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Coreia do Sul mostra como despoluir rios: exemplo para o Brasil

Descrição

Uma cidade do extremo oriente do planeta vai servir de inspiração para um desafio enorme: limpar os rios Tietê e Pinheiros e os córregos que atravessam a cidade de São Paulo. O repórter Carlos Tramontina foi até Seul para mostrar o que foi feito na capital da Coreia do Sul.
Nenhum paulistano se orgulha dos rios que cortam a cidade. O Rio Tietê e o Rio Pinheiros, que juntos têm 50 quilômetros de extensão dentro da capital, vêm sendo usados como lixeira há mais de 100 anos. É difícil conviver com a água preta e sem vida.
“A cor do rio é uma cor infeliz, triste”, afirmou um homem. “Não gosto do cheiro, é muito ruim”, admitiu uma mulher. “Se ele fosse limpo, eu deixaria de ir para a praia para passar um fim de semana na beira do Rio Pinheiros”, garantiu o estudante Joel dos Santos.
Lixo e esgoto são os grandes poluidores dos rios. Todos os dias, 100 toneladas de lixo são retiradas do Tietê e a quantidade de esgoto que cai no rio também é absurda: 1.678 bilhão de litros. Diariamente, o que equivale a 670 piscinas olímpicas.
“A gente foi construindo a cidade de São Paulo e os espaços urbanos foram dando as costas para os rios. Esses rios e várzeas foram vistos como obstáculos no processo de urbanização. A gente precisaria estabelecer uma convivência melhor, mais adequada, dos rios com a cidade”, analisou o arquiteto e urbanista Kasuo Nakamo.
Do outro lado do mundo, numa cidade onde as tradições milenares convivem com a modernidade, pode vir a inspiração para mudar a realidade dos rios paulistas. Em Seul, na capital da Coreia do Sul, pistas expressas para carros foram demolidas para permitir o ressurgimento do córrego Cheong-Gye, que era canalizado.
As obras começaram em 2003 e terminaram dois anos depois. As imagens impressionam: pistas foram serradas e o concreto e o ferro reaproveitados em outras construções públicas.
No começo, nem todos foram a favor. Soleiman Dias é professor universitário e vive em Seul há oito anos. Ele acompanhou as mudanças. "A população, alguns que utilizavam essa via, eu mesmo utilizava essa via várias vezes, foi contra. Inicialmente, foi tão revolucionário, a ideia era tão absurda, que muita gente foi contra".
In-Heun Lee coordenou o projeto de recuperação. Ele diz que quando a ideia foi lançada, a prefeitura fez mais de mil reuniões com representantes da comunidade para explicar o que seria feito. Hoje, o Cheong-Gye tem peixes, aves e plantas e tornou-se o mais novo cartão postal de Seul.
O córrego tem pouco mais de cinco quilômetros de extensão. Chama logo a atenção o fato de que a água tem vida. Ela corre rapidamente, é transparente, translúcida. A gente olha e vê que ela é cristalina, dá logo vontade de colocar a mão. Nesse momento é impossível, porque a água está muito gelada.
Outro projeto de recuperação ambiental envolve o Rio Han, um gigante que tem até um quilômetro de largura e 41 de comprimento, e corta Seul. Assim como o Tietê é o rio mais importante de São Paulo, o Han é o principal para os coreanos. Na década de 70, era bem mais poluído.
Para manter a água limpa, a prefeitura de Seul proibiu a instalação de empresas nas margens do rio. Além disso, os 40 córregos que deságuam no Han passam por estações de tratamento.
Para aproximar ainda mais os moradores do rio, as margens estão sendo transformadas em parques. Uma parte ambiciosa do projeto prevê acabar com os carros nas marginais do Rio Han. Vocês imaginam? Como eles pretendem tirar todos aqueles carros que passam a todo instante pelas marginais? A ideia é construir pistas subterrâneas para todos eles.
O diretor que cuida da recuperação do Han diz que o objetivo dos projetos é encontrar harmonia entre meio-ambiente, cultura e lazer. "Queremos fazer de Seul uma das dez melhores cidades do mundo. Esse é o conceito do futuro: quem souber equilibrar moradias com natureza será o melhor".
 A experiência de Seul será apresentada nesta quarta, em São Paulo, num seminário que vai discutir o futuro dos rios paulistas. O encontro é promovido pela Rede Globo, em parceria com a Escola Politécnica da USP.

Fonte: Jornal Nacional 13/04/09

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