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Queixas podem tirar Ascas do Matosinhos

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Associação dos Catadores de Material Reciclável de São João del-Rei (Ascas) tem sido alvo de reclamações e pode migrar para espaço fora da cidade. Atualmente funcionando em galpão no Bairro Matosinhos, o grupo deve ser remanejado para o Ecoponto Municipal, a 5 km de onde se instalou ainda em 2005.
A presidente da Ascas negou mau cheiro e aparecimento de animais alegados por moradores – Foto: Gazeta . indisponível

A necessidade de mudança surgiu após abaixo-assinado da vizinhança ter circulado e sido entregue à paróquia local, proprietária do imóvel. Porém, não há estrutura pronta ou data definida para que isso aconteça.

Não é só isso. A situação traz à tona, ainda, impasses no inquilinato. Isso porque a Prefeitura Municipal de São João del-Rei, responsável pelo aluguel do galpão, não paga a locação junto à Paróquia desde o início do ano, o que significa dívida de R$5,4 mil da administração de Nivaldo Andrade (PMDB) em meio a crise envolvendo 14 empregos com renda de um salário mínimo para cada trabalhador e 36 toneladas de lixo mensais retiradas das ruas.

Reclamações
A polêmica não é nova e tem se arrastado. Segundo o pároco de Bom Jesus de Matosinhos, padre José Bittar, a insatisfação dos moradores próximos à Ascas foi relatada com mais força há pouco mais de um ano, quando assumiu a paróquia. “Cheguei e recebi o documento com as assinaturas. A alegação dos vizinhos é de que o lixo acumulado causa transtornos como mau cheiro e surgimento de ratos. São questões que precisam ser ouvidas e que a paróquia, enquanto proprietária do imóvel, deve buscar resolver. Foi o que fizemos. Assim que o documento chegou às nossas mãos, nos reunimos com os mantenedores da associação para tomarmos a melhor decisão. Na época havia a possibilidade de uma verba do Governo Federal ser enviada para auxílio na Ascas, mas isso não aconteceu”, disse.

Segundo o religioso, foi aí que surgiram brechas para a falta de pagamentos no aluguel. “Como o trato era solucionar a questão em poucos meses, não fizemos renovação de contrato. No entanto, o problema continuou e a locação foi mantida informalmente, pelo bem da associação. Jamais faríamos qualquer coisa para retirar os catadores do local sem o menor respaldo”, explicou Bittar, que já trabalha na elaboração de um contrato aditivo para receber os aluguéis atrasados.

Trabalhadores
Dentre os integrantes da Ascas, a inquietação tem reinado em meio a expectativas e certa frustração. “As assinaturas nunca chegaram até nós, mas sabemos que a implicância existe e o padre tem razão em ouvir a comunidade. Aliás, respeitamos a opinião dela, mesmo não concordando, mas agora o que queremos é resolver nossa situação. Não saber como e onde vamos trabalhar é terrível”, disse a presidente da Ascas, Maria das Graças Silva.

Defesa
Sobre as reclamações listadas pelo padre Bittar, Maria das Graças alega que a associação desenvolve ações de contenção para esse tipo de problema. “Não há odor algum aqui. Todo o lixo, quando chega, é separado, limpo, prensado e vendido no fim da semana para uma empresa de Juiz de Fora. Além disso, espalhamos remédio para evitar o surgimento de qualquer coisa aqui dentro. Infelizmente as pessoas desenvolvem uma imagem suja de nós, mas na verdade deveriam pensar que estamos limpando o município”, se defendeu a presidente da associação.

Trabalhador do local, o catador José André Ribeiro completou: “Tiramos entre oito e nove toneladas de lixo das ruas toda semana. Já imaginou se isso continuasse lá? Falta consciência da população, que suja tudo. Ajudamos a retirar esse material com nosso trabalho, mas as pessoas ainda reclamam”, desabafou.

Soluções
Desde o ano passado, a Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária de São João del-Rei responde pelos assuntos ligados à Ascas. Segundo o responsável pela pasta, Marcus Fróis, negociações têm sido feitas em torno da questão e novas diretrizes devem ser divulgadas ainda neste semestre. “Como estamos em ano eleitoral, as coisas andam em marcha lenta, mas não paramos de buscar alternativas. É provável que ainda neste mês tenhamos um projeto com valores para adaptação do Ecoponto para receber a associação”, comentou.

Já em relação à prefeitura, que está em dívida com a paróquia de Matosinhos desde janeiro, Fróis disse que a situação será normalizada assim que o proprietário do imóvel e a imobiliária responsável pela locação emitirem novo contrato com os adendos. “O problema foi burocrático. Quando o cômodo foi solicitado, já estávamos no final do contrato e não havia a necessidade de renovação. Porém, no meio da tomada de decisões mudamos planos e a Ascas precisou continuar lá. Já nos reunimos e conversamos: assim que o contrato estiver pronto a prefeitura poderá empenhar o valor do aluguel e pagar as parcelas retroativas”, finalizou.

UFSJ
A Associação de Catadores é resultado de projeto de extensão da UFSJ desenvolvido a partir de 2002 e implantado com sede bancada pela administração municipal em 2005. Até o início deste ano, o grupo era coordenado pela professora Valéria Kemp, que recentemente assumiu a reitora da universidade. Na instituição, os contatos repassados para responderem sobre o assunto não foram encontrados devido à greve.

Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 14/07/2012

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