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Turista é responsável por reforma de ponte em São João del-Rei

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Uma cidade turística é aquela tem um grande potencial para receber turistas, seja por suas belezas naturais, sua cultura, ou sua história. Parte-se do preceito que para receber bem os visitantes, deve-se manter a cidade limpa, os monumentos conservados e realizar ações que valorizam a cultura local.

Não é o que se vê em São João del-Rei. Famosa pelo seu passado inconfidente, pelas suas igrejas barrocas, suas pontes de pedras bicentenárias e por seu conjunto arquitetônico singular, a cidade encontra-se suja, com pichações em monumentos, placas informativas quebradas e pontes importantes em estado deplorável.

Um exemplo é a passarela que dá acesso ao antigo complexo ferroviário que abriga o mais antigo trem de passageiros em funcionamento no Brasil, a Maria Fumaça, que liga São João del-Rei à vizinha Tiradentes. A ponte encontra-se com sua ferragem torcida e com o cimento trincado. “A ponte nunca foi reformada, foi apenas pintada quatro vezes”, reclama Dalmir Tabanez de 58 anos e que há 34 trabalha como vendedor ambulante nas proximidades da passarela.

No entanto, há dois anos, a cidade recebeu a visita do engenheiro civil e professor universitário, Ilo Borba, 62 anos. “Fui a São João del-Rei para resgatar um pouco da história de vida de meu pai, que serviu o exército na cidade durante a década de 30”, diz. 

Em sua visita a cidade, Borba, que é natural de Recife-PE, constatou o estado precário da passarela, tendo se comprometido a elaborar um projeto para reformá-la sem custos para a cidade. “Acho que se meu pai fosse vivo era o que ele desejaria que fosse feito”, conta.

 

O projeto ficou pronto no início de 2010, mas necessitou passar pela análise da Secretaria de Cultura e Turismo da Cidade de São João del-Rei, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (CMPPC) e somente agora, mais de um ano depois, é que o mesmo foi aprovado.

De acordo com relator do projeto no CMPPC, Messias Neves, 85 anos, a demora se justifica porque “antes de se iniciar qualquer obra no centro histórico de São João del-Rei precisa-se averiguar se ela se enquadra no estilo arquitetônico da cidade”, explica. Apesar do longo período de análise, as obras que têm valor estimado em 195 mil reais, foram aprovadas por unanimidade pelo Conselho.
 
Além disso, se depender dos membros do CMPPC, depois da conclusão da reforma (que ainda não tem data pra iniciar) a ponte passará a se chamar "Passarela Tenente Jonas Borba" em homenagem ao pai de Ilo Borba, autor do projeto. “Acho que é uma homenagem mais do que justa e que deveria servir de exemplo aos são-joanenses”, afirma Neves.
 
O problema, de acordo com Neves, é que muitos proprietários de imóveis no centro histórico não entendem o trabalho do CMPPC. “Acham que o Conselho é um atraso para cidade”, afirma. Segundo ele, as pessoas da cidade não dão valor à arquitetura histórica da cidade. “É uma vergonha que tenha que vir algum turista pra fazer algo pra cidade”, desabafa.

Texto de André N. P. Azevedo
Fotos de André N. P. Azevedo e Arquivo Pessoal
Publicado no Observatório da Cultura . 08 de junho de 2011
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