga moradia. No térreo, onde funcionava o escritório e a loja do Comendador, temos artigos que falam da região, da cidade e da família. E estamos criando, portanto, um ambiente para falar, também, do comércio. Nos outros andares, onde eram os aposentos da família, os objetos da exposição são mais íntimos, como por exemplo, as mobílias e oratórios do interior das casas”, diz Ryanddre.



A história do casarão do Comendador se funde com a do Museu Regional. E quem for à exposição poderá saber mais sobre a arquitetura e os costumes da época. Com prévio agendamento é possível fazer uma visita guiada por Ana Maria Oliveira. Técnica em Assuntos Educacionais do museu, Ana Maria faz uma apresentação da exposição de longa duração: “falo da importância da preservação e conto a história dos nossos antepassados, como eles viveram e como eram as suas relações”, comenta.
A casa do Comendador era símbolo de poder e riqueza. Situada em uma posição privilegiada na época, ao lado do córrego, a casa larga ocupa a esquina de duas ruas, com a frente para uma praça. O prédio de estilo colonial foi construído sobre os limites do terreno e tem muitas portas e janelas para a entrada de luz. Ana Maria explica, também, as relações da família do Comendador com os espaços da casa: “o comércio do Comendador, no térreo, era de secos e molhados. Molhados eram os produtos alimentícios e, secos eram os vasilhames e ferramentas para a agricultura. No mesmo andar do comércio ficavam os escravos e animais, cujos nomes constam no testamento do Comendador. No segundo andar, havia um salão de recepção e um piano, indicando a inserção da família na vida social”.
 
Fundamentado na relevância do prédio do Museu Regional como patrimônio cultural arquitetônico colonial, que o diretor João Barbosa, considera sua revitalização como um ganho para a cidade de São João del-Rei, como mais um testemunho da sua história. O museu está aberto à visitação de terça a segunda, de 12h30 as 17h30, na Rua Marechal Deodoro, nº 12 e, sua reinauguração está prevista para outubro deste ano.

Texto de Mariana Fernandes
Publicado no Observatório da Cultura . 15 de julho de 2011
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