Todos os dias, 120 toneladas de lixo são despejadas em um terreno no qual catadores, detritos e sérios problemas ambientais, administrativos e (por que não?) sociais fazem vizinhança.
Cenário perfeito para novela de horário nobre com abertura embalada com “oi, oi, oi” e núcleo dramático numa tal Avenida Brasil. Pois bem, na “Avenida São João del-Rei” nada disso é fictício e sinaliza, além de sujeira, uma situação pública que já deveria ter dado “tchau, tchau, tchau” ao município.

Bem como em outras pautas engavetadas – e talvez ignoradas – pelo Executivo, a situação do tratamento de lixo municipal se arrasta há cerca de dez anos entre notificações, autuações e projetos que não saem do papel. Pode chegar, agora, a vias judiciais. Com isso, o que era poeira debaixo dos tapetes da Prefeitura ganha finalmente sua caracterização verdadeira: a de lixo escancarado a céu aberto.

No entanto, o imbróglio que já se arrasta há anos continua se estendendo e não deve ser resolvido tão cedo, já que o município ganhou novo prazo até 2014 para se adequar.
A pergunta é: se até agora nenhuma movimentação chegou a ações efetivas ou ao menos paliativas que insinuem  possíveis soluções para o lixão, será possível traçar planos e estabelecer programas que revertam o cenário da novela “Avenida São João del-Rei” até o tempo se esgotar?

Pode-se arriscar que não. O que se diz por aqui é que não há previsão de mudanças. E vale lembrar que 2012 é ano eleitoral e, muito provavelmente, rascunhos e projetos para tomadas de decisões nesse sentido serão cobertos por santinhos promocionais até outubro. Santinhos esses que também vão ajudar a poluir e aumentar o monte de entulhos no lixão.
O enredo, portanto, continua sem surpresas, esticando uma novela sem audiência alguma, mas que parece insistir em continuar no ar, em uma espécie de  (Não) Vale a Pena Ver de Novo forçado para mais de 84 mil espectadores.

Fonte: Editorial . Gazeta de São João del-Rei . 02/06/2012