O Portal oferece bases de dados que contêm separadamente número da licitação, item adquirido e quantidade adquirida, mas as informações em cada uma delas são insuficientes para conectá-las. Na análise da TB, não há como obter informações precisas nem completas sobre as compras do período mesmo se o cruzamento das bases fosse possível. Faltam descrições básicas nas contratações: dois terços dos empenhos de 2020 foram preenchidos incorretamente. Sem os itens comprados e seus respectivos valores unitários corretamente especificados, não é possível realizar a leitura por máquina dos dados, nem identificar sobrepreços. A ausência de algumas contratações piora o cenário. Os dados do Portal não incluem contratos formalizados por meio de notas de empenho, mecanismo permitido pela antiga (8.666/93) e pela nova Lei de Licitações (14.133/21). Essa limitação da base dificulta cálculos de valor unitário de itens e a consequente comparação de média de preço dos produtos comprados – informações que podem ser usadas no monitoramento de compras públicas por ferramentas como o Tá de Pé, da Transparência Brasil. A plataforma indicou, por exemplo, que o governo federal realizou quase R$ 2 bilhões em compras emergenciais com risco de irregularidades de 2020 a 2022. O Tá de Pé compara compras a partir do preço mediano de um item. Impedimentos do processo de compra pública
O processo de compra pública começa com a emissão da licitação, podendo ser dividida nas cinco etapas demonstradas abaixo. Mas falta um código que relacione os documentos de cada etapa nas bases de dados do Portal da Transparência. A licitação 12/2018 realizada pela Diretoria de Abastecimento da Marinha ilustra o caso. O valor licitado de R$ 1,53 se destinava para a contratação de serviços de impressão e cópia, com valores de página impressa variando de R$ 0,13 a R$ 0,78. O Serviço de Veteranos e Pensionistas da Marinha emitiu, em 2021, um empenho associado a essa mesma licitação no valor de R$ 164 mil. Sem todo o trâmite, não é possível estimar quanto foi realmente pago pelos itens comprados.
Só a partir de 2021 o governo federal passou a listar o histórico de alterações nos empenhos originais, indicando novos documentos gerados. Para os dados de 2011 a 2020, não é possível saber se o processo de compra foi cumprido conforme a licitação. A Controladoria-Geral da União informou que forneceria o código que liga empenhos originais às suas alterações, mas sem prazo definido para isso.
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Fonte: Transparência Brasil . 03/2023 |
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