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Acidentes crescem 40% no setor metalúrgico

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Por Gazeta de São João del-Rei em 24/05/2014

O número de acidentes de trabalho na metalurgia cresceu cerca de 40% nos primeiros meses de 2014 e esse índice pode chegar a mais de 60% até o final do ano em São João del-Rei. Dentre as estatísticas, uma morte foi registrada em abril, quando uma caldeira se soltou e atingiu um funcionário em empresa da cidade.

Índice pode chegar a 61% de crescimento até o final do ano em São João del-Rei – Foto: Divulgação

As informações são do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos (SindMetal). Segundo relatório do grupo sobre o assunto, em 2013 foram notificados 26 incidentes nos 70 estabelecimentos do setor são-joanense. Isso significa que, por mês, 2,16 ocorrências foram registradas.

Em 2014 o quadro mudou. Em apenas quatro meses, 14 acidentes aconteceram, correspondendo a 3,5 mensais. Se mantida a média, São João del-Rei chegará ao final do ano com a soma de 42 casos envolvendo desde pequenas quedas e ferimentos leves a queimaduras e mutilações, conforme apontado por levantamento baseado nas Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) enviadas ao SindMetal. “Nossa luta contra os acidentes de trabalho é frequente e antiga.

Partimos do pressuposto de que a grande maioria poderia ser evitada com investimentos das indústrias e com fiscalização adequada. Sem ela, os donos de empresas acabam se tornando displicentes e um deslize mínimo pode significar a morte de alguém”, comentou o atual presidente do Sindicato, Jordano Carvalho.

As estatísticas, porém, podem ser piores. O próprio SindMetal acredita que o total de acidentes pode ser cinco vezes maior. “Sabemos de histórias por fora. Mas as pessoas não denunciam. Ficam caladas com medo de perderem o emprego ou trocam o silêncio por promoções”, disse.

Recentemente, a Prefeitura de São João del-Rei realizou o I Fórum Municipal da Saúde do Trabalhador, visando implementar estratégias e políticas públicas no setor. Para Carvalho, a iniciativa é válida, mas precisa focar em ações práticas. “Não adianta falarmos apenas em visitas de agentes de saúde, campanhas de conscientização. Saúde quer dizer condições para se estar vivo e inteiro. Se não houver fiscalização do que acontece nos locais de produção, não vai funcionar”, apontou Carvalho.

Mercado
Os números nada favoráveis do setor da metalurgia também influem na situação. Segundo o professor e economista Aluízio Barros, com base em apontamentos do Ministério do Trabalho, de janeiro a março São João del-Rei perdeu 44 postos de trabalho formais nesse mercado. Atualmente, o setor de transformação é o segundo com a maior queima direta de postos, perdendo apenas para o comércio, que ainda assim continua sendo a maior área empregadora da cidade.

No comparativo, as perdas são mais “intensas” para a metalurgia, que vem sofrendo golpes de mercado frequentes. “A maior queda do emprego aconteceu em 2012, após um ano em que a indústria metalúrgica registrou exportações recordes. Isso numa época em que ainda se recuperava da crise mundial de 2009”, comentou o professor.

Carvalho completou: “As indústrias demitiram muita gente, mas não reduziram a produção. Com isso, os trabalhadores remanescentes tiveram jornadas e grau de exigência ampliados. O risco de acidentes cresce muito nessa situação. Há de se frisar ainda a questão emocional: os relatos de assédio moral, estresse e depressão são frequentes”, finalizou.

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