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Ouvidoria

Cadê as Portas?

Descrição

Para onde foram as pesadas e artísticas portas dos passinhos e algumas das igrejas sanjoanenses? Todas centenárias e de madeira de lei, de óleo de bálsamo, cedro, jacarandá e outras madeiras nobres sumiram dos seus portais. Embora perfeitas, com suas almofadas coloniais de requintado lavor, foram substituídas por outras tantas, imitações grosseiras, de madeira ruim que está rachando a olhos vistos.

Ninguém viu, ninguém até agora reclamou. Onde estavam as autoridades incumbidas de zelar pelo patrimônio histórico diante dessa escandalosa contratação de obra de arte? Olhem as novas portas, pintadinhas, bonitinhas, mas ordinárias, empenadas, trincos recentes, com parafusos externos, fáceis de remover!

É caso de polícia, pois é preciso recuperar essas preciosidades, colocando-as nos devidos lugares e punir os responsáveis, seja quem for, porque se trata de um bem público, da comunidade. As grossas portas dos passinhos, da Piedade, Rua Direita, Rosário, São Francisco e outras devem ter sido levadas para as coleções particulares ou museus do Rio de Janeiro, São Paulo, para onde costumam ser levadas nossas obras sacras após o furto. 

Mário Soares da Matta . Do Instituto Histórico Paranaense 

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São João del-Rei, 31 de janeiro de 2000
À diretoria da 13ª C. R. do IPHAN – Minas Gerais
Belo Horizonte – MG 

Sr. Diretor,

Preceitua sabiamente o § 1. do art. 216 da Constituição Brasileira de 1988 que : “ O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”.

Consciente desses deveres de cidadania, venho solicitar providências sobre um fato danoso para o patrimônio cultural desta cidade e região, denunciado no JORNAL DO POSTE, de 02 de fevereiro de 1999, que junto segue. Inopinadamente, retiraram dos passinhos barrocos e capela de N. Sra. Da Piedade, todos os tampos ou bandeiras das portas almofadadas, algumas bicentenárias, substituindo-as por outras industrializadas, inclusive os ferrolhos. Não entendo a troca geral, sem nenhuma tentativa de restauração, sendo que, como admirador anônimo das mesmas, sempre conferia sua boa conservação.

Não sei se o arquiteto-residente, Dr. Sérgio Fagundes, permitiu a modificação em comum acordo com a Paróquia do Pilar e Tradicional Irmandade dos Passos. Cópias grosseiras das originais, denunciam, de imediato, a fraude a qualquer turista mais atento nas obras de arte autênticas. Para onde viajaram essas portas valiosas de que tanto nos orgulhávamos nas comemorações dos Passos, que antecedem a Semana Santa?
Queremos averiguação dos caso, retorno das mesmas e punição na forma da lei, se couber. 
Com admiração e apreço aos serviços culturais do IPHAN, agradeço as medidas que forem tomadas.

Mário Sérvulo Soares Matta . Membro do Instituto H. G. e Etnográfico Paranaense

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