Publicado por Rets 06/2013
Há 20 anos (24-4-1993), sob a liderança de
Betinho, foi lançada em solenidade na UERJ a
Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida -- era o embrião de uma ação cidadã que espalhou-se pelo país e perdura até hoje, em várias formas de solidariedade em cada comunidade, em cada cidade brasileira. Betinho mobilizou a sociedade brasileira para enfrentar a pobreza e as desigualdades. Hemofílico, morreu de Aids em 9 de agosto de 1997, deixando um exemplo de solidariedade e de luta pela transformação social.
A Ação da Cidadania não foi a única frente em que Betinho se envolveu desde que voltara do exílio. Ainda nos anos 1980 foi articulador da Campanha Nacional pela Reforma Agrária. Junto com outras entidades, o Ibase organizou em 1990 o evento “Terra e Democracia”, que levou 200 mil pessoas ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Em 1986, depois de saber que era portador do vírus HIV, Betinho ajudou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). Em 1992, fez parte do Movimento pela Ética na Política, que culminou com o
impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. O movimento serviria de base para a mobilização da campanha contra a fome.
A militância de Betinho começou na adolescência, na Ação Católica, em Belo Horizonte. Na UFMG, foi um dos fundadores da Ação Popular (AP), uma organização formada por um grupo católico pró-socialismo. Formou-se em Sociologia em 1962 e engajou-se na luta pelas reformas de base do governo João Goulart.
Betinho resistiu ao golpe de 1964 e à ditadura que se instalou no Brasil. Quando a repressão intensificou-se, partiu para o exílio em 1971. Morou no Chile, no Canadá e no México.
No fim dos anos 70, a volta de Betinho, o irmão do Henfil, virou marca da campanha da anistia por causa da música “O bêbado e a equilibrista”, de Aldir Blanc e João Bosco. Betinho retornaria ao Brasil em 79 e criaria dois anos depois, junto com os companheiros de exílio Carlos Afonso e Marcos Arruda, o Ibase.
O arquivo de Betinho está no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em 2012, a história de Betinho foi reconhecida pela Unesco como parte importante da memória mundial. O arquivo Herbert de Souza, do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi indicado para o Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da Unesco. A decisão foi tomada pelo Comitê Nacional do Brasil, órgão ligado ao programa da Unesco e a cerimônia de diplomação aconteceu no dia 4 de dezembro. No mesmo ano, o Ibase lançou o livro
O Brasil de Betinho, escrito por Dulce Pandolfi, Augusto Gazir e Lucas Corrêa.
Fontes: Ibase, Ação da Cidadania
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Os Caminhos da Democracia . Depoimentos inéditos de Betinho em DVD
Os Caminhos da Democracia, novo lançamento do Canal Imaginário, é um documentário com cinco episódios, que tem como ponto de partida mais de dez horas de depoimentos inéditos e exclusivos de Betinho, gravados entre o final de 1996 e o início de 1997. Com as falas de Betinho como cientista político e como personagem ativo deste período, o espectador fará contato com esses anos tão marcantes da história brasileira.
Betinho parte de suas primeiras lembranças políticas, quando seu pai conversava com ele sobre a conjuntura brasileira, até o impeachment de Collor, a reconstrução da sociedade civil, o Movimento pela Ética na Política e a criação da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.